Live Forever

By kcestrabao

1.4M 83K 144K

Karla Camila é um dos nomes mais importantes do meio empresarial na América do Norte, dona de uma multinacion... More

Fiery
Shirt
I Wanna Do
Red
Wish
Obey
Close
Reality
Cry me a River
High
Sway
Deep
Dangerously In Love
Typical
Partner
Vain
Fault
Hopeless
Fever
Dallas
Turning
Recovery
Lost
Ascension

Miss Independent

56.5K 3.7K 6.3K
By kcestrabao

Lauren desviou o olhar a Zara assim que a empresária fugiu de seu campo de visão, a loira arqueou a sobrancelha em tom questionador, sabia que ela se segurava de ciúmes, sua feição antes animada era toda fechada agora, olhando com um vinco irritado na testa para si em silêncio.

Quem deve ser?

Não faço ideia, nem quero saber. - Lauren retrucou entregando os novos horários de suas comissárias que integrariam sua supervisão. A loira se apoiou em seu ombro fingindo a abraçar em despedida.

— Relaxa, todo mundo vai perceber sua mudança de humor no avião se entrar dessa maneira. - Sua instrução era clara, como qualquer amiga que prezava pela amizade faria. Lauren tratou de limpar a garganta e se alinhar, tocando em seu terninho de maneira ansiosa e forçando um sorriso simpático às meninas, recebendo um olhar aprovador da amiga, sabia bem que não podia ficar com frescuras pelos corredores daquela empresa.

Havia transado com a chefe.

Se tinha alguém que estava ferrado em qualquer aspecto àquele ponto era ela, a mulher sequer olhou em seu rosto. Sabia que era um vacilo aterrorizante não ter mantido contato, mas não queria se precipitar em ser uma mulher apegada se a pretensão daquela mulher fosse se afastar de repentino.

Queria parecer a descolada desapegada, mas naquele instante só se sentia idiota e lotada cheia de raiva.

Ela e um cara dentro de um vôo, com destino a Europa.

— Vocês viram a chefe? Passou por aqui hoje. - A voz da colega de vôos internacionais de Zara fez Lauren a olhar silenciosamente quando se encontraram no lounge de embarques. Era magra e quase de sua estatura, tinha o ar levemente imprudente e sabia do pouco contato que havia tido com a mulher poucas vezes por aí, sabia que seu nome era Lucy Vives pelo sobrenome que estava escrito na plaquinha dourada sobre seu peito, sinalizando que se lembrasse daquele nome.

— Ela estava acompanhada, será que aquele é o namorado dela? - Questionou curiosa fazendo Zara sorrir.

— Mas não saiu nas revistas que ela pegou uma mulher desconhecida esses dias? - A loira ironizou tentando fazer com que Lauren ficasse equilibrada na conversa, mesmo que ela não gostasse e só quisesse ignorar.

Conhece bissexualidade? - Vives a perguntou dando um risinho sacana.

— Tenho que pegar alguns documentos em minha sala para conferir, volto já. - Sinalizou se movendo em direção aos corredores da American Airlines, seu corpo ardendo de irritação, mesmo que não houvesse muito o que pudesse fazer, não clamaria sobre poderes que não tinha né?

Não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo, mas não tinha direito algum de se irritar, fora ela mesma que saiu da casa da mulher sem deixar textos explicativos para atrás. Ela que evitou o contato retraindo a empresária para longe.

-

Karla Camila POV

Ao entrarmos juntos no avião, Finch pareceu relutar pela Primeira Classe, creio que estivesse intimidado com a minha presença, não dava para definir o certo, o homem só parecia expressivamente surpreso com os recentes acontecimentos, não dava para fazer uma leitura de um jovem rapaz promissor e desconhecido.

Sentei em meu conjunto de lugares reservados e ele parecendo ainda um pouco perdido verificou em seu bilhete de embarque, sentando em uma das poltronas a minha extrema direita, não foi invasivo em nada além de sentar em seu lugar e verificar seu celular de maneira rápida. Sua ausência de palavras exageradas e as boas ações me fazia ter empatia por ele, parecia um bom rapaz.

Desviei o olhar dele para me focar no avião e me frustrar um pouquinho além da conta.

