Afaste-se de Mim

By jadepegas

481K 22.2K 61.7K

Os sonhos de amor e de viver uma vida que antes só existiam em sua imaginação fizeram com que Anahi se entreg... More

Apresentação
PRÓLOGO
Primeira Fase - Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Segunda Fase - Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Capítulo 87
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Capítulo 91
Capítulo 92
Capítulo 93
Capítulo 94
Capítulo 95
Capítulo 96
Capítulo 97
Capítulo 98
Epílogo
Agradecimentos + Avisos

Capítulo 4

3.7K 214 218
By jadepegas

CAPÍTULO 4

"Deja de plantar flores en jardines de personas que no van a regarlas."

No dia seguinte Maite chegou atrasada, mas escancarando felicidade. Eu abri um sorrisão quando a vi entrando na sala e ela - toda atrapalhada como é - saiu desesperada para sentar do meu lado, me deu um abraço forte e eu sorri.

- Tem alguém feliz por aqui hoje? - ela me solta e me olha sorrindo, toda boba.

- Ele te contou? - diz com expectativa.

- Sim, ele disse. - sorrio - Você faz ideia da felicidade que ele chegou em casa ontem. - ela vibra de êxtase - Ele está completamente apaixonado por você, amiga. De verdade. - a olho com carinho.

- Você acha mesmo? - seus olhos brilham - De coração? - diz empolgada.

- Nunca estive tão certa de algo na minha vida. - respondo com toda segurança.

- Anahi e Maite eu estou atrapalhando a conversa de vocês? Querem que eu saia da sala para deixar as mocinhas conversarem? - a professora diz rude.

- Se possível.. - ela diz baixo, debochada e eu chuto sua perna.

- Desculpa, professora. Não falaremos mais. - ela olha para mim e revira os olhos entediada e a professora volta a explicação.

No intervalo eu e Maite conversamos o tempo inteiro, ela me contou cada detalhe da última noite, de tudo que Mane lhe disse e de como ela se sentia, eu já sabia pelo Mane, mas ouvir a Maite contando e os surtos que ela dava em quando detalhava a noite para mim, são insuperáveis. Quando ela terminou de falar tudo, sorriu e me perguntou do Rodrigo. Disse que ela acabou falando demais e que queria saber como tinha sido nosso encontro. E eu disse que foi ótimo, que estamos melhores que nunca, mas não entrei em mais detalhes. E nem mencionei a briga com meu pai. Veja bem, Maite é minha irmã, minha melhor amiga e eu confio nela cegamente, mas sou muito reservada e antes de eu conseguir falar com alguém sobre algum problema meu, eu sozinha, tenho que entende-lo e tentar soluciona-lo. Talvez pelo fato de ter crescido tão sozinha e perdida, foi a forma que tive de me educar, eu apenas não sinto dentro de mim vontade de falar certos assuntos meus, no caso em questão, sobre sexo, pelo menos não ainda.

Quando eu chego em casa, fico pensativa, talvez Maite por estar passando pela mesma coisa que eu possa me ajudar. Pelo menos acredito que ela e Mane ainda não tenham transado, afinal, ela me contaria. Acho que é melhor eu conversar mesmo com ela sobre isso.. Mane entra na sala de jantar enquanto eu estou almoçando.

- Pirralha, falei com o papai hoje. - ele beija minha cabeça e se senta do meu lado enquanto Tereza lhe serve o almoço.

- Sobre o que? - pergunto olhando para ele e mastigando, sem lhe dar muita importância.

- Meu namoro com a Mai.. - quase cuspo a comida - Ei, calma! - ele ri.

- Você falou para ele? - digo em choque.

- Claro! - ele diz firme - Eu estou namorando com ela e namorando sério, quero que paremos de nos esconder, quero ter um futuro ao lado dela. - e eu me derreto sorrindo ouvindo ele falar assim da Mai - Quero que todos saibam disso e se não aceitarem, pelo menos estarão cientes. - ele começa a comer, sua expressão é tranquila, segura.

- O que ele disse? - beberico o suco de laranja e volto a comer.

- Ficou furioso! - ele bufa - Disse que já não basta você para cima e para baixo com "essa garotinha" - ele diz com desprezo - e agora eu também me envolvo com ela, que ele esperava mais de mim, que não me criou para isso.. - ele revira os olhos - Você sabe, esse papo dele.. - diz nervoso.

