Paixões Gregas - Destinados a...

By MnicaCristina140

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Alana e Luka Stefanos são irmãos gêmeos, nascidos de uma grande história de amor. Os pais apaixonados desde s... More

Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7

Capítulo 1

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By MnicaCristina140


   Pov – Alana

O telefone tocando ao meu lado me despertando. Primeiro enxergo as horas. Quase oito. Vasculho na mente os compromissos da manhã, tudo em ordem, não estou atrasada.

O barulhinho do toque continua a me manter desperta e levo o aparelho ao ouvido.

−Bom dia mamãe. – Minha mãe, Melissa Stefanos é de longe a mulher mais bonita e feliz que conheço. Herdei dela os olhos azuis e o gosto pela natureza, zero do seu talento artístico e zero da sua sorte no amor.

Meu pai, Leon Stefanos a ama mais que qualquer coisa no mundo e a trata como uma rainha. Os dois não desgrudam e isso sempre foi assim. Eu e Luka, meu único irmão e gêmeo, crescemos assistindo o amor dos dois brilhar diante dos nossos olhos.

Inspira e assusta, dá vontade de viver algo parecido ao mesmo tempo dá medo, um não pode viver sem o outro e essa interdependência é mesmo assustadora. Por via das dúvidas não faço questão de algo assim para mim.

Mesmo sabendo que são muitos os casais felizes e apaixonados na família Stefanos.

−Bom dia meu amor. Tudo bem?

−Tudo bem mamãe. – Respondo com voz de sono.

−Acordei você? Sinto muito, achei que já estava de pé.

−Não tem importância mamãe, eu tinha mesmo que sair da cama. – Me sento ajeitando os cabelos. Estou nos últimos dias de aula, prestes a me formar em biologia marinha. Um sonho se realizando. Ou parte dele. Ainda falta um trabalho.

Ser filha de um dos homens mais ricos do mundo não devia ser um problema, mas vai ser no meu caso.

−E seu irmão. Já de pé?

−O Luka mamãe? Duvido. – Ela ri. Eu e meu irmão dividimos um apartamento em Atenas desde que rumamos para a universidade. O apartamento que meu pai viveu no começo de sua vida quando voltou para Grécia depois de ter crescido em Nova York. Apenas por um curto tempo, até poder comprar a ilha de Kirus e tudo que tem nela e lá construir seu lar.

−Soube que vão passar o fim de semana em Boston. O que vão fazer em Harvard?

−Luka marcou umas reuniões com o Tyler, a July descobriu uma palestra com aquele biólogo que sempre falo. Mathew Connor.

−Eu sei. Vai vê-lo?

−É. Assistir sua palestra, apenas isso mãe. Ele nem sabe que existo. Vamos amanhã depois do almoço. Ficamos quatro dias, voltamos na terça pela manhã.

Caminho pelo quarto juntando roupas para o banho, separo um par de tênis enquanto conversamos.

−Se importam se formos juntos? Eu e o papai queremos passar o fim de semana em Nova York com seu tio Nick, na verdade seu pai quer mesmo é ficar com o Thiago.

Meu pai está encantado pelo bebê dos meus primos, Josh é de longe seu sobrinho favorito, é quase um filho, desde que Thiago nasceu ele não consegue ficar um mês sem ver o garotinho.

O pequeno está com dois anos é a carinha do pai, sorrio pensando nele.

−Vai ser ótimo mamãe, vocês nos deixam em Boston, seguem para Nova York e nos pegam de volta. – Temos um jato particular, mania de Stefanos, são pelo menos meia dúzia deles, cada um dos quatro irmãos Stefanos tem um, além deles, Josh e Lizzie que são os que mais viajam e os mais velhos, tem outro, July que estuda em Harvard com o namorado também usa um.

−Ótimo. Então vou organizar as coisas e chegamos em Atenas amanhã de manhã.

−Ótimo mamãe. Te amo.

−Aí! – Ela geme do outro lado. – Estou bem, cortei o dedo aqui no meu jardim. Estou bem Cristus. Seu avô já está brigando comigo. – Ela ri. – Ah! Sua vô está indo para ficar com vocês, está desde cedo arrumando potinhos, com todo tipo de comida congelada. – Isso por que não faz três dias que meu avô nos deixou. Acho que nunca ficamos nem uma semana sozinhos nos últimos quatro anos. – Levantou voo faz uns dez minutos.