Não havia aeromoça alguma com terninho azul marinho e olhos verdes vagando por aqueles corredores, e mesmo que no fim houvesse, minha frustração havia atingido picos extremos demais para me sentir tão sã àquela altura. Foquei na aeromoça daquela empresa aérea parando no corredor principal começando seus procedimentos instrucionais de embarque, como sempre eu me perdia em meio às mensagens, isolando-me eu meu próprio mundo interior ao qual ninguém habitava.

A aeromoça não chamou minha atenção, não que não fosse atraente com seus cabelos morenos e olhos azuis, mas havia um perda realmente substancial do meu interesse nos tempos atuais. O conforto demasiado da primeira classe internacional européia tinha suas vantagens, o amplo conforto para uma longa viagem e o silêncio quase eterno me fazia confortável quando o avião em modo de decolagem.

— Senhorita Estrabao, precisa de alguma coisa? - A voz melódica chamou minha atenção, me fazendo dirigir o olhar a seu rosto, a mesma mulher que havia dado as instruções me olhava com um sorriso atencioso pairando na boca. Por um segundo tentei me focar em seus olhos azuis com mais compenetração, buscando encontrar algo que sabia não ser capaz de encontrar, não havia a mesma chama no olhar, buscava indiretamente a presença de outra mulher nela, patético de minha parte.

Sem dúvidas.

— Não, muito obrigada. - Agradeci me recostando em minha poltrona, fechando meus olhos depressa tentando me desligar do mundo exterior mesmo que a força mental que eu mesma me submetia sem dosar. Desliguei meu celular e engoli todas as minhas frustrações com força, meu modo empresária tomando conta de meu corpo em cada fibra quando direcionei todos os meus pensamentos ao frustrante homem que me tirava de meu país para resolver suas dúvidas de homem mimado.

Foram 10 horas de viagem direta, partindo do JFK para o Aeroporto Malpensa de Milão, na Itália. Nossa reunião estava marcada para o dia seguinte à nossa chegada, para que o cansaço de um jet lag não influenciasse em nossas decisões ou conversas sobre a empresa, já haviam nervos à flor da pele demais para arriscar.

Isolei-me ao anonimato em um hotel luxuoso no centro de Milão, me perdendo na arquitetura belíssima da cidade ao apreciar um chá enquanto a contemplava de minha sacada do hotel, a arte romana, os tons medievais de sua arquitetura e as doses góticas que adornavam as antigas igrejas e anfiteatros.

Meu deslumbramento silencioso me trouxe uma dose estranha de solidão, havia um inconsistente e incômodo sentimento que me dominava quando me deixava perder por mais de 10 segundos, minha mente tão enganadora se convergia a pensar em quem eu com tanto afinco tentava não pensar, conseguia me lembrar de cada detalhe, reviver as cenas eram brutalmente tentadoras, não havia antes conseguido reviver nada de outra mulher que venha a ter passado a noite como essa.

Tudo sempre foi só sexo com as outras mulheres, havia somente a busca do prazer, eu não me confundia ou me exaltava, meu humor também não mudava por causa disso, se não me respondiam por céus era ótimo, não havia mais que justificar, era sexo e somente, e eu sempre fui aquela mulher capaz de deixar claro a outra que o que tínhamos era casual, sem expectativas e sem ilusões precipitadas.

Com Lauren eu não consegui tecer tal honestidade.

Não havia um desejo de somente sexo, era diferente, começava por aí e minha confusão inicial me dizia bem. Essa frustração me fez engolir o chá tão dificultosamente que parecia estar engolindo pregos juntos, sentia-me inquieta e totalmente à mercê dos meus amargos delírios íntimos.

Estava delirando, eu precisava tirar essa mulher da minha cabeça, nem que seja somente por essa viagem, somente aqui e depois eu resolvo esse problema.

-

Na manhã seguinte, entrando na KCE Itália eu me deparei com um ambiente menos hostil do que minha cabeça parecia construí-lo para ser, Finch me acompanhava de perto, parecia ansioso e era perceptível em suas ações, entendia bem o quanto ele carregava essas responsabilidades tremendas, e mesmo que parecesse tão ansioso havia a pitada de determinação em seu olhar, eu gosto disso em minha equipe.

