Amsterdam [PT-BR] ▬ Versão Wa...

By SofiaLoveWolf

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➤ Num mundo ficcional onde a bela cidade de Amsterdam não é tão perfeita assim, se passa a mais conflituosa h... More

Recadinho ♥
Ⓔ01 Ⓒ01 ✖ BREE & ALFY
Ⓔ01 Ⓒ02 ✖ ANDRIES
Ⓔ01 Ⓒ03 ✖ CLARA & ELISE
Ⓔ01 Ⓒ04 ✖ KYLER
Ⓔ01 Ⓒ05 ✖ STOKER & KAT
Ⓔ02 Ⓒ01 ✖ CLARA & KAPPEL
Ⓔ02 Ⓒ02 ✖ KYLER
Ⓔ02 Ⓒ03 ✖ LEONA
Ⓔ02 Ⓒ04 ✖ KATHERINA
Ⓔ02 Ⓒ05 ✖ ELISE & ALF
Ⓔ03 Ⓒ01 ✖ BREE ▬ Parte 1
Ⓔ03 Ⓒ02 ✖ KYLER & KAT
Ⓔ03 Ⓒ03 ✖ LEONA vs KAPPEL
Ⓔ03 Ⓒ04 ✖ STOKER
Ⓔ03 Ⓒ05 ✖ ANDRIES
Ⓔ03 ⒸEXTRA ✖ BREE ▬ Parte II
Ⓔ04 Ⓒ02 ✖ ALF & BREE
Ⓔ04 Ⓒ03 ✖ KAT e STOKER
Ⓔ04 Ⓒ04 ✖ LEONA vs BECKERS
Ⓔ04 Ⓒ05 ✖ ELISE vs LEONA
Ⓔ05 Ⓒ01 ✖ KYLER ft ELISE
Ⓔ05 Ⓒ02 ✖ BREE
Ⓔ05 Ⓒ03 ✖ ANDRIES ft DANÏEL
Ⓔ05 Ⓒ04 ✖ CLARA vs ELISE & LEONA
Ⓔ05 Ⓒ05 ✖ KYLER
ⒺFINALE Ⓒ Parte 1
ⒺFINALE Ⓒ Parte 2
ⒺFINALE Ⓒ Parte 3
ⒺFINALE Ⓒ Parte 4
ⒺFINALE Ⓒ Parte 5
ⒺFINALE Ⓒ EPÍLOGO
ENTREVISTA: Conhecendo os personagens

Ⓔ04 Ⓒ01 ✖ CLARA

35 9 3
By SofiaLoveWolf

Clara adentrou a mansão num rompante, como se fosse a personificação de um furacão.

Sua expressão desestabilizada preocupou Kappel. O Investigador correu ao encontro dela, após a ver subir velozmente a escadaria curva, indo em direção ao seu quarto.

— Clara! — Frederik a chamou mais uma vez, espalmando a mão na porta amadeirada branca, antes que a mulher perturbada a pudesse fechar. — Fala comigo. O que aconteceu?

— Stoker. Ele veio atrás de mim... — Ela murmurou com a voz trêmula.

— Ele fez alguma coisa? — Ele interrogou preocupado, a segurando delicadamente pelos ombros enquanto a analisava com o olhar perscrutador.

— Não, não. Tentou me ludibriar com suas historinhas e eu não caí. Mas... — Clara estava visivelmente transtornada, seu olhar vagava sem ter um ponto fixo e suas mãos trêmulas seguravam sua cabeça, como se a mesma fosse despencar.

— Mas? — Ele insistiu que ela continuasse.

— Eu acho que ele desconfia que Bree é filha dele. Ele a viu, ele ouviu ela me chamar de mãe! — Sua voz vacilava com suas conjeturas e temores e lágrimas ameaçavam descer pelo seu rosto.

— Se acalme, você está muito nervosa. — Kappel envolveu seu braço em torno dos ombros de Clara, a conduzindo até a cama pra sentar. — Você sabia que mais cedo ou mais tarde iria encontrá-lo. — Ele se ajoelhou na frente dela, segurando as suas mãos e falando num tom de voz brando.

