Faz de conta que é Amor / AMA...

By rafaporttoautora

675K 50.6K 5.3K

Ela não tem mais seu namorado perfeito, não tem mais a amiga em quem confia, e sem o apoio dos pais ela só te... More

Nota da autora
---SINOPSE---
---BOOK TRAILER---
P R Ó L O G O - Amanda
Apenas uma carta de Adeus...
CAPÍTULO 2 - Amanda
CAPÍTULO 3 - Amanda
CAPÍTULO 4 - Amanda
CAPÍTULO 5 - Amanda
CAPÍTULO 6 - Amanda
CAPÍTULO 7 - Cadu
CAPÍTULO 8 - Amanda
CAPÍTULO 9 - Amanda
CAPÍTULO 10 - Amanda
CAPÍTULO 11 - Cadu
CAPÍTULO 12 - Amanda
CAPÍTULO 13 - Amanda
CAPÍTULO 14 - Cadu
CAPÍTULO 15 - Amanda
CAPÍTULO 16 - Amanda
CAPÍTULO 17 - Amanda
CAPÍTULO 18 - Amanda
CAPÍTULO 19 - Amanda
CAPÍTULO 20 - Amanda
CAPÍTULO 21 - Amanda
CAPÍTULO 22 - Amanda
CAPÍTULO 23 - Amanda
CAPÍTULO 24 - Amanda
CAPÍTULO 25 - Amanda
CAPÍTULO 26 - Amanda
CAPÍTULO 27 - Amanda
CAPÍTULO 28 - Amanda
CAPÍTULO 29 - Cadu
CAPÍTULO 30 - Amanda
CAPÍTULO 31 - Amanda
CAPÍTULO 32 - Amanda
EPÍLOGO
SÉRIE ESCOLHAS
Capítulo 35 --- MAND ----
CAPA OFICIAL
EBOOK GRATIS 24 E 25 OUTUBRO
PRÉ VENDA LIVRO FÍSICO

CAPÍTULO 1 - Amanda

18.7K 1.4K 174
By rafaporttoautora

DEGUSTAÇÃO

********************************************************




Eu sempre acreditei em destino! Sempre! Com toda a mais absoluta certeza do mundo.

Desde os meus 14 anos eu acreditei que os caminhos de cada um estão traçados para se encontrar com sua alma gêmea. E sim, eu realmente acreditava em almas gêmeas. Aquela pessoa por quem o universo conspirava a seu favor. Aquela pessoa que você está destinada a encontrar e que, quando encontrasse, iria entender o porquê de todas as coisas. Eu achava que quando você e a "tal" pessoa se encontrassem vocês sentiriam a ligação imediatamente, como uma conexão entre seus corpos e o coração. E nesse momento, seus destinos estariam para sempre traçados juntos.

Afinal, eu sempre fui uma pessoa desiludida da vida. Que tinha uma família perfeita. Um namorado perfeito. Amigos perfeitos. E ainda estava cursando faculdade de jornalismo, tudo o que eu sempre sonhei na minha vida: ter sucesso, gostar do que faço e construir uma família. Eu tinha tudo o que uma garota poderia querer. Mas o universo me provou com clareza, que me odeia com todas as forças.

Bem, digamos que minha vida não é muito com a minha cara, por isso eu penso dessa maneira. Parece até que eu estou em um teste onde falaram: "Vai lá, ferra a vida dessa garota para ver até onde ela pode aguentar!". E então, quando o imbecil do Edu terminou comigo, a minha vida foi para o ralo! Literalmente!

E por causa desses acontecimentos imprevisíveis, mas completamente ligados à "minha vida", eu vi que não existe destino, não existe alma gêmea... E se por acaso você também acreditar em destino e em caminhos cruzados... Por favor, mude de ideia.

Sabe por que?

Porque não existe isso de "O que tiver que acontecer, acontecerá". Eu aprendi isso da pior forma. O que acontece em nossas vidas não é pelo acaso do destino e sim pelas nossas próprias atitudes! Você quer que algo aconteça? Então erga a cabeça e lute por isso! Nada virá até você enquanto não der o primeiro passo!

Mas, cá entre nós. Destino é mesmo real somente no sentido de nos fazer surpresas inesperadas! Aqueles momentos onde não sabemos o que irá acontecer, e BOOM, o destino aparece trazendo surpresas, às vezes boas, outras ruins. E se você não acredita nisso, espera só para ver. Quem nasce para ser azarada no amor, sempre sofrerá desilusões. Tipo, eu.