- Ele te criou para que então? - a raiva me domina - Para ser infeliz, idiota e amargurado como ele? - digo irritada - Ele é tão estúpido! - respiro fundo - Você só está sendo feliz e fiel ao que sente e não tem nada de errado nisso. - pondero nervosa.

- Eu sei, tampinha. - ele mexe no meu nariz e o empurro a mão - Mas você conhece as baboseiras que ele fala. Se ele não implicasse, não seria ele. - ele sorri - Mas eu não me importo, não me importo com nada do que digam. - ele dá de ombros - Marquei um jantar com ela e a mãe dela aqui, sexta à noite. - se ajeita na cadeira e sorri satisfeito.

- Já? - digo surpresa - Você já falou com a mãe dela? - pergunto animada.

- Papai ficou furioso, mas ele não vai deixar de comparecer, você sabe como é. - confirmo - Maite e eu resolvemos fazer surpresa. - ele ri - Ela falou para mãe que na sexta o novo namorado dela vai busca-las para um jantar e quando eu chegar lá na sexta feira.. - ele se anima - Ela vai levar um susto enorme ao me ver. - diz cheio de empolgação.

- Ah, isso vai! - gargalho - Ela vai ficar tão sem graça, tadinha! - rimos juntos - Eu queria tanto ver a cara dela quando te ver, vai ser muito bom. - ficamos gargalhando e imaginando como será a reação dela durante todo o almoço.

No dia do jantar Maite foi lá para casa depois da aula, ela estava ansiosa, nervosa, não conseguia ficar perto da mãe sem rir em imaginar a reação dela quando vê Mane como seu namorado. Mane não estava em casa, ficou até mais tarde na faculdade para finalizar um trabalho e fazer pesquisas para o seu TCC. Maite exalava felicidade e sorria de orelha a orelha, eu me coloco no lugar dela e fico radiante também, afinal, ela ia poder finalmente namorar Mane para todos e sem precisar arrumar desculpas, esconder no cinema ou em algum restaurante discreto. Ela falou a tarde toda de todos os assuntos possíveis e na minha cabeça apenas martelava para eu conversar com ela sobre Rodrigo, até que ela parou, olhou para mim, se jogando na cama e sorrindo..

- Tá, agora me fala, o que você tá escondendo de mim? - ela rindo brinca, me encarando .

- Eu? - me mexo sem jeito, me sentando na cama - Nada - brinco com o cabelo .

- Anahi, você me engana desde quando?- ela se ajeita na cama, levantando o troco e ficando séria - Você pode falar o que for para mim, sabe disso. - ela me olha como se passasse confiança.

- Eu sei, é que.. - gaguejo, nervosa - É que.. bem, eu não sei como conversar isso. - esboço uma careta.

- Vai, vou te ajudar. - ela brinca - Que é sobre o Rodrigo eu já sei, mas o que tem ele. - rio.

- Não é bem sobre ele.. Eu queria saber.. - tento começar aquela conversa, mas era tão difícil - Bem, você e o Mane.. - ela franze o cenho intrigada - Vocês já..já.. é.. - gaguejo e respiro fundo - Bem, vocês já transaram? - sussurro e ela ri, ri bem alto - Maite, para! - ela para de rir e me olha, ainda com a expressão divertida.

- Era isso? Só isso? - ela morde os lábios, brincando comigo .

- Na verdade não, mas é um começo. - começo a relaxar e cruzo as pernas me aproximando dela - Terei uma resposta? - falo esperta, sorrindo .

- Eu não falei sobre esse assunto com você antes porque.. Sabe, ele é seu irmão? - ela ri divertida - E isso ainda é um pouco estranho e novo para mim. - concordo sorrindo - Mas não, ainda não transamos, nem falamos sobre isso, mas.. Eu quero que aconteça, quero muito, espero que logo, porque quero que seja com ele e não tenho dúvidas que será especial. - diz confiante.

- Nenhuma dúvida, ou medo? - digo surpresa.

- Não. - diz segura

- Você sempre quis? - pergunto super intrigada.

- Com ele sim. - sorri toda apaixonada - Antes dele eu nem cogitava isso, com nenhum outro, nunca. Mas com ele é diferente, sabe? Eu o amo. - ela se derrete - Nunca tive dúvidas, pelo contrário, eu quero ser dele de todos os jeitos possíveis, inclusive como mulher. Ele é o único, eu quero compartilhar desse momento da minha vida com ele.- eu abaixo o olhar pensativa, porém com sorriso no canto do rosto - Inclusive estou planejando uma surpresa para ele, porque sabe, ele me respeita demais, sei que espera o que tempo que for necessário, mas eu não quero esperar mais.. - ela percebe que mudei a expressão e para de falar e se aproxima de mim - Mas porque você está perguntando isso? Você e o Rodrigo.. - ela deixa no ar dando a entender se nós já tínhamos transado.

