Que Sorte a Nossa (Romance Lé...

By TonnyMarques

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Se você for uma pessoa de sorte, um dia você ainda vai conhecer alguém que vai ser o divisor entre o antes e... More

Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30 - Final
Agradecimentos e Retrô
DISPONÍVEL

Capítulo 2

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By TonnyMarques


Precisava fingir que não sabia de nada, precisava fingir que estava tudo bem quando na verdade não está, talvez esse seja o real motivo para fugirmos tanto, o medo de Tracy e Eu lermos alguma revista de fofoca e descobrir tudo antes. No dia em que chorei com minha irmã inventei uma história qualquer para o motivo de tanto choro e desespero, até conselho ela me deu tão inocentemente.

Não sei o porquê, mas passei a observar mais vezes Hayley em seu quarto, principalmente quando abria a janela para fumar um cigarro, ela parecia estar sempre lendo algum livro ou estudando. Não havia visto Ela pessoalmente desde quando a mesma mandou Eu me ferrar, era sempre pela janela, nada mais que isso.

Havia saído com o pessoal para dar uma volta pela cidade, paramos próximos a um parque, eles queriam pixar alguns muros, mas eu estava fora disso, então preferi ficar sentada olhando enquanto eles aprontavam. Até Charlie anunciar algo que eu não havia entendido por conta dos fones de ouvido e em poucos instantes eles haviam corrido, na tentativa de levantar e pegar minha mochila que haviam pedido para eu levar não sei por qual motivo, um policial surgiu na minha frente e ao tirar o fone percebi o quanto estava encrencada.

- O que ia fazer? Ia correr também? - perguntou o policial.

- Não eu só ia... - tentei.

- Não pense em mentir garota, estava com aqueles garotos? - interrompeu-me com outra pergunta.

- E-Eu não estava fazendo nada, eu só ia... - tentei novamente.

- Nossa, mas o que está acontecendo aqui? - para minha surpresa Hayley surgiu de supetão com dois sorvetes em mãos.

- Conhece essa garota? - o outro policial perguntou a ela.

- Sim... - respondeu me olhando - Ela estava comigo, apenas tinha ido comprar esses sorvetes enquanto ela me esperava aqui, mas porque a abordagem? - eu não acreditei no que estava ouvindo, ela estava tentando livrar minha pele.

- Alguns garotos estavam pixando o muro e saíram correndo ao nos ver, sua amiga levantou no mesmo instante e isso soou suspeito, achei que fizesse parte deles. -explicou.- Essa mochila é sua?

- Não, ela saiu sem mochila comigo. - interferiu Hayley.

- Por uns instantes também pensei que fosse, vamos ver o que tem aqui. - ele abriu a mochila que por sinal estava cheia de sprays dentro dela- Olha só, estava perto de sua amiga, talvez jogaram quando nos viram, me desculpem o mal entendido. - ele sorriu.

- Isso aí não é meu. - indaguei indignada ao ver os sprays na minha mochila, não sabia que haviam feito isso.

- Claro que não é, você saiu sem mochila. - tentou concertar.

- Já sabemos que não é sua moça, fique tranqüila, como disse devem ter jogado perto de você quando correram. Cuidado moças, tenham uma boa noite. - disse nos liberando.

Ainda na frente do policial Hayley me entregou o sorvete que já estava derretendo e disse em tom alto "desculpa a demora" para que eles escutassem. Não havia entendido o porquê ela fez aquilo, porquê ela me ajudou quando podia ter me deixado lá se ferrar sozinha, afinal ela me avisou que eles não eram flor que se cheire. Andamos em silêncio uma ao lado da outra, ao dobrar a esquina tudo começou.

- Falta de aviso não foi não é? - Ela me olhava séria.

- Como sabia que estava ali? - perguntei a olhando.

- Estava sentada do outro lado do parque, quando te vi nessa situação Eu pensei se interferia ou não. - explicou.