Nossa chegada era aguardada, alguns funcionários da empresa esboçaram sorrisos e olhares de plena curiosidade sobre nossa chegada, eu nunca conseguia compreender suas encaradas com algo próximo de encantamento, mesmo que em outra perspectiva fosse de tal maneira, preferia manter-me com os dois pés fincados no chão. Fomos recepcionados pela recepcionista da empresa, seu corpo baixo e olhar bonitinho, parecia ter próximo dos 20 e poucos anos, havia uma graça em seu foco em trabalhar que me agradou internamente, havia muita gente que entregava seu sangue e suor a minha empresa, era tremendamente grata a isso.

— Senhorita Estrabao é um prazer tê-la aqui em sua sede Italiana, eu sou Anna e guiarei-os até a sala de Senhor Gilliardi, eles os espera. - Seu tom educado e o bom inglês me ganhou na percepção.

— O prazer é meu Anna, ficarei agradecida. - Acenei em direção aos elevadores. Ela nos acompanhou no elevador para o encontro com seu chefe no último andar daquele arranha-céu platinado e ultramoderno que integrava a repleta lista de sedes da minha empresa pelo mundo. Recostei de braços cruzados no canto da caixa metálica e esperei em silêncio, observando ambos em completa compenetração pessoal, não demorou muito para que chegássemos no andar indicado, e assim como as hierarquias norte-americanas, a sala do presidente da sede italiana ficava no último andar.

Havia um pompa local visível, dava-me a intensa impressão de que o senhor cheio de si agia com pré-julgamentos equivocados, porque de fato agia como o dono do lugar, o que verdadeiramente só me irritava a entender que nada fazia parte de questões empresariais, e sim o olha grande em seu próprio ego.

— Acompanham-me. - Anna pediu em seu agrado e gentileza, dando-me espaço para sair primeiro e nos acompanhando lado a lado em nosso caminho até a mesa da secretária no andar. Ela se levantou de pronto para nos receber, cobrindo a vista impressionante de Milão que ficava à suas costas.

— Obrigada. - Gentilmente agradeceu sua colega de trabalho deixando implícita a mensagem com o olhar de que tomaria conta da situação. Anna se despediu de nós se afastando, enquanto a nova mulher sorria abertamente simpática.

— Sou Giulliana, o Senhor Gilliardi os aguardam. - Ela antecipou, seus olhos em mim me entregavam as pitadas de surpresa, seu sotaque italiano na fala e o olhar metodicamente direcionado à Finch. Havia um agradável tom profissional nela que me fez assentir em correspondência, gosto de lidar com pessoas competentes.

— Obrigada pela recepção, vamos pois tenho pressa. - Pedi de imediato apontando à porta.

Ela de pronto se moveu à nossa frente, dando 3 batidinhas na porta que nos revelou um abafado "entre" que a fez escancarar a porta para nós, dando espaço para que eu entrasse primeiro. Pude notar Gilliardi se movendo de sua mesa para vir à nosso encontro, sua secretária nos deixando à sós. Pude notar que era mais velho do que eu presumia lembrar da último reunião que estivemos, um engravatado grisalho que lhe esboçou um sorrisinho jocoso, a cedendo a mão para um aperto.

Somente a apertei de volta por não querer ceder nenhum tipo de deselegância a aquele ponto.

— É bom te ver, Senhorita Estrabao. - Tentou me tirando nada menos que inquietância com sua postura.

— Digo ser uma pena não poder dizer o mesmo, principalmente pelas circunstâncias, Gilliardi. - Retruquei honestamente me afastando dele e apoiando minha bolsa sobre sua mesa, meu tom averiguador pela sala os colocaram em silêncio em meio a seus cumpriemtnos formais.

— Parece tão confuso quanto a organização da decoração de sua sala. - Ironizei notando os tons das cadeiras não combinando com as mesas, um fetiche meio brega por decorações me fez analisar minuciosamente. As mesas em tons de preto, as cadeiras em tons de marrom, os móveis de suas estantes era modernos, enquanto mistura um vintage em seus tapetes e lustres de iluminação.