−Então vou desligar. Ela deve estar chegando. Da um beijo em todos. Até amanhã.

−Tchau filha, cuida do seu irmão. – Ela pede me fazendo rir. Temos a mesma idade, mas passo meus dias cuidando do maluco Luka Stefanos.

−Certo. – Desligo o celular, atiro sobre a cama e caminho para a cozinha, preciso desesperadamente de um copo de água.

Estaco ao chegar lá. Tem uma garota seminua, sentada no meu balcão tomando meu leite direto da garrafa. Eu podia matar Luka.

−Estou mesmo vendo uma garota nua, sentada no meu balcão tomando meu leite direto da garrafa? – Pergunto a ela que sorri, joga os esvoaçantes cabelos para o lado num gesto sexy.

−Você deve ser a gêmea. Os mesmos olhos azuis. – Ela da mais um longo gole. – Fiquei com vergonha de abrir os armários em busca de um copo.

−Ficou? Mas não teve a mesma vergonha de abrir a geladeira e beber meu leite, nem de se sentar nua no meu balcão?

−Calcinha e sutiã, não nua, e o leite estava no fim.

−Que ótimo. – Tomara que a vovó esteja trazendo leite. – Minha vó! – A ideia dela chegando e pegando a garota sobre o balcão me deixa tentada a assistir o circo pegando fogo, mas essa cumplicidade que tenho com meu irmão me impede. Luka só se mete em encrenca. – Vem.

Puxo a garota pela mão de volta para o quarto dele, ela me segue meio confusa. Abro a porta e ele saia do chuveiro enrolado numa toalha, sorri quando nos vê.

−Sua amiguinha estava nua sentada no meu balcão! – Ele ri.

−Sua irmã é tão apegada com o balcão da cozinha. – A garota sorri de modo sexy, Luka da dois passos em sua direção, me ignora como de costume, só escuta o que quer.

−Boa dia gata.

−Luka a vovó está chegando. – Pronto, consigo sua atenção. Os olhos dele se arregalam, ele olha para a garota e depois para mim.

−Tem que ir gata é sério. Cadê suas roupas? Roupas Alana! – Começamos eu e ele a caçar roupas pelo chão e atirar na garota que vai vestindo um tanto assustada. –Te ligo Tess.

−Jess. – Ela o corrige.

−Te ligo Jess. – Ele pega a bolsa dela e a empurra para fora do quarto.

−Não te dei meu telefone.

−Eu te acho! – Ele a leva até a porta, eu os sigo sem acreditar. Antes de abrir a porta o meu fabuloso e conquistador irmão a envolve, cola o corpo da garota entre o seu e a parede e a beija longamente. – Te vejo. – Depois abre a porta e a leva até o elevador. Aperta o botão, ainda enrolado apenas numa toalha. A porta se abre. Uma senhora segura a mão de um garotinho de olhos arregalados do lado de dentro do elevador. – Bom dia senhora Anatólio. Bom dia. Angus.

A porta do elevador se fecha. Luka conhece todo mundo, fala com todo mundo, ri de todo mundo. É feliz de enervar. Ele se volta e suspira aliviado.

−Obrigado gêmea do bem.

−De nada gêmeo do mau. Agora se veste e vai comprar leite a gata tomou tudo.

−Não seja chata Alana. Bebe qualquer coisa. Eu tenho aula em meia hora.

−Como consegue ser tão cara de pau? – A porta se abre e vovó Ariana entra com o maior sorriso do mundo e muitas sacolas. Luka corre para ajuda-la. Ele é normalmente um cavalheiro. Tão gentil que consegue tudo que quer. Depois de pegar as sacolas dá um beijo barulhento no rosto de minha avó.

−Cadê as roupas Luka? Vai acabar doente assim, acabou de sair do banho. − Só então ele se percebe enrolado na toalha. –Estão com cara de que aprontaram. Conheço vocês. Vai se vestir menino.

−Já vou vovó. O que tem de bom aqui? – Ele vai para cozinha. Começa a abrir sacolas.

−Por acaso tem leite aí? Um bezerro andou atacando a geladeira.

−Claro. Acha que não sei o que minha neta ama? Trouxe um litro.

−Como estão todos na ilha? – Pergunto abrindo o leite e enchendo uma xicara. Nascemos e crescemos na ilha de kirus. Vinte minutos de helicóptero de Atenas, quase uma hora de balsa. É o lugar mais lindo que existe no mundo, a razão para minha paixão pela vida marinha.