Ainda me lembro de como foi para os meus pais, eles ficaram chocados com o que eu falei após o término com Edu. Mas logo perdoaram, diziam que ambos iríamos encontrar alguém que fosse a pessoa certa. Ocultei a parte da traição, o que fez com que eles achassem que um dia voltaríamos e que nada foi grave assim. E ficaram ao lado dele também dando apoio, eles tentaram não demonstrar isso, mas mamãe logo o tratou como filho de novo. E essa foi à gota d'água para mim.

Saí de casa sem nem me preocupar com as consequências que é viver sozinha.

E então é isso, me mudei para São Paulo na primeira oportunidade que tive de fazer estágio em uma grande empresa. Deixei Belo Horizonte com todas as minhas dores para trás. E com muita luta e procura, consegui encontrar um apartamento pequeno para alugar.

Em menos de um ano a empresa me contratou e eu pude enfim ficar, cobrir as matérias e dar entrevistas. A minha parte no jornal Revelações é voltado para cultura. Todos os acontecimentos culturais que estão acontecendo, eu tenho que escrever. Amo isso.

E logo consegui comprar uma cama e parar de dormir com o colchão no chão. E aos poucos, eu fui mobilhando meu apartamento pequeno. E fazendo se tornar um lar, ou pelo menos, um lugar aconchegante.

É claro que eu vi meus pais poucas vezes nesses longos cinco anos. Mas por eles e por mim está tudo bem. Minha irmã, Gabriela, mora aqui em São Paulo também, então a vejo sempre. Converso com minha mãe e meu pai por vídeo chamada quase todas as noites.

Hoje aqui no jornal está sendo muito cansativo. O Fábio, o dono do jornal, está aqui nos vigiando, ele se senta perto da minha mesa, e o ouço brigar com alguém no telefone. Aliás, o Fábio brigar ao telefone é algo que todos estamos acostumados a ver.

— Não vai deixar a água entornar, Mand. — Gi diz rindo e eu solto o botão de água gelada fecho minha garrafinha. — Que coisa feia espiar a conversa dos outros! — sussurra.

Gisele.

A pessoa mais louca e sensível que eu conheço. Nos tornamos amigas quando eu vim para São Paulo realizar o estágio aqui no jornal. E quando finalmente consegui minha vaga aqui na Revelações, desabafei com ela quando ficamos bêbadas nas festinhas do jornal. Contei toda a decepção com o idiota do Eduardo. E desde aquele dia não nos desgrudamos mais.

Ela é mais baixa que eu, seus cabelos são o que sempre me encantou. Ela tem os cabelos pouco abaixo dos ombros, em um tom ruivo avermelhado, e sempre faz alguns cachos soltos antes de vir trabalhar. Ela é jornalista criminalista, e na primeira vez que a vi, usando uma saia lápis chiquérrima, com uma blusa formal, e segurando um copo de café, pensei até que fosse a dona do jornal. Mas depois vi que ela gosta de andar sempre produzida.

— Eu não estou espiando. — digo e ela me olha com as sobrancelhas erguidas. — Eu estou olhando na maior cara de pau mesmo.

— Ai, meu Deus, que danadinha! — ela coloca água na sua garrafinha, e então olha para mim assustada. — Ele está vindo para cá, vamos despistar.

Esperamos quietas, e eu finjo que estou lendo a nova matéria que até havia decorado de tanto que gostei! Feita por mim, aliás. A área da cultura sempre foi o que mais me agradou. Vai ver por isso eu sou tão ligada. Gisele um dia me disse que pareço a pilha da Duracell. Quando todos já se cansam, eu ainda estou na metade do meu pique de trabalho.

— Bom dia, senhoritas! — Fábio nos cumprimenta. — Gisele, querida... Onde está o Arthur?

— Quem? O idiota redator chefe? — ela revira os olhos e Fábio sorri.

— Dá para vocês pararem logo com isso?

— Hum... Pensando bem essa pergunta é pior do que a primeira. Ele deve estar na sala né, Fábio?! Não virei sua assistênte pessoal, e no dia que ele me colocar em tal cargo. Peço demissão. — ela sussurra.

Fábio dá uma gargalhada e eu reviro os olhos com a ousadia da Gi. Vai dizer isso justo para o dono da revista?!

