Demorei para abrir os olhos depois que acordei. Eu estava perdido em uma infinidade de lençóis, espalhado sobre uma cama bem maior do que a minha e sendo preenchido pelo cheiro forte do alfa.
Quando finalmente abri os olhos, pude analisar a bagunça que se encontrava o quarto. Havia roupas jogadas pelo chão e, assustadoramente, parte delas eram minhas. A cama estava bagunçada e a chuva ainda caia do lado de fora.
Sentei-me na cama sentindo meu corpo dolorido, suspirei pesadamente e passei a analisar as marcas em meu corpo ainda nu. Levantei-me e caminhei até o espelho que havia ali, parando a frente dele e encolhendo meu corpo diante da imagem ali presente.
Harry estava por todos os lugares: nas marcas em meu quadril e em minha bunda, nos chupões em meu pescoço, no cheiro que havia grudado em meu corpo, na bagunça que meus cabelos se encontravam, em minhas lembranças fortes sobre o que havíamos feito mais cedo e, principalmente, em meu coração.
– Certificando-se de que eu não o mordi? – sua voz rouca preencheu o ambiente, me fazendo saltar assustado, me virando e encontrando-o parado à porta, encostado ao batente, vestindo apenas uma cueca e com os cabelos rebeldes presos em um coque, ainda mais lindo do que eu me lembrava.
– E-eu não. Eu confio em você. – minhas bochechas estavam pegando fogo, eu ainda estava nu e tentava me esconder em meus próprios braços, ele pareceu perceber, pois havia um sorriso escondido em seu rosto, deixando uma de suas covinhas aparecerem enquanto ele caminhava em minha direção.
– Você está ainda mais lindo assim. – ele disse afastando minha franja de meu rosto.
– Obrigado. – eu abracei seu corpo e escondi meu rosto em seu peito, ainda bastante envergonhado. – Você também está lindo. – minha voz saiu abafada.
– Você está com fome, pequeno Louis?
– Eu não sou pequeno, Harry Styles! – eu disse o encarando irritado, fazendo-o gargalhar e ganhar um tapa meu em sua bunda.
– Como estamos abusados. – ele sussurrou em meu ouvido, fazendo-me arrepiar.
Eu tomei seus lábios em um beijo, enlaçando meus braços em seu pescoço e vendo-o sorrir quando percebeu que eu estava apoiado apenas na ponta dos pés. Ele abraçou minha cintura e ergueu meu corpo para que eu me apoiasse sobre os seus pés.
– Babaca. – eu anunciei antes de voltar a beijá-lo com fervor. – Eu estou com fome agora. – sussurrei próximo a seus lábios, após me separar dele, sentei na cama rapidamente e puxei o lençol sobre meu colo. – Você pode me passar minha roupa, por favor?
– Você pode ficar sem ela se quiser. – ele disse sorrindo travesso enquanto tinha minha cueca em sua mão.
– Para de graça, Harry. – eu tentei pegar da mão dele e ele ergueu os braços, tirando-a de meu alcance.
Revirei os olhos e esperei que ele risse e abaixasse a guarda para que pulasse em seu corpo, usando meu peso para que ele caísse sobre a cama. Me sentei sobre ele, prendendo-o com as minhas pernas e tirei a peça de sua mão.
– Ahá! Eu tenho minhas táticas de ataque, caro Harold. – disse vitorioso.
– Ah, eu percebi. E acho que deveria usá-las mais vezes. – ele espalmou suas mãos em minha coxa e eu me abaixei, fazendo nossos lábios ficarem a centímetros de distância.
– Seria uma pena se eu me levantasse agora, fosse me trocar no banheiro e depois corresse para assaltar sua geladeira, não é? – rebolei sobre seu colo e um gemido rouco rasgou a garganta do alfa.
Então eu abri um sorriso vitorioso, me levantei e vesti a cueca, sai do quarto a procura do resto de minhas roupas e encontrei o moletom que Harry havia me emprestado jogado no chão da sala, serviria por enquanto. Coloquei-o rapidamente e fui até a cozinha, onde Harry havia acabado de entrar.
– Você gosta de panquecas? – eu assenti confuso. – Ótimo, você vai amar as minhas. – ele disse satisfeito.
– Você vai cozinhar? Vai cozinhar para mim? – eu disse surpreso.
– Claro que sim.
– Você sabe mesmo cozinhar? Porque assim, nem eu sei cozinhar direito...
