Live Forever

By kcestrabao

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Karla Camila é um dos nomes mais importantes do meio empresarial na América do Norte, dona de uma multinacion... More

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Dallas

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By kcestrabao

Despertar do torpor pós sono a fez lentamente abrir os olhos para a realidade à sua volta, o silêncio do quarto a fez olhar a volta em certa confusão, notando a luz do sol entrando entre as frestas das cortinas. Moveu-se em automático para se arrumar para o trabalho como todas as manhãs, era o que acontecia. A nova realidade de Karla Camila parecia tê-la atingido em cheio nos últimos tempos.

Se antes vivia pelo trabalho, depois de tudo, sobrevivia pelo trabalho agora.

Sua mãe havia voltado para Dallas alguns meses depois, sabia que condicioná-la a viver na loucura de Nova York, longe de sua casa e suas origens confortáveis não era o que queria fazer, principalmente pelo cenário de perigo que havia sido imposto para si em vida. Não conseguia mais sair de casa sem três ou quatro seguranças escoltando seus passos para todos os lados, havia se adaptado à nova realidade.

Olhava perdidamente silenciosa para o celular todas as manhãs em seu carro a caminho do trabalho, se atualizando sobre o que tinha de fazer e quais eram as demandas mais urgentes da KCE que não podiam fugir de sua visão. A vida parecia passar, um pouco arrastada era verdade, mas ela caminhava.

Depois de se livrar da acusação de abuso sexual a imprensa pareceu lhe dever algumas desculpas públicas, talvez essa necessidade tenho feito com que se afastassem um pouco do foco, tirando a saturação de sua figura dos holofotes um pouco para darem espaço a alguma influencer local e seus procedimentos estéticos duvidosos.

Karla Camila havia se tornado uma figura empresarial muito distante, ninguém parecia ter capacidade de tê-la mais em nenhuma reunião de negócios, ela sempre parecia inserir Ally como figura central daqueles embates em seu lugar, sua primeira ação era se recusar a se reunir com empresários e Ally não parecia lhe pressionar a fazer o contrário, sabia que as pessoas sempre perguntavam sobre ela, e tudo o que podia falar era que Karla Camila ainda não estava pronta para voltar a encarar aqueles que podiam ser ou não responsáveis pela sua amargura atual.

Seus antigos hábitos de sair para um almoço com Ally ou colegas de negócios também parecia ter sumido repentinamente, não era possível mais que a encontrassem nos melhores restaurantes locais apreciando um bom vinho e sorrindo. E sua braço direito parecia entender sua adaptação de nova realidade, sempre que podia convidava-se a um almoço com Karla Camila, pediam comida no delivery que sabia que ela mais gostava e tinham refeições na sala de reuniões da mulher, era sempre um pouco monossilábico e recheado de perguntas de negócios até que conseguisse fazê-la falar sobre algo rotineiro, seja um entupimento na pia que Danny precisou resolver em sua casa, ou em como ouvia latidos de um cachorro há muitos dias em seu condomínio.

Sua vida era aquilo agora, Ally se preocupava ao olhá-la daquela maneira, o brilho de seus olhos havia sumido há algum tempo, se alimentava mal a ponto de notar que parecia mais magra, ficava evidente na maçã de seu rosto. Não havia notado traço de sorriso em seus lábios desde que voltou da Europa, ela sempre parecia muito concentrada nos negócios ou nos problemas que a American Airlines lhe trouxera naqueles meses.

Aquele acidente havia modificado sua vida de uma maneira muito repentina e violenta, a loira sabia que as consequências dele ainda se estenderiam por algum tempo, sustentar as responsabilidades sobre aquilo a deixava violentamente preocupada, não sabia qual seria a reação de Karla Camila em relação à suas próprias atitudes.

Julián, acionista da Espanha, parece querer vender as ações dele para Gilliardi, da Itália. - Ally comentou casualmente, olhando Karla Camila continuar em seu prato de comida, ela não esboçava mais grandes reações sobre muitas coisas.

Que seja, não é como se fosse mudar tanta coisa à essa altura. - Falou recebendo o olhar da loira em sua postura, Ally não havia iniciado aquele assunto atoa, suas pretensões era impedir que aquilo tivesse continuidade.

Gilliardi já foi um acionista problemático, não creio que seja positivo deixá-la ter mais poder sobre a KCE, não acha? - A loira sugeriu novamente, Karla Camila desviou o olhar para ela, os olhos castanhos parecendo desconfiados de que ela investisse tanto no assunto consigo.

Sempre desistia tão rápido quando ela não mostrava interesse.