— Sim, mas não com minha filha! Eu não quero que ela o conheça. Eu não quero que eles se relacionem — Clara respondeu não contendo mais as emoções e deixando que um rio de lágrimas descessem pelo seu rosto e molhassem sua camisa branca.

— Mãe? — Leona surgiu na porta do quarto, olhando Clara chorar após ter escutado toda a conversa e achar por bem intervir naquele momento.

— Bree! — Clara se ergueu num rompante, encurtando o espaço existente entre elas e puxou a jovem para um abraço maternal. — Me perdoe, eu devo ter assustado você com o meu surto repentino. Me perdoe. — Ela implorou, beijando o topo da cabeça da garota, que tentava arrumar um jeito de se desenvencilhar do abraço apertado da mulher, sem parecer fria ou cruel, ainda que fosse exatamente isso que quisesse.

— Eu prometi a você que não iria tentar saber quem é meu pai biológico. — Ela começou, colocando suas mãos nos braços de Clara e a empurrando de leve para a olhar. — Infelizmente agora eu sei, mas se isso te faz tão mal, eu não vou permitir que ele se aproxime de mim ou que tente ter algum tipo de relação comigo. Eu prometo — Leona mentiu. Agora que sabia quem era o pai de Bree, ela tinha interesse em saber quem ele realmente era e porque Clara tinha tanto medo dele.

— Você não sabe o quão tranquila isso me deixa, Brigitte. Ele é um monstro, isso eu lhe garanto, mas ele sabe ludibriar muito bem as pessoas a crer que ele é outra pessoa. Ele fez isso comigo. Eu conheço aquele canalha! — Clara acusava ressentida e colérica.

— Brigitte, você se importaria de pedir para alguma empregada preparar um chá calmante para Clara? — Frederik pediu gentilmente e a jovem assentiu, ainda que internamente contrariada e com vontade de mandar ir ele buscar.

— Claro, mas... aquelas pessoas lá em baixo, o que faço com eles? — Ela questionou, depois de hesitar ir embora, ao lembrar das visitas.

— Quem está aí? — Clara questionou surpresa e preocupada que desconhecidos a tivessem visto chegar naquele estado.

— O rapaz de ontem à noite — Kappel indicou.

— Ele veio? — Clara questionou atônita.

— Sim, mas eu posso mandá-lo voltar depois — sugeriu, se colocando de pé já pronto para executar essa tarefa.

— Não. Eu só preciso me acalmar e vou já falar com ele. — Mulder inspirou profundamente, enxugando as lágrimas do seu rosto e olhando para Bree que ainda estava parada na porta do quarto. Quando percebeu que tinha sido notada, a garota saiu e desceu para fazer o que Kappel pedira. — Ela falou no plural, quem mais está aí? — Clara questionou hesitando na porta do banheiro e olhando por cima do ombro.

— Ele trouxe os irmãos.

— Viu, ele estava falando a verdade. — Ela sorriu, sentindo um novo ânimo tomar o seu íntimo.

— Sim, mas isso não significa que ele tenha boas intenções, Clara — contrariou, fechando a cara em seriedade.

— Confie em mim. Eu cuidarei desse assunto — apontou ela, acenando para o Investigador e entrando no banheiro da sua suíte para se recobrar.

Depois de jogar alguma água no rosto e respirar fundo uma quantidade excessiva de vezes, Clara juntou todas as suas forças e deixou para trás todo o assunto que a abalara aquela tarde, tornando a descer as escadas e indo ao encontro de Andries.

Seus olhos celeste caíram imediatamente nos dois serzinhos angelicais sentados ao lado do jovem rapaz, vestindo trapos velhos e esburacados que lhes davam aspecto de mendigos. Seu coração se apertou ao ver com os próprios olhos as dificuldades que aqueles irmãos passavam em tão tenra idade.

— Sra. Clara. — Andries se colocou imediatamente de pé quando notou a presença elegante da mulher.

— Mãe, aqui está o chá. — Leona surgiu com a xícara no momento exato para ouvir o que aqueles três indigentes estavam ali fazendo.

