The A Team

By amortentiando

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"A melhor amiga de Harry Styles. A meia-irmã de Liam Payne. As inseparáveis Charlie Wilson e Cassie Walker. E... More

Capítulo 1: Novatos e veteranos.
Capítulo 2: Compartilhando segredos.
Capítulo 3: Trégua?
Capítulo 4: Night out
Capítulo 5: O baile
Capítulo 6: mudanças
Capítulo 7: Haunted House pt. 1
Capítulo 7: Haunted House pt. 2
Capítulo 8: Feriado de inverno
Capítulo 10: O surto da Charlie
Capítulo 12: Acampamento pt. 1
Capítulo 13: acampamento pt. 2
Capítulo 14: Aniversário da freak!
Capítulo 15: Parceiros de estudos
Capítulo 16: Festival
Capítulo 17: O passado pt. 1
Capítulo 18: o passado pt. 2 (um ano antes)
Capítulo 19: Castigo
Capítulo 20: Festinha
Capítulo 21 - Feriado de páscoa

Capítulo 9: A aposta

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By amortentiando

Charlie's POV

- Finalmente. – Cassie comemorou quando eu saí do quarto. Havíamos combinado de nos encontrarmos no corredor para ir tomar café e contarmos melhor como foi o feriado uma da outra. – Que demora! – Riu, fazendo gracinha. Eu só estava três minutas atrasada; graças ao maldito chuveiro daquela espelunca que não conseguia nos fornecer água quente no início da manhã. Por isso e pelo comentário ignorante de Cassidy, eu fiquei calada e apenas caminhei ao seu lado em direção à saída do dormitório. – Então... Como foi? Você disse que sua mãe está melhor.

- Muito melhor. – Falei. – Ela até pediu para Adhira fazer filé mignon! – Passei as mãos pelos cabelos, alterada. Só a lembrança daquele maldito prato cheio de carne e molho me dava náuseas, tirava-me do sério!

- O que tem o filé mignon? – Cassie franziu o cenho, olhando para frente enquanto andávamos pelo pátio.

- Como assim "o que tem o filé mignon"?! Cassie! Era o prato preferido da Catherine! Como você pôde se esquecer?! – Olhei para ela, acusando-a.

- Hey, desculpe! Eu me esqueci. – Desculpou-se e me abraçou pelos ombros. – Se ela pediu para fazer esse prato, quer dizer que ela está melhor. – Ela concluiu.

- Sim.

- Então, por que foi tão ruim? – Seu tom de voz era delicado, como se ela fizesse questão de me fazer entender que ela estava sendo compreensiva e companheira.

- Ela podia ter ao menos perguntado se eu estava bem! – Quase gritei, indignada. – Ela simplesmente me aparece com aquela coisa e acha que está tudo bem? Acha que todo mundo esqueceu o que aconteceu? Acha que é fácil assim?!

- Entendi. É, realmente, ela deveria ter falado com você, seria o correto. Mas, talvez, ela achasse que você estava bem, também. Você sabe que está muito melhor agora.

- Eu não estou bem! Eu nunca vou ficar bem, Cassidy! – Afastei-me dela, sentindo-me completamente ofendida.

Como ela podia pensar assim?! Eu realmente parecia bem? Realmente parecia que eu, um dia, me recuperaria? Como ela podia achar que minha mãe se importaria de checar o menor detalhe em mim?! Ela não conhecia minha mãe e o monstro frio e desalmado que ela se tornou depois de tudo o que aconteceu?! Cassidy, como minha melhor amiga, devia saber disso tudo, devia me entender e ficar do meu lado.

De que lado ela estava?!

- Não fale assim, Charlie, é claro que você...

- Você não sabe como é, Cassidy! Não sabe como é aqui dentro! – Apontei para a minha cabeça.

Ela olhou em volta ao mesmo tempo que me puxava para perto. Os corredores estavam praticamente vazios, mas ainda havia gente circulando e elas estavam olhando para mim, curiosas. Tive vontade de mandar todo mundo ir à merda, mas me contive numa tentativa ridícula de controlar minha respiração.