Há algo que eu precise saber? Que saiba e eu não sei? - Perguntou.

Ally deu de ombros deixando o garfo sobre seu prato, as mãos se movendo rapidamente para limpar a boca com um guardanapo.

Só estou tentando te alertar da possibilidade de problemas, eu acho adequado que você compre. - Mencionou seriamente, as mãos se entrelaçando para que pudesse encarar Karla Camila em compenetração diante de si.

Entre no assunto na próxima reunião de acionistas, será um milagre se conseguir reunir todos eles. - Ela falou se movendo de sua cadeira, satisfeita com o que havia comido, mesmo que pouco tenha mexido em seu prato. Ally cerrou os lábios, parecia preocupada e ansiosa sobre todas as situações.

Já fazia alguns meses, era maio já, sete meses que estava daquela maneira? Evitando reuniões e fugindo de qualquer conversa profunda, era complicado trazê-la para realidade quando sempre parecia se afastar.

Queria que participasse dessa reunião de acionistas. - Pediu esperando qualquer reação possível, dentre tanto não havia tido a coragem de pedir-lhe algo como aquilo porque entendia suas dores absurdas, havia perdido alguém importante em sua vida, sua empresa áerea estava prestes a ser vendida e carregava o peso de famílias desfiguradas para o resto de sua vida.

Eu estou focada no que descobrimos, sobre os vazamentos de Dallas, Finch está trabalhando para que possamos chegar em um fator comum, eu não quero participar dessa reunião sabendo que talvez esteja ali quem matou Lauren. - Suas afirmativas eram estranhas agora, Karla Camila parecia não aceitar bem a perda a qual passava, ainda pensava sobre o fato de nunca terem encontrado mais nada sobre Lauren, mantinham investigadores na Espanha e Portugal para que alimentasse seus vícios por respostas, mas ela sabia que a situação era improvável. Só não assumia em bom tom.

Já trabalhou a hipótese de ser alguém de fora? Porque o que exatamente encontrou? Laudos? Nomes? É complicado exercer uma investigação onde tudo parece enevoado - Ally comentou honestamente, ela sabia bem de cada passo que Karla Camila havia dado quanto a suas investigações sobre a KCE, porque era responsável por direcioná-los, desviar ou seja o que fosse para que ela não encarasse a verdade definitiva.

Karla Camila era temperamental, ela causaria um desastre ao estar próxima da verdade, sabia que não era momento, e aquele era um caso complicado a ser resolvido, não era somente descobrir e agir, havia muitas ações coordenadas passo a passo para que funcionasse corretamente.

Eu só quero descobrir a verdade. - Ela repetia aquele mantra incessantemente.

Punir quem não conhece por suposições não é ser justo, venha para a reunião. - Ally pediu novamente, seus olhos perdidos na face de sua melhor amiga. Karla Camila se negou em definitivo.

Eu não vou participar dessa reunião, não conte comigo para isso. Vou visitar minha mãe em Dallas na data, ela me pediu essa semana. - Parecia não dar espaço para que o assunto fosse contestado, e ela sabia bem que Ally não insistiria principalmente quando citava que a mãe de Camila estava envolvida na situação.

Aconteceu como ela havia falado, Karla Camila foi para Dallas em um raro momento de folga que cedia a si dois dias depois, em um jato particular e escoltada por seguranças, não parecia ter mais a capacidade de entrar em qualquer voo comercial, sua mente não entregava validade mais ao fato de andar de avião tampouco sem se sentir ansiosa.

Havia muitas consequências impostas sobre a nova realidade de sua vida, fosse seu comportamento, sua alimentação, seus novos medos, traumas, a ausência de estabelecer relações de proximidade com funcionários de sua empresa, tudo.

Ao pousar em Dallas, entretanto, entre o abraço caloroso de sua mãe dentro daquele casarão pertencente a sua família se permitiu suspirar entre o toque da matriarca em sua face, a mulher a olhava bem nos olhos, sustentando-a pela face com ambas das mãos em suas bochechas para que seguramente mantivesse o contato visual.

Está tão magra, Camila... - Ela proferiu preocupada, tocando nos ombros da filha, apalpando-a para sentir seu corpo através das roupas. A empresária desviou o olhar um pouco desnorteada sobre a olhadela.

Eu estou bem, mãe, é impressão sua. - Justificou olhando para Tônia no final do corredor, parecia se aproximar do ambiente para poder vê-la novamente, queria saber como estava Camila com seus próprios olhos, a mulher lhe deu um aceno de cabeça respeitoso, sabia que o vínculo estabelecido era importante. Tônia era parte de sua família também.