— Obrigada, minha querida. — Mulder sorriu acariciando a mão da filha. — Não se importaria de ir para o seu quarto? Preciso tratar de uns assuntos importantes com esse rapaz — pediu delicadamente, porém Leona estava relutante em partir e queria realmente responder que não, contudo Clara desviou a sua atenção para alguém atrás de Vossel. — Fredreik, podia levar as crianças para comer alguma coisa? — Kappel assentiu de imediato, estendendo as mãos para os gêmeos. Aletta e Bartholomeus hesitaram, todavia Andries sorriu para eles e consentiu para que os dois fossem, mesmo que levemente contrariados.

— Tudo bem. Se precisar de alguma coisa, é só me chamar. — Leona aceitou verbalmente o pedido de Clara e fingiu se retirar do recinto, se escondendo num canto discreto do hall da entrada e permanecendo à escuta da conversa que decorreria na sala de convívio.

— Você veio. — Clara sorriu singelamente.

— Eu já devolvi a maleta com os talheres de prata ao senhor Kappel. — Andries abaixou a cabeça envergonhado, sentindo um bolo nodoso crescer em sua garganta e uma mão apertar o seu peito.

— Se você o levou, foi porque realmente precisava, não é?

— Sim! Eu nunca fiz isso antes, mas... eu tenho 3 trabalhos... tinha, só que nem os três salários juntos estavam dando para todas as despesas, principalmente para a alimentação. Eu não aguentei passar mais uma noite sem ter o que dar de comer para os meus irmãos. Me perdoe. — Andries se justificava, sentindo que nada do que ele dissesse valeria para conseguir o perdão e a sua redenção pelo que fizera.

— Vocês são órfãos?

— Só de mãe. Nosso pai nos abandonou. — Ele respondeu, franzindo o cenho ao ter de lembrar do pai. Um ódio imensurável cresceu em seu peito, sabendo que mesmo existindo alguém vivo que pudesse cuidar dos três irmãos, era como se realmente não existisse.

— Também sou órfã de mãe. Nunca soube quem era meu pai e sempre vivi com uma tia que não se importava muito comigo. Nunca tive irmãos de sangue. Apenas ganhei uma irmã de consideração que a vida colocou no meu caminho. — Clara contou sua história em breves palavras, seu olhar perdido em lembranças e um sorriso saudoso brincando em seus lábios ao falar da amiga.

— Dona Elise? — Andries indagou, lembrando da mulher de cabelos negros e olhar intenso.

— Você a conhece? — Clara questionou confusa e espantada.

— Eu trabalhei aqui no dia das mudanças. Foi assim que eu soube que poderia entrar sem disparar os alarmes, pois eles ainda não tinham sido ativados. Quando vim, eu achei que não estaria ninguém em casa pois tinha escutado Dona Elise falar para o meu chefe que teria de sair de noite — Becker contou, mas se deteve quando percebeu que poderia soar de maneira suspeita. — Eu sei que acabei de soar como um ladrão, mas eu não arquitetei tudo. Eu vim trabalhar porque eu precisava do dinheiro, mas o chefe de equipe não queria me liberar para ir buscar meus irmãos na escolinha e eu acabei perdendo todo o dinheiro de um dia inteiro de trabalho. Fiquei desesperado e lembrei do que Dona Elise dissera e agi completamente por impulso e desespero — justificou desesperado, sua voz hesitante e estridente e seu corpo jogado para a frente com os braços erguidos em direção a Clara, como se clamasse por crédito e redenção.

— Eu não pensei que você agiu como um ladrão, eu só pensei que você é esperto. — Clara o acalmou, segurando suas mãos e as acarinhando. — Tem estudos?

— Tenho sim. — Ele respondeu, tendo sido pego de surpresa pela mudança repentina de assunto e o súbito interesse da mulher na vida dele. — Tive de largar antes de terminar o secundário, mas sempre fui estudioso. Meu sonho era ser médico — acrescentou com um sorriso sonhador.

— É mesmo? Isso é um grande sonho!

— Eu sei. Grande e impossível... — Seu sorriso sonhador esmoreceu se tornando triste e destroçado.

