Christian chegou ao palácio e foi direto à saleta particular do rei, pra ter sido chamado às pressas alguma coisa grave tinha acontecido. Ao entrar ele se curvou diante dos pais em sinal de respeito.
- Vossa majestade! - endireitou-se e encarou os dois. - O que houve para me mandarem chamar com tamanha urgência?
- Há uma acusação muito séria contra você. - Filipe respondeu o encarando.
- Que acusação meu pai?
- O senhor James e a filha dele vieram exigir matrimonio entre você e a senhorita Angelique. Ela jurou diante de nós e toda a família que se entregou à você, em troca de uma promessa de casamento.
- Isso é um absurdo, vocês não podem acreditar nela. - Christian desdenhou.
- Você confessa que tirou a pureza desta jovem? - Isabel perguntou.
- Sim, mas nunca disse à ela que nos casaríamos. - Christian respondeu enfurecido.
- Não é o que ela está dizendo. - Filipe respondeu.
- Ela está mentindo! - Christian esbravejou dando um murro na mesa. - Foi ela quem ficou me perseguindo, ela quis deitar-se comigo de bom grado sem que eu precisasse lhe prometer nada. Ela agiu como uma meretriz, recuso-me totalmente a casar-me com ela!
Filipe pegou o sino na mesa e um dos guardas abriu a porta.
- Mande chamar o senhor e a senhora James e a filha de ambos, por favor.
O guarda assentiu fechando a porta.
- Vai ter que dizer isso à família dela.
- Não irei me casar. - Christian respondeu furioso.
A porta se abriu e o senhor James, sua esposa e a filha deles entraram. Christian fuzilou Angelique e caminhou em sua direção furioso. Assustada ela se escondeu atrás da mãe.
- Eu deveria mata-lo. - Lucas esbravejou apontando a arma para Christian.
- Perdoe-me senhor, mas sua filha está enganando a todos. - Christian esbravejou.
- Como podes mentir assim? - Angelique o encarou boquiaberta. - Esqueceu-se completamente do que fizemos na tarde anterior? Das promessas que sussurrou em meu ouvido?
- Eu deveria esganá-la. - Christian foi na direção dela, mas Filipe o segurou.
- Você jurou que se casaria comigo. - Angelique acusou.
- Está louca, nunca lhe prometi nada! - esbravejou. - Agora entendo o que fizeste. Se passaste por pura e inocente e o tempo todo estava planejando uma forma de obrigar-me a casar-se contigo. Recordo-me de como ficaste deslumbrada ao pisar neste castelo. Foi tudo um plano dela, por isso deitou-se de bom grato comigo, como uma meretriz.
- Não fale assim de minha filha. - Lucas esbravejou.
- Me entreguei à você por amor. - Angelique começou a chorar. - Eu juro à todos vocês que ele enganou-me, fingiu um desejo de desposar-me. - enxugou o rosto.
- Mentirosa! - Christian gritou e tentou ir pra cima dela outra vez.
- Basta! - Filipe gritou. - Não há mais nada a ser dito, o que está feito, está feito.
- Majestade exijo que seu filho repare o mal que fez. - Lucas respondeu.
- Minha filha é uma pobre moça ingênua, seu filho foi quem a fez cair em desgraça. - Elisa soo aflita.
- Se não casar-se com ela, irei reparei o mal da forma que conheço e não me importo majestades, de passar anos na cadeia. - Lucas encarou Christian com ódio e recebeu o mesmo olhar de volta.
- Eu não irei casar-me com ela. - Christian voltou-se para os pais.
- Não tens direito a opinar aqui, o casamento irá acontecer! - Filipe respondeu.
Angelique sorriu naquele momento.
- Pois eu prefiro a morte. - Christian revidou.
- E eu como seu pai ordeno que se case com essa jovem. - Filipe elevou o tom de voz. - A vida inteira deixei que fizeste o que lhe desse vontade, queria que despusesse de liberdade antes de assumir as responsabilidades como rei e veja só o que fizeste. Me decepcionaste profundamente. Como rei, ordeno que despose essa jovem e uma ordem minha não pode ser desobedecida.
Christian encarou o pai e furioso lhe deu as costas.
- Não vais adiantar de nada fugir, o casamento irá acontecer. - avisou.
Angelique sorriu e mordeu o lábio inferior não cabendo em si, mas ainda estava com medo. Christian poderia fazer uma loucura, como fugir apenas para não casar-se com ela.
- Vossa majestade há algo preocupando-me.
- Se tens medo que meu filho não se case com a senhorita, não há com o que preocupar-se. Christian sabe exatamente o que irá lhe acontecer se não desposá-la.