- Isso não importa. – Falei entredentes, forçando um sorriso. Cassidy me escrutinou com os olhos, desconfiada. – O que é? – Desafiei, fazendo-a pular de susto com meu tom novamente hostil.

- Estou preocupada! – Ela cruzou os braços. – O que achou que fosse?

- Você está me julgando.

- O quê? Claro que não! – Ela jogou as mãos para o ar, exasperada. – Podemos apenas tomar café? Não precisamos mais falar sobre isso. – Propôs.

Ponderei por um segundo.

- Certo. – Falei, por fim, voltando a andar a seu lado. Ficamos em silêncio por alguns instantes, criando um clima chato entre nós. Senti algo dentro de mim revirar; nós não éramos assim. Somos melhores amigas, desde quando brigávamos? Suspirei enquanto me obrigava a engolir meu orgulho e meu mau-humor. – Como foi seu feriado, Cassie? – Perguntei, controlando minha voz. Ela olhou para mim, como se tentasse decidir se dava para falar comigo numa boa ou não.

- Minha avó passou o Natal conosco. Ela foi a grande estrela da noite, já que não passava o feriado com o lado de cá da família. – Começou.

- E a Mandy? – Perguntei.

- Insuportável. Mais que antes, se possível. Não nos falamos muito. Bom, eu não falei muito, ela insistiu em agir como se nada estivesse acontecendo.

- Vadia. – Murmurei, sentindo raiva da irmã da minha melhor amiga.

Aquela garota merecia todos os prêmios de pior pessoa do mundo.

E umas porradas.

- Mas não dá para negar, Charlie. – Cassie suspirou. – Eu não superei tudo isso. E não sei quando vou superar.

- Uma hora. – Garanti, abraçando-a pelos ombros.

Entramos no refeitório em silêncio – um silêncio confortável. O prédio estava quase vazio, como de costume naquele horário. O cheiro de café tomava o ambiente e estava me causando um pouco de náusea, mas o cheiro de pão, em contrapartida, estava delicioso.

- Olha! É o Niall! – Cassie cochichou para mim, apontando discretamente para o garoto numa mesa mais afastada. Como uma bomba de adrenalina, meu coração acelerou e eu fixei meu olhar nele. Era o Niall. Ele estava lá, sentado, ouvindo música com fones de ouvido, anotando algo em um caderno ao lado do prato. Cassie começou a andar na direção dele, deixando claro que teríamos aquela refeição em sua companhia. Automaticamente, fiquei consciente de todo e qualquer detalhe em minha aparência naquela breve caminhada até a mesa. – Niall! – Ela o cumprimentou, chamando sua atenção.

- Cassie! Charlie! – Ele sorriu e nos apontou as cadeiras vagas à sua frente. Sentei-me bem de frente a ele, tentando conter meu sorriso bobo.

Fazia tanto tempo que eu não me sentia assim.

Tão boba e sentimental.

Eu nem me lembrava mais por que estava tão mal humorada.

- Então, Niall, como foi o feriado? – Cassie perguntou, iniciando uma conversa.

Eu não falei nada, apenas mantive meu olhar em seu rosto, apreciando cada detalhe. Ele riu fraco e anotou alguma coisa em seu caderno antes de responder.

Perguntei-me do que se tratava aquele caderno, o que ele escrevia lá, por que escrevia lá.

Alguma coisa dentro de mim implorava ao universo que fosse sobre mim, que ele estivesse escrevendo uma música ou algo do tipo e que eu estivesse lá, que o momento que tivemos no bar estivesse ali em algum lugar, da mesma forma que estava em meus pensamentos quase o tempo todo.

- Ah, você sabe... Nada demais. – Abriu um sorriso sem graça. – Algumas festas, família, meu sobrinho roubando toda a atenção.

- Alerta ciúme. – Cassie riu e ele a acompanhou.

- Não, o pilantrinha até que merece a atenção. – Balançou a cabeça, rindo consigo mesmo.

Ele tinha um sobrinho?!

Segurei-me para não derreter naquele exato momento.

- Qual o nome dele? – Perguntei, sorrindo.

- Theo. – Respondeu, abrindo um sorriso para mim. – E o de vocês? Aproveitaram muito?

