33 - Um clássico da Bossa Nova

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- Quê? – Oliver perguntou como quem não tinha ouvido direito.

Muito embora Sarah soubesse que ele tinha. Talvez ele só não quisesse acreditar. Ela também não estava acreditando que estava ali.

- Sua solução. Quero saber – ela repetiu se encostando ao batente da porta. – Passei a tarde toda tentando reorganizar tudo de diversas formas diferentes, nada deu certo. Nada mesmo. Nadica de nada. Lugar nenhum está disposto a fazer tudo que a gente precisa em tão pouco tempo.

- Eu sei – Oliver disse abrindo mais a porta. – Entra.

Sarah entrou no apartamento dos caras achando tudo um pouco mudado. Fazia tempo que ela não ia ali. Não imaginou que voltaria algum dia. Mas lá estava, se encaminhado para um sofá que parecia ser a versão mais cara do que ela se sentou da outra vez que esteve ali. 

- E aí? – Oliver perguntou enquanto alcançava uma camisa nas costas de uma cadeira.

Sarah não sabia a que ele se referia com uma pergunta dessas. "E aí" era uma coisa muito vaga. Por pensar em vagar, os músculos das costas dele se contraiam em vários pontos enquanto ele colocava a camisa.

Aquela mesma maldita camisa que ela já tinha vestido um dia.

Ela decidiu encarar aquilo como um sinal. Sinal de que deveria focar 100% no trabalho.

- Como foi que me achou aqui? – Oliver perguntou quando já estava devidamente vestido.

- Belize – ela respondeu se sentando na ponta mais distante do sofá. – Liguei para Búzios e ela atendeu. Pelo que entendi, ela nem chegou a ir embora de lá.

- Verdade. Ela foi ficando.

- Uhn – Sarah disse, cruzando os braços enquanto ele sentava na outra ponta do sofá – São as férias dela, ela aproveita como quiser, com quem quiser.

- Isso mesmo – Oliver concordou. – Eu estava ensinando ela a dirigir.

- Quando a mãe dela souber vai querer te matar. Você vai ver o que é bom pra tosse – Sarah disse olhando para televisão.

Seria uma boa se ela se concentrasse no seriado que estava passando. Sem sombra de dúvidas era bem mais interessante do que os rumos daquela conversa.

Oliver desligou a televisão logo quando o casal estava prestes a se acertar de vez. Ele sempre teve esse problema com timming. O casal da série também passou dez temporadas tendo.

- Não foi para falar sobre as férias de Belize que você veio aqui. Nem pra ver Friends comigo. Infelizmente. 

- Verdade – Sarah se levantou do sofá na tentativa de assumir uma postura mais profissional. – Só quero saber se você de fato pensou uma solução cabível pro meu problema ou é mais uma das suas tramóias. Porque eu tentei de tudo, entrei em contato com a gráfica, pedi reembolso, liguei pra Deus e o mundo implorando por prazos menores e ninguém, nem os que cobram mais caro puderam me atender. Então, a menos que você tenha tirado uma gráfica da cartola que esteja inteiramente ao meu dispor, não vejo como você pode solucionar o meu problema.

Oliver encolheu os ombros de um jeito esquisito, do jeito que alguém encolhe o ombro quando é pego no flagra. Sarah demorou a raciocinar que tipo de flagra poderia ser aquele.

- Ah, meu Deus – Sarah achou melhor se sentar, dessa vez bem devagar. – Oliver, você não tirou uma gráfica da cartola e colocou inteiramente a meu dispor, né?

Ele encolheu os ombros mais uma vez. Mais uma encolhida daquelas e seus ombros iam se colar às orelhas.

- Não foi da cartola, foi do caderno – ele disse olhando para o caderninho jogado na mesa de centro, o mesmo que ele usava para fazer seus desenhos.

O mundo dá voltasWhere stories live. Discover now