O mundo dá voltas

By aimeeoliveira

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Sarah Atteli está de bem com a vida. Dona do seu nariz, dona da sua pequena empresa, dona do seu corpo. E é a... More

Prólogo - Quem diria
1 - Como tudo mudou
2 - (EDIT) Todo mundo espera alguma coisa
2.5 - Princípios de uma longa ressaca
3 - O não-funcionamento da Atteli Comunicações Sensatas
4 - Mais um dia
5 - Pé na estrada
6 - O mínimo de detalhe possível
7 - Um dentre muitos exemplos
8 - Desquitado!
9 - Passado um pouco da hora
10 - Quando a realidade chuta a porta
11 - Todo carnaval tambem tem seu início
12 - A folia
13 - O que os ouvidos não ouvem
14 - Alguns aspectos sobre a brutalidade
15 - O despertar de uma nova realidade
16 - Kellen dá um banho
17 - Rota de fuga
18 - Café da manhã na casa dos corações partidos
19 - Mergulho profundo
20 - Um sonho, sim
21 - O desagrado das descobertas
22 - O abre-alas da confusão
23 - Acidente de percurso
24 - A queda é livre
25 - A primeira razão da coleção
26 - O amargor da segunda lembrança
27 - Uma lembrança agridoce
28 - Um patinho foi passear
30 - Pitanga dá em árvore?
31 - A dificuldade de se abrir uma porta
32 - Oliver numa missão
33 - Um clássico da Bossa Nova
34 - Muito botão pra pouca casa
35 - Lua vai, lua vem
36 - Pizza de café da manhã
37 - O repensar das escolhas
38 - As coisas no seu devido lugar
39 - Acordes melódicos
40 - Palavras que não querem ser ouvidas
41 - Altos e baixos da esperança
42 - Momentos radioativos
43 - Perseguindo um talvez
44 - Impulso definitivo
45 - Isso não é um jantar romântico
46 - Tudo para o espaço sideral
47 - Ainda suja
48 - O problema de tudo
49 - Crise no quilômetro 170
50 - A impraticidade poética [FIM]
Notas finais
EPÍLOGO - Um feliz aniversário
Feliz Natal & Próspero Ano Novo*

29 - Pra fechar com chave de braço

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By aimeeoliveira


No final tudo ficou bem, como diz aquele ditado.

Porém tudo deveria ser compreendido como Atteli Comunicações Sensatas, não sua proprietária. Até porque tudo se usa para coisas, não para pessoas. Se fosse para falar de pessoas, seria usado todo mundo, mas ninguém tinha nada a ver com isso.

A empresa ficou bem. Corrida no início, controlada no meio, dando lucro no final. Final de 2011, quando Sarah fez a primeira coisa louca depois de ter aberto a empresa: gastou todo o dinheiro que ganhou nela para comprar uma casa. Casa essa que ela nem sequer iria morar, porque era uma casa de praia e ela trabalhava na Cidade.

Kellen, que era a nova voz da sabedoria desde que tinha sido incorporada como funcionária da empresa, ficou confusa com os detalhes da festa de inauguração.

- Você também tá convidada – disse Sarah ao repassar os itens da lista de coisas que tinha que comprar para o bem-estar de todos os que confirmaram presença no evento do primeiro final de semana na sua nova casa.

- Numa casa grã-fina? – questionou Kellen. – Povoada de gente grã-fina? Tô fora!

Até a voz da sabedoria tinha seus momentos de ignorância.

- Eu não sou grã-fina coisa nenhuma – protestou Sarah. – Olha o respeito! Só sou alguém que economizou cada centavo que ganhou pra realizar um sonho. Você tem certeza que vai se recusar a ir na inauguração do meu sonho? É esse o tipo de amiga que você quer ser?

Na falta da resposta de Kellen, que se encontrava lixando as unhas, Sarah continuou:

- Qual é seu sonho? Você tem? Claro que sim, né? Independente de qual ele seja, saiba que eu sempre vou te apoiar.

O jeito solene que Sarah falava era reflexo da sua solene esperança de que Kellen mudasse de ideia. Seria um tremendo transtorno ficar encarregada pela reunião anual as sua turma de escola sem ter nenhum apoio moral.

- Meu sonho é que você pare de bater nessa mesma tecla. Não vou, pronto e acabou. Eu não conheço essas pessoas e pelo pouco que eu sei de algumas delas, não gosto nem um pouco.

- Eu também não gosto delas! – Sarah se defendeu.

- Sério mesmo? – questionou Kellen já montando sua pose de indignação. – Então pode me explicar por que aceitou essa palhaçada?

Sarah encolheu os ombros.

- Sabe o que eu quero dos meus colegas de classe? – Kellen quis saber, plantando as mãos nas cadeiras. – Isso mesmo. Apenas distância. E eles nem fizeram algo especificamente ruim contra mim.