— Nada é impossível. Eu achava que era impossível reencontrar a minha filha e aqui está ela. Tive que abandoná-la quando nasceu porque eu vivia uma vida perigosa em fuga... uma história longa. — Sorriu, esfregando as mãos nas pernas por nervosismo das lembranças dolorosas. — Mas agora, dezesseis anos depois, ela está de volta a mim — indicou com uma expressão de puro êxtase.

— Eu não quero nem imaginar a dor que passou longe de sua filha — murmurou complacente. — Eu não sei como conseguiria viver longe dos meus irmãos. Só que agora... — Andries hesitou, baixando o rosto para esconder as lágrimas que inundaram seus olhos ao pensar no futuro dos gêmeos e no seu.

— Agora o quê? — Clara questionou de cenho franzido, inquietada.

— Eu... eu não queria fazer isso, mas eu preciso... para o bem deles — Andries falava palavras confusas e desconexas, como se conversasse consigo próprio, com a sua consciência e suas ideias.

— Andries, pode falar à vontade. E me peça o que quiser, sem receios — Clara orientou docemente, acariciando as costas do jovem numa tentativa de passar conforto e carinho.

— Nós fomos expulsos do apartamento que vivíamos esta manhã. Tal como eu disse ao senhor Kappel, eu não me importo de morar na rua, mas os meus irmãos... eu não suportaria vê-los sofrendo mais do que sofrem. E eu também não queria que eles fossem acolhidos pelos Orfanatos porque sempre ouvi coisas horríveis daqueles lugares e tenho medo que os separem e eu nunca mais os veja. Então eu pensei... eu queria pedir, implorar se for preciso, se vocês poderiam ficar com eles por um tempo. Só até eu conseguir juntar o dinheiro que preciso. Se precisarem eu também farei serviços aqui de graça para sustentar a estadia deles. Faço o que for preciso!

O desespero na voz e nas palavras do jovem rapaz afligiam Clara de um modo que só o silêncio dele a acalmaria. Clara o abraçou assim que ele rompeu em lágrimas e se colocou de joelhos na frente dela, juntando as mãos em prece como se orasse para alguma entidade ou divindade, personificada por Clara.

Ela era a única opção e salvação para que os gêmeos não caíssem em desgraça e Andries não sabia mais do que seria capaz para tirar os irmãos da miséria e dar a eles tudo o que eles precisassem para estarem em segurança e felizes.

— Andries, eu tenho uma contraproposta — Clara murmurou, erguendo o rosto do rapaz pelo queixo. — Você trabalha para mim, eu dou a você e a seus irmãos um teto para morar, comida, roupa nova e lavada, você junta o dinheiro que ganhar aqui e termina seus estudos. Quando tiver dinheiro suficiente, ingressa na faculdade, cursa medicina, arruma um emprego bom, uma casa boa e vai viver a sua vida com seus irmãos. Mas até lá, você continua morando aqui com eles e trabalhando para mim. O que você acha?

O rosto de Andries se transfigurou em puro assombramento. Aquelas palavras pareciam ser impossíveis de se ouvirem e ele julgava seriamente que estava delirando. Ele culpava a fome que estava sentindo, ou talvez fosse o cansaço ou realmente estivesse ficando louco, mas o olhar maternal de Clara fazia tudo o que ele ouvira se tornar real.

— Não. Isso é demais para eu aceitar. — Sua cabeça abanava em negativa, enquanto ele se levantava e se afastava incrédulo que realmente aquela mulher rica e elegante lhe fizera aquela proposta irrecusável. Então porque ele recusara? Seria o seu orgulho, incredulidade na oferta ou somente vergonha?

— Aceite! Eu estou lhe dando essa oportunidade, a oportunidade que eu gostaria de ter tido quando eu era pobre. Todo o dinheiro que eu tenho agora eu o ganhei com o meu corpo. Eu fui prostituta de luxo; eu e Elise, mas juntamos o dinheiro necessário para abrirmos nosso próprio prostíbulo e ele rendeu tanto que temos inúmeras filiais. Sim, é chocante e vergonhoso eu ser uma cafetina, mas foi o que eu precisei fazer para sobreviver. E eu não quero que você tenha que passar por isso. Não se eu puder evitar! — Clara discursou entusiasticamente, revelando seus segredos na tentativa de fazer Andries ver que suas intenções eram boas.