- Não. - digo depressa - Ainda não. - interrompo sua linha de raciocínio, respondendo agitada e forço um sorriso - Ele quer, mas eu não sei se estou pronta para isso agora. - abraço meus joelhos e apoio a cabeça neles - Como você disse, é tudo novo demais, não me sinto segura ainda, mesmo sabendo que não tenho o que temer. - digo meio envergonhada.

- Bem.. - ela se senta e respira fundo - Eu acho que, cada mulher tem seu tempo e precisamos respeitar isso em nós mesmas. É o nosso corpo, nossas regras. Eu vejo sexo com o algo natural, quando duas pessoas se gostam o bastante elas querem se tocar, querem dividir esse momento, mas isso não necessariamente acontece de um dia para o outro. Se você ainda não está preparada, se dê o tempo que for e faça quando sentir que quer fazer. - ela diz tão segura, mas não estou tão certa que as coisas funcionem assim..

- Mas é que.. - suspiro tentando explicar - Você sabe, né? - ela ergue a sobrancelha com uma cara de interrogação.

- Sei o que? - diz boiando no que eu disse.

- Ele é mais velho, ele não tá nessa fase cheia de insegurança e dúvidas como eu estou. Ele é um homem e tá acostumado a lidar com o sexo, eu não.. eu não tenho tempo.. - digo cabisbaixa.

- Anahi.. - ela respira fundo - Ele esta te pressionando para transar? - diz exalando raiva

- Não. - tento dizer o mais firme possível.

- Não mente para mim! - diz nervosa

- Não estou.. - digo em um fio de voz

- Anahi, idade não importa! Isso é caráter de homem! - ela se exalta, gesticulando - Olha seu irmão, eles têm praticamente a mesma idade e o Mane nunca avançou em nada comigo, sexo não é e nunca foi um obstáculo na nossa relação. Quando acontecer vai vir para somar uma base sólida, não ser à base de tudo. - ela se acalma e pega as minhas mão e segura firma - Por favor, amiga, não pense assim, não pense que você é obrigada a ir para a cama com ele só porque ele quer isso. Você precisa se respeitar antes de qualquer coisa, respeitar seus sentimentos, seu corpo, suas vontades e principalmente, seu tempo. - ela quase que implora com os olhos.

- Eu gosto dele, amiga. - sorrio de lado - Gosto de verdade, com todo o coração. - ela balança a cabeça - Eu não quero perder ele. - ela confirma.

- Eu entendo tudo isso. - diz direta e respira - Sexo nunca segurou e nunca vai segurar homem nenhum, Any. Se ele gostar de verdade de você ele vai ficar com você com ou sem sexo, vai te aturar em todos os bons e maus dias.. Do contrário, ele não merece estar na sua vida. - diz firme e sei que ela não vai mudar de ideia.

- O Rodrigo ele.. - queria conseguir explicar para ela como me sinto, mas falho.. - Ele entrou na minha vida quando eu precisava dele. - sinto pesadas lágrimas escorrerem pelo meu rosto sem que eu pudesse evitá-las - Ele me deu um sentido, sabe? Me faz querer ser melhor a cada dia, pensar em um futuro a dois e um amanhã. Eu quero um amanhã com ele. Ele faz tanto por mim e.. e eu.. - ela me interrompe.

- Vai transar com ele por gratidão? - ela revira os olhos - Anahi, por favor, não faça isso com você. - ela diz quase em súplica.

- Eu quero transar com ele, só não queria que fosse agora. - digo exaltada.

- Então diga isso a ele. - diz firme.

- Eu não posso.. - abaixo a cabeça.

- Anahi, por favor, apenas entenda isso. - ela se acalma e fala pausada e tranquilamente - Se ele quiser te deixar, ele vai fazer isso com ou sem sexo, se ele quiser ficar também. Você merece alguém que te respeite e te adore, que te veja além da cama. Ele pode ter a idade que for, mas você ainda é uma menina e ele sabia disso quando se envolveu com você, ele não pode reclamar. Ele te quer? Ótimo, então ele esperará. - ela diz como se tudo fosse fácil assim..

- Maite, nem todos os homens são como o Mane. - digo nervosa.