- Obrigada! -disse envergonhada pela situação.

- Sugiro que preste mais atenção por onde anda da próxima vez. - Ela voltou a andar, isso me fez lembrar de quando nos esbarramos, foi o mesmo que havia dito a ela, mas em uma situação diferente.

- O que pretende fazer agora? - perguntei a seguindo.

- Vou para casa! - indagou andando ao meu lado.

- Preciso encontrar eles. - pensei alto.

- Eles quem? - ela parou ajeitando o óculos.

- Como quem, Charlie, Dennis e Jasmine.  - respondi rapidamente.

- Eu não ouvi isso. - ela cruzou os braços.

- Preciso saber porquê fizeram isso, porquê me deixaram lá e... - tentei explicar.

- Porque você é muito trouxa, é o que eles precisam de trouxas. -debateu nervosa- Tudo o que eles fizerem a culpa vai ser toda sua, até você cair na real e sair fora dessa, eles não são seus amigos Taylor.

- Como sabe meu nome ? Em momento algum te disse. - debati.

- Como se não tivesse ouvido antes.. - ela revirou os olhos.- Olha se quer ir atrás deles vá, só fique ciente de que não vou mais fazer isso que fiz hoje.

- Está bem, não preciso de você. - disse sem pensar.

- Precisou há alguns minutos atrás... Como pude ser tão burra, devia ter deixado que fosse levada para delegacia. - ela começou a andar em passos largos.

- Hayley! - gritei, mas ela sequer olhou para trás.

Talvez ela estivesse certa, não seria boa idéia procurá-los, não depois disso. Ao chegar em casa Tracy estava vendo um filme enquanto comia pipoca no sofá, cheguei de mansinho e sentei ao seu lado, que logo estendeu o balde de pipoca na minha direção.

- Obrigada! - agradeci pegando um pouco.

- Tem alguma coisa errada? - perguntou sem tirar os olhos da TV.

- Não, nada... - menti.

- Se tem uma coisa que você não sabe fazer é mentir. - ela me olhou procurando entender o que está acontecendo.

- Não é nada, para de me olhar assim... - sorri - Aonde arrumou essa camiseta?

- Legal né? Foi a Hayley que me deu, é a nossa vizinha. - podia ver seus olhos brilharem enquanto falava. - Conheci ela há uns dias atrás e já somos bem amigas, ela é muito legal, eu tinha gostado da camiseta que ela estava, ai ela me deu uma igual. - explicou.

- Hayley... - sussurrei sem querer.

- Conhece ela também? - ela se ajeitou no sofá para me ver melhor.

- Apenas ouvi falar. - menti.

- Já ia me esquecendo, Jessy ligou, disse que virá para cá assim que puder para te ver. - revelou ao lembrar-se.

- Jessy? Mas o que ela vem fazer aqui e como nos achou? - Jessy é minha ex namorada, que por sinal nunca aceitou o término do nosso namoro, ela fazia questão de me infernizar por isso.

- Não olha pra mim assim, eu não fiz nada. - indagou Tracy.

- Sei disso, você não tem culpa. - disse levantando-me.

- Aonde vai? - perguntou curiosa.

- Pensar um pouco. - dei um leve sorriso e subi para o meu quarto.

Preciso fazer algo de útil nessa vida antes que um furacão traga só destruição, é tanta coisa para ser resolvida, tantos problemas que nem sei o que fazer. Peguei um cigarro e fui para a janela, ao abrir a cortina me deparei com Hayley no quarto dela, dei um leve sorriso ao vê-la dançando.

Tudo parecia tão fácil na vida dela, afinal o que ela faz? Quem é Hayley de verdade? Uma garota que nem me conhece e foi capaz de me tirar de uma grande encrenca, e eu estraguei tudo sendo idiota com Ela. E se eu me permitisse conhecê-la de verdade? Apenas conhecer, por onde deveria começar?

