Acordei no outro dia com alguém pulando em cima de mim, abri os olhos com a cara fechada e vi que era Arthur, ele me abraçou e me encheu de beijinhos no rosto, empurrei o mesmo no chão e voltei a tentar dormir, mas ele subiu em cima de mim e me encheu de cócegas. Acabei caindo no chão por cima dele.
Olhei pra cama dele e vi Peter e Léo olhando a cena e rindo. Praguejei contra aquele idiota. Me levantei e fui direto pro banheiro, escovei os dentes, penteei os cabelos e voltei ao quarto me sentando do lado do meu primo na minha cama.
─ Bom dia ─ digo.
─ Boa tarde, são duas da tarde, garotinha ─ Arthur diz e os meninos riem, fico admirada com o tempo na qual estive dormindo.
─ Já? Caralho.
─ Olha a boca ─ Arthur fala divertido e rolo os olhos tacando um almofada na cara dele.
─ E a resenha de hoje mesmo? ─ pergunto e Arthur me empurra no chão se deitando na cama.
─ Tá de boa, mas estávamos pensando em fazer aqui mesmo na varanda, saca? ─ ele diz e assinto. ─ O que vocês acham, bando de viadinhos?
Léo, que estava no celular marocando algo com Peter nos olha e dá de ombros.
─ Por mim tanto faz, mas a parada é Bruno, ele tá mal, achava melhor não fazer resenha hoje.
─ Por que? ─ curiosidade me dominou.
─ Ele terminou com a vadia ─ Peter diz.
Fofoqueiros!
─ Sério? Mas... como assim?
─ Também queremos saber mais que tudo, Lara ─ Léo diz roendo as unhas.
─ Fofoqueiros! ─ Arthur diz sorrindo.
─ Olha quem fala... foi o primeiro a saber e contar pra gente.
Ainda não acreditava... mas por quê será que eles terminaram? Assim do nada? Eles passaram uma semana toda sem se desgrudar e de repente tudo acaba? Pelo o que sabia eles já tinha quase dois anos de namoro.
A fome me ataca e deixo eles fofocando e me mando pra cozinha, faço um misto, pego um achocolatado em caixinha e vou pra sala vendo a televisão, Bruno está sentado só de bermuda jeans e camisa assistindo televisão mas com o olho no computador ao mesmo tempo.
Tirei no jornal e botei no desenho, fiquei comendo meu café da manhã até que o inconveniente pegou o controle e mudou de canal colocando de volta no jornal.
─ Isso é falta de educação, neném ─ diz com ironia. ─ Eu estava assistindo se não reparou.
─ Ah, desculpa, nem reparei que você estava aqui ─ digo no mesmo tom e ele rola os olhos.
─ É seu melhor argumento, queridinha?
─ Não vou discutir ─ ando em sua direção e tento tomar o controle de sua mão.
─ Mas eu quero discutir, é um prazer te ver irritada.
Ele ri mostrando seus dentes, mas um sorriso de ironia, seus dentes eram tão bem alinhados que me deu inveja, os meus de baixo eram tortos e me recusava por tudo usar aparelho, achava horrível.
Eu me irrito, perco a paciência por completo.
─ Então fica com essa merda de controle, eu odeio você aqui, eu queria que nem visse pra cá ─ digo exasperada pisando fundo no chão, eu fumegava, odiava quem me tirava a paciência.
─ Olha o mau comportamento, seus pais não te educaram? ─ ele debocha de mim.
─ Pergunta pra eles, idiota.
─ Também queria pra você sumir da minha frente, garota ─ ele diz alto e cantarolando, fecho meu punho com força sentindo ódio.
─ Eu te odeio, Bruno!
─ E tu acha que eu te amo é? Vai crescer menina ─ diz sem ao menos me olhar.
─ Você se acha muito, não é mesmo? ─ me viro e coloco as mãos na cintura, estava cansada dele me zoar sempre que passava aqui durante a semana e sua namoradinha também.
─ Claro que me acho, eu posso, ao contrário de você, suas pernas parecem palitos de fósforo e seu cabelo é ressecado e cheio de pontas duplas ─ ele diz me olhando dos pés à cabeça. Naquele momento me sobe uma raiva, ele estava me humilhando, era isso? Idiota!