O celular de Fábio toca e ele solta um suspiro. E o atende rapidamente.

— Eu já disse não, Carlos! — posso ouvir alguns gritos do outro lado da linha. — PORRA, É NÃO!

Fico em choque com o palavrão de Fábio e ele desliga o celular, segue direto para a sala do Arthur.

Coitado, vai ter que ouvir algumas!

Gisele se vira novamente para mim rindo, e eu coloco o jornal debaixo do braço. Dou um pulo quando Fábio entra na sala, e puxa a porta com tanta força que eu tenho certeza que sacode o prédio inteiro.

— Ele está puto hoje. — comento.

— Carlos sempre o deixa assim. — Gisele revira os olhos.

— Quem é Carlos? — olho para ela confusa.

— O filho dele. — ela franze a testa. — Nunca ouviu falar do Carlos?

— Não sabia que ele tinha filho.

— Ah tem sim, o tal do primo do idiota, irresponsável e troglodita do Arthur. — ela se senta na sua mesa, e liga o notebook. Nunca vi tanta raiva entre a Gi e o Tu. — O único filho dele. — ela continua. — E dá o maior trabalho, tipo, ele vai na empresa, lá na cede em BH quando quer, mas faz tudo o que o pai manda. Porém, apronta tanto que o Fábio acaba descobrindo... O que gera isso, muitas brigas e gritaria pelo celular. — ela se aproxima sorrindo e sussurra. — E muita dor de ouvido para a gente!

— Tá ai um dos motivos para eu esfregar na cara dos meus pais a filha perfeita que eu sou.

Gisele começa a rir, duvidando de mim e então aponta para o estagiário novo que começou a trabalhar com a gente.

— Gatinho, né? — ela sussurra.

— Não sabia que estava de olho nele! — digo rindo.

— Estou falando para você.

— Deus me livre! Homens são uma raça que eu quero distância até o ultimo dia da minha vida!

— Tá brincando, né? — ela me olha assustada.

— Resolvi ficar solteirona, e ser a titia legal dos filhos da Gabi!

— Ah tá, tia legal... Que triste!

— Vou ser feliz.

— Não vai nada!

— Nada presta nessa vida. — murmuro.

— Amanda! O mundo não vai parar só porque sua vida é uma desgraça!

— Nossa, obrigada por me lembrar, estraga prazeres!

— Na boa! — ela cruza as pernas e começa a rir. — Você tem que superar o imbecíl do Eduardo!

Eduardo. Ah, que raiva! Só de ouvir o nome dele eu já fico atenta, e enfezada.

— Eu já superei! Há muitos anos, aliás, no momento em que ele se fez de idiota, ele já era para mim.

— Ah, não brinca!

Odeio quando ela e Mariana são sarcásticas. Mas tento entender que é uma preocupação de amigas, por isso, e apenas por isso, perdoo muitas coisas.

— Eu vou embora porque é a melhor coisa que eu faço!

— Sorte sua! Tenho que trabalhar até mais tarde, acho que não vou conseguir acabar essa matéria a tempo.

— Boa sorte! — dou um beijo no seu rosto, e vou correndo pegar minha bolsa e ir logo embora para casa. — Se o Arthur sair vivo da sala, fala para ele passar na minha casa.

— Amor, te garanto que se ele sair, a última pessoa com quem eu falarei será ele. — ela reflete um pouco no que disse e olha para mim. — E vice versa... Então, mande você mesma uma mensagem, ou sei lá... Sinal de fumaça? Quem sabe o lado do homem caverna dele vem a tona e ele não aceita suas origens?!

Meu queixo está no chão.

— Tá legal, eu sei que odeia o Arthur, mas também não é para tanto! — começo a rir.

— Ah, é para tanto sim!

— O que houve para vocês se odiarem tanto?

— Você já fez essa pergunta durante os cinco anos que nos conhecemos, sabe muito bem a resposta.

— Ele é um idiota por natureza, Mand... — imito sua voz. — E o motivo porque eu o odeio com todas as minhas forças, está trancado a 14 chaves, porque 7 chaves é fácil demais para abrir um segredo tão profundo! — sorrio.

Ela me olha orgulhosa e bate palmas.

— Obrigada, poupou minha explicação.

— Ah, eu desisto! — me rendo. — Mas um dia vou descobrir.