Brega até demais.

— Tentei de tudo um pouco. - Ele aprecia ofendido, eu realmente não me importo que tenha ficado.

— Perceptível. - Toquei na cadeira presidencial com propriedade, me sentando como já estivesse familiarizada com o ambiente. Ele precisava daquela lição, fiz questão de lhe direcionar meu melhor olhar desafiador me colocando como dona de seu espaço, e de fato eu realmente era, não havia muita novidade sobre o caso. Finch e ele se moveram sentando à minha frente nas cadeiras próximas a mesa, e ignorando seu falso portar apaziguador desenlacei o sobretudo de meu corpo o envolvi no encosto da cadeira.

— Quero um bom café, creio que Finch também, vamos precisar. - Sugeri.

— Claro, tudo o que precisar Senhorita Estrabao. - Seu falso tom me dava vontade de revirar os olhos, havia um antipatia estabelecida entre nós dois. Se moveu com o telefone sem fio de sua mesa para emitir avisos a secretaria, enquanto dava às costas a nós pude notar o olhar ansioso de Finch em mim, como se buscasse afirmações e alguma segurança na situação, parecia nervoso. Dei-lhe uma piscadela lenta e cúmplice discretamente, camuflando meu riso satisfeito com o desconforto de Gilliardi lhe esboçando que estava tudo bem, sei de sua competência e não iríamos falhar.

Alisei meu vestido azul escuro no corpo, cruzando minhas pernas e me apropriando em antecipação dos documentos que estavam ordenados ali em cima, estes importantes dependiam das assinaturas de Gilliardi, movi as pastas analisando os rendimentos e investimentos que ele fazia em contraponto à suas exigências de respostas para sua própria chefe.

— Finch, dê-me o projeto de segurança italiano. - Pedi ainda focada nos documentos de Gilliardi. O homem se moveu em nossa direção depois de seus pedidos a secretária, se acomodando em silêncio enquanto observava Finch me oferecer a pasta com os documentos que havia inquirido.

Destaquei os documentos em inglês sobre a mesa.

— Quero que entenda Senhor Gilliardi, tentei explicar uma vez por telefone e não consegui porque dificultou o diálogo, tentarei somente mais uma vez, não tenho tempo à perder em milão, tenho uma empresa de bilhões para cuidar e outra aquisição tão poderosa quanto a KCE nos Estados Unidos. Se de fato não compreender o que eu e Finch temos a dizer, serei breve em solicitar seu desligamento da KCE. - Joguei limpo o seu jogo, ele parece agora muito inteligente em comparação ao homem tolo da ligação.

— O que já tive que falar um milhão de vezes e o senhor não pôde compreender por telefone é que sua resistência ao plano de segurança está atrasando os investimentos na sede da Itália, enquanto até mesmo a Sede Brasileira, que sempre tem previsões de demora e atrasos pela burocracia das obras se adiantou, aqui se estende como o lugar mais perturbador dos meus planos. Está estagnado no tempo, perdendo dinheiro para a minha empresa de tal maneira que sua visão não parece perceber. - Falei observando a Secretaria invadir a sala depois de dois toques a porta.

Serviu-nos o café em silêncio e eu apreciei a ação, bebendo um pouco do café a observando sair da sala.

— Exemplifique o que temos a dizer, Finch. - O pedi me recostando na cadeira observando-o. Era irônico que Finch fosse diretor de minha sede mais sentimentalmente importante como Dallas, e que a nossa desagradável companhia estivesse encabeçando as listas de meus maiores incômodos dentro daquela empresa.

O italiano parecia mais abrandado quando o ouviu falar, sabia que estava em seu lugar e não retrucava alto como havia feito no telefone. Minha presença o havia colocada em seu devido lugar, porque ele sabe que não preciso de blefes para lidar com meus negócios. Ou lidava com o que eu queria, ou estava fora.

Sem abertura para discordar.

Sua presença estressante até me fazia um pouco melhor diante de outros motivos que me faria explodir com todo e qualquer ser a minha volta.

Nada como um idiota...