─ Olha aqui...
─ Sshh, calada, vá pro seu quarto, agora! ─ ele diz rindo de mim e me interrompendo.
Ele amava fazer isso, me atiçar, me provocar, me deixar irritada, e eu odiava discutir com ele porque ele sempre tinha um argumento e sempre retrucava me calando, dessa vez não foi diferente, deixei a sala batendo o pé só de raiva.
Fui pro quarto e me reuni com os meninos percebendo então que Diego havia chegado, cumprimentei ele com um beijo no rosto e fui me sentar ao lado de Arthur, ele percebeu bem que eu estava estressada.
─ Bruno implicou contigo? ─ ele supôs.
─ Sim.
─ Sinal que já está de boa galera, podem mandar mensagem pro pessoal porque hoje tem, então vamos logo comprar as vodca e cerva! ─ ele já foi levantando e esfregando as mãos.
Fui com Arthur comprar algumas bebidas e mais algumas coisas e aproveitei chamando as meninas pra festa, claro, depois de pedir pro meu primo. Eu ajudei ele a ajeitar a sacada, colocar mais cadeiras, ajeitar a bancada, a churrasqueira e guardar todas as bebidas no freezer, ele deu ideia de fazer churrasco mas Léo sugeriu pizza, por fim decidimos que seria pizza e churrasco.
Quando terminamos de ajeitar as coisas já que a doméstica não vem aos finais de semana, eu fui tomar banho e comer algo, comi patê com torrada e refrigerante, depois me joguei no sofá agradecendo mentalmente por Bruno já ter vazado dali, coloquei um filme e logo Léo e Peter se juntaram comigo, Léo sentou no final do sofá onde estava pegando meus pés frios em seu colo e fazendo massagem e Peter na poltrona com o notebook. Fiquei sentindo aqueles dedos gostosos massageando com as pálpebras fechadas até que ele me chama.
─ Vamos fazer um bolo de chocolate ─ ele me olhou sorridente e assenti animada.
Me levantei e fui pra cozinha com ele, o mesmo pegava os ingredientes, e eu a forma, batedeira, e vasilhas. Gostava muito de ficar na companhia dele.
Rolou toques, porque muitas das vezes ele fazia questão de passar por trás de mim me esbarrando, ou me tocar me causando arrepio, e eu sabia que era de propósito.
No final terminamos nossa massa, eu não sabia fazer nada, ele precisava me dizer tudo, colocamos em uma forma de coração e colocamos no forno. Eu já estava toda suja pela massa e o trigo, e Léo também.
─ Espera, está sujo aqui ─ ele pega em meu rosto de leve e limpa o canto de minha boca. Sinto o toque dele e paraliso me perdendo naquele mar que eram seus olhos azuis. ─ Precisa fazer a cobertura, você sabe fazer gostoso?
Meu rosto fica vermelho, eu fico muito sem jeito e ele ri sacana.
─ Quis dizer a cobertura... é... sabe deixa ela gostosa? Precisamos de creme de leite, vou adicionar M&M, morangos, chocolate ralado e confete... o que acha? ─ ele diz se afastando e procurando as coisas no armário, a única coisa que sabia era qie não conseguia ter foco com aquela bunda gostosa marcada na cueca preta. Eita calor.
─ Eu realmente sou péssima na cozinha.
─ Tomara que seja só na cozinha mesmo ─ ele se vira e me olha sorrindo. ─ Estou brincando.
─ Só você sabe cozinhar aqui? ─ pergunto me sentando no balcão e observando ele pegar as coisas pra cobertura.
─ Bruno também sabe, não é um rei como eu mas ele sabe, ele quis aprender pra cozinhar para Vivian.
─ Odeio ele ─ digo bufando.
─ Ele é uma pessoa legal, mas é um trouxa. Conheci ele no ensino médio, ajudei ele com uns caras que arranjaram briga, ele é assim, como Arthur, sempre se metendo em briga.