— Vai para casa que é a melhor coisa que você pode fazer! — ela diz.

Beijo seu rosto e finalmente vou para o meu apartamento, tentar descansar e relaxar meus pés inchados de mais um dia exaustivo no trabalho.

Às vezes a vida é tão chata que dói. Às vezes eu fico pensando que minha vida daria um belo filme. Mas minha rotina é a pior coisa que alguém cogitária assistir. Aliás, minha vida é mesmo uma maravilha, mas somente até os meus 20 anos.

Eu sinto falta, claro. Muita falta!

Às vezes tudo o que eu quero é que o tempo volte atrás. Quero que meus pais sintam orgulho de mim. Queria ver a Mariana todos os dias, e contar todas as novidades para ela. A gente iria ao cinema ver filmes, e depois comentar sobre cada cena. Eu queria que o Edu estivesse do meu lado quando eu soube que ganhei o estágio na empresa do Fábio. Ele ficaria feliz por mim, e depois iríamos sair para comemorar.

Ok, eu não posso mais pensar nele.

Meus pais, por mais que me amem, não são tão ligados assim nas minhas escolhas. Papai até é... Ele se preocupa muito comigo e com a minha irmã. Quando a Gabi saiu de casa foi um escândalo.

Mas mesmo assim, nunca entendi o fato deles sequer terem me impedido de mudar de cidade. Vai ver porque sabiam que era o melhor que aconteceria. Ou talvez... Para eles eu sou a filha que ficou chorando dentro do quarto por um mês, afinal eu sou fraca.

Eles não viram que eu estava chorando de saudades do Edu, e nem ao menos de tristeza pelo que ele fez. Para os meus pais eu sou aquela filha que veio para São Paulo porque sou incapaz de enfrentar meus problemas, e não porque ganhei o estágio que eu sempre quis. Uma dessas duas alternativas é a certa para eles... Só não sei dizer qual.

E para o Edu, bem, para ele eu sou a namorada traída, a pessoa que empacou quase quatro anos da sua vida. Para ele eu sou a idiota que ficava chorando de saudades de algo, que ele fazia questão de esquecer. Eu não entendo em como ele era um imbecil e ao mesmo tempo tão certo para mim.

Eu queria saber qual é o botão capaz de desligar todas as minhas dores.

Ele apagou todas as nossas memórias em tão pouco tempo, que tenho até uma certa inveja dele por isso. Por mais que eu tente esquecer e seguir em frente, meu corpo, minha mente... Viajam de volta ao passado, relembrando de todos os momentos... Que eu quero a todo custo esquecer.


******

— Ah! Eu não aguento mais. — eu resmungava enquanto Edu começava a rir.

— Não aguenta mais o que? Amor, estou te carregando de cavalinho em uma montanha, e você diz que não aguenta mais?

Comecei a rir, e dei um beijo na sua bochecha.

— Eca! Você está suado! — tento descer mais e ele me segura com mais força.

— Isso é cansaço! E aguentar seu peso!

— Eu não sou pesada, isso é fraqueza sua! — rebati.

— Eu estou de cabeça quente com esse sol gigante em cima da gente!

Peguei a garrafinha de água e joguei em cima da sua cabeça. Edu solta um gemido, e começa a rir. Jogo por toda a sua cara, limpando o suor e o refrescando, e ele faz uma pausa, e me desce do seu colo. Tira sua blusa, e enxuga seu rosto.

— A gente está bem longe da cidade! — falo olhando as montanhas ao nosso redor.

— Sim. Bem longe.

Ele fica me encarando pensativo, e olho para ele confusa.

— Que foi?

— Vem cá. — ele estica seus braços, e vejo o suor por todo seu peito.

— Ai que nojo, Edu.

— Vem! — ele diz rindo.

Fico pensativa e fecho minha cara.

— Desiste, vai! — ele sussurra rindo.

Abraço ele, tentando ignorar o fato dele estar me molhando toda de suor. E ele começa a rir.

— Eu amo você. Até mesmo quando está fresca desse jeito.

— Eu sou fresca apenas em situações necessárias! — o corrijo.

Edu começa a rir e então vai até os capins ao nosso redor, e começa a puxar um pedaço seco.

— O que você está fazendo? — pergunto rindo.