- Eu não estou falando do Mane, eu estou falando de qualquer homem de verdade que mereça uma mulher como você. - ela acaricia meu rosto - Eu estou te falando o que eu aprendi, o que eu penso, o que sei, o que certamente falarei para os meus filhos, o que acredito. - ela pega minhas mãos e beija - Por favor, amiga, não faça nada que você possa vir se arrepender depois, ok? - confirmo quieta com a cabeça - Eu te amo! Desculpa se fui um pouco grossa, mas eu só quero seu bem e não retiro uma palavra do que disse. - sorrio de lado.

- Eu sei. - ela sorri para mim - Eu te amo também. Obrigada. - ela me abraça bem apertado e afaga meus cabelos.

- Como eu queria que você fosse um pouco menos cabeça dura e orgulhosa para deixar eu cuidar de você. - sorrio.

- Vai, chega com o drama agora. - ela me da um tapinha no braço.

- Sua insensível. - rimos.

Maite vai embora logo depois, Mane chegou em casa todo nervoso, preocupado com o jantar e com o papai, eu tratei logo de acalma-lo! Disse que tudo estava sob controle, papai já tinha chegado, o jantar quase pronto conforme ele pediu, Maite já tinha ido para casa se arrumar e nada estava fora do planejado dele. Mane tem a mania de fazer tudo minuciosamente calculado, planejado e odeia quando acontece falhas em seus planos. Ainda mais hoje que se tratava de uma data tão importante para ele, afinal, ele esperou tanto por isso que não julgo tamanho nervosismo da parte dos dois. Antes dele subir para tomar um banho, ele parou no primeiro degrau da escada e me chamou.

- Como ela está? - me viro e o olho, sorrindo.

- Maite? - cruzo os braços, sorrindo boba - Feliz, apaixonada, animada e ansiosa. - ele abre aquele maior sorriso do mundo para mim e passa as mãos nos cabelos - Não se preocupa, vai dar tudo certo. - ele confirma com a cabeça e sobe as escadas.

Eu também trato de me aprontar, hoje era um dia importante para as pessoas que eu mais amo na vida e eu queria ajudar para que tudo corresse perfeito. Mane bate na porta do meu quarto e abre, me olhando meio nervoso e dizendo que já estava indo buscar Maite.

- Entra aqui. - rio - Fica calmo, ok? - digo enquanto ajeito sua gravata, que ele deu um nó muito mal feito - Você está suando igual um porco! - ele ri - Vai correr tudo bem e vocês ainda vão rir bastante da reação dela um dia. - lhe dou um abraço e aliso seu ombro - Bem, vou descer para checar tudo, boa sorte! - ele sorri

- Obrigado, pirralha. - ele me beija a testa - Vou me lembrar disso. - sorrio e ele sai do quarto

Como já estava pronta, saio do quarto logo em seguida. Quando estou descendo as escadas para ir ver se tudo estava pronto na cozinha, escuto o barulho do carro de Mane saindo de carro e vejo meu pai, saindo do escritório com uma cara não muito boa, cara de quem não teve boas notícias hoje, cara de que não devo chegar perto dele hoje. Algo me dizia que não era pelo jantar de namoro do Mane com a Maite. Mesmo ele sendo esse nojo de pessoa, ele é meu pai e em dias como hoje, quando eu o vejo assim, preocupado, nervoso, até penso que ele talvez seja humano, que algo o abale.. Mesmo eu tendo a absoluta certeza que esse algo é envolvido a trabalho, pelo menos algo o tira o eixo. Depois que a minha mãe morreu era raro os momentos que eu o via assim, me dava vontade de me aproximar, de abraça-lo, perguntar o que tinha acontecido, conversar como pai e filha, mas ai me lembro de tudo que ele já me fez, engulo a seco e a vontade passa. Há uma distancia incalculável entre eu e ele, é preciso mais de uma vida para que possamos encurta-la. Desço as escadas e passo direto por ele, indo em direção à cozinha, quando..

- Anahi.. - diz duro, atrás de mim. Eu engulo a seco e me viro - Quero conversar com você. - ele me encara.

- Pode dizer. - digo neutra, na intenção de encurtar aquela conversa o máximo que podia.

- Aqui não, vamos no meu escritório. - rio.

- Virei um de seus acionistas? Ou tema de negócios? - cruzo os braços e digo irônica, o afrontando, ele devolve na mesma moeda e ri.