Cada minúcia do contrato de investimento foi explicado por Finch, se havia alguma dúvida que Gilliardi insistisse em tentar derrubar, o homem lhe fazia entender que por coerência já estavam todas previstas no contrato. Não houve nada que no fim de longas e tortuosas duas horas e meia eu e Finch não tenha derrubado por terra. No fim com nossas afirmações, solicitei que Gilliardi convocasse toda a equipe de alta patente da Itália para que já alinhassemos as novidades, pois não me moveria à Itália agora tão cedo.

Engenheiros, administradores e contadores foram convocados, e compareceram de imediato 30 minutos mais tarde, nos dispondo agora na mesa de reuniões da sala principal da sede, e os observei com soberana decisão.

— Após tanta enrolação, nós vamos finalmente começar as modificações na fábrica italiana, desejo previamente citar que o que nos levou ao atraso, foi o fraco poder dedutivo de seu atual chefe, nada tão grave que ele já tenha corrigido, devo ressaltar que Gilliardi é um Senhor que tem força de vontade. - A implicitude de minha ironia fez com que os engenheiros se entreolhassem incomodados.

— Sei do trabalho sério que Finch, o representante de minha sede mais importante, designa em anos pela KCE, logo peço que de agora em diante qualquer dúvida que venha a surgir no horizonte que o busque, ele é o atual responsável pelas obras de segurança na KCE por todo o mundo, espero que isso tenha sido entendido. - Falei observando que eles me olhavam em completo silêncio, seus olhos viajando por meu corpo em totalidade que me fez erguer o queixo de tal maneira que parecia ameaçadora o suficiente.

— Algum problema? - Inqueri.

Negaram depressa, as engolidas em seco me trazia reboliços de repulsa, se sentiram intimidados a pontos de não conseguirem olhar mais em meus olhos. Com aquele fato esclarecido entreguei os documentos dos Estados Unidos à eles, e pedi que fizessem um breve comparativos.

E foi como uma magia desgraçada...

Os engenheiros deixaram claro que as diferenças de preços eram de material e equipamentos, que sempre se alteraria de país a país ou até mesmo sobre a durabilidade e marcas indicadas a cada clima, já que nem todos os países viviam sob a mesma zona de impacto climático e que cada caso merecia ser avaliado de maneira específica. E bom, aquilo valeu tudo dentro do jogo para mim, meu olhar no rosto de Gilliardi entendia seus tons de culpa, sua expressão culposa me divertia.

— Alguma dúvida? - Perguntei à ele seriamente, a força que reprimi para não ironizá-lo era sem dúvidas delirante.

— Tudo dará certo de agora em diante, Senhorita Estrabao. - Era tudo o que podia falar em suas falsas esperanças. Todos pareciam no final das explicações bem entendidos do que havia ou não de brechas na situação, o que me tranquilizou a ponto de conseguir me mover da cadeira minutos mais tarde, sentia-me toda dolorida por me manter sentada tempo demais, estou louca para ir embora, tenho muito a fazer nos Estados Unidos.

— Espero não vê-lo tão cedo, sorte em seus negócios. - Despedi-me de Gilliardi e dos engenheiros, acompanhada por Finch em direção à meu motorista que me aguardava ao lado de fora da sede.

— Embarco hoje para Nova York, se assim desejar está dispensado pela semana, aproveite Milão. - O avisei rente a porta do carro sendo aberta para aberta para mim pelo meu motorista. Minhas pretensão era fretar um vôo de volta, não estava disposta a esperar algum vôo de Primeira Classe na madrugada.

— Obrigado pela confiança, Senhorita Estrabao. - Ele agradeceu sem jeito, seus olhos indo além pela cidade.

— Bom trabalho, tenho de ir. - O cumprimentei entrando no carro, sentindo a porta ser fechada assim que me acomodei em meu lugar. Há muito o que tenho de fazer na América, não vou me atrasar um segundo sequer aqui.

-

Com voo fretado, passei mais de quatorze horas dentro do jato com destino a Nova York. Meus planos era descer no JFK para resolver situações documentais na American Airlines e depois me dirigir à KCE que estava sob regimentos que não eram meus ou de Ally, esse nível de controle mal me deixou dormir na volta, me sentindo exausta e pesada assim que pisei no saguão de desembarque, havia somente passado no hotel para pegar minhas bagagens e tomar um rápido banho antes de embarcar, era complicado.