— Não é vergonhoso. Você foi uma guerreira. Eu não sei se seria tão forte quanto você foi — Andries contestou, se sentindo impressionado pela história da mulher à sua frente e realmente sentindo que sua vida poderia mudar, sem contras. — Obrigada por essa oportunidade.

— Então você aceita? — Clara inquiriu, contendo a animação num sorriso travado.

— Eu aceito — respondeu-lhe num suspiro, sentindo um peso enorme sair de dentro de si, como se tivesse acabado de exorcizar um demônio.

Clara comemorou entusiasmada, o puxando para um abraço apertado e carinhoso e Andries não conseguiu mais conter a emoção, deixando que tudo o que estava preso dentro de si rolasse em forma de lágrimas grossas de tristeza e felicidade.

Ainda no hall, Leona conteve na garganta um grito de fúria e frustração, correndo até seu quarto para descontar sua raiva por ter de dividir a mansão e o dinheiro de Clara com três mendigos indigente e oportunistas.

A jovem se conteve para não fazer barulho com seus gritos ou objetos que eventualmente ela tivesse vontade de tacar contra a parede e quebrar, então fez o necessário para descontar a sua raiva silenciosamente, gritando contra o colchão para abafar o som e rasgando as almofadas com fúria, imaginando que estava desmembrando cada um dos três irmãos que Clara acabara de acolher.

— Isso não vai ficar assim. Eu vou eliminar vocês. Um por um!

Os dias se passaram repletos de harmonia e alegria na mansão e Clara se sentia mais completa emocionalmente, tendo sua filha, um homem com quem estava começando a desenvolver sentimentos fortes, duas crianças alegres e um rapaz promissor que ela pudera mudar a vida para melhor.

Roupas novas tinham sido compradas para os três irmãos, ainda que em contrariedade de Andries, que sentia que estava sendo paparicado demais e trabalhando de menos para merecer aquilo ou para sequer pagar de volta pelas roupas. Como sempre Clara oferecia tudo em forma de presentes, como todos os outros milhões de brinquedos que mandara Kappel comprar para os gêmeos.

Aletta e Bartholomeu se sentiam no paraíso, na casa dos sonhos, comendo coisas que pareciam ser feitas por deuses, dormindo em camas macias como nuvens, vestindo roupas lindas e confortáveis e sendo amados por todos na casa.

Menos Leona.

A garota se isolava em seu quarto, evitando interagir com os Becker e quando Clara perguntava o que se passava a jovem inventava que se sentia doente ou cansada ou estava estudando. Sempre havia uma desculpa para evitar interagir ao máximo com os "irmãos adotivos", como Clara insistia em chamá-los.

Depois do pequeno e infeliz encontro com Stoker, Clara decretara imperativamente que nem ela nem Bree saíssem de casa, na tentativa que Stoker esquecesse delas e não as procurasse, ou evitasse ao máximo voltarem a trombar com ele.

Elise havia viajado sem sequer avisar, mas Clara já estava acostumada com esses sumiços repentinos da melhor amiga. Por mais que por vezes se questionasse o que Elise tanto fazia às escondidas, Clara não queria colocar Braisser contra a parede, pois sentia que não iria gostar do que ela tivesse para lhe dizer.

Apesar de já saber do retorno de Bree, Elise ainda não ficara sabendo dos novos hóspedes na mansão, então quando ela retornou a casa naquela noite e encontrou aquele monte de crianças, sua surpresa foi tamanha e a levou a se questionar se havia entrado na casa errada.

— Isso virou uma creche? — A morena questionou com sarcasmo, olhando Clara inquisidora assim que a amiga entrou no seu campo de visão como afirmação de que não tinha entrado no sítio errado.

— Vamos jantar. Te explico tudo depois. — Mulder a cumprimentou com um abraço rápido, guiando todos até a sala de refeições.

— Então, decidiu ser a Angelina Jolie holandesa? — Elise alfinetou, sentando do lado direito de Clara, que cabeceava a mesa de jantar.