−Tudo bem como sempre. Eu não vinha, mas Mira fez tanta comida, achei que devia abastecer o frízer de vocês. Vão se arrumar para as aulas, eu vou dar um jeito nessa bagunça, aposto que esse monte de louça é obra do Luka.

−Tudo eu? Assim eu fico até ofendido. Sempre tem um dedo acusador em minha direção.

−Não foi você querido. Desculpe. – Ele faz um ar magoado que enganaria qualquer um, menos eu que tive que dividir o ventre com ele por nove longos meses.

−Claro que foi ele vovó.

−Eu merecia o beneficio da dúvida. – Ele reclama antes de envolver vovó Ariana e aperta-la até ganhar tapas e sumir para o quarto. Me sento com minha xicara de leite.

Ela se senta também, pega um biscoito de dentro do pote e mordisca me olhando.

−Sua mãe me disse que talvez não estejam voltando para casa. Como é isso? Contei os dias para terminarem a faculdade e ninguém vai para casa?

−Luka vai vovó, em três meses, ele vai fazer uma especialização, um curso na verdade, coisa rápida, depois volta para trabalhar na empresa da ilha mesmo. Papai cedeu metade do prédio da empresa para ele.

−E você? – Tomo o último gole de leite, deixo a caneca sobre a mesa.

−Não sei ainda. Tenho que conseguir um emprego.

−Para que quer um emprego? É rica. – Rio dos planos dela. Puramente simplista, me dá até inveja. Por ela eu ficava na beira da piscina sendo paparicada o dia todo.

−Para desenvolver meus projetos vovó, realizar meu sonho de pesquisa.

−Você pode fazer isso, pode montar uma equipe.

−Posso, mas eu não tenho experiência para isso. Então vamos ver o que consigo. – Me ergo. Beijo seus cabelos agora brancos como algodão. – Vou me aprontar. Ainda tenho coisas para fazer na faculdade essa semana. Minha última semana. Acho que vou morrer de saudade.

O dia é corrido, no fim dele quando abro a porta do apartamento sinto o cheiro de comida. Tenho que admitir que amo ter minha avó aqui. Faz parecer que ainda estou em Kirus.

Luka está deitado no sofá olhando o celular, ao lado uma mochila já pronta para viagem, aceno deixando meus livros sobre a poltrona.

−Já fez a mala?

−Já. Cheguei cedo a vovó ficou repetindo setenta vezes que eu tinha que fazer a mala e fiz, agora ela fica repetindo se não esqueci nada importante.

Sorrio com a ideia. Ela surge na sala, eu a beijo.

−Com fome?

−Sim. Muita!

−Então vou aquecer a comida.

−Por que não senta um pouco vó? A gente faz isso, estou acabando aqui uma reunião de trabalho e já vou.

Luka não aparenta o homem bem sucedido que se tornou aos vinte e dois anos. Começou uma empresa aos dezoito, cria programas e aplicativos, ficou rico e famoso, e ainda faz reuniões deitado no sofá com apenas o celular. Isso sim é sorte.

−E o que vim fazer aqui? Venho para cuidar de vocês. Não sou o Cristus que vem só para ficarem passeando e vendo filmes.

Vovô e vovó tem uma pequena disputa desde que nascemos, eram empregados do meu pai, se apaixonaram por minha mãe quando chegou, a amam como filha e com isso ganhamos avós que não teríamos de outro modo. Desde então disputam nossa preferencia. Uma guerra sem vencedores.

−Senta vovó. Não me faça levantar, se sair daqui vou esmaga-la. – Luka ameaça, seus apertos sempre a sufocam. Ela bate nele rindo e ele ama irrita-la.

Ela vai cedo para cama, abro um livro na sala encolhida na poltrona, Luka se junta a mim. Pega o controle da televisão, desiste quando ergo meu olhar.

−Chata! – Ele reclama. – Eu sei que vai dizer que chegou primeiro.

−Regras são regras. – Eu comento fechando o livro.

−O que não te deixa menos chata.

−Vou sentir falta dessas implicâncias. No fim gosto de morar com você.

−Vai morrer?

−Não, mas quando terminar o curso você vai voltar para ilha e eu não sei bem para onde vou.

−Ilha Alana, se lembra a definição? Um pedaço de terra cercado por água de todos os lados, se é disso que precisa porque vai sair de lá?

