Acordo com o barulho de duas pessoas discutindo no andar de baixo, mas como estou cansada, decido ficar um pouco na cama. Ontem meu dia foi muito bom, ensinar o Max a andar de skate me deixou bem cansada e depois ainda demos um mergulho na praia. Ele foi para a casa dos avós logo depois pois precisava conversar com o pai.
Levanto da cama e vou atrás da briga que está rolando no andar de baixo, vejo a mãe do Rapha na sala assim que desço as escadas.
Liv: Oi tia -Digo dando um abraço nela
Maria: Oi Liv, como você tá linda, um mulherão.
Liv: Obrigada -Digo e sorrio -Não sabia que ia vir pro natal
Rapha: Nem eu, e eu acho que o mínimo que uma mãe que passa meses longe do filho seria ligar pra ele, pelo menos pra dizer que está viva. -Ele diz um pouco bravo.
Maria: Você sabe que se eu tivesse tempo eu ligaria pra você o tempo todo, mas as vezes acabo em algum lugar que não tem sinal de celular ou internet, e agora eu estou aqui, tem como aproveitar que estou aqui?
Rapha: Claro que sim mãe, mas sabe que eu fico preocupado -Ele diz e dá um abraço nela.
Maria: Eu sei meu filho. Mas eai? Como estão os preparativos pro natal?
Mãe: Tudo indo muito bem. Vai passar com a gente?
Maria: Claro, como não? Se precisarem de qualquer coisa me avisa que eu ajudo.
Elas saem andando para a cozinha deixando eu e Rapha sozinhos na sala.
Liv: Por que você se estressou?
Rapha: É mais fácil esquecer que ela me abandonou quando ela está longe.
Liv: Não fala assim, sua mãe não te abandonou, ela só
Rapha: Ela só largou eu e meu pai aqui para seguir o sonho da vida dela, eu sei. Mas não é fácil.
Liv: Eu sei que não, mas vamos tentar esquecer isso, que tal fazermos alguma coisa hoje?
Rapha: Nós dois? E seu namoradinho?
Dou de ombros.
Liv: Ele falou que tem umas coisas pra resolver hoje e que não podemos nos ver.
Rapha: Ele está de férias passando o natal com os avós e ainda assim tem algo pra resolver aqui no Brasil, você não acha estranho?
Liv: Não, quer dizer, devo achar?
Rapha: Não sei, se você confia nele.
Liv: De qualquer forma, podemos fazer algo só nós dois.
Rapha: Tudo bem. Seu irmão está dormindo mas ele não vai gostar de saber que nós vamos sair sozinhos.
Liv: Ah por que? Só vamos fazer algo juntos
Rapha: Que tal irmos no cinema?
Liv: Tem algum filme passando?
Rapha: Sim, tem um muito bom que eu estava querendo ver.
Liv: Então pode ser.
Eu e Rapha resolvemos ir depois do almoço e vou ajudar nossas mães na cozinha enquanto ele vai acordar Gui
Mãe: ...ninguém entende.
Maria: Jovens né?
Liv: O que vocês estão falando?
Maria: Sobre você, descobri que está namorando.
Liv: Ah, não é bem namorando, a gente ainda está se conhecendo.
Maria: Mas você gosta dele?
Liv: Gosto, mas fico com medo de apressar demais as coisas, nos conhecemos tem só algumas semanas.
Maria: Então melhor esperar mesmo, ter certeza de que ele te merece.
E com isso ela e minha mãe começaram a falar como eram apaixonadas por alguns carinhas quando eram jovens.
Ajudei elas a terminar o almoço e fui chamar os meninos
Liv: Ei, a comida está pronta.
Rapha: Estamos indo.
Gui: Então quer dizer que vocês vão sair sem mim? Que trairagem é essa?
Liv: Não posso mais sair com meu amigo Raphael?
Gui: Não estou gostando da amizade de vocês, preferia quando se odiavam.
Liv: Haha engraçadinho.
Descemos para almoçar e percebo que Rapha já está mais calmo em relação à sua mãe. Saímos logo depois de comer.
Rapha: Então... -Ele diz quando entramos no shopping
Liv: Então...?
Rapha: Sei lá, só não gosto desse silêncio entre a gente.
Liv: Melhor silêncio do que briga.
Rapha: Com certeza -Ele diz rindo -Por que a gente sempre brigou tanto?
Liv: Porque você é um pé no saco desde que eu era pequena.
Rapha: Mas você ainda é
Liv: Haha você entendeu o que eu quis dizer, você sempre foi babaca comigo.
Rapha: Era coisa de criança, eu só queria chamar sua atenção.
Liv: Queria é? -Ele me olha e balança a cabeça rindo
Rapha: De qualquer forma, a gente foi crescendo e você foi ficando mais incomodada ainda com as brincadeiras, então eu continuei.