Cobri meus olhos e minha identidade com óculos escuros, evitando que me reconhecesse naquela noite, era um fuso louco e complicado mas eu precisava lidar com ele. Era quase 8:30pm quando consegui descer em terra firme e me situar.

Cansada daquela viagem minha primeira reação natural foi olhar o painel dos embarques e desembarques, notando que o último voo de Dallas partiria em duas horas em diante, era o voo que tinha retorno na madrugada para York. Minha mente completamente desregulada se voltou ao pensamento de que podia estar ali.

Que se foda.

Caminhei em direção ao lounge da American Airlines, me dirigindo aos elevadores e paralisando solitária na cabine metálica, esperando os segundos que me levaria ao térreo onde os escritórios da flagship se organizavam hierarquicamente. O antigo presidente tinha escritório montado em Dallas, não era meu caso, não podia me dar ao luxo de montar base em uma cidade que não podia ficar 24 horas do dia.

Já era difícil ter escritório em York...

Os setores administrativos já haviam todos desligado seus computadores e ido embora em seu horário comercial, somente as divisões de emergências e plantões que ficavam ativas naquele andar àquela hora. Caminhei em direção a meu escritório, notando o som de saltos pelo corredor, me movendo para olhar sobre o ombro, Elizabeth e Lauren conversavam fervorosamente uma ao lado da outra.

Quando notaram minha presença pararam, Elizabeth imprimiu um aceno mais fervoroso que o normal, era coisa dela, a Lauren eu sequer olhei me virando para entrar em minha sala sem sequer dar-me o trabalho de lhe ceder seja o que for de meu tempo. Não estou com paciência essa noite para nosso drama irreparável que nunca acabava.

Deixei minha maleta com documentos da KCE sobre minha mesa e livrei meu corpo do sobretudo, me acomodando em minha cadeira e observando tudo o que precisava assinar em antecipação aos dias que ainda viriam. Eu estava me dando bem em relação ao universo da aviação, de imediato quando entrei senti temeridade pela crise instaurada na empresa, mas pegar um navio e saber levá-lo até a margem era importante.

Tamborilei minhas unhas ansiosamente sobre a mesa.

"Ordens de contratação de equipe e...."

Precisamos conversar. - A voz com a ausência de toque em minha porta me fez elevar o olhar à ela franzindo o cenho sobre a situação a qual nos encontrávamos. Estava sem a parte de cima de seu terninho, a camisa branca com seu nome na placa dourada era o que usava, observá-la me irritava mais do que qualquer outra coisa.

Ignorei sua presença, mesmo que naquele aspecto fosse complicado.

Lauren não é uma mulher fácil de ser ignorada.

— Temos de estabelecer um diálogo, ele é necessário. - Sua voz voltou a falar comigo, seria bacana que tivesse pensado naquilo antes, não? Ou era assim que lidava com seus problemas? Os ignorava e depois que pensava nos diálogos todos estruturados ela agia. Voltei a ler o documento como se nada ou ninguém estivesse me incomodando, era de fato um pouco aterrorizante não responder a desgraça de mulher que parecia estar obstinada em me foder a mente antes de meu próprio corpo.

Não que aquela noite não tenha sido tão boa... ela foi, foi delirante, de tirar o fôlego em todos os sentidos mais fodidos da palavra, mas sua fuga havia me magoado, e minha mágoa não seria facilmente rompida com um precisamos conversar.

Camila...

Nada meu, deslizei a caneta sobre a folha de papel em uma assinatura minha em concessões de novos contratos, não me dando ao trabalho de olhar o que ela fez quando ouvi outro barulho da porta. Se havia desistido e ido embora então aquilo era sobre o que estávamos falando de verdade.

E de fato ela foi, alguns minutos mais tarde focada em meus contratos notei que em minha solidão temporária ela tenha saído como um fera não domada por aí. Odeio isso, mas eu não estou com bom humor para aquela conversa, todo drama daquele italiano e essa droga acontecendo com Lauren me colocava simplesmente exausta.

Ignorar de fato não era a melhor decisão, mas era a que eu havia decidido tomar.