- Não tive muito escolha, Kel, sei lá como eles descobriram que eu comprei a casa, deve ter um detetive no meio deles, nunca vi! Ai eles ficaram fazendo a maior questão de integrar a festa de inauguração à reunião anual da turma, falaram que tinha tudo a ver e não sei mais o quê. Eu nem tinha planos de fazer festa de inauguração, pra ser bem sincera, e caso fizesse, não estou 100% certa de que convidaria eles, mas você sabe como é... Eles fizeram muita questão mesmo.

- Não, não sei. Aliás, não faço a mínima ideia – rebateu Kellen. – E você sabe por quê? Isso mesmo, me mantenho firme nas minhas decisões. Comigo não tem esse papo! Você deveria aprender.

- Se você for comigo, prometo que aprendo – Sarah barganhou mais uma vez.

- Sarah, esquece. Não ouviu o que eu acabei de dizer? Vou ter que marcar sua audiometria?

- Tá bom, chega. Só vou aprender quando voltar de viagem – Sarah disse, metade se dando por vencida e metade no deboche.

Não tinha soado como uma profecia, mas no final meio que acabou sendo.

Sarah aprendeu mesmo o que era se manter firme depois daquela viagem. Não teve outro jeito. Ela não atenderia as ligações de Oliver depois do que tinha acontecido. Pouco importava se ele ligava noite e dia. Ele tinha metido para ela. Descaradamente. Mentiu que amava ela.

Quem ama não coloca o ser amado numa situação humilhante como aquela.

Ela gostaria de ter mentido também.

Possivelmente a sua oportunidade de mentir brilhava bem ali na tela do seu celular. O que será que Heloísa queria com ela? Havia a possibilidade de ela ter descoberto que Sarah tinha sido a vagabunda da vez?

Sarah ainda estava aprendendo a aceitar que sempre existiria tal possibilidade.

Por mais que na hora ela não soubesse a extensão do que estava fazendo, o título era verdadeiro. E a colocava pra baixo.

Porém não tão para baixo a ponto de atender a ligação e pedir desculpas. Porque Sarah queria se manter firme no seu objetivo de aguentar firme. E aguentar firme significava seguir em frente, sem olhar para trás, como se nada tivesse acontecido. Era juntar um monte de máximas clichês e tentar incorporá-las a sua vida. Carpe diem, só se vive uma vez, vamos viver tudo que há pra viver. Era silenciar o celular e sorrir, falando para Kellen que a ligação era provavelmente de Call Center.

Que era uma mentira plausível. Assim como as outras que ela se contava ao longo dos dias.

Aguentar firme era falar que elas tinham muito trabalho pra fazer toda vez que Kellen queria conversar sobre o assunto.

Sua amiga estava preocupada e Sarah queria dar a impressão de que ela não tinha motivos para isso. O que ambas precisavam era de uma boa diversão. E que seria divertido a beça passar a noite em claro dentro de um cubículo que tocava músicas que não continham letras.

Pelo menos assim não estariam sozinhas a mercê dos rumos aleatórios de uma conversa profunda. Teria gente. Mais que isso! Gente bonita, segundo a campanha publicitária da boate. O que deixava Sarah muito com o pé atrás.

Mas, afinal, o que não deixava Sarah com o pé atrás nesses dias?

Celular tocando com números desconhecidos principalmente.

O número em questão ligou três vezes seguidas, num show de persistência. De nada adiantava Sarah colocar o telefone no silencioso se não parava de se preocupar com a identidade de quem estava do outro lado da linha.

Era assim que seria pra sempre? Esse sentimento de perseguição? De que poderia ser descoberta a qualquer momento?

Ela não tinha como responder a essas perguntas. O máximo que podia fazer era descobrir quem estava a atormentando dessa vez.

- Alô?

- Tia, sou eu. Seu celular tá escangalhado?

- Não, só tinha colocado ele pra vibrar.

- Peguei o celular da minha professora emprestado – Alicia disse do outro lado da linha.

No fundo dava para ouvir gritos infantis. Grito de crianças brincando.

- Alicia, por que você não está brincando? – Sarah quis saber.

Alicia era uma criança que, assim como todas as crianças, apreciava todo e qualquer tipo de brincadeira. Não era à toa que Sarah acabava entrando na roda e cantando Ciranda Cirandinha, ou qualquer coisa embaraçosa do gênero todo ano que ia às festas de aniversário dela. Era isso ou confraternizar com os adultos. Ela sempre optaria pela primeira opção.

Mas se Alicia não estava brincando quando claramente as outras crianças estavam, algo tinha acontecido.

E se algo tinha acontecido, Sarah queria saber o quê.

- Estou triste – Alicia respondeu com uma vozinha.

Sarah se perguntou se ela ainda estudava no mesmo colégio.

- Mamãe e papai não param de brigar nunca! Eles brigam alto, me acordam de noite e depois ninguém canta pra eu voltar a dormir!