                              * * *

No dia seguinte Papai havia chegado de viagem, às vezes me pergunto porque trabalho e negócios seriam mais importantes do que ficar com a família. Não somos uma família, as vezes só queria um pouco de atenção da parte dele, que pelo menos ele perguntasse como foi os nossos dias, ser mais presente em nossa vida, não custa nada um minuto que seja. E era por causa disso que estávamos discutindo dessa vez.

- Eu sequer respirei um pouco e já vem com cobranças? - debateu em tom de voz alto.

- Talvez não se lembre que suas empresas tem mais prioridade do que Tracy e Eu, vocês dois sequer conversam com a gente. - vociferei.

- Fala direito comigo! - esbravejou - Tudo que faço é por vocês e é assim que me agradecem?

- NÃO PRECISAMOS DO SEU DINHEIRO SENHOR LOGAN SMITH!! - debati no mesmo tom - Queríamos apenas um pouco de atenção, carinho, afeto, amor... Viver como uma família normal, coisa que não somos a muito tempo. - virei as costas indo até a porta.

- Taylor Smith não me dê as costas! - murmurou. Victória e Tracy apenas olhavam.

- Foi você quem nos deu as costas a muito tempo. - indaguei fechando a porta ao sair.

Quando sai caminhei até a calçada e me sentei na guia, precisava apenas de um tempo para respirar, para esfriar a cabeça e colocar tudo no lugar. Talvez agora eu saiba como Jessy descobriu onde estamos, seu pai é o melhor amigo do meu pai, obviamente contou a ela onde estamos morando dessa vez. Minha raiva é tanta que me passa pela cabeça de juntar minhas coisas e cair no mundo, o que não iria demorar para eu fazer, principalmente em um momento como este.
Em poucos instantes senti alguém sentar ao meu lado, apenas continuei olhando para o chão sem prestar muita atenção de quem se tratava, mas já imaginava que fosse Tracy que pode ter vindo a pedido dos nossos pais na tentativa de me acalmar.

- Não quero conversar Tracy. - sussurrei.

- Tudo bem se não quiser falar à respeito, apenas vim te fazer companhia. - ao ouvir a voz pude identificar que não se tratava da minha irmã, e sim Hayley.

- Você ouviu... - disse baixinho.

- Infelizmente ouvi tudo, e acho que os vizinhos também. - admitiu.

- Porque é tão legal comigo se eu só acabo te tratando mal? - a olhei.

- Estou acostumada a sempre ser tratada mal. - ela respirou fundo.- Ainda falo com você por talvez ter a esperança de te fazer enxergar o mundo por outro prisma.

- Não devia ter se acostumado, acaba dando liberdade para que debochem de você ainda mais. - indaguei.

- Hoje não sou eu que estou com problemas, não vamos falar de mim. - Ela levantou.- Vem comigo. - completou estendendo a mão.

- Pra onde? - perguntei levantando.

- Apenas vem. - ela insistiu com a mão.

Quando nossas mãos se tocaram achei um pouco estranho, porém foi a coisa mais natural do mundo, ela acabou me convencendo de entrar em sua casa mesmo sem eu ter muita vontade própria. Subimos para o quarto dela, seus pais não estavam em casa, era tudo bem arrumadinho diferente do que Charlie e seu grupo dizia, sempre falavam que era um "chiqueiro". No quarto de Hayley havia alguns móveis cheios de livros, uma cama um pouco bagunçada por cadernos e livros por toda parte, porém ainda demonstrava todo charme de um quarto de uma adolescente, quase pensei estar no quarto de Tracy, era só tirar os livros e parecia ser decorado por ela.

Logo em seguida sentamos no tapete, o que a deixou um pouco constrangida por não podermos sentar na cama, mas eu havia dito que estava tudo bem, apesar do nervosismo de estar na casa dela.

Hayley se ajeitou, tirou os óculos e por fim disse:

- Pode começar. - Ela me olhava um pouco séria, na verdade não sabia distinguir o que se passava em seu rosto nesse momento.

