Aurora
Peguei os outros testes e todos haviam dado positivo. Não pode ser, não pode ser, isso não pode estar acontecendo comigo de novo, não pode. Pelo amor de Deus senhor, porque comigo? Porque? .. Levei a mão ate minha boca e respirei fundo, me levantei e ajeitei minha roupa, deixei os testes no banheiro e sai do banheiro, encontrando a Marvelly e o João me encarando.
- Então, o que deu?
- Fala logo amiga!
- Positivo. Eu estou grávida!
João arregalou os olhos e Marcelly sorriu vindo ao meu encontro e me abraçando.
- Parabéns gostosa, tenho certeza que este também será lindo.
- Isso não pode estar acontecendo.
- Amiga, você não percebe que isto é a solução dos seus problemas? Você estava abrindo mão do Miguel por que a outra lá está grávida, mas agora você também está e podem ficar juntos.
- Não! Não é simples assim. Eu não sei se o filho é do Miguel ou do Cezar, vai depender de quanto tempo eu estou!
- Puta que pariu.
- Vocês não podem falar isso pra ninguém, ninguém! Nem pro espelho de vocês.
- O que pretende fazer Aurora?
- Nada! Eu vou fazer o exame de sangue e ir ao médico para saber de quanto tempo eu estou e depois que eu confirmar eu penso no que fazer.
- E se for do Miguel?
- Ele só vai saber depois que estiver casado!
- Oque? Você está louca amiga?
- Ele vai se casar com a Juliane!
- Mas você também está grávida!
- Ele vai se casar com ela! - Respirei fundo. - Por favor, eu imploro para que vocês não falem nada com ninguém, eu vou resolver toda essa situação.
- Você não está pensando em abortar, está?
- Não! Claro que não! Eu jamais faria isso com um filho, nunca!
- Que bom.
João pareceu aliviado e eu respirei fundo, peguei os testes de gravidez e os escondi em minha bolsa.
A vida segue acontecendo nos detalhes, nos desvios, nas surpresas e nas alterações de rota que não são determinadas por você.
Juliane
Miguel não parecia feliz e muito menos satisfeito com minha gravidez. Ele estava distante, mesmo quando seu corpo estava ao meu lado, sua mente estava distante e eu sabia que isso tinha nome e sobrenome, Aurora Rodrigues. Ele a ama, eu sinto isso e sei que eles ficaram juntos desde que eles voltaram. Mas eu não estou disposta a abrir mão di homem que eu amo por causa de uma mulherzinha que o abandonou quando teve a chance de ter ele só pra ela. Se ela desperdiçou a chance de ser feliz com ele, eu não vou desperdiçar a minha chance e irei usar as armas que eu tenho.
Cheguei em casa depois de mais uma prova do vestido e meu irmão estava sentado no sofá, com o notebook no colo.
- Não foi trabalhar hoje maninho?
- Meu plantão é a noite.
- Ah. - Me sentei ao seu lado. - Tudo bem?
- Sim e você? Você deveria se esforçar menos, ainda mais na situação que se encontra.
- Eu quero que meu casamento seja perfeito e quero estar a par de todos os detalhes.
- Você realmente acha que deve se casar com aquele cara?
- Eu o amo com todas minhas forças e agora que carrego um filho dele, meu amor aumentou.
- E ele? Você tem certeza que ele te ama?
- Ele pode não demonstrar, mas eu sei que sim. - Sorri. - Eu vou me casar e vou ser muito feliz maninho.
- Eu realmente espero, porque se não eu quebro a cara dele!
- Mas me diga e você e a Aurora, ainda estão se encontrando?
- Faz alguns dias que não nos vemos, mas vou lá amanhã convida-lá para almoçar.
- Você está gostando dela?
- Aurora é diferente, algo nela me encanta e não é só sua beleza, é mais do que isso.
Sorri.
- Espero que vocês fiquem juntos e digo isso de todo o meu coração. Agora vou subir, tomar banho e descansar um pouco, a noite irei jantar na casa dos meus sogros.
- Vai lá.
