Miguel
Eu estava totalmente dependente das pessoas para qualquer coisa que eu fosse fazer .. Mas antes depentende vivo, do que morto. Meu pai estava estranho e eu sentia isso, alguma coisa estava acontecendo com ele, e este não queria me falar, mas eu iria descobrir, de um jeito ou de outro. Me ajeitei com dificuldade na cama e gemi de dor, respirei fundo e fechei os olhos.
- Tudo bem?
Encarei a Juliane que tinha acabado de entrar no quarto e sorria.
- Sim.
- Trouxe chocolates. - Sorriu. - E não se preocupe, tive a autorização do médico.
- Você receberia qualquer tipo de autorização Juliane, você manda e desmanda aqui.
- Enfim. - Ela sorriu e se sentou na beira da minha cama. - Como você está meu amor?
- Estou bem, só quero sair daqui logo.
- Sua respiração está indo bem, tenho certeza que logo poderá ir para casa.
- Tomara!
Ela sorriu e acariciou meu rosto.
- Fiquei tão preocupada quando descobri que tinha sofrido acidente.
- Imagino!
- Você está estranho, o que foi?
- Vou te fazer uma pergunta Juliane e espero que me responda com a verdade!
- Claro meu amor, pode dizer.
- Você estava ou não grávida?
Seus olhos se arregalaram e sua boca abriu, ela engoliu em seco e deu um sorriso sem graça.
- Cla-claro que sim, de onde tirou essa ideia que não? Se não fosse por aquela marginal, eu estaria com meu filho aqui ainda.
Ela tocou a barriga e eu estudava seu expressão.
- Quando somos advogados Juliane, aprendemos a estudar as pessoas e a identificar quando elas estão falando a verdade ou mentindo e você está mentindo!
- Você só pode estar delirando!
- Não, não estou! Seu problema foi achar que eu sou idiota! Um dia eu iria descobrir.
Ela se levantou da cama e me deu as costas, vi a mesma respirar fundo e se virar novamente pra mim, com os olhos cheios de lágrimas.
- Eu estava com suspeitas, mas quando fiz o teste tinha dado negativo e cheguei a falar isso com sua mãe e ela me aconselhou a sustentar essa mentira, disse que isso te deixaria mais próximo de mim e assim eu poderia reconquistar o seu amor. Eu estava desesperada Miguel, estava te perdendo para aquela selvagem e eu não podia fazer nada em relação a isso, eu só queria ficar com você.
- Mentindo? Me enganando? Me fazendo amar uma criança que se quer existia? Que tipo de pessoa você é Juliane? Não sabia que você fazia o estilo manipuladora.
- Eu não faço, não sou assim! Mas quando a gente ama, é capaz de tudo por amor.
- Até inventar uma gravidez! Era tudo fingimento, tudo mentira, cada desmaio, enjôo, desejo no meio da madrugada que me tirava da cama para te atender, e aquela barriga? Era falsa?
- Sim. - Limpou os olhos. - Sua mãe me ajudou a comprar!
Neguei com a cabeça e mordi o lábio.
- E pra que todo aquele fingimento em relação a suposta perda do bebê? A Aurora realmente te bateu Juliane?
- Não! Também foi ideia da sua mãe!
- Você não presta e tão pouco minha mãe!
- Eu não me arrependo, eu faria tudo de novo pra te ter comigo!
- Você não percebe que toda essa palhaçada foi em vão? Que tudo que você fez foi em vão? Essa palhaçada toda não serviu para absolutamente nada! Eu continuo amando a Aurora, continuo querendo ficar com ela e não com você! Eu gostei muito de você sim Juliane, mas não foi amor e muito menos paixão, foi apenas gostar e depois de descobrir tudo o que você fez, eu sinto apenas pena de você!
- Não fala assim Mih, por favor!
- Sai daqui e não volta mais!
- Mih, por favor..
- Agora Juliane!
Ela respirou fundo e concordou com a cabeça, limpando as lagrimas.
- Me perdoa.
E com isso ela saiu do quarto,,respirei fundo e passei a mão no rosto, indo ate o cabelo e puxei o mesmo, que ódio!
*
- Meu bebê!
Minha mãe entrou no quarto cheia de sacolas e com um sorriso que não cabia na boca.
- .. Trouxe roupas para você filho, essas roupas de hospital são horríveis. - Ela veio me dar um beijo e eu virei o rosto, o que fez o sorriso da mesma sumir. - O que foi?
- Juliane me contou tudo!
- Tudo o que meu amor?
- Todo o plano de vocês duas, a gravidez falsa, o falsa perda a surra que a Aurora nunca deu nela.
- Eu só ajudei alguem que estava desesperada.
- A enganar seu próprio filho? Que tipo de mãe é você?
- Aquela que faz tudo pela felicidade e o bem estar do seu filho e a Aurora não te proporciona nenhuma dessas duas coisas!
- Você não pode mais decidir minha vida por mim!
- Eu sou sua mãe, posso o que eu quiser!
- Isso é ridículo! Você tem que entender que não manda mais na minha vida, mãe.
- Você não percebe que depois que aquela garota entrou na sua vida tudo mudou?
- Aurora me fez enchergar o mundo de outra maneira e me deu o maior presente que eu poderia ganhar, a paternidade!
- Ela só quis te dar o golpe!
- Mãe,, eu to cansado de o tempo todo você ficar julgando a Aurora, já chega!
- Olha como você me trata por causa dela, meu Deus, eu sou sua mãe!