Está sim, olhe para seu rosto, é evidente, Tônia faça bastante comida, ela não sairá da mesa antes de comer todo o prato! - Sinu advertiu a olhando pesarosa. Camila não rebateu porque sabia que seria inválido tentar, sentiu um novo abraço de sua mãe em si, a puxando para a sala de estar, foi quando ela notou a presença de Finch sentado educadamente no sofá de sua mãe, ele se moveu para lhe estender a mão em simpático cumprimento.

Vim assim que pediu Senhora Estrabao. - Falou a observando parecer satisfeita com sua vinda. Camila tinha pretensões de visitar sua mãe, mas seu trabalho em buscar respostas continuaria, ela não deixaria que as coisas fossem atropeladas como antes, queria estabelecer passos coerentes para seus pensamentos.

A presença de Finch era para ajudá-la, havia movido o rapaz para a divisão de segurança internacional, para facilitar seu monitoramento em situações adversas nas sedes de outros países de sua empresa. Ele estava ali para lhe repassar as novidades que havia conseguido descobrir.

Mãe, eu tenho que conversar com Finch sobre algumas coisas da KCE, se importa? - Ela pediu à matriarca que negou de imediato.

A sua sala de reuniões está sempre apta a recebê-la, fique à vontade querida. - Sinu sinalizou para o corredor. Camila assentiu acenando para que o rapaz a seguisse e tivessem um momento de privacidade entre quatro paredes. Finch sentou à cadeira frente a mesa da mulher que se acomodou, entrelaçando os dedos sobre a mesa, seus olhos castanhos na face do rapaz.

Algo ficou martelando em minha cabeça esse tempo todo desde nosso último encontro. - Ela falou mostrando-se curiosamente intrigada.

E o que foi, Senhora Estrabao? - Ele perguntou temeroso, os olhos notando que ela parecia intocável, não reagia a absolutamente nada, não se expondo como a maioria das pessoas faziam na maior parte do tempo.

O monitoramento dos vazamento daqui nunca foram conclusivos, não encontramos pessoas ligadas a eles, nomes que estejam remotamente ligados a qualquer ponto duvidoso foram demitidos, todos eles, e isso é correto porque eu sei que sua função como chefe de segurança internacional é retirar cada ponto duvidoso dentro da empresa. Mas eu não consigo contato, eu não consigo encontrá-los em lugar algum dos Estados Unidos? Por quê? - Ela revelou olhando para o rapaz.

Ele se inclinou um pouco a frente, estava refletindo a confusão dela.

Eu não fiz movimento algum para retirar nenhum dos nomes demitidos da KCE daquela época do país, não há ligação deles estabelecida tampouco com ninguém da empresa, um nome de proximidade ou indicação para tê-los colocado dentro da empresa, isso é sempre uma validação absoluta sua e de Senhora Brooke. - Ele afirmou seriamente, se lembrava das contratações de Dallas e na seriedade que Karla Camila lidava com aquela sede, era sua base inicial.

Ally veio aqui nesse meio tempo quando houveram os vazamentos sem que eu soubesse, em Dallas? - Perguntou.

Não mesmo Senhora, ela sempre notificava a Senhora e a nós para que nunca tivéssemos um desencontro de informações ou de encontro físico. - Ele afirmava certeiro, não estava confundindo nada porque sempre teve muito controle sobre todas as visitas de ambas as mulheres à empresa para esclarecimento de dúvidas. Sempre se encontravam com elas.

Há algum problema com Senhora Brooke, que eu deva monitorar? - Ele questionou parecendo preocupado. Karla Camila negou.

Não, só estou me certificando que ela não esteja escondendo nada de mim, eu não vou gostar se estiver. - Afirmou mostrando que não sorria e parecia agradar-se pela possibilidade de Ally estar fazendo algum tipo de controle da KCE à suas costas. Era uma empresa delas, tinham que resolver trâmites como aqueles juntas.

É impossível buscar estas pessoas fora do país, a não ser que tente contato com suas famílias aqui na América. - Ela sugeriu.

É um pouco invasivo, Senhora Estrabao.

Ela sabia que era, não era para ser positivo, estavam em uma investigação para descobrir as ligações de quem sabotou sua empresa, não tinha que ser agradável e colorido. Fosse quem fosse, não pensou em nenhum momento sobre sua família ou as consequências que aquilo implicaria ao sabor uma bilionária.

É a única maneira que tenho de encontrar nomes e rastrear essas pessoas para saber quem pagou pelos serviços.

Ele se remexeu de seu lugar incomodado. Finch não parecia gostar do método perseguidor, não era de seu feitio se portar de maneira que acuasse ninguém para desenvolver o seu trabalho, enxergava como uma medida um tanto quanto drástica demais.