−Por um tempo. Quero montar um laboratório, comprar um barco para pesquisas e viver ali, tem muito da vida marinha da nossa região que precisa ser entendida. Coisas que quero fazer, mas...

−Eu patrocino. – Ele anuncia. – Vá em frente, banco seu sonho, tenho um monte de dinheiro que não serve para nada além de se reproduzir no banco, seja corajosa Alana.

−O doutor Connor, sabe o pesquisador...

−O gênio da biologia marinha que aos trinta anos já ganhou prêmios e publicou livros e é seu ídolo. – Ele completa entediado.

−Esse mesmo. Ele tem um projeto. Amaria fazer parte, sei que posso conseguir um espaço, mas... – Me calo, Luka se arruma mais no sofá, decidido a prestar atenção.

−Mas?

−Ele está tentando conseguir patrocínio, não tem fundos para sua pesquisa. Se ele conseguisse isso eu podia trabalhar com ele, um ano e depois mergulharia sozinha num projeto meu.

−Ok. Vou procura-lo e invisto nisso. E ele te contrata e somos todos felizes para sempre.

−Que respeito eu teria se ele me contratasse só porque está investindo? Não, isso não é legal. Nem pensar. Quero vencer sozinha.

−Se candidate a vaga, não vou vincular o apoio a sua contratação.

−Um Stefanos oferece o dinheiro, outro se candidata a vaga. O que ele vai achar?

−Que tem sorte?

−Não. Que tem que me contratar.

−Não posso dar o dinheiro de modo ilegal, então tenho que me apresentar como um Stefanos, mas você pode ir se candidatar a vaga com outro nome.

−Luka...

−Quem sabe Alana kalimontes? Ninguém nessa família usa o sobrenome que foi da mamãe um dia.

−Temos razões para ter abolido esse sobrenome, tudo que ela passou nas mãos do pai dela.

−Nunca nem vimos a cara dele, não precisamos dizer a ninguém que está usando esse sobrenome, além disso, deve ter outras pessoas com esse sobrenome no mundo.

−Papai e mamãe sofreriam se soubessem.

−Não vão saber. É pegar ou largar, faço a oferta ao homem, ele vai ter a chance de fazer as tais pesquisas e vamos ver se é mesmo capaz de conseguir o emprego. –Luka me provoca.

−Claro que sou.

−Eu procuro o homem em Harvard. Aproveito que estou lá e cuido disso, achava que ele vivia aqui. Ele não estudou aqui?

−Ele mora aqui e sim, está sempre na universidade, mas dá palestras pelo mundo a fora. O homem é...

−Eu já sei. E sei que acha ele bem bonitão também, sua cara adorar um idoso.

−Cala a boca Luka. Trinta anos. Oito a mais que eu, isso não é nada.

−Você é quem sabe. – Ele fica de pé. – Vou dormir, já que não me deixar ver televisão. Boa noite gêmea do bem, ou do mal, agora com esse negócio de assumir identidade falsa e se infiltrar num grupo de pesquisas marinhas para dominar o mundo eu já não sei mais quem é o gêmeo bom e quem é o mal.

−Idiota.

Nem consigo dormir a noite. A ideia fica martelando minha mente, não é certo fazer isso, vou enganar meus pais, Mathew, e tudo por uma vaga de trabalho que posso conseguir de outro modo.

Fico tão seduzida pela ideia que no fim decido arriscar. Não vai dar certo muito provavelmente.

Partimos para Boston ainda pela manhã. A viagem é sempre agradável quando estamos todos juntos, meus pais se sentam lado a lado nas poltronas, assim que apertam o cinto, entrelaçam os dedos.

Trocam um longo e apaixonado olhar. Luka coloca os fones de ouvido e fecha os olhos, abro um livro e logo estamos no céu. Depois de um tempo largamos tudo para conversar. Com Luka por perto estamos sempre rindo.

O avião chega finalmente a Boston no fim da tarde. Beijo meus pais. Segurando a mochila e pensando no plano. A culpa se estampa eu meu rosto. Pelo menos sinto assim.

−Da um beijo em toda família. Diz que amo todos e que nos vemos em kirus.

Luka beija minha mãe, depois meu pai, e me segue para fora do avião. Minha prima July nos espera no estacionamento. Ao lado dela Tyler. Na minha opinião o casal mais fofo da família. Tyler ficou sozinho muito jovem, com uma irmã bebê para criar. Foi quando começou a namorar July, meu tio adotou sua irmã e acabou que adotou Tyler também de algum modo, ele é sócio do meu irmão, dois gênios da tecnologia e ele e July cursam o terceiro ano em Harvard.