Beijei sua cabeça e peguei minha bolsa, me levantei e fui em direção ao meu quarto, fechei a porta e tranquei a mesma, fui ate o espelho e levantei minha blusa, deixando minha barriga exposta.
- Seu pai irá nos amar tanto quanto ama a Aurora e os filhos dele! Eu prometo.
Sorri e virei de lado para ver minha barriga, abaixei a blusa e caminhei em direção ao banheiro, tudo que eu precisava agora era de um banho.
Miguel
Eu estava levando no automático os preparativos do casamento. Deixei tudo para minha mãe e a Juliane e quando minha opinião era realmente necessária eu respondia curto. A verdade é que eu ainda espero que a Aurora mude de ideia e fique comigo. Pelo amor de Deus, estamos no século vinte e um, ninguém precisa se casar com alguem só por que ela está grávida.. Os casamentos tem que ser por amor e eu gosto da Juliane, só que é mais uma forma de carinho do que de amor mesmo. Por que amar eu só amo uma e esta está abrindo mão de nos para que eu me case com outra, mais dramático impossível ne? Eu queria ter o poder de voltar no tempo e não me precipitar ao pedir a Aurora em casamento. Talvez agora poderíamos esta casados,,criando nossos filhos juntos... ou não! Mas eu prefiro acreditar que sim, droga! Mil vezes droga! Se eu pudesse eu fugia com ela e nossos filhos por algumas semanas, mas não da, infelizmente não da!
Entrar em meu apartamento e não os ver é tão estranho. Eu já estava acostumado com a presença deles, com a presença dela e eu sinto falta. Sinto muita falta.
- Miguel? - Aurora abriu a porta confusa.
- Oi, posso entrar?
- Claro, entre. - Ela me deu passagem e eu entrei. - Aconteceu alguma coisa?
- Não! Só estava com saudades. - Suspirei. - E as crianças?
- Já dormiram.
- Já?
Verifiquei as horas em meu relógio e suspirei. Faltava pouco pras onze da noite.
- .. Desculpa, eu nem olhei as horas antes de vir.
- Tudo bem, não se preocupe.
- Quer ir lá da um beijo neles?
- Posso?
- Claro que sim.
Ela sorriu e eu concordei com a cabeça, caminhei ate o quarto das criança e entrei no mesmo. Fui ate a cama do Hugo, beijei o mesmo e o cobri direito, fui ate a Helena e me surpreendi ao vê-lá acordada.
- Papai. - Sorriu.
- Oi minha princesa, o que faz acordada uma hora dessas?
- Não estou com sono. Você veio morar com nos?
- Não meu amor, o papai só veio visitar.
- Você pode me fazer dormir?
- Claro meu amor.
- Deita aqui.
Ela arredou e eu sorri. Me deitei ao seu lado com dificuldade por causa do tamanho da cama e ela deitou a cabeça em meu braço, colocando sua mãozinha em meu peito.
- Eu gostava de morar com você.
- Eu também gostava de morar com vocês amor.
- Porque não podemos morar juntos?
- Por que é complicado amor.
- Você vai casar com a Juliana?
Sorri com o pronunciamento errado do nome da minha noiva.
- Vou meu amor.
- Você deveria casar com a mamãe.
- É, eu sei. Mas te prometo que um dia eu me caso com ela ta bom?
- Ta bom.
Ela bocejou e se ajeitou em meu braço. Fiquei fazendo carinho nela ate a mesma dormir.. Sai de sua cama com cuidado e beijei sua cabeça, ajeitando sua coberta e sai do quarto, deixando a porta entre aberta.
- Desculpa a demora, Helena estava acordada e pediu para que eu a fizesse dormir.
- Não tem problema, não estou com sono.
- Está tudo bem?
- Está sim! - Ela sorriu.
- Bom, eu vou indo.
- Uhum.
Murmurou e eu concordei com a cabeça. Minha vontade era de agarra-la e puxa-la, beija-la, fazer tudo que um casal fazia. Mas não somos um casal, ela não quer ser..
- O que foi? Porque está me olhando assim?