- Eu me ocupei em não matar minha irmã mais velha. – Cassie revirou os olhos, mas acabou rindo. – Ela é insuportável.

- A sina dos irmãos, é verdade. – Niall concordou.

- Passei o feriado tentando entender como minha mãe e as amigas dela conseguem beber tanto vinho e não desenvolver uma cirrose hepática. – Soltei uma risada fraca. – E comendo. Muito.

- É a melhor parte. – Cassie concordou comigo.

Olhei para Niall, esperando que ele concordasse também, mas ele apenas riu e escreveu alguma coisa em seu caderno novamente.

Eu estava começando a me sentir esquisita sobre tudo aquilo. Por que ele não falava comigo?

- O que você tanto escreve aí? – Cassie perguntou, esticando o pescoço.

- Só algumas besteiras que aparecem na minha cabeça de vez em quando. – Deu de ombros.

- Coisas da banda?

- Algumas sim, outras só ideias de arranjos. – Ele desconversava, modesto.

- Sério? – Ela abriu um sorriso e ele sorriu para ela.

Opa.

O que estava acontecendo ali?

O que estava acontecendo comigo?

Por que a Cassie não parava de sorrir?

Ela sempre foi assim?

Isso é tão irritante!

Por que ela não para de sorrir?

Ou será que ela estava flertando com ele?

- Sim. Olha esse. – Ele pegou o caderno e mostrou a ela.

Quando ele se virou para mostrar a ela, eu vi a marca roxa, quase verde, em seu pescoço. E, então, eu entendi o que estava acontecendo ali.

Sem que eu me desse conta, de repente, eu me levantei de meu lugar e os dois pararam para olhar para mim. Abri a boca para falar algo, mas nada saiu por alguns instantes, até que meu cérebro resolveu funcionar.

- Eu acabei de me lembrar! – Balbuciei, buscando as palavras certas. – Eu... Eu tenho que falar com o professor de Física... Eu preciso ir. – Balancei a cabeça.

Saí rapidamente do refeitório sem olhar para trás. O vento fresco da manhã me saudou assim que saí, dando-me um choque de realidade.

Niall e eu... Nunca iria acontecer. Ele não gostava de mim. Não daquele jeito.

Eu me senti idiota naquele momento: eu inventei tantas coisas na minha cabeça! Como se tivéssemos um futuro inteiro pela frente e aquela noite no pub fora só o começo. Ele me deu todos os sinais de que iria acontecer alguma coisa, mas eu sabia que, no fundo, apesar de estar tão chateada como eu estava, tão desencantada, tão decepcionada, eu sabia que não era culpa do Niall se eu havia inventado tanta coisa.

Engoli meu orgulho e minha raiva pela segunda vez naquele dia.

- Apenas esqueça isso, Charlotte. – Falei para mim mesma, respirando fundo, enquanto fazia meu caminho até o dormitório.

Minha nuca estava começando a doer e eu sabia que precisava de um analgésico. Sentia minha sanidade esvaindo de mim como um rio deságua no mar, gota por gota, eu estava à beira de um colapso. E o fato de não ter minha cartela de remédios não facilitava nem um pouco toda a situação.

Fechei a porta do meu quarto e me joguei em minha cama, esperando que aquele não fosse um presságio para uma semana horrível.

Louis' POV

Meus amigos já ocupavam nossa mesa no refeitório enquanto tomavam café e riam alto de alguma coisa quando entrei no local. Eu havia dormido tarde, e por isso perdi a hora, porque geralmente era o primeiro de todos eles a tomar café.

Peguei uma bandeja e coloquei umas fatias de pão, queijo, uma geleia pequena de uva, dois cupcakes e uma xícara de café com leite e me direcionei à mesa, sentando em frente a Liam e ao lado de Niall.

- Bom dia.

- Que cara horrível, Louis.

- Valeu. – Mordi um pedaço de pão. – Sobre o que era o assunto?

- A gente tá pensando em comemorar nosso sucesso e o sucesso do pegador aí – Liam riu para Niall e segui o olhar até o garoto ao meu lado. – E dar uma festa no fim de semana.

- Festa, no primeiro fim de semana depois das férias. – Disse enquanto comia, ponderando. – É, é disso que eu preciso. – Assenti.