Assinei todos os documentos que precisava, gastando em torno de uma hora e meia para ler e deixá-los todos organizados e direcionados para que o administrativo tomasse posse de minhas decisões. Avisei meus seguranças e motorista que estava de saída do JFK e aguardei que emitissem meus avisos antes de sair para casa.

Era tudo o que eu precisava.

Music on* Feel Me - Selena Gomez

Capturei minha maleta e me envolvi em meu sobretudo, fechando e desligando as luzes de meu escritório na American Airlines, as luzes quase todas apagadas me indicavam que eu estava indo tarde o suficiente para não querer voltar tão cedo. Caminhei sozinha pelos corredores de escritórios em direção ao elevador privativo que levaria em direção ao estacionamento do aeroporto com menos contato e mais facilidade, no instante em que pisaria no elevador para entrar, tive de parar de supetão sentindo meu celular tocar.

O capturei minha bolsa e analisei a tela.

"Ally Brooke"

Tão tarde?

O elevei ao rosto.

— Ally? - Questionei em bom tom, ouvindo minha voz reverberar pelos corredores vazios da American Airlines.

— Camila! Meu deus eu estava preocupada de não conseguir ligar, precisa vir a Dallas, algo muito sério aconteceu. - Seu tom de voz esganiçado e a voz lotada de choro me fez gelar em segundos. Não era das melhores maneiras para se dar um péssima notícia, recordar de ligações tão traumáticas como as delas me deixava louca.

— Eu previ que chegaria tarde então solicitei compra de uma passagem para você agora, precisa vir, eu estou mesmo desesperada, é sobre a KCE. - Sua voz me colocou nervosa e ansiosa sobre toda a situação.

— Não consegue me adiantar o que aconteceu? - Pedi me remexendo ansiosa sobre a situação.

— Não acho que devo, por favor, só venha. - Foi tudo o que precisou. Parecia ter esquecido do fodido jet lag que tive vindo da Europa e de todo meu cansaço á aquele ponto, cancelei minha ida a casa e movi apressada pelo saguão vip da minha empresa áerea, pronta para embarcar em um voo que me levaria a incertezas em Dallas.

Fiz o check in às pressas quase perdendo o voo que ela havia reservado para mim e logo me dirigi ao embarque, sendo recebida por uma das funcionárias exemplares, nunca podia me recordar de todas elas. Pelo horário de aquisição, Ally me alocou quase no final do voo, o que nem fazia muita diferença para mim, eu estava verdadeiramente preocupada com o que estava acontecendo.

Ela não me chamaria para nada.

Acomodei em minha poltrona e ansiosamente desejei que aquele vôo de quase seis horas passasse depressa. Os procedimentos de voo não me interessavam, mesmo que uma hora depois quando começaram a servir a primeira classe eu franzi meu cenho sentindo que talvez minha preocupação tivesse me fazendo delirar.

O senhora deseja uma torrada ou vinho? - A voz rouca era clara, perceptível, inegável.

Eu me inclinei a olhando em ser terninho azul-marinho, sorrindo simpática e servindo os passageiros da primeira classe como sempre. Ela não devia estar viajando agora, só viajava uma vez na semana, era supervisora das outras aeromoças, não devia estar aqui... não devia...

A medida que seu corpo se movia pelo corredor se aproximando de minha poltrona eu me sentia mais indignada com toda a situação. Não demorou muito para que ao se deparar comigo a olhando mortalmente ela não deixasse de sorrir, me olhando dos pés a cabeça e se inclinando com seu fingido respeito.

Boa noite Senhorita Estrabao, o que posso fazer para ajudá-la essa noite? - Questionou deixando um sorriso magistral no canto da boca. Se ela queria uma resposta ela a aquele ponto teria.

— O que faz nesse vôo? Não devia estar aqui. - A olhei dar de ombros.

— Trabalhando um pouco mais, matando as saudades, por que? Isso é passível de demissão? Trabalhar mais para a minha chefe? - Seu tom era tanta provocação que me queimava o sangue a olhá-la sorrir e demonstrar aquele brilho tão provocador nos olhos daquela maneira, como se nada estivesse mesmo acontecendo.