- Por que eu te amo.
- Miguel, por favor. Está sendo difícil pra mim também.
- Só não consigo entender por que não pode ficar comigo! É por que vou ter um filho com outra mulher? Você não consegue aceitar isso?
- Não. Não é isso Miguel! Meu Deus, não tem nada haver! Mas ela está gravida, ela precisa de você.
- Eu posso ser um ótimo pai sem precisar me casar com ela Aurora!
- Por favor Miguel.. É melhor você ir.
- Porque? Hein?
Fui em direção a ela, puxei a mesma pela cintura, colando nossos corpos.
- .. Eu te amo!
- Não me machuca dessa forma.
Suspirei e neguei com a cabeça.
- O que eu preciso fazer para você mudar de ideia e ficar comigo Aurora?
- Eu não vou mudar de ideia Miguel, você vai se casar com ela e vai ser feliz!
- Eu só serei feliz com você!
- Você vai se sair bem. Agora acho melhor você ir, por favor..
- É o que você quer?
- É!
- Tudo bem, boa noite.
Beijei sua testa e a soltei, fui andando em direção a porta e após abrir a mesma virei para a Aurora que olhava pro lado.. Sai fechando a porta e respirei fundo, não dava pra entender.
Abri a porta do meu apartamento e me surpreendi ao ver a Juliane sentada no sofá.
- .. Juh?
- Oi. - Ela se levantou e deu um sorriso de lado. - Eu entrei com minha chave, espero que não se importe.
Ela parecia sem graça.
- Não, tudo bem. O que faz aqui?
Fechei a porta e joguei as chaves no cestinho, caminhei ate ela e beijei sua testa.
- Vim passar a noite com você, se quiser é claro.
Ela não tinha culpa de nada. A verdade é que a culpa foi minha que não soube da um fim nessa relação no começo, agora não tinha mais jeito.
- Eu adoraria.
Ela sorriu e envolveu seus braços em minha cintura, encostando a cabeça em meu peito.
- Estou sentindo sua falta.
- Desculpe-me por minha ausência.
- Tudo bem, o importante é que você está aqui,,agora!
- Vamos deita então? Estou um pouco cansado.
- Vamos sim.
Ela sorriu e caminhamos em direção ao meu quarto. Só agora eu percebi que ela já estava de camisola.
- Que horas você chegou?
- Tem um pouco mais de uma hora que estou aqui.
- Sinto muito tê-la deixado esperando.
- Tudo bem. - Sorriu e se deitou.
Retirei minha roupa, colocando uma calça de moletom e apaguei a luz, me deitei ao lado dela e senti a mesma deitando a cabeça em meu peito. Ela não era a Aurora, não tinha o mesmo cheiro que minha selvagem e isso era desconfortável.
- .. Você estava na Aurora?
- Sim. Fui ver meus filhos, estava com saudade deles.
- Deve ser estranho não te-los aqui, né?
- Bastante. Eu já tinha me acostumado com a presença deles.
- Podemos conversar sobre nosso filho?
- Uhum.
- Você não está feliz ne?
- Não é isso, é que eu não estava esperando.
- Desculpa. - Ela fungou. - Quando eu confirmei eu fiquei tão feliz e pensei que você também ficaria, mas me enganei.
Fechei os olhos e suspirei.
- Me perdoe pela maneira que reagi na casa dos meus pais, é que eu não estava esperando.
- Tudo bem.
Senti algumas lagrimas em meu peitoral e acariciei o braço da Juliane. Acho que o defeito dela é esse,,sempre aceitar tudo, mesmo que isso esteja a machucando. Com a Aurora é diferente, ela bate de frente,,questiona, se ela não esta gostando, ela diz, já a Juliane, simplesmente aceita.. Elas são totalmente opostas uma da outra, uma é como o dia e a outra é como a noite.
[......]
Nosso vilão herói está em um beco sem saída.. O que fazer, casar ou tentar fazer a Aurora mudar de ideia? Dois bebês, duas mulheres diferentes .
Fiquem atentas..
Beijos,
Cibele S.