– E por que eu não saberia?
– Primeiro porque é alfa. – comecei a explicar, sentando-me sobre o balcão na cozinha, observando-o pegar os ingredientes. – Segundo porque é podre de rico. Terceiro porque... não tem terceiro, mas os motivos de antes já valem.
– Você está me taxando pelo meu status e por minha condição financeira, pequeno Louis. – eu revirei os olhos e ele selou meus lábios rapidamente antes de voltar a seu trabalho. – Eu gostava de passar tempo conversando com Mary na cozinha após o colégio, eu a via preparar nossas refeições, até roubava um pouco. – ele riu nasalado. – Acabei pegando gosto e pedindo para que ela me ensinasse. Além do mais, eu sempre gostei de preparar cafés da manhã para minha mãe, meu pai ou Gemma. Eu preparava uma bandeja e levava para eles em datas comemorativas, como uma forma mais sincera e verdadeira de presente.
– Você realmente não é desse mundo. – eu suspirei pesadamente.
– Por que acha isso?
– Porque você é diferente de tudo que eu já vi, de tudo o que eu achava possível e de tudo o que deveria ser.
– Você também é diferente de tudo, ômega que estuda, briga com alfas, não sabe cozinhar e usa cueca boxer. – eu fiquei vermelho por ele ter falado essa última parte. – Acho que isso que nos torna um bom casal, não acha?
– Talvez...
– Talvez? Você acha mesmo que conseguiria conviver com um alfa que não entenda tudo o que você prega? Eu tenho certeza que não.
– Eu também tenho. E é por isso que eu nunca tive planos para casar, ter uma mordida ou ter filhos.
– Mas isso está mudando, não é? – ele me encarou, com os olhos verdes esperançosos.
– Eu não sei, Harry. Sinceramente. Eu ainda estou tentando entender tudo o que aconteceu na minha vida após você chegar nela. Ainda estou tentando entender o que eu sinto e o que isso vai influenciar no meu discurso.
– Eu acho que isso só fortaleceria o seu discurso.
– Claro, porque ter um alfa dá estabilidade para qualquer ômega, vão me dar muito mais credibilidade por isso. – eu revirei os olhos. – Como sempre os alfas serão o centro do debate.
– Não por isso, Louis. Pelo fato de você ter realmente uma prova de que pode ter uma vida comum e ser politizado e engajado. Além do fato de poder mostrar uma prova contundente de mudança em alguém, no caso seu marido, mais especificadamente eu. – eu ri do sorriso feliz que ele me lançou e ponderei suas palavras.
– Eu não quero pensar nisso agora, eu só quero comer.
– Então venha, pequeno Louis. – ele parou a minha e eu subi em suas costas, enquanto ele me levava para a mesa.
– Você terá que aprender a me chamar de outra coisa. Eu não sou pequeno. – me sentei na cadeira e olhei para ele fazendo um biquinho fofo e recebendo um selinho.
– tem razão, gigante Louis. – eu revirei os olhos. – O que acha de "meu amor"?
– Parece bom. – eu sorri feliz.
Nós comemos tudo o que ele havia preparado e eu o elogiei pela comida, estava realmente bom, o que só me impressionava mais.
– Fico feliz que você cozinhe tão bem, porque se depender de mim vamos viver de comida congelada ou eu terei que ligar para a minha mãe ir todo dia preparar nosso jantar. – eu disse enquanto lavava os pratos e dava para que ele os enxugasse e guardasse. – Sou literalmente um ômega para casar. – fui irônico e ele gargalhou.
– Tenho certeza que sim. – rimos juntos.
Nos aconchegamos no sofá e ele ligou a TV, colocando em um canal qualquer que eu nem me dei ao trabalho de ver porque estava mais preocupado em beijar o alfa que estava deitado abaixo de mim.
Nós já soltávamos gemidos manhosos e tínhamos mãos bobas percorrendo todo o corpo um do outro quando meu celular tocou, despertando-nos e me fazendo procurar desesperado o aparelho pelo apartamento.
– Acha que ficou no bolso da sua calça? – Harry perguntou tentando me ajudar a achar o celular. – Porque ela está lá no quarto.
– Não, eu estava com ele na mão e estou ouvindo ele tocar aqui por perto. – avistei o aparelho tocando insistentemente sobre a mesa de jantar e corri até ele.
– Oi, Lottie. – atendi a ligação.