─ Arthur bateu o recorde no último ano de ensino médio quando foi suspenso vinte vezes, meus tios só faltaram o matar ─ digo rindo.
─ Pensava que você era mimada e muito patricinha, mas vocês são uma família bem humilde.
─ Odeio pessoas mimadas, minha mãe me ensinou que todos somos iguais, desde pequena ela sempre me disse isso... sinto tanta falta dela.
─ E você vai passar as férias lá? Porque eu ia te chamar pra viajar com a gente nas férias, vamos pra Minas, eu acho, Arthur quer viagem internacional pra gente ir pro show de eletrônica.
─ E no carnaval? Já é daqui a duas semanas ─ digo descendo da bancada.
─ Vai ter o feriado na faculdade dos meninos, mas acho que Diego não vai poder ir, o feriado é da quinta até sexta aí imenda o final de semana.
─ Vamos pra onde?
─ Angra dos Reis, creio eu.
Eba! Já estava animada pra esse carnaval e ainda faltava um pouquinho. Eu amava Angra dos Reis e no carnaval então... ia ser demais!
─ Vou me arrumar, Léo ─ digo mandando um beijo no ar e saindo dali.
Vou direto pro quarto, e vou logo pegando minha toalha e partindo pro box. Tomo um banho demorado pra lavar os cabelos e hidratar. Depois que termino me enxugo e escovo os dentes, quando saio do banheiro quase tomo um susto ao ver Bruno na cama de Arthur usando o computador do mesmo.
─ O que você tá fazendo aqui? ─ digo com o tom meio alterado.
─ Não é da sua conta.
─ Mas o quarto é meu também.
─ Não perguntei.
─ Pode me dá licença? Preciso me vestir ─ rolo os olhos e vou atrás de uma roupa.
─ Eu estou ocupado ─ diz com os olhos firmes na tela do computador. ─ Existe banheiro pra se vestir também.
Bufo e pego minha roupa indo pro banheiro. Seco meus cabelos, passo o secador e deixo a chapinha esquentando, e passo hidratante em meu corpo. Visto um cropped preto e uma jardineira jeans, calço uma sandália mesmo, e faço chapinha no meu cabelo. Depois escovo os dentes, faço um maquiagem simples e passo perfume saindo do banheiro.
─ Aprendeu que também é possível se trocar no banheiro? ─ que inconveniente que não me deixa em paz.
─ Bruno, faz um favor? ─ peço e ele me olha cerrando os olhos.
─ Não.
─ Mesmo assim vou pedir... ─ digo pegando meu celular, já eram nove da noite. ─ Me deixa em paz!
─ Impossível, moramos juntos.
─ Infelizmente ─ digo rolando os olhos.
Me sento na minha cama respondendo algumas mensagens e dando o endereço direitinho pras meninas que iriam vim, respondo mamãe que pergunta como estou e vou descendo as mensagens até que vejo uma que me chama atenção.
XxX ─ Lara? É a Duda, eu quero conversar contigo pessoalmente, na segunda. Por favor.
Nem respondo, tô cansada desse pessoal encher meu saco.
Quando Júlia me liga dizendo que já tá na portaria eu saio do quarto deixando Bruno ali sozinho e vou pra cozinha liberar a entrada delas no interfone, vejo que as luzes estão apagadas e somente a da sacada acesas, eram luzes neon, roxo, azul, verde, e deixava um clima bem legal, é claro que nem todas as luzes estão apagadas, somente a da sala, e na televisão tocava eletrônica baixa. Já havia algumas pessoas na varanda, e assim que liberei as meninas fui lá cumprimentar todos.
─ Esse é o Victor ─ Arthur apontou pra um menino que parecia um índio, mas também, parecia ser metido.
─ Prazer, Lara ─ digo esboçando um sorrisinho.
─ Prazer, linda.
Arthur me apresentou pra mais duas meninas e três meninos que eram da faculdade, eles conversavam, somente Peter estava sentado na mesa tomando cerveja e conversando com o pessoal, e estranhei Léo e Diego não estarem por ali. Logo me lembrei que hoje Léo iria trabalhar... merda e com certeza Diego também estava no BK.