- Você quer que eu cante? Eu canto! – ofereceu Sarah em desespero, tudo menos ouvir Alicia chorar. – O que você quer ouvir?

- Call me maybe, mas só serve de noite. De noite você tá dormindo, não tá?

- Tô – Sarah confirmou.

Principalmente no escritório.

- Todo mundo dorme de noite! Menos eles dois! Depois falam que não estão no clima de cantar e que eu já estou grandinha. Eu não sou tão grande assim, tia! Eu gosto que cantem as musiquinhas.

- Você só tem cinco anos...

- E tenho que esperar até ter dez pra poder ter um celular. Muito chato! Quando eu ganhar vou ligar todo dia pra falar com você...

- Prometo atender no primeiro toque.

- Promete que vai cantar também? Mesmo que com dez anos? Dez anos é grande mesmo.

- Claro que sim, meu amor. E não se preocupa com o seu pai. É só uma fase, igual num videogame, você tem videogame?

- Óbvio!

- Então, sabe quando você chega numa fase difícil que você tenta e tenta passar, mas morre toda hora?

- Tipo no Crash?

- É! – confirmou Sarah, apesar daquele não ser seu jogo preferido, ela sabia de quem era. – Aos pouquinhos você vai aprendendo como passar, não é? Às vezes até consegue descobrir um macete e passa de uma vez e tudo fica bem de novo.

- Vai ser assim com a mamãe e o papai?

- Aposto que sim.

- Demorou duas semanas pra eu zerar o Crash – Alicia declarou.

- Quem sabe não seja até mais rápido que isso? – sugeriu Sarah. – Você sabe, todo jogo é diferente, mas seu pai é muito bom em videogame.

Alicia finalmente deu uma risadinha. Ela riu porque sabia tão bem quanto Sarah que aquilo era verdade.

- Depois te conto se você ganhou a aposta, tia. Agora minha professora ta pedindo o celular dela de volta. Te amo, tchau.

Sarah ganhou a aposta em três semanas. Alicia cumpriu sua promessa e ligou avisando.

**

- E então? – Samantha perguntou do outro lado da sala, trazendo Sarah bruscamente de volta para o presente.

- Então nada.

- Nada o quê? Acabou? – insistiu a terapeuta.

- Acabar? Não tinha nem nada começado pra acabar.

- O que fomos essas últimas sessões que tivemos, então?

- Um desabafo.

- Quando alguém tem alguma coisa pra desabafar, não quer dizer que a pessoa tem algo?

Será que ela não cansava de bater na mesma tecla? Sarah se perguntava. Possível que não, visto que essa era sua profissão.

- Eu não tenho nada – Sarah negou da forma mais contundente possível. – Muito menos com ele.

- E você quer ter?

- Samantha, você não ouviu as histórias?

- Eu ouvi.

- Que bom – Sarah cruzou os braços bem firme.

- E mesmo assim você quer ter? – Samantha perguntou depois de uns minutos de silêncio.

- Eu não vou responder a essa pergunta – disse Sarah examinando o relógio. – Felizmente nossa sessão terminou.

_________________________________

AAAAAA! Voltei! Aos trancos e barrancos, no melhor estilo Sarinha, eu voltei. Sei que o capítulo não tá tão grande quanto os outros quatro da coleção ~lembranças~, mas, em compensação, as lembranças desse capítulo estão contadas tim-tim por tim-tim nos capítulo 8, 9, 10. Não fazia sentido eu chover no molhado aqui, achei mais proveitoso voltar pro presente e deixar essa questão ~no ar~. 

O que você acharam dessa questão? Me contem, me estrelem! Por favor! Não tenho nem coragem de dizer que nunca pedi nada, haha! Em contrapartida, vocês já ouviram falar dos marcadores de mundo? Pra aqueles que não me seguem em nenhum outra rede social, trago a notícia de que em breve vai começar os envios dos marcadores, pra receber é só preencher o formulário: https://goo.gl/forms/S8V5S8ynpC38kh3m2 

É de graça. Em troca só peço estrelas e amor mesmo. Quem sabe com essa combinação a gente não consegue ganhar o Wattys? Me ajudem pelo amor de Deus!!!!!!!!!!!!! <3 

E desculpa o atraso, tá? Minha vida tá um furdúncio e eu nem sabia escrever essa palavra. Tô tentando me programar pra postar no domingo. Mas quem sabe? Eu não sei. Não sei de nada. Estou pior do que Sarinha na terapia. 

Confusa & bombardeada. Tchau!

PS: A BeeaMoreira6 tá fazendo promoção valendo UMA CAPA dessas lindas que ela faz (ela que fez a de MUNDO). Pra quem quiser uma linda capa pra sua história é só participar: https://www.facebook.com/beeamoreira.ilustracaoedesign/photos/a.339922779441598.1073741828.339909779442898/861518957281975/?type=3&__mref=message_bubble 

Agora é sério: BEIJOS ESTRELADOS***

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