Liv: Pra me irritar mais ainda?
Rapha: Sim, lembra aquela vez que eu coloquei corante no seu shampoo e você ficou td manchada por uns 5 dias?
Liv: Como não? Metade da escola começou a me chamar de smurfete rosa
Rapha: E a outra metade?
Liv: A outra metade não sabia que eu existia felizmente.
Compramos nossos ingressos e fomos tomar um sorvete enquanto esperava o horário do filme.
Rapha: Sabe, até que você não é tão chatinha igual eu pensei?
Liv: Isso é um elogio?
Rapha: Não sei, acho que sim -Ele ri
Eu rio e ele me olha
Rapha: Você tem um sorriso lindo.
Liv: Muito obrigada, o seu também é muito bonito.
Rapha: 50 anos de aparelho, tinha que ficar né.
Tomamos nossos sorvetes, compramos pipoca e vamos ver o filme.
Durante o filme, os dedos do Rapha fazem um carinho de leve na minha mão enquanto pego a pipoca.
Não sei se isso foi coisa da minha cabeça, talvez eu só esteja com saudades do Max de qualquer forma, a gente não se desgruda direito desde o dia que nos conhecemos.
O filme acaba e ele pede a minha ajuda para comprar algo de presente de natal para a mãe dele, já que ele não esperava a visita dela.
Liv: O que você quer comprar pra ela?
Rapha: Não sei, não faço ideia.
Liv: Que tal um colar? Olha aquele que lindo. -Mostro pra ele um colar prata com pingente em formato de estrela que vi na vitrine de uma loja.
Rapha: É lindo mesmo. -Ele diz entrando na loja.
Atendente: Olá boa tarde, posso ajudar o casal?
Liv: Ah não, nós não somos...
Rapha: Nós não...
Atendente: Ah, me desculpe então, o que gostariam?
Rapha começa a conversar com a moça perguntando sobre o colar enquanto fico olhando outras joias da loja. Fico tão entretida que não percebo quando Rapha para do meu lado, já com a sacola em mãos.
Rapha: Vamos?
Liv: Sim sim, Tchau moça, obrigada. -Eu digo pra atendente antes de sair.
Ficamos calados no uber a caminho de casa e percebo que já escureceu.
Quando chegamos em casa, Rapha faz mençao e ir pra casa.
Liv: Vai pra casa?
Rapha: Acho que sim, não sei se o clima está muito bom com meus pais. -Olho para a janela da minha casa.
Liv: Acho que o clima está muito bom -Digo apontando para os nossos pais, que estão rindo e bebendo.
Rapha: Ah, então vamos. -Ele diz e pega minha mão, me puxando para dentro de casa.
Maria: Boa tarde. -A mãe do Rapha diz quando entramos e olha para as nossas mãos.
Solto a mão do Rapha rapidamente.
Liv: Oi tia.
Maria: Como foi o filme?
Rapha: Muito bom mãe.
Vamos para o bar da casa onde Gui está tomando uisque com meu pai e o do Rapha, enquanto nossas mães tomam um vinho.
Mãe: Quer uma taça filha? Estavámos esperando vocês.
Liv: Quero sim mãe. -Digo e pego a taça que ela me oferece.
Mãe: Preciso olhar o forno, vou aproveitar e preparar uns aperetivos para a gente.
Rapha: Quer ajuda tia?
Mãe: Quero sim Rapha, vamos lá comigo.
Eles vão para a cozinha e eu fico sozinha com a mãe dele.
Maria: Eu vejo como você olha pra ele.
Liv: Não sei do que você está falando -Eu digo dando um gole na taça
Maria: Eu já fui jovem Liv, eu sei como é, meu filho é um homem muito bom.
Liv: Ele é realmente, mas a você sabe como ele é, e outra, eu já tentei dar uma chance e não rolou, agora somos só amigos.
Maria: Quer dizer que rolou beijo?
Liv: Aham -Digo com a boca na taça
Maria: Quando foi isso?
Liv: Já tem um tempo, de qualquer maneira, eu conheci o Max e agora estou com ele, e estou muito feliz.
Maria: Por que ele não está aqui agora?
Liv: Hoje não deu pra gente se ver.
Maria: Entendi, de qualquer forma, espero que você seja feliz, independente se for com meu filho ou com outro rapaz.
Liv: Obrigada tia.
Maria: Mas te garanto que vou amar te chamar de nora. -Fico vermelha e resolvo mudar de assunto.
Eu gosto realmente do Max, né? Sim, óbvio, eu sou muito feliz com ele, e ele me trata muito bem. Mas e o Rapha?
Rapha chega com minha mãe e deixo meus pensamentos de lado por enquanto, vou só aproveitar a noite.