Se sente incomodado? - Ela perguntou travando a mandíbula o olhando, o rapaz assentiu.

Um pouco.

Ela deu um riso sem humor, se recostando em sua cadeira e cruzando suas pernas sem perder o olhar de seu rosto. Finch engoliu em seco com o encarar intimidador da belíssima mulher, era complicado sustentar.

Imagine então Finch o quanto me incomoda todos os dias o fato de ter alguém dentro da minha empresa responsável por matar a mulher que eu amo, imagine o quão desconfortável é supor que algum desgraçado está sentando na mesa dos meus acionistas e sorrindo diante da minha desgraça. - Proferiu quase cuspindo-lhe as palavras em revolta. O rapaz sabia que tudo implicava coisas demais, não diminuía o sentimento dela em revolta ao que parecia ter acontecido de propósito na Europa.

Compreendo que sente uma dor tremenda Senhora Estrabao, mas nós podemos agir de maneira melhor. - Ele tentou.

Não estou pedindo para matar ninguém Finch, é só uma conversa. - Afirmou já demonstrando impaciência para os rodeios do rapaz. Ele deixou de lado, tentando assentir de qualquer maneira para demonstrar que tudo bem, que faria mesmo não concordando que não iria contrariar seus desejos.

Vamos resolver isso, eu vou procurar o que puder encontrar. - Afirmou para que amenizasse a situação. Ela se manteve silenciosa, já estava satisfeita com o que tinha, era um início para qualquer coisa, melhor do que viver em um eco sem sentido.

As novidades que temos, é que as sedes internacionais concluíram as modificações de segurança, estão todas funcionando com o mesmo padrão daqui em relação a segurança e que nada de atípico anda acontecendo. Senhorita Brooke informou sobre a possível venda de ações da Espanha, é um ponto importante a ser analisado já que o possível adquiridor é Gilliardi, porém nada além disso. - Ele falou a fazendo assentir.

Gilliardi oferece perigo em relação a segurança de uma sede? Sei que é um homem cabeça dura e que colocou muitas pedras em nossos sapatos, mas há uma necessidade de monitoramento em especial? - Ela perguntou intrigada que o homem repetisse quase a mesma fala de Ally de dias anteriores.

Não Senhora, não creio que necessite, é somente um apontamento para que o monitoramento das informações seja feito, nada além. - Ele parecia garantir. Karla Camila aceitou as informações, não dando muito fundamento a situação e se levantou de sua mesa, o cumprimentando com pressa.

Aguardo novidades sobre o que pedi. - Falou o olhando se levantar.

Farei o quanto antes. - Garantia vendo-a se despedir de si e caminhar porta à fora como um furacão apressado. A mulher se livrou do blazer no corpo e moveu-se em direção a cozinha, seus olhos pairando em Charles assim que entrou no ambiente, o rapaz comia algo que Tônia havia feito no café da manhã.

Bom vê-la Senhora Estrabao, o Todd parece com saudades. - Ele sorriu simpático para a mulher.

Faz meses, não é? Ele está com com sela? - Perguntou genuinamente, sua mente se convertia a pensar em seu cavalo. Fazia meses que sequer se aproximava de Todd, sabia que ele podia nutrir ressentimentos com a ausência.

Sua mãe avisou de sua chegada, eu pensei que talvez fosse querer... - Charles justificou dando de ombros. Karla Camila agradeceu verdadeiramente ao rapaz, sabendo que a cada movimento que fazia dentro daquela casa era sempre uma abertura para longas análises. Olhou sob o ombro em busca de sua mãe e não a encontrou no ambiente, foi sua deixa para se permitir caminhar em direção ao estábulo.

Deixou seus saltos próximos ao banquinho assim que trocou-os por botas de montaria, caminhando silenciosa em direção a Todd, que estava fora de sua divisória, amarrado em uma das pilastras de madeira pronto para ir a qualquer momento. Os olhos negros do cavalo viraram em sua direção assim que suas mãos cairam sobre sua crina, parecia avaliar sua feição como todos os outros.

Até você... - Ela proferiu baixinho em recriminação, sorrindo tristemente para ele quando curvou a cabeça para encostar a cara em seus cabelos. A sensação de sentir o cheiro da madeira molhada do estábulo e o couro quente do cavalo contra seu rosto a fez fechar os olhos por alguns segundos, sentindo-se acalmar como não conseguiu em muito tempo.

Desculpe por demorar a vê-lo. - Pediu ao cavalo que relinchou parecendo animado com a proximidade.