- Eu sei, mas isso não te da o direito de ficar se intrometendo em minha vida e ficar tentando tomar as decisões por mim! Coloque uma coisa na sua cabeça mãe, eu amo a Aurora e vou me casar com ela,,goste você ou não!
- Você só vai se casar com aquela marginal, por cima do meu cadáver.
Ela saiu andando batendo a porta e eu respirei fundo.
*
Casa, era tudo que eu queria. Já tinha quase uma semana que eu havia acordado nesse hospital e estava contando as horas para ir embora.. Juliane não voltou mais, minha mãe sim, mas sempre me tratando com muita frieza o que não me importei, ela tem que entender que eu não sou mais o garotinho que ela tomava as decisões, não mais! Aurora veio me ver todos os dias e em todos os dias trouxe um video gravado pelo seu celular dos meus filhos pra mim, eu tinha tanta saudade deles e não via a hora de poder abraça-los.
- E ai doutor, vou ou não poder ir pra casa?
- Vai! - Ele sorriu e eu respirei aliviado. - Você não teve consequências mais graves, apenas os ossos quebrados o que não é motivo para continuar tr mantendo aqui.. Mas irei te passar alguns remédios por causa da dor, mas no mais você está bem!
- Então já posso ir embora?
- Só vou organizar seus papeis de alta e logo você poderá ir.
- Graças a Deus.
Ele sorriu e saiu do quarto e vi a Aurora entrando com uma das mãos nas costas.
- Que sorriso é esse?
- Ele foi assinar minha alta, graças a Deus vou pra casa.
- Que bom. - Se sentou na poltrona.
- Está tudo bem?
- Uhum.. Só não estou aguentando de dor nas costas.
- Você não acha melhor passar no médico e olhar isso? Já está reclamando a dias.
- Isso é normal e a tendência é piorar. - Suspirou. - Você vai pra casa dos seus pais? Não pode ficar sozinho.
- Não tinha pensado nisso. Não queria ficar com minha mãe, ela não está muito bem comigo.
- Se quiser pode ir lá pra casa.
- Não quero te dar problema e pra ficar comigo requer um esforço na qual você não pode fazer.
- E o que pretende fazer, ficar sozinho?
- Vou contratar uma enfermeira para me ajudar.
- Que tipo de enfermeira?
- Oi?
- Do tipo gostosa e loira?
RI e rolei os olhos.
- Do tipo profissional.
- Sei.
- Se eu pudesse te agarrava agora!
- Se controla.
Ela se levantou e acariciou meu rosto, beijando meus lábios.
- E as crianças?
- Estão bem, mandaram um beijo.
- Hoje eu mesmo irei dar vários beijos neles.
- Uhum.. E Juliane ?
- Não voltou mais.
- Que ótimo, que ela mantenha a distância.
- Nunca imaginei que ela seria capaz.
- Aquela cara de sonsa dela nunca me enganou, sabia que por trás daquela falsa lerdeza tinha um demônio pronto para se manifestar.
- Você fala umas coisas. - Comecei a rir e ela sorriu.
- Você agora você pode ligar.
- Pra quem?
- Vasectomia, idiota.
- Quero ter mais uns quatro filhos.
- Então tu que vai procurar uma mulher para ser mãe desses quatro filhos, por que meu esse é o último!
- Só mais quatro amor,,quero a casa cheia.
- Gostaria de ver se iria querer a casa cheia,,se fosse tu que carregasse por nove meses uma criança e sentisse todas as dores para coloca-lá para fora.
- Nem deve doer tanto assim..
- Uma ova que não.
- Só mais quatro.
- Só mais um que vai chegar em poucos meses.
- Amorzinho,,só mais quatro e ai fechamos a firma.
- Não Drummond, desiste.
- Você é muito ruim comigo.
- Sou ótima, mas não vou ter nem mais um filho depois do Pedro Henrique.
- Veremos. - Sorri.
- Veremos!
O doutor apareceu alguns minutos depois com minha alta assinada e me passou algumas recomendações ate me liberar, o que eu dei graças a Deus quando entrei no taxi junto com a Aurora.. Que alisava a barriga.
- Tudo bem?
- Uhum, é só mania.
Sorri e levei minha mão ate sua barriga e acariciei a mesma.. O taxi parou em frente a casa dos meus e o taxista desceu para pegar minha cadeira de rodas enquanto a Aurora foi atrás do meu pai.
- Filho, porque não esperou bebê?
- Não queria ficar lá.
- Vem, a mamãe te ajuda.
O taxista e meu pai me ajudou a sentar na cadeira de rodas e depois de pagar a corrida fomos pra dentro de casa, o que foi uma dificuldade por causa da escada e da cadeira, mas nada que a ajuda de alguns seguranças não resolvesse.
- .. Que bom que você já está em casa meu bebê, vou poder cuidar de você!
- Vim pra cá apenas porque não tive outra escolha, mas vou contratar uma enfermeira e irei voltar para meu apartamento.
- Bebê, eu posso cuidar de você!
- Não vamos fingir que estamos bem mãe e muito menos que o que você fez não foi grave.
- Tudo que eu fiz foi pela sua felicidade.
- Seu maior problema e ficar intrometendo em minha vida!
- Eu sou sua mãe!
- Mas isso não te da o direito de inventar as coisas para me enganar.
- Tudo bem, já chega! - Meu pai interviu. - O importante é que você está bem filho e para o que precisar estaremos aqui.
- Obrigado, pai.
Sorri e ele concordou com a cabeça, encarei Aurora que estava apenas observando.
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