Havia me perdido no exato instante em que ela tirou os óculos, seus olhos eram azuis, seu rosto parecia o de uma boneca de porcelana, sensível, delicado e frágil, ela realmente ainda parecia uma menina de 15 anos. Fiquei por uns instantes estudando seu rosto, seus olhos, seus lábios... Mal havia percebido que alguns minutos já haviam se passado enquanto me mantive frisada nisso.

- Taylor? - ela agora estalava os dedos diante dos meus olhos me fazendo voltar a terra.

- Seus olhos... - sussurrei.

- O que tem meus olhos? - perguntou preocupada.

- São azuis, são... É.. - sabia que tinha falado merda, uma coisa sem nexo então comecei a me enrolar nas minhas próprias palavras.

- Eles são assim desde que nasci até onde sei. - brincou sorrindo.

- "Droga para com isso Hayley." - pensei comigo mesma, enquanto olhava para ela sem dizer nada.

- Só não vai se apaixonar por mim. - brincou mais uma vez rindo da situação.

- Ôh, não terá problemas com isso. - sorri.

- Seria um tanto estranho, vejo esses casais lésbicos por ai e não consigo me imaginar numa situação dessa, namorando uma mulher. Não que eu esteja falando que você seja lésbica e que nós vamos... - ela começou a se enrolar toda.- Quer dizer, eu só quis dizer que...

- Respira Hayley! - sorri. - Devo te dizer que eu sou sim lésbica, mas não precisa ter medo de mim. - acrescentei.

- Você é... Aí meu Deus, me desculpa, eu não tive a intenção de... - tentou ela sem jeito.

- Calma não houve nada demais aqui. - comecei a rir.

- Nossa devo estar parecendo uma pimenta agora de tão vermelha. - ela cobriu o rosto com as mãos.

- Bom nisso eu tenho que concordar! - mordi o canto da boca e sorri em seguida.

- Que situação fui me meter. - disse sem jeito.

- Esta se referindo ao fato de ter colocado uma lésbica em seu quarto ou por ter comentado aquilo sem saber?  - questionei a olhando.

- Para de me deixar sem jeito, viemos para falar de você certo?  - repreendeu.

- E não estamos falando de mim? - debati.

- Estamos, mas é que... - tentou mais uma vez.

- Relaxa estou apenas brincando com você, é engraçado te ver envergonhada, quer dizer é fofo. - sorri - E depois desse comentário eu não vou te beijar não tenha medo de ficar perto de mim.

- Você é muito boba. - ela riu.

Isso foi um pouco engraçado, veja só eu queria de alguma forma conhecê-la e agora estávamos em seu quarto conversando, expliquei pra ela o que havia acontecido em casa, mesmo não a conhecendo bem me sentia à vontade para falar sobre isso com ela. De alguma forma ela me passava uma certa confiança, e me fez perder toda moral que eu achava que tinha apenas com um simples sorriso que ela deu, além da parte em que ela tirou os óculos e demonstrou estar preocupada em saber o que estava acontecendo comigo. Foi então que percebi que ela estava fazendo o que nunca ninguém havia feito antes, ela estava me ouvindo, me consolando, me acolhendo, me fazendo rir, coisa que Charlie e seu grupo sequer haviam feito e duvido que fariam.

Ela não precisava se preocupar com a questão de eu me apaixonar por ela, não estava permitindo nossa aproximação por segundas intenções, e Hayley é linda tenho que admitir, mas não faz meu tipo. Ou é apenas o que estou tentando me convencer.

As pessoas não conhecem sua beleza interior, se preocupam tanto com as roupas que ela usa e com sua pose de nerd que sequer param para prestar atenção no que ela tem de especial. Pela segunda vez ela estava fazendo por mim o que ninguém jamais teria feito. Aqueles óculos, seus cabelos bagunçados, nada disso importava mais.

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