Ele não responde. Apenas tira dois pedaços, e começa e enrolar eles. Formando dois anéis de capim. Ele vem até mim e segura minha mão esquerda, e começa a rir. Coloca um anel provisório na palma da minha mão. E me pede para colocar nele.

— Eu prometo, Eduardo Freitas. — digo rindo. — Que eu nunca vou abandonar você.

Ele começa a rir, me puxa para mais perto dele, beijando meus lábios devagar. Em seguida, segura minha mão, colocando meu anel em meu dedo anelar. E sorriu.

— E eu te prometo, Amanda Lopes... Que eu vou te amar para sempre!

*****



Promessas.

Eu sempre acreditei em todas as promessas feitas a mim. E então, eu descobri que a maioria das promessas, chega um dia, em que elas são quebradas!

Sempre prometemos algo para as pessoas como se não houvesse mais o amanhã. E então, na grande maioria das vezes, nada acontece do jeito que esperamos ou que queremos, e isso acaba nos decepcionando. E as promessas acabam não sendo cumpridas.

Eu prefiro não fazer promessas, e sim planos. Aqueles planos onde são feitos juntos, e são construídos.

O meu celular toca, me tira completamente do meu transe com o passado, e tenho vontade de me bater por ter pensado no Edu de novo e com coisas que vivemos. Abro minha bolsa, e procuro o celular desesperadamente e o nome MARI invade a tela.

— Oi.

— Que demora para atender essa porcaria! — ela grita. — Para que mesmo você tem um celular?

— Desculpa Mari, eu estava... No banheiro.

— Ah, não estou nem ai! Tenho novidaaaaaades!

— Jura? Me conta!

Eu preferia não ter feito essa pergunta.

No fundo a novidade da minha amiga não é algo que eu esperava ouvir tão cedo.

Quando eu acho que a vida não pode mais esfregar nada na minha cara, eis que surge a maior prova que terei que enfrentar.

— Você ainda está ai? — A voz de Mari soa distânte agora.

Ela jogou uma bomba grande para eu poder processar!

— Como assim eu vou ter que entrar com o Edu no seu casamento? — berro sem nem me importar se meus vizinhos estão me ouvindo dar "a louca".

— Caramba, depois de tudo que eu te contei você registrou apenas isso? — ela está com a voz preocupada, mas então solta um suspiro profundo e grita: — Hellow sua melhor amiga vai se casar!!!!

Merda! Destino, vamos parar de palhaçada?!

— Mari! — grito, ainda assustada com o fato de com "quem" eu irei acompanhada.

— Amiga, sei que é difícil, mas aquele imbecil do Eduardo só irá fazer figuração no meu casamento, até porque depois do que ele fez com você, eu tenho vontade de quebrar a cara dele, mas fazer o quê? Ele e o Rick são amigos desde a infância, e quando ele falou "Acho melhor não, a Amanda ainda não me perdoou." Eu falei: "Engano seu, a Amanda nem se lembra mais de você Eduardo, seu sonho isso... Ela irá porque se importa comigo." — ela faz silêncio, e eu tento me recuperar do que ouvi. Quer dizer, que além dele ter aceitado, ele está com medo de que eu não aceite por causa de tudo? Quem ele pensa que é?

— Que filho da mãe! Eu vou provar para ele que eu o esqueci! — falo pra mim mesma, me esquecendo de Mari do outro lado da linha.

— É isso ai! — Mari grita. — Então, por favor, será que pode esquecer o fato que terá que entrar com seu ex como padrinho do meu casamento e ficar feliz por que a sua melhor amiga vai se casar?!

Puta merda! Não acredito nisso. Eu tenho mesmo que entrar no casamento com aquele idiota?

Esquece isso Amanda! Já chega!

Imediatamente, paro de pensar.

Estou agindo como uma pirralha. Uma louca que se importa com algo que deve esquecer. Minha amiga vai se casar! E ao invés de surtar com ela, eu estou choramingando de novo por causa do cara que prometi não derramar uma lágrima sequer, e que destruiu completamente a minha vida?

— Mari, é claro que eu estou feliz por você! Já estava na hora desse casamento acontecer, né? Rick demorou muito para o meu gosto!

Ouço sua risadinha e seus gritinhos histéricos e então alguém bate na porta do meu humilde apartamento. Vou abrir a porta, mas então me lembro que estou de pijama, e saio correndo para o meu quarto trocar de roupa.

— Só um minuto. — Grito para quem quer que seja.