- É que... Tenho medo de que um bebê esteja sendo gerado dentro de mim. Não sei ao certo se é possível engravidar em uma primeira vez, mas...
- Tudo bem já lhe entendi. - Filipe levantou a mão. - Vamos realizar o casamento o mais breve possível e evitar qualquer tipo de escândalo.
- Como desejar vossa majestade. - Angelique se curvou, um sorriso malicioso escondido em seus lábios.
Alfonso abriu a porta do quarto e Anahí se aproximou.
- Pensei que estivesse com sua irmã.
- Ela quis deitar-se um pouco, a gravidez a deixa indisposta as vezes. Como estão as coisas?
- Acabo de ver meu primo sair furioso da saleta de meus tios. Creio que o casamento irá se realizar.
- Acredita que a senhorita Angelique está dizendo a verdade?
- Creio que sim. Se meu primo foi capaz de cobiça-la o que não terá dito à uma pobre camponesa inocente apenas para conseguir o que queria. - Alfonso tomou as mãos de Anahí e as levou aos lábios.
- Tenho medo pela senhorita Angelique, se Christian casar-se obrigado, ambos serão infelizes.
- Concordo com você, meu amor, e ouso dizer que a senhorita Angelique está apaixonada por meu primo, que outra razão teria para fazer a loucura de entregar-se à ele?
- Espero que além de reparar o que fez, o jovem príncipe seja um bom marido.
- Casando-se ele irá assumir o trono, eu espero que isso o faça amadurecer. Algumas vezes acredito que meu tio pecou deixando-o livre para fazer o que bem entendesse.
- Não vamos mais falar sobre isso meu amor. - Any negou com a cabeça. - Eu gostaria de lhe pedir uma coisa.
- O que, meu amor?
- Sei que andas ocupado nos últimos dias, mas desde que nos casamos só fui à cidade duas vezes. Gostaria de voltar lá assim que possível, mas em sua companhia. - sorriu envergonhada.
- Por que não me disse antes? - Alfonso sorriu.
- Não tinha pensado nisso ainda, nas últimas semanas aconteceram tantas coisas.
- Pois eu lhe prometo que ainda está semana iremos à cidade.
- Obrigada querido. - sorriu e o abraçou.
Alfonso acariciou os cabelos trançados da esposa e quando se separou a beijou. Mais uma vez precisou agradecer a Deus pela esposa e o casamento que tinha.
Derrick já estava em sua casa quando Lucas entrou arrastando Angelique pelo braço.
- Tens sorte pelo rei ser um homem justo, outro não permitiria que seu filho se casasse com uma simples camponesa. - esbravejou.
- Deixe-a marido, por favor, venha comigo, precisa acalmar-se. - Elisa puxou o marido pelo braço e o arrastou escada acima.
- Casamento? Do que nosso pai estava falando? - Derrick perguntou se aproximando da irmã.
Angelique sorriu e erguendo o queixo encarou o irmão.
- Curve-se, pois, está diante da futura rainha deste lugar. - abriu os braços.
- Que sandice é essa?
- Não é sandice alguma, irei casar-me com o príncipe. - sorriu com malícia. - Pergunte à nossos pais.
- O que você fez desta vez?
- Entreguei-me ao príncipe, de bom grado. Depois fiz com que todos acreditassem que ele me desonrou com promessas falsas de casamento. - explicou cheia de orgulho.
- Não posso crer no que estou ouvindo, ficaste doida?
- Eu não iria fazer isso, queria conquistar o príncipe primeiro, fazer com que se apaixonasse por mim, mas um baile seria dado em algumas semanas e uma noiva seria escolhida, tinha que fazer algo.
- E se descobrirem que mentiu?
- Ninguém vai descobrir, todos sabem que o príncipe é um aventurei e eu fui uma jovem ingênua que caiu em suas garras. Nosso pai insistiu e o rei ordenou que o casamento seja realizado. Sua irmã se casa dentro de um mês. - sorriu.
- O príncipe não vai aceitar isso.
- Ele não precisa aceitar, apenas obedecer o pai.
- Eu vou contar à todos o que você fez, ficaste completamente louca. - deu as costas.
- Se abrires a boca, conto de seus encontros com a princesa. - Angelique ameaçou. - Pensa que enganas à mim, como engana nossos pais? Se atrever-se a me difamar, todos saberão o que você está fazendo e a princesa será mandada para longe e obrigada a casar-se com outro, é isso que queres?
- Você é uma cobra, como podes tramar e usar a todos à sua volta pra conseguir o que quer? - Derrick a olhou abismado.