Queria que as meninas conhecessem justamente Léo e Diego, porque Léo era o meu futuro esposo e Diego meu amante, na verdade, Diego fazia qualquer pessoa morrer de rir sem nem mesmo falar alguma coisa, ele era engraçado e sempre fazia piada dos outros, Arthur também, mas Arthur sempre está bêbado e some com as meninas.
Chego no ouvido de Arthur e sussurro: nada de ir pro quarto, ok?
Ele assente e ri, não queria que ele levasse aquelas garotas pro nosso quarto, odiava quem mexesse em minhas coisas, e já pensou se ele soltasse gozo com sua ''piroca nervosa'' na minha cama? Sei bem como homem é nojento, Arthur não é diferente.
A campainha tocou e fui atender a porta, era Júlia e Maysa, ambas me abraçaram juntas e adentraram após eu dar passagem. Elas olharam ao redor com os olhos brilhando, e já foram pra sacada se enturmar, algo que elas sabem fazer que eu não sei: amizade rápida.
Eu fui atrás, me sentei com elas e todos nós começamos a conversar sobre tudo, cada vez que passava chegava mais gente, até que Arthur colocou funk pra gente dançar e ensinar as gringas que estavam lá, inclusive, minha amiga, Clara, a alemã. Fomos pra frente da televisão e soltamos a ''franga'' e também teve os amigos gays de Arthur que foram dançar com a gente, me colocaram no chinelo, na verdade, todas nós. Eu bebia, mas bebia pouco.
Logo inventaram de beber são braz, aí não dava, geral já tava bêbado e cada vez o pessoal ficava mais.
Até Peter estava bêbado, ele já estava só de bermuda na frente da televisão dançando uma dança muito louca que jamais havia visto.
Fui pra cozinha pra beber água e cortar um pouco o álcool do meu sangue e dei de cara com o Ricardo, ele sorriu, estava exalando álcool, nem vi ele chegando.
─ Oi ─ digo sorrindo e lhe abraçando. ─ Chegou faz muito tempo?
─ Não, geral tava num bar na barra, aí a gente se mandou pra cá ─ ele me olhou dos pés à cabeça. ─ Tá gata.
─ Valeu ─ terminei de beber água e fui pegar um salgadinho no armário. ─ E aí, tá gostando?
─ Demais ─ ele ri. ─ Apesar das pessoas terem uma certa implicância comigo que nunca entendi, até que estou me enturmando de novo.
─ Ah... já percebi que Arthur não vai muito com sua cara.
─ Coisas do passado ─ ele diz se aproximando e pegando um pouco do salgado.
─ Que coisas? ─ perguntei sussurrando.
─ Passado fica no passado.
E de repente ele me pegou nos braços e beijou minha boca, sua boca estava puro álcool, que, se caso tacasse fogo era capaz de morrer queimado. Ele meteu sua língua em minha boca e já que estava meio tonta acabei correspondendo, quando consegui, eu saí daquele beijo já sem fôlego.
─ Continuem ─ ouço uma voz reconhecida e me viro olhando Bruno encostado na bancada e comendo sorvete, ele nos olhava e sorria.
Ricardo limpou a boca e saiu apressado dali, não entendi.
─ Qual é seu problema, hein? ─ fui em passos pesados até o mesmo e o empurrei.
─ Meu problema é que amo interromper momentos assim ─ ele fala sem me olhar.
─ Na próxima vez faz o favor de morrer, por favor, obrigada ─ digo e vou saindo pra pia e ele me puxa.
─ Oh, neném, tu sabe que ele só quer te comer, não é? ─ dessa vez me olha sério.
─ E se for? É da sua conta? ─ me solto das mãos quentes e grandes do mesmo.
─ Tomara que você se foda, mimadinha, nojenta ─ ele diz balançando a cabeça e guardando o sorvete na geladeira.
─ Depois que se mudou pra cá foi a mesma coisa de ter um demônio morando comigo ─ digo revirando os olhos.
─ Quem se importa com sua opinião? ─ ele olha ao redor. ─ Ah, ninguém, que pena.
Ele me tirava do sério, senti vontade de socar a cara dele, sério.