Vem, vamos passear um pouco. - Ela se moveu o desenlaçando da madeira o libertando para o amplo pasto, seus olhos pairando em sua cabana a distância. Decidiu visitar para rever o que não visitava há tanto tempo. Alisou o cavalo com carinho e se firmou para subir, se equilibrando ao vê-lo galopar trazendo o ventinho fresco que a fazia tremular os lábios.

Podia ouvir claramente os cascos de Todd batendo vez ou outra contra o chão, enquanto ele corria aproveitando seu momento de liberdade para se refrescar diante do sol de manhã de uma Dallas dúbia, as nuvens de o vento gelados opostos ao sol no topo de suas cabeças.

Music on* Jaymes Young - Moondust

Desceu de Todd assim que a proximidade da cabana se fez presente, amarrando-o a um toco de madeira mais próximo, ele parecia ansioso, bufando assim que notou que ela se afastava. A mulher olhou ele uma vez ou outra antes de se mover em direção à pequena porta de madeira.

Eu já volto. - Falou o avisando claramente que não demoraria.

Seu corpo se surpreendeu com a quentura do ambiente, o interruptor lateral iluminou-o enquanto ela se sentia estranhamente confortada. Charles estava ficando ali? Estava quente como se alguém estivesse usando o local.

Olhou à volta tentando identificar alguma mudança de móvel do lugar, um uso que fosse, mas parecia estar da mesma maneira que havia deixado desde a última vez que esteve ali. Fechou a porta atrás de si, caminhou cabana à dentro, seus olhos perdidos entre a sensação da quentura envolvendo seu corpo e o estranho sentimento de presença alheia, não se sentia sozinha como estava ali fora.

A boa sensação a fez se manter caminhando até o corredor, ligando as luzes de seu quarto e abrindo a porta ao máximo, sua cama estava intacta, olhou para os lençóis daquela maneira e suspirou sabendo que parecia alimentar algumas memórias involuntárias sobre aquele lugar e sobre aquela sensação.

Ao pisar no corredor, olhando para a cozinha aconchegante seus olhos congelaram em um pacote aberto de cookies sobre a mesinha de madeira, seu corpo se aproximou lentamente, tocando na embalagem com cuidado para virar entre seus dedos e olhar melhor, alguém já havia comido dois deles.

Isso é Charles, ele está cuidado de tudo, como ele sempre cuidou, como ele sempre vai cuidar enquanto eu estiver longe, nada mais do que... Charles.

Seus pensamentos pareciam se repetir em sua cabeça para amenizar sua curiosidade em saber quem estava usando sua cabana, caminhou até a janela da cozinha, olhando através do vidro para a varandinha, as flores invadindo sua visão assim que se curvou. Não havia ninguém além de si ali dentro.

Depositou o pacote do cookie que ainda segurava sobre a mesa de madeira, seu corpo pesadamente receoso de partir daquele ambiente, parecia agradável estar ali, desejou ficar por mais alguns minutos mesmo que Todd ficasse um pouco irritado. Sentou à mesa, a cadeira ligeiramente afastada da madeira a fez reparar ainda mais nos detalhes.

Sentou fechando os olhos, a lembrança de Charles na cozinha com Tônia a fez abrir os olhos em repentino, confusa sobre o que significava, ele podia tê-lo comido mais cedo, abriu antes de ir e comer novamente a presença da cozinheira de sua família...

Aquela sensação de presença a fez inquieta, os olhos castanhos olhando sob os ombros, não se sentia assustada como qualquer um se sentiria em situações como aquelas, era estranhamente aconchegante.

Só que olhava além, à direita ou à esquerda e não havia nada.

Não era nada mais do que solidão.

Seu corpo se moveu da cadeira, parecia receosa em alimentar a boa sensação porque foram meses tão difíceis que não estava acostumada. Capturou um dos cookies da embalagem, era os seus favoritos, e se moveu em direção à porta de entrada novamente, Todd parecia esperar-lhe com mais paciência dessa vez. A mulher acariciou-o no topo de sua cabeça.

Você é um bom garoto. - Elogiou olhando sob o ombro à cabana, seus olhos perdidos na portinha de madeira que havia fechado há pouco. Sua ausência da percepção plena a fez subir no cavalo e ir, não notando nada além do que seus olhos podiam ver, mesmo que cada um dos seus sentidos lhe entregassem.

Reencontrou na brisa fria que batia contra sua face a necessidade da quentura que encontrou ali, o estômago revirado em ansiedade a fazia apreciar o gosto docinho do chocolate em seus lábios pela primeira vez em tanto tempo.

Twitter: kcestrabao

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