— Amanda, mas então, como eu ia dizendo, vamos ter uma festa, onde ele vai me pedir oficialmente em casamento... Mas já marcamos a data, será nesse fim de semana, sei que está muito em cima da hora, mas decidimos tudo ontem. E eu preciso da minha madrinha por perto.

Opa! Cartão vermelho na parada.

— Você me quer ai... Nesse fim de semana? — coloco um short, e procuro minha blusinha.

— Ah Amanda, sem essa tá, é um dia importante para mim, e eu quero você por perto me ajudando a escolher tudo! Rick disse que tem umas milhas, talvez ajude na passagem e...

— Eu sei... Mas é que, sei lá... Faz muito tempo que eu não vou ai. — tento protestar, e coloco minha blusa.

— Cinco anos amiga! — ela berra. — Cinco anos e te vi somente duas vezes nesse tempo! Quero minha melhor amiga do meu lado nos momentos mais importantes da minha vida!

Começo a rir, e então respiro fundo e me preparo para jogar a bomba em cima de mim mesmo.

— Qual dia é a festa de noivado mesmo?

Mariana grita no telefone, e posso apostar que ela está fazendo aquela dança ridícula da nossa apresentação da escola na oitava série.

— É no sábado!

Puta merda! Só o que faltava!

— Tudo bem, eu vou ver o que consigo fazer. Não me ligue até lá, eu odeio pressão. E tenho que desligar porque tem gente aqui.

— Tá bom! Vem logo para cá! Espera, quem está aí no seu apartamento? — grita.

Desligo o celular.

Só o que faltava! Meu Deus do céu, e agora? O que eu vou fazer?

A porta novamente está sendo esmurrada por alguém insistente. Dou descarga no banheiro para manter as aparências, embora seja uma aparência ruim que eu estou passando, e abro a porta me preparando para enfrentar a Gisele.

Mas não é ela quem encontro. Muito pelo contrário... Arthur está na minha frente.

Arthur Monteiro. O sobrinho do Fábio, dono da empresa onde eu trabalho. Ele é meu melhor amigo e o tal do redator chefe idiota da revista, segundo a Gi. Nos conhecemos no meu primeiro dia, porém fora do Jornal Revelações.

Eu estava com raiva, meu salto havia quebrado por culpa dele, que esbarrou em mim e acabei ficando presa na grade do bueiro da rua. Ele me ajudou e comprou outro sapato para mim. E ficou do meu lado me ouvindo reclamar de trabalhar em um lugar novo sem parar. Falei super mal do meu dia e do meu medo do jornal.

Nos demos bem logo de cara. Foi a primeira vez em que me esqueci completamente de Edu. E só quando o dono do jornal me apresentou seu sobrinho, foi que o choque veio em mim como uma bomba. Ele já sabia no momento em que eu disse qual jornal era, mas eu não. E rimos muito com isso.

Mas aquele cara sorridente não está parecido nem um pouco com esse que está em minha frente. Seu corpo todo musculoso para um ser pequeno como eu, está ocupando o espaço da porta para eu não passar. Seus braços estão encostados no batente da porta, dos dois lados. Sua respiração está apressada, e tem uma veia estufada em seu pescoço.

Está óbvio que ele está a ponto de me matar.

— Amanda, preciso conversar com você. Agora. — fala com sua voz grave, e em seguida suspira e vai seguindo em direção a minha sala.

Merda! O que eu fiz dessa vez?

O barulho da porta quando fecho, é como um baque para o meu coração. Eu não estou normal. Posso jurar que vou passar mal de ansiedade.

— Arthur? — sussurro. — Aconteceu alguma coisa?

Ele me lança um sorriso sem graça, e puxa a cadeira para eu me sentar. Me sento imediatamente e ele apenas se encosta na mesa a minha frente.

— Seguinte, vou ter que falar depressa antes que eu perca a coragem! — ele está bem nervoso.

— Ai não! — coloco as mãos no rosto. — Por favor, não começa com aquelas coisas idiotas de "Eu gosto de você", "Acho que devemos tentar algo sério".

Ele me olha em choque, e em seguida começa a rir alto e empurra meus ombros.

— Pelo amor de Deus, Amanda! Por que você acha que é isso? Eu gostar de você? Maluca!