Depois de nos abraçarmos seguimos para dentro do carro. Os dois se reúnem na sala para falar de trabalho assim que chegamos, me atiro em minha cama no quarto de hóspedes. July se senta ao meu lado.

−Me conta tudo. – Ela pede. E depois de um suspiro eu conto o plano com Luka. Ela ri, me sinto um tanto tola.

– Para de rir July.

−Alana, isso não é um tanto tolo? Primeiro acho que pode estender a mão ao homem se apresentar e dizer que adoraria investir nas pesquisas dele e trabalhar nelas, aposto que ele não diria não, você é capaz.

−Pode ser, eu sei o quanto estou sendo tola, mas se fizer isso nunca vou saber se teria uma chance não fosse o fato de ser rica. – July suspira, morde o lábio.

−Bom, se é assim, se isso vai ser importante para sua alto-estima faça. Vou estar aqui para o que precisar.

−Eu sei.

−E o papai, o Josh e a Lizzie para o caso de precisar de advogados. – Ela brinca.

−Não vou roubar o nome de ninguém, no fundo eu tenho direito sobre o sobrenome Kalimontes.

−Infelizmente sua mãe diria. Aqui está sem crachá para o evento. Alana Stefanos. Sinto muito, não sabia dos seus planos.

−Uso para entrar e depois guardo. – Pego o crachá e deixo sobre a cômoda. – Agora me fala de você. Como vão as coisas?

Conversamos até tarde, jantamos num restaurante uns quarteirões de casa. July e Tyler ainda apaixonados como nos primeiros meses, gosto de vê-los felizes e agora noivos. Depois quando o restaurante está prestes a fechar caminhamos de volta para o apartamento de três quartos que moram desde que se mudaram para Cambridge.

Custo a adormecer, quando acordo são quase onze da manhã. July está sozinha cercada de livros na sala.

−Cadê eles?

−Acabaram de sair. Não perguntei muito, não vem para o almoço o que significa que podemos comer na lanchonete aqui em baixo, tem sanduiches deliciosos. Tem que estar na faculdade as duas. Leva uns vinte minutos de taxi, aquele lugar é gigante.

Realmente Harvard é quase um país, maior que a ilha em que cresci muito provavelmente. Depois do almoço eu me visto. Fico em dúvida sobre a roupa mais apropriada. Quem sabe tomo coragem para me apresentar depois da palestra e fazer como July me disse? É mais maduro.

Uso um vestido simples, marcando a cintura e que cobre até os joelhos, elegante eu diria e um tanto formal, coloco saltos baixos. Pego minha pasta o celular e me despeço animada para ouvir uma hora de palestra sobre vida marinha na zona abissal.

O auditório está vazio quando chego, não resisto a me sentar na primeira fila. Guardo o crachá e me acomodo pegando meu celular para anotar e pesquisar qualquer coisa que ache importante enquanto o escuto, não demora e a sala está cheia.

Um apresentador, professor de biologia, faz a apresentação, fala por cinco minutos e depois convida Mathew Connor que entra sob o som de aplausos. Já assisti duas palestras com ele em Atenas e foram perfeitas.

Ele é um homem alto, elegante, bonito e tem um timbre de voz que dá para ouvir por todo o dia. De vez em quando é engraçado e isso deixa a plateia atenta e desperta.

No fim abre espaço para perguntas. Ergo a mão, depois da terceira pergunta, seus olhos encontram os meus e meu coração acelera. Engulo em seco, não sou de ter esse tipo de atitude excessivamente tímida, fico corada ao fazer a pergunta.

Ele ergue a sobrancelha admirando minha questão, responde longamente, meus olhos ficam grudados nele, ganho toda a sua atenção, sentado na beira do palco usando jeans e sorrindo.

Depois ele estende o tempo e responde a mais cinco perguntas. July está certa, vou procura-lo e oferecer apoio financeiro as suas pesquisas e convida-lo a me acompanhar.

−Pessoal, antes de encerrar quero dividir uma novidade com vocês, acabei de almoçar com dois jovens investidores, tão jovens que cheguei mesmo a duvidar que fosse uma piada de estudantes. – Luka. Eu sabia que ele ia em frente sem uma segunda conversa. Isso é a cara dele, mergulha de cabeça em tudo. – Agora tenho finalmente o dinheiro necessário para minhas pesquisas. Hoje é um grande dia, são cinco anos que acalento esse sonho.