Se tinha uma coisa rara de acontecer, era meu pai rir. Ainda mais da forma como ele riu, debochado, com um sorrisinho malvado no rosto, fez na hora a minha expressão fechar e eu sentir meu corpo todo gelar quando ele disse..

- Digamos que sim. - ele abre a porta do escritório - Entra. - diz autoritário e eu fecho os olhos, respirando fundo e pedindo para que acabasse logo aquela conversa e não fosse nada demais, entrei no escritório..

Ele tranca a porta e eu fico de pé, no meio da sala e de braços cruzados. Esse escritório é frio, não de temperatura, mas o ambiente. Sem um porta-retratos, ou um enfeite de mesa. Apenas livros, papéis e o computador na mesa. Os móveis todos em preto, a luz fraca, parecia um cativeiro. Meu pai praticamente morava nesse escritório, assim que chega do trabalho vem para cá e daqui só sai para dormir, tirando raras exceções que ele resolve jantar, pensei que aqui fosse no mínimo mais.. Confortável, ou aconchegante. Raramente eu vinha aqui, a última vez que lembro foi com 7 anos, quando queria lhe mostrar meu tênis novo e segui ele até o escritório, sendo expulsa com a porta na cara logo em seguida. Afasto os pensamentos. Ele caminha pelo escritório me olhando.. Nunca me senti tão intimidada, nunca me senti tão confrontada. Ele tinha uma expressão séria, porém levemente sarcástica. Eu tinha a impressão de que ele queria me colocar medo - e estava conseguindo -, mas eu não iria demonstrar isso a ele. Ele contorna a grande mesa dele no centro do escritório e se senta confortavelmente na cadeira.

- Sente-se, Anahi - ele aponta para cadeira, apoiando os braços na mesa.

- Estou confortável em pé. - digo segura - Acredito que não seja algo extenso, né? Afinal, temos um jantar e aqui não é nenhuma reunião de negócios. - ele passa a mão pelo cabelo.

- Podemos dizer que sim, é uma reunião de negócios. - ele aponta a cadeira novamente - Sente-se! - ele ordena e eu de mal grado, me sento.

- Diga logo! - reviro os olhos.

- Anahi, você é tão insolente. - ele tem uma expressão divertida - Acho que isso vai até ser bom no fim das contas para te ensinar como funciona as coisas no mundo adulto. - era indecifrável suas reações.

- Não estou entendendo? - descruzo os braços - O que "vai ser bom"? - pergunto temendo a resposta.

- Anahi, eu precisarei de você nos próximos dias. - diz direto - E você vai me ajudar. - ele ordena.

- De mim?? - respondo exaltada - Você nunca precisou de mim. - ouvir aquilo me inquieta.

- Pois bem, agora as coisas mudaram. - ele se ajeita na cadeira e me encara friamente - Em resumo, eu tenho um cliente que.. que está tornando as coisas um pouco complicadas para mim.. - ele começa ponderando - Eu o preciso fazer assinar com a nossa empresa e ele, muito filho da puta, está colocando obstáculos apenas para sacanagem com a minha cara... - o interrompo.

- Certo ele, só loucos trabalham com você. - digo com sarcasmo - Melhor ele fugir enquanto pode. - sorrio.

- São esses loucos que pagam seus sapatos e roupas, sua estúpida! - diz com raiva e eu vejo que é a hora de eu parar de provoca-lo, apenas permaneço quieta e com a mesma expressão fechada de antes - Pois bem, o que importa é que você vai me ajudar a convencê-lo a fechar com a gente.. - ergo a sobrancelha intrigada - Ele esteve aqui semana passada e te viu chegar do colégio, se interessou por você. Disse que só fecha com a gente se sair com você, então, estou apenas comunicando a você que irá sair com ele. É só. - diz firme, tranquilo, como se o assunto estivesse encerrado. - Te avisarei a data quando a marcar. - eu fico em choque.

- O QUE? - me levanto extremamente ofendida e nervosa - EU NÃO VOU! NUNCA IREI! - ele ri.

- É óbvio que você vai. - relaxa na cadeira.

- NÃO VOU! - ando pelo escritório totalmente estarrecida - VOCÊ ESTÁ ME VENDENDO? VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE ELE PODE FAZER COMIGO? - grito como se meus protestos pudesse impedir aquilo.

- Anahi, por favor, não venha me bancar a menininha da mamãe, até porque você nem tem uma mais. - ele ri e eu sinto como se cravasse uma faca no meio peito - São negócios, apenas isso, bussines.. - sua frieza cada dia mais me apavora - Aprenda a viver nesse mundo. - começo a chorar.