- Pelo menos eu faço algo, sempre quis ter outra vida e agora terei, não sou um sonsa como você. Se queres um conselho deveria deitar-se com a princesa, quem sabe assim o rei não casa ambos.
Derrick levantou a mão para lhe dar uma bofetada, mas parou antes que fosse tarde demais.
- Tenho pena de você minha irmã, irás arrepender-se amargamente pelo que está fazendo.
- Não se preocupe, nunca irei arrepender-me disto. Terei a vida dos sonhos e serei feliz. Prometo que se puder fazer algo por você e minha futura cunhada eu farei, mesmo você não merecendo.
Derrick encarou a irmã e balançou a cabeça, achou melhor subir antes que fizesse uma besteira.
Nas semanas seguintes o boato de que o príncipe iria se casar com uma simples camponesa percorreu toda a corte, a cidade e os estados vizinhos, todos acreditavam que o rei ganharia um neto.
Os preparativos para o casamento agitaram à todos, fazendo às idas a cidade atrás de modistas crescer consideravelmente. Convites foram enviados para todos os cantos e a previsão era de que pelo menos mil pessoas estariam presentes na cerimônia e no baile.
Quem estava adorando aquilo era Angelique, vivia num estado de euforia e torpor. O sonho de viver em uma casa grande, cheia de empregados para fazerem o que ela ordenasse finalmente se realizaria. Nunca ela sonhou que chegaria tão longe a ponto de se tornar rainha.
Filipe fechou a porta de seu quarto e Isabel se virou encarando-o.
- Qual problema querido?
- Christian não voltou, passou a noite fora mais uma vez. - suspirou.
- Ele está se comportando assim por causa do casamento. - Isabel suspirou. - Querido, se me permite poderia lhe fazer uma sugestão?
Filipe assentiu sentindo-se perdido.
- Adie a coroação. - se aproximou e ajoelhou-se na sua frente. - Christian ainda não está preparado para assumir o trono, deixe-o se acostumar a vida de casado primeiro.
- Crê que eu devo fazer isso?
- Sim, ouso dizer até que é arriscado demais dar à coroa à ele agora.
- Creio que tens razão. Irei fazer um pronunciamento adiando a coroação. Vamos esperar um pouco.
- Faz bem marido, vais perceber que a melhor decisão a tomar no momento é esta.
- Obrigado querida. - puxou as mãos dela pra perto e a beijou.
Anahí entrou no quarto da irmã e sorriu aliviada ao ver que a mesma estava sozinha.
- Bom dia minha irmã como se sente?
- Bem, por sorte há alguns dias não me sinto enjoada. - Dulce sorriu.
- Será que posso lhe fazer uma pergunta? - Any a encarou insegura.
- Certamente minha irmã, o que houve?
- É que... - Any mordeu o lábio inferior. - Minhas regras estão atrasadas. - sussurrou.
- Quanto tempo atrasadas? - Dulce sorriu, seus olhos brilhando.
- Cerca de quatorze dias. Já fiz e refiz as contas inúmeras vezes, até achei que estava enganada, que os últimos acontecimentos pudessem ter influenciado minha saúde, mas... Nunca me aconteceu isso antes. Por isso vim falar com você, queria lhe perguntar o que você sentia antes de descobrir que estava esperando um bebê.
- Minhas regras atrasaram e também sentia tontura e muitas náuseas recorda-se?
- Sim, mas eu não tenho sentido náuseas e exceto uma vez que me levantei e senti uma leve tontura, me sinto perfeitamente normal. Será que estou enganada? - a encarou com medo.
- Temos que consultar um médico na cidade, mas se suas regras estão há tantos dias atrasadas, é provável sim, minha irmã, que estejas esperando um bebê. - sorriu.
- Ah minha irmã. - Any levantou-se e começou a andar de um lado para o outro. - Tenho medo de pensar nisso e estar enganada, eu não quero que ninguém saiba até que eu tenha certeza. - sorriu.
- Estou plenamente de acordo, vamos essa tarde à cidade e falaremos com o médico que me examinou.
- Mas o que diremos para podermos ir sozinhas à cidade?
- Ora diga que irei visitar a modista para fazer os ajustes no vestido, grávida como estou devo ter engordado desde a última visita.
- Certo, diremos isso então. - sorriu. - Ai minha irmã estou ansiosa, tenho que me conter cada vez que vejo Alfonso. - suspirou. - E se eu estiver enganada?
- Se Alfonso tem te procurado todos os dias como contou-me e suas regras ainda não desceram, acho difícil que estejas enganada. - Dulce sorriu.
Any sorriu não cabendo em si de tamanha alegria, queria que as horas voassem e lhe trouxessem a confirmação do que ela tanto queria saber.