Nos encaramos segundos além, ela parecia ter encontrado sua oportunidade perfeita.

Seis fodidas horas.

— Não quero nada, obrigada. - Por fim desviando o olhar do dela, ignorando que ela não se moveu de imediato. De canto de olho notei seus olhos focados em meu rosto e logo eles desciam por minhas pernas.

Pronto, era isso que esse inferno pretendia...

Como sabia que estaria nesse vôo?

— Não pretendo conversar com você, sigo em silêncio. - Falei rechaçando sua presença. Ela se moveu capturando uma taça de vinho do carrinho, depositando um pouco de líquido púrpura na taça e me entregando mesmo sem pedir, seus olhos verdes caindo indiscretos em meu decote.

Não precisamos conversar tampouco, tem mais cinco horas dentro desse avião, tome uma dose, decida-se. - Havia uma implicitude em seus atos, sua sugestão me deixou ansiosa, se moveu com o carrinho me deixando com a taça de vinho. Olhei ao líquido púrpura e me recostei em meu lugar, me acomodando de tal maneira que virei o vinho de uma só vez, ignorando qualquer sensação de incômodo que pudesse me invadir, sentindo meu corpo esquentar de tal maneira que observar ela servir toda a primeira classe e logo após se acomodar em sua cadeira retrátil me fez deixar a taça vazia de lado.

Odeio o poder que essa mulher exerce em mim mesmo em sua fodida ausência.

Pisquei repetidas vezes não conseguindo dormir quando a segunda hora de vôo caiu sobre mim, minha mente perturbadoramente ansiosa me fez levantar para caminhar em direção ao banheiro, desejava passar uma água na nuca para relaxar. Entrei no amplo compartimento sofisticado e me olhei no espelho ligando a torneira e movendo a água para sentir ela gelar minha nuca e me relaxar.

Queria chegar em Dallas logo...

Alguns minutos ocupando minha mente de despretensões, abri a porta do banheiro me deparando com a aeromoça. Ela não sorriu, seu corpo estava rente a porta, parecia me aguardar abrir. Olhou sobre o ombro depressa, e tão rápido que sequer pensei empurrou meu corpo novamente para dentro, trancando-nos com uma facilidade que me fez sonsa.

Agradeça Ally Brooke depois. - Sua voz rouca falou me envolveu pela nuca me pressionando contra a parede em sua captura sedenta de meus lábios, me devorando com tanta vontade que não podia evitar corresponder ao ter sua língua contra meus lábios me envolvendo em seu beijo mortal como uma loucura insana de dias atrás.

Era inevitável não corresponder, evitar suas palavras soava mais fácil para mim do que sua boca na minha, talvez ela tivesse encontrado nossa maneira de dialogar quando as palavras era reprimidas por aí.

Puxei seu terno com as mãos de maneira apressada,a despindo dele com rapidez, sentindo seus dedos desenlaçarem meu sobretudo e ela o jogar de sobre o suporte de roupas, não evitei gemer contra sua boca ao sentir sua mão apertar minha coxa com força e ela me empurrar contra a parede novamente, se acomodando entre seu agarro apertado em mim e nossas doses insanas de diálogo boca a boca...

Continua...

Twitter: kcestrabao

Continue Reading

You'll Also Like

784K 47.3K 144
Julia, uma menina que mora na barra acostumada a sempre ter as coisas do bom e do melhor se apaixonada por Ret, dono do morro da rocinha que sempre...
97.9K 5.8K 47
'𝘝𝘰𝘤𝘦̂ 𝘦́ 𝘢 𝘱𝘰𝘳𝘳𝘢 𝘥𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘱𝘦𝘳𝘥𝘪𝘤̧𝘢̃𝘰 𝘔𝘢𝘳𝘪𝘢𝘯𝘢.'
210K 7.6K 126
• ✨ɪᴍᴀɢɪɴᴇ ʀɪᴄʜᴀʀᴅ ʀíᴏꜱ✨ •
1M 49.5K 71
"Anjos como você não podem ir para o inferno comigo." Toda confusão começa quando Alice Ferreira, filha do primeiro casamento de Abel Ferreira, vem m...