— Por que você chegou ofegante na minha casa? Por que você disse que tem algo sério para falar e ainda diz que precisa falar logo antes que perca a coragem? — levanto as sobrancelhas e cruzo os braços. — Ah, por nada, digamos que são sinais... Bem evidentes.

Ele começa a rir ainda mais.

— Não! Não é isso, não gosto de você! — ele reflete sobre o que diz e então sorri. — Quer dizer, gosto como amiga... Mas enfim, relaxa, que se um dia isso acontecer, eu prometo não fazer esse drama sem sentido, e te beijar de uma vez.

— Não vai nada! — olho feio para ele, e ele ri novamente, mas logo em seguida fica sério e de pé em minha frente.

— Eu tô brincando, sua idiota!

— Eu sei, né?! Então o que tem para me falar?

— É algo que tem a ver com a empresa. — sussurra.

— O que aconteceu? — sinto o medo me invadir. — Fui demitida?

Ele me olha incrédulo.

— Não! — ele fala meio incerto.

— Então, o que foi?

— Meu tio está passando por uns problemas lá no jornal de Belo horizonte, o Cadu meio que é o redator chefe de lá no momento, mas só por parentesco, já que o antigo redator pediu demissão, Cadu não está nem aí para os compromissos, e ele tá bem puto com isso! Ele conversou comigo hoje, e quer que eu transfira alguém para ficar lá até as coisas se ajeitarem e ele contratar outra pessoa... E precisa de você lá assumindo esse papel. Eu tentei convencer ele de chamar outra pessoa, tipo a idiota da Gisele... Seria incrível chegar no jornal sem ser morto pelos raios de ódio dos olhos dela... Mas ele insiste que seja você. E antes que me mate, vamos ver pelo lado profissional, é uma ótima oportunidade para o seu currículo assumir esse cargo, e o salário também...

Arthur continua falando sem parar dos inúmeros benefícios de ser transferida, mas eu só consigo pensar na frase: "Tá de sacanagem!"

Fico em choque. O destino está realmente zoando comigo, não existe isso, é sinais demais, azar demais, uma coincidência horrível!

— Eu sei que você não quer voltar para sua cidade natal tão cedo. — ele continua. — Mas será que podemos evitar gritos e tapas e tentar agir como dois adultos civilizados?

Um balde de água fria é jogado em minha cabeça.

— Está tudo bem Tu... Eu vou.

Ele me olha incrédulo e logo em seguida abre a boca exageradamente.

— Sério? Sem me bater? Sem me estapear? Sem me dizer que sou seu pior amigo? Sem berrar que eu destruí a sua vida?

Eu começo a rir. Eu não acredito que sou tão dramática assim.

Levanto rindo e me jogo em seus braços, envolvo seu pescoço com meu braço e dobro meus joelhos, o obrigando a me segurar depressa e sustentar todo o meu peso. Ele fica quieto, mas então me corresponde me apertando contra ele.

— Caramba, se eu soubesse que você iria me abraçar depois de dizer isso... Eu já tinha feito isso muito antes sem precisar da porra da coragem.

Começo a rir, e me solto dele, mas ele não tira os braços da minha cintura.

— Não é isso. — sussurro.

Arthur ergue a sobrancelha e eu saio de seu abraço e me jogo no sofá.

— O que aconteceu, Maluca? — ele se senta no sofá, e me puxa para deitar em seu colo.

— Sabe a Mari, minha melhor amiga? — ele concorda com a cabeça. — Então... Ela vai se casar... De todo jeito eu teria que ir para BH alguma hora e enfrentar tudo mesmo.

Arthur ri e me puxa de encontro a ele novamente. Beija o topo da minha cabeça e dá uma risadinha.

— E eu posso saber o porquê dessa cara triste? É por que você queria se casar primeiro? — ele deduz sozinho. — Porque se for isso eu ajoelho agora mesmo! É só me dar um sinal. Uma piscadinha que seja, vai!

Começo a rir e dou um tapa no seu peito.

— Não é isso, Tu. — sussurro.

— Então o que é?

— O Edu vai estar lá. — sussurro e minha voz falha.

Sinto o braço de Arthur ao redor da minha cintura ficar mais apertado.

— Aquele filho da puta vai estar lá? — posso jurar que se Eduardo estivesse aqui na sua frente agora, Arthur quebraria a cara dele em mil pedaços.

— Vai... E o pior você não sabe...

Tu me empurra delicadamente para trás e me examina com cuidado e atenção.