O grupo aplaude e ele aplaude junto, depois pede silencio.

− Talvez já tenham ouvido falar da família Stefanos, eles são famosos pelos corredores de Harvard e mais ainda na Grécia onde eu vivo há quase quinze anos. Eles vão investir. Isso é incrível. Então como soube que tem um Stefanos aqui. Eu vi na lista. Gostaria de agradecer. – Ele olha para o apresentador, pergunta qualquer coisa, o homem cochicha em seu ouvido. – Alana Stefanos. Ela está aqui?

Não acredito nisso. Não me movo, de jeito nenhum que vou me erguer, receber aplausos e depois de tudo pedir emprego. Definitivamente o plano de July vai por agua abaixo. Ele estica o pescoço em busca de um rosto que se destaque, depois de um ou dois minutos de silencio ele sorri.

−Pelo visto ela desistiu. Bom, quem pode culpa-la. Por que uma jovem e milionária garota gastaria tempo ouvindo uma palestra sobre vida abissal? Ela deve ter achado fazer compras mais interessante.

A plateia ri de sua piada. Eu acho grosseira e machista, um pouco do encanto por ele desaparece. Ninguém é perfeito. Seus olhos encontram os meus, acho que ele percebe meu desagrado e não me importo de expor isso.

Quando as pessoas começam a se retirar um pequeno grupo se aproxima, alguns professores e alunos o cercam. Junto coragem e me aproximo também.

−A senhorita feminista que faz ótimas perguntas, mas odeia que um professor tenha a infeliz ideia de fazer uma piada de muito mau gosto. – Ele me estende a mão. Aperto sorrindo. – Desculpe a piada.

−Desculpado. – Ele sorri, um maldito sorriso sensual. Sua mão ainda presa a minha, é um aperto de mão firme, sua mão é quente e macia e quando nos soltamos sinto falta do calor. – Sou Alana St... kalimontes. Alana Kalimontes.

−Grega. Coincidência duas Alanas na mesma palestra e longe da Grécia.

−Apenas uma senhor Connor, acho que a outra está fazendo compras porque é mulher e rica. – Ele ergue uma sobrancelha sorrindo. – Não quero tomar seu tempo, tem muitos fãs. – Digo mostrando o pequeno grupo que o cerca. – Quero me candidatar a vaga de assistente.

−Direta e decidida. Gosto disso. É formada?

−Sim. Esse ano. Sou capaz, falo inglês fluente e conheço muito da região da Grécia onde vai se concentrar sua pesquisa. Cresci lá.

−Aposto que sim. Já te vi em minhas palestras em Atenas. – Fico surpresa. Pisco e ele parece se arrepender de contar. –Mande seu currículo para meu email e vou dar uma olhada. Telefono. Nada vai começar antes de um ou dois meses.

−Farei isso. – Estendo a mão mais uma vez. Ele aperta e de novo sinto falta do calor quando nos afastamos. – Obrigada.

Tentando parecer decidida eu dou as costas a ele e caminho para fora do auditório. Só quando estou finalmente sozinha é que me dou conta das pernas tremendo e a respiração agitada. Pego o telefone.

−Luka, você veio falar com ele sem me avisar?

−Não estava tudo combinado? Ele aceitou o apoio, bom, ninguém recusa meio milhão. Os papéis vão ficar prontos até o fim da semana, o tio Nick vai resolver tudo. Ganhamos incentivos fiscais por conta disso. Legal né?

−Eu... eu sei lá, eu... droga Luka. Não sei mais se... certo. Obrigada.

−Você está legal? Acho que você é tipo aquelas garotas que ficam doidas na frente do ídolo do rock, só que o seu é...

−Não é nada disso. Estou indo e conversamos. O que achou dele?

−Um chato feito você quando fala da vida marinha e só fico pensando em surf e mergulho.

−ótimo. Obrigada por nunca me ouvir.

−Estou cuidando do seu futuro sua falsária. – Agora vai ficar o resto da vida me provocando com isso. – Sou o mais velho. Quase cinco minutos.

−Falamos depois. Onde se acha um taxi nesse lugar? – Reclamo apressando o passo.

−Quer carona? – Ele pergunta e ergo meus olhos, estão todos parados encostados no carro uns metros de mim. Acho muito bom poder sair daqui. Ainda não entendi direito o que acaba de me acontecer. 

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