- Não ouse falar da minha mãe. - digo secando o rosto - Eu não faço parte desse mundo nojento no qual você está incluso, eu nunca serei como você. - ele ri.

- Tinha me esquecido o quanto você era dramática. - ele revira os olhos - Eu só vim mesmo te comunicar, já está decidido. Eu preciso fechar esse negócio e se você é o único meio disso, acho que é bom você colaborar.. - diz com uma expressão irônica no rosto - Pro seu próprio bem. - ele ri - Você sabe bem o que acontece com quem se coloca no meu caminho, espero que você esteja ao meu lado e nunca na minha frente. - só consigo chorar, não há nenhuma palavra que consiga ser esboçada para tentar evitar aquilo, era a regra do jogo. Ele era o rei e eu era um peão. Ele tinha todas as cartas, podia fazer o que quisesse comigo, eu não tinha nada para usar contra ele e ainda por cima era menor de idade. - Você calada e concordando é uma poeta, deveria ficar sempre assim. - diz divertido - Que bom que estamos conversados. - ele sorri - Era só, pode sair. - diz apontando para a porta e voltando a mexer em seus papéis, me ignorando por completo.

- Você é um monstro. - digo em um fio de voz e saio correndo do escritório, esbarrando em empregados e indo pro banheiro.

Eu me sento no chão e só consigo chorar, a forma como que ele falou da minha mãe.. Deixando claro que agora eu sou totalmente sozinha e desamparada no mundo, totalmente refém do que ele quiser fazer comigo, inclusive me vender para um cliente qualquer. Ele lida com a minha vida como lida com a alta e baixa da bolsa de valores. Uma frieza insuperável, cruel, baixo, dissimulado, mal. Eu tinha pavor de tê-lo como pai, de conviver com ele naquele momento. E há meia hora atrás eu aqui, idiota, achando que ele estivesse com problemas, querendo abraça-lo. Isso enchia meu coração de raiva, mágoa. Como eu ainda conseguia amá-lo? Olha o que ele tá fazendo comigo. Ele vai me colocar uma etiqueta e me vender, para esse cliente, para talvez outros que virão.. Até onde isso vai parar? Eu preciso fugir, preciso fugir..

Abraçava meu corpo e chorava, implorando para minha mãe, de onde ela estivesse olhasse por mim e me levasse com ela. Eu só queria estar com ela, só queria ela. Eu não aguentava mais..

~

Bom, gente! Agora vocês já estão começando a se inteirar de todo o passado da Anahi, terão ainda mais alguns capítulos nessa primeira fase, nos próximos onde todo os grandes traumas da vida da Anahi começam a acontecer. Eu fiquei com receio de escrever essa primeira fase tão detalhada porque sim, é só desgraça esse passado dela, hahahaha.. mas o fiz para que vocês entendessem por completo a Anahi do futuro - em seus medos e reações -. A Anahi de 17 anos é ingênua, carente de afeto e sonhadora demais. A primeira pessoa que lhe ofereceu a palavra "amor", ela se agarrou, sem usar a razão para distinguir o que era reciproco e o que era apenas uma mentira. É óbvio que ela está agindo de forma errada, é óbvio que a atitude do Rodrigo com ela é a mais baixa possível, porém, quantas vezes vemos isso acontecer por ai? É bem mais comum do que se imagina..

Pois bem, em suma, é isso. Confiem em mim, ok? Essa primeira fase é dura de se lê mas necessária para a fase dois. E sobre quem pergunta sobre o Poncho, hahahahahaha... Aguardem!

Me contem tudo!

Continue Reading

You'll Also Like

1.3M 139K 172
Paola. Personalidade forte, instinto feroz e um olhar devastador. Dona de um belo sorriso e uma boa lábia. Forte, intocável e verdadeiramente sensata...
17.3K 1.7K 26
Maiara será a nova secretária de marilia e sem querer marilia se apaixonar por Maiara,será um romance com muito ciúmes E brigar talvez Essa primei...
12.1K 869 30
Não se pode ter tudo na vida, e era sobre isso que refletia naquele momento. Mas era exatamente isso o que desejava. A ambição era inimiga da perfeiç...
375K 30.5K 49
Jenny Miller uma garota reservada e tímida devido às frequentes mudanças que enfrenta com seu querido pai. Mas ao ingressar para uma nova universidad...