— Vou ter que entrar com ele na igreja no dia do casamento. Acredita nisso? Ele será padrinho!

Arthur respira fundo. Fica pensativo, e sua veia no pescoço fica ainda mais visível. É sempre assim quando ele está com muita raiva e tenta de qualquer custo disfarçar. Tento falar com ele que está tudo bem, que ele não precisa se preocupar, mas ele se nega a isso.

— Bom, que merda! — é a única coisa que ele diz.

— Eu não sei como será... O que será que vai acontecer? Como será que ele está? Acha que eu consigo ignorar ele e o meu sentimento de abandono?

Arthur me abraça de novo. E então fica um tempo pensando.

— Eu acho que você vai sentir algo por ele quando o encontrar... Nem que seja raiva, ódio, saudade, sei lá... Mas alguma coisa vai sentir. E eu sei que não será fácil! Mas, eu estarei aqui para você. Qualquer coisa é só me ligar, que eu pego o primeiro avião e vou até você.

Abraço meu amigo, que é meu porto seguro todas às vezes, e dou um beijo na sua bochecha.

— Acho que o melhor para mim é organizar as coisas.

— Vai fazer as malas agora? — ele pergunta levantando a sobrancelha. — Que dia que é a festa?

— Final da semana, no sábado.

— Entendi. — ele diz. — Mas preciso de você lá no jornal na sexta.

— Tão rápido assim? — solto um gemido. — Ainda nem processei a informação. É muita coisa de uma vez só!

Arthur apenas sorri e segura minha mão.

— Vai fazer as malas agora?

— Ah Arthur, nem sei. Isso tudo é novo para mim! Nem sei se terá passagem disponível e...

— O Fábio vai ficar responsável por isso. Você vai para assumir o cargo, então viaja com a passagem da empresa.

— Bom... Pelo menos não vou gastar dinheiro. — começo a rir e ele revira os olhos. — Vou deixar para fazer a mala no dia da viagem mesmo. Vou que dia?

— Na sexta mesmo, é perto, só preciso que vá na empresa e procure o Cadu, ele já está sabendo que você vai, então deve deixar os papéis com as reuniões que precisa fazer em relação ao site da empresa.

— Tudo bem! Anem, lidar com reunião!

Ele começa a rir, e segura meu punho.

— Então até lá, vamos ver um filme e relaxar, sei que reuniões você vai tirar de letra... E amanhã eu e você vamos comprar roupas novas.

— Nós vamos?

— Vamos.

— Para que?

— Para você.

— Gosto das minhas roupas.

— Sim, por isso temos que mudar seu visual. — ele começa a rir. E eu lhe dou um tapa forte.

— Ai! — Arthur reclama esfregando seu braço. — Isso dói, sabia?

— É para doer mesmo. Tá falando que eu me visto mal?

Olho para mim mesma. Eu estou se sentindo super bem com esse short preto e minha blusa do Mickey Mouse.

— Eu estou bem! Vai ser pouco tempo! Que nem da outra vez que o Fábio me fez trabalhar lá, certo?

— Bem assim. Mas você não vai fugir de mudar o visual.

— Estou perfeita assim, me amo.

— Cala a boca, Amanda! O seu ex desgraçado vai estar lá, então eu vou com você até a loja amanhã, e você vai escolher muitas roupas lindas, decotadas e sexy's... Entendeu?!

— Para que? — começo a rir. — Para me chamarem de vagabunda?

— Não... Para você esfregar na cara dele, tudo o que ele perdeu. — e então ele pisca para mim.

Continue Reading

You'll Also Like

239K 13.9K 94
Eu sempre fico atrás de um imagine que consiga prender a minha atenção na madrugada, então eu decidi ajudar os que também querem se iludir um pouquin...
1.8M 155K 100
Os irmãos Lambertt estão a procura de uma mulher que possa suprir o fetiche em comum entre eles. Anna esta no lugar errado na hora errada, e assim qu...
28.6K 2.7K 18
Todo mundo achava que Olívia Senna era uma patricinha. Isso e que ela era esnobe, antipatica e, acima de tudo, mimada. Pelo menos foram essas as pal...
92.1K 7.5K 55
Talvez eu não merecesse ter ela. Ela era boa demais. Doce demais. Linda demais. Ela era pura. Inocente. Quase um anjo. Eu não tinha um pingo d...