— Não seja assim, Lis. Pelo menos agora temos a casa cheia e com certeza mais alegre — Clara respondeu amável, sorrindo.

— E pensar que meus planos de formar uma família foram antecipados, han — brincou, revirando os olhos e observou cada um dos novos membros, parando para analisar mais atentamente Leona. — Você deve ser Brigitte. Não imagina o quão feliz estou em reencontrar você. Você era a bebê mais linda que vi em toda a minha vida. Olhos enormes que nem faróis, tão azuis quanto os de sua mãe. E os cabelos loiros como ouro... Eles escureceram bastante, não é? Você pinta? — Leona engoliu em seco com a descrição de Elise e sorriu nervosa.

— É, eu pintei uma vez e ele nunca mais clareou — Leona mentiu. — Ainda bem, porque assim me sinto mais parecida com minha mãe — completou sorrindo para Clara, que devolveu o sorriso com orgulho.

Antes que a conversa pudesse continuar e Leona fosse desmascarada, os empregados entraram com a comida, servindo a todos. Porém Kappel ficou pensativo sobre o que Elise dissera, reafirmando suas suspeitas.

O jantar transcorreu tranquilo e alegre, apesar dos olhares delongados de Kappel sobre Leona, que tentava fingir não notar. Contudo ela se sentia cada vez mais acuada.

Para distrair Kappel ela tentava ser amável com Aletta, que estava sentada do seu lado, e puxava conversa com Elise, que sentava do seu outro lado.

Assim que o jantar terminou, Clara pediu licença e se ergueu da mesa, acenando para Elise como indicativo para a amiga a seguir.

As duas se retiram para o escritório e se trancaram no mesmo. Elise se sentiu levemente perturbada e preocupada pelo que Clara tivesse para lhe dizer, mas permaneceu calada na espera.

Mulder caminhou até uma das paredes do escritório onde havia um quadro delicado e de tons alegres e primaveris. O retirou do suporte, que revelou atrás da moldura um cofre. Após digitar os números secretos, a porta foi aberta e do interior foi retirado uma pasta cor creme.

— Eu estava pensando em fazer isso há algum tempo, mas estava apenas esperando o momento certo. Felizmente o momento chegou mais rápido do que eu esperava e é por isso que estou te entregando em mãos a presidência de todas as filiais do Paradise Desire — Clara discursou misteriosamente, para nervosismo de Elise, que repentinamente foi tomada por choque e animação ao ouvir as intenções de Clara. — Obviamente eu ainda serei a sócia maioritária, parte dos lucros ainda serão redirecionados para as minhas contas, porém não deterei mais direitos presidenciais dentro da empresa. Todas as decisões caberão somente a você — Mulder decretou, estendendo a pasta na direção de Elise, que sentiu o ar sumir de seus pulmões.

— Clara...

— Entrego a você o título de Madame, Elise. Madame Avalon morreu, bem como Lady Sasha. Agora será só e apenas Madame Sasha.

— Eu não acredito! Muito obrigada, você sabe o quanto isso significa para mim — Elise comemorou entre risadas alegres, pulinhos dançantes e abraços descomedidos à melhor amiga.

— Eu sei. Você a pessoa certa para quem eu quero entregar meus negócios.

— Isso merece a abertura de um champanhe — Braisser indicou festivamente, saindo do escritório com a pasta em mãos, indo em busca de um empregado.

Enquanto isso, os Beckers e Frederik foram para a sala assistir um pouco de televisão, enquanto Leona retornou ao seu quarto, pensando num jeito de desviar as atenções do Investigador sobre si.

O celular de Kappel tocou no entretanto e quando ele viu o número que apareceu na tela, o Investigador se retirou da sala até o exterior da casa, parando em frente à piscina iluminada na noite escura e fria, para atender a ligação. Do outro lado da linha estava a resposta que ele tanto esperava há dias e após recebê-la, ele não conseguiu mais se conter em colocar a falsa Brigitte contra a parede.

Imediatamente retornou ao interior da casa e subiu as escadas até o quarto da garota, entrando sem sequer bater, o que tomou Leona em sobressalto.