– Eu sei que estou te atrapalhando e me odeio por isso. – Lottie começou. – Mas a mamãe chegou há algum tempo e eu disse que você tinha ficado na faculdade para fazer um trabalho, mas ela já está ficando preocupada. – eu ri baixo. – Ligou até para o Zayn para perguntar de você, acho que o próximo passo é ligar para o Harry. Então eu preciso que você me diga o que dizer para ela, porque ela não é boba e vai desconfiar.
– Eu já estou indo para casa, não se preocupe.
– Não vai passar a noite com ele? – ela perguntou surpresa.
– Claro que não, eu já estou indo.
– Sabe que vai ter que me contar tudo, não é? – ela disse visivelmente animada.
– É claro que não, fique quieta aí. Onde já se viu querer saber essas coisas do próprio irmão. – fiquei vermelho ao perceber que Harry me olhava com uma das sobrancelhas arqueadas.
– Exatamente, você é meu irmão! É claro que tem que me contar tudo. Vocês usaram camisinha? – ela riu baixo e eu senti minhas bochechas esquentarem.
– Charlotte! – eu a repreendi.
– Eu só estou tentando ajudar, calma. Sabe que eu quero muito ser tia, mas não precisa ser agora. – a diversão em sua voz era perceptível.
– E não será, agora fique quieta. Nós nos falamos quando eu chegar em casa.
Desliguei o celular antes que ela falasse mais uma bobagem que me deixasse constrangido ou que Harry pudesse ouvir já que ela costumava berrar ao telefone.
– Para casa? – ele perguntou e eu assenti.
Peguei todas as minhas roupas espalhadas pelo chão e as vesti, devolvendo o moletom de Harry, que também já estava vestido e pronto para partirmos.
– Pode ficar para você, como uma lembrança de nós dois e dessa tarde. – ele disse quando eu lhe devolvi o moletom.
– Eu não preciso disso para me lembrar de tudo, mas vou adorar ter seu cheiro próximo a mim sempre que quiser. – confessei e recebi um beijo rápido antes de partirmos.
O caminho foi calmo, diferente de algumas horas atrás onde os problemas mal explicados e os sentimentos turbulentos deixavam o clima pesado. Dessa vez, a chuva havia dado uma trégua e o som baixo de Dust in the Wind preenchia o silêncio reconfortante, enquanto a mão de Harry se entrelaçava à minha sobre a minha coxa.
– Obrigado mesmo pela tarde. – eu disse assim que ele estacionou, encarando-o antes de juntar nossos lábios. – Foi incrível.
– Você não tem que me agradecer. – ele tirou minha franja da testa, beijando o local. – Eu te amo, meu amor.
– Eu também te amo, H. – trocamos outro beijo antes de nos separarmos e eu sair do carro.
– Ah, Louis. – ele disse abaixando o vidro do carro e prendendo a minha atenção. – Será que você pode me passar o número do telefone da Lottie? – eu ergui a sobrancelha para ele, demonstrando minha confusão. – É para Gemma, ela parecia realmente interessada nisso, até ameaçou cortar meus cabelos durante a noite se eu não conseguisse o número dela. – nós rimos juntos.
– Por que acha que sua irmã quer o telefone da minha? – eu disse me aproximando mais da janela do carro.
– Ela tem um crush em sua irmã, como ela mesma definiu.
– Eu vou passar pelo bem dos seus cachos perfeitos, mas não sei se me sinto confortável com isso.
– Pelo que a Gemma disse, a Lottie sabe se cuidar muito bem sozinha.
– Eu sei que sim, ela é bem durona quando quer ser. – peguei meu celular e dei o número a Harry. – Diga para a Gemma que eu estou de olho nela. – eu selei os lábios dele novamente.
– Diga para a Lottie que é claro que foi maravilhoso e que nós usamos camisinha, então os sobrinhos dela vão ter que esperar uns anos. – eu senti minhas bochechas queimarem como nunca por ele ter ouvido a conversa com a minha irmã, ele tinha um sorriso divertido nos lábios e gargalhou logo depois.
– Eu vou matar aquela beta infeliz! – esbravejei fazendo-o rir ainda mais.
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Sobre a mídia, é claramente sobre o início do capítulo e o que aconteceu na realidade u.u
E obrigada por não me abandonarem mesmo que eu tenha ideias controversas. Obrigada pelos votos, pelas visualizações e pelo apoio.
XO