— O que você está fazendo aqui? — Ela questionou num tom ultrajado.

— Brigitte Haumman. Ou seria Leonnore Vossel? — Ele a chamou, fechando a porta do quarto e se aproximando sorrateiramente dela.

— O que... o que você está falando? — Ela questionou tentando manter a farsa por mais tempo, recuando seus passos até seu corpo bater contra o armário de roupa atrás de si.

— Você achou mesmo que iria conseguir manter essa farsa por muito tempo? Pode até ter iludido Clara, mas não a mim. Você não tem mais como mentir, Leonnore Vossel, eu tenho provas de que você não é quem diz ser e eu acho bom você ir falar agora mesmo a verdade para Clara — Kappel ordenou, mantendo a sua voz num tom baixo e calmo, querendo dar uma oportunidade para a jovem de se confessar sem que tivesse de ser ele a partir o coração de Clara.

— Você acha mesmo que eu vou deixar você colocar tudo a perder? Eu sabia que mais cedo ou mais tarde você ia descobrir a verdade sobre mim, mas eu não vou deixar que ela descubra. — Leona largou sua máscara e revelou sua verdadeira identidade calculista, exibindo um olhar gelado e um sorriso sarcástico.

— Se você acha que vai se safar dessa, você está muito enganada, garota — Kappel esclareceu, a segurando por um braço para a levar até Clara e a obrigar a confessar.

— Me solta! MAMÃE, SOCORRO! — Leona começou gritando, rasgando suas roupas e despenteando o seu cabelo.

Kappel solta o braço dela, a encarando assombrando com o surto que a garota estava tendo. No entanto, quando Clara entra no quarto, a visão que ela teve deu a entender uma situação completamente contraditória e errada à que realmente estava acontecendo.

— O que está se passando aqui? — Clara elevou o tom de voz, correndo até Bree e a ajudando a se erguer do chão. Olhou suas roupas rasgadas e os machucados em seu braço em sobressalto e encarou Fred inquisitiva.

— Essa garota é maluca — Kappel acusou perplexo.

— Mamãe — Leona choramingou, se aninhando nos braços de Clara e fungando como se realmente estivesse chorando.

— Ela não é sua mãe! — Kappel gritou irritado com toda aquela situação ridícula.

— Mãe, ele me agarrou! Ele diz que eu não sou sua filha. Ele tentou me bater e eu tentei me soltar — Leona mentia descaradamente, fungando e chorando lágrimas de crocodilo.

— Isso é verdade? — A mulher questionou visivelmente magoada, mas o olhar de Clara dizia que ela acreditava na garota. Sem os papéis comprovando o teste de DNA, ele não tinha como argumentar contra o teatro convincente da menina. O seu silêncio, foi como uma resposta para Clara e sem mais delongas, ela se ergueu e foi ao encontro de Kappel o empurrando para fora do quarto. — Eu quero você fora daqui! Fora!

— Clara...

— AGORA, ou eu juro que eu não respondo por mim Kappel. Você é um monstro! Como pôde fazer isso com ela? Como pôde fazer isso comigo? — Clara questionava com a voz embargada, empurrando Kappel com violência, que recuava sem debater muito.

— Você não está sendo racional. Eu espero que essa garota não consiga te cegar por muito tempo. Ela não é sua filha — comentou num tom contido, depois de ver Leona esboçar um sorriso maldoso, ocultado imediatamente pelas suas falsas lágrimas e fungos.

— SAIA DAQUI!

— Como queira. Depois virei buscar minhas coisas — Kappel respondeu irritado pela burrice de Clara e sua necessidade louca de se sentir emocionalmente completa e sanada.

Andries e Elise observavam a briga acontecer no topo das escadas, vendo Kappel descer apressado, pegar sua jaqueta preta e as chaves da sua moto. Ele saiu pela porta com raiva como desfecho daquela cena, enquanto Clara deslizava na grade da escadaria e chorava desacreditada e desiludida com o que acabara de acontecer.

Em seu quarto, Leona sorria vitoriosa, contendo a vontade de gargalhar com o que acabara de acontecer e suspirando de alívio por ter se safado.

— Menos um.

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