A conversa eventualmente mudou, e eu apenas acompanhava enquanto eles falavam. Estava ocupado comendo, e mesmo que não estivesse, eu estava cansado demais para entrar no assunto, e ainda tinha o dia todo de aulas pela frente.

- A menina era a maior gostosa, eu juro por Deus. – Josh disse, procurando uma foto da suposta garota que pegou durante as férias no Facebook. – Ela tinha uns peitos... Aqui!

Terminei meu cupcake e me estiquei para tentar ver a foto sem muito sucesso. Liam explodiu em uma gargalhada que ecoou pelo refeitório, e eu peguei o cupcake de chocolate do prato de Josh; eu não tinha visto que tinha de chocolate!

- Sem chance que você pegou ela! Isso aí deve ser um fake, Josh, a gente não dá de cara com uma mulher dessas em uma loja de decorações de natal.

- Eu estou te dizendo, dude...

- Louis, você tá bem? – Harry me olhou, com a sobrancelha erguida, e parei de mastigar o encarando.

- Quê?

- Tá comendo feito um condenado.

Liam me olhou e olhei para ele também, dando de ombros.

- Você tá se drogando com a Summer?

Olhei dele para Harry de novo.

- Não? – Respondi, ainda de boca cheia. Dei de ombros e terminei de mastigar. – É segunda-feira, eu já tô sem saco pra estudar e preciso repor as energias.

- O que você fez nas férias, mesmo?

Soltei a embalagem do bolinho na bandeja, olhando para Harry.

- Fui babá das minhas irmãs. O tempo não colaborou pra gente ir esquiar e minha irmã estava doente. Eu não botei o pé pra fora... Foi uma bosta.

- Por isso tá na TPM? Ou brigou com a namoradinha? – Josh riu, guardando o celular.

- Pelo menos a Summer é real, Josh. – Pisquei para ele levantando e pegando minha bandeja. – Você passou as férias batendo uma pra uma foto fake. – Dei um tapa em sua nuca e ri, me afastando enquanto deixava o resto deles zoando com a cara do Devine. – Até mais tarde na aula de música!

Ao me aproximar do lugar onde depositávamos as bandejas encontrei Madison conversando baixinho com a Cassie e parei para dar um oi.

- E aí garotas, como foram as férias?

Cassie me olhou, meio desanimada, e apenas assenti.

- É, as minhas também. – Ri fraco. – Ei, vocês viram a Summer? Não ouço dela desde a ceia.

- Ele já tá com saudade! – Josh disse, chegando perto da gente com sua bandeja também. Olhei-o de olhos semicerrados e Cassie riu fraco.

- Eu ainda não a vi. – Maddie comentou e depois virou para Cassie ao soltar sua bandeja. – Estou atrasada, nos vemos depois. – E com um aceno, ela se afastou de nós.

Acompanhei-a com o olhar por um momento.

- Ela tá bem?

- Ela é sempre assim, mas quem aqui está realmente bem, não é? – Cassie balançou a cabeça. – Acho que todos nós estamos um pouco ansiosos.

Franzi o cenho e assenti, devolvendo minha bandeja também. Depois me dei conta que devia ser por causa das entrevistas com universidades, e meu desespero usual também bateu.

- Ah, é. Isso. – Resmunguei e Cassie olhou-me enquanto, inconscientemente, seguia a mim e a Josh para fora do refeitório.

- Como vocês estão, falando nisso? Alguma carta ou entrevista?

- Só recebo cartas de fãs, gata. – Josh disse e, em seguida, nós três rimos.

- Piada boa. – Comentei.

- Ok, ainda não é verdade, mas logo mais vai ser. Aí, Cassie, você viu o vídeo da apresentação da banda? Eles arrasaram!

- Foi ela que gravou, dã. – Bati em sua nuca de novo e ele me olhou, bravo.

- Eles foram realmente bons. Sabe... – Cassie olhou-nos. – Vocês deviam criar uma página! No Youtube! – Ela sorriu, parecendo ouvir sua própria ideia pela primeira vez e gostar do que ouviu. – Muita gente fica famoso com covers na internet hoje em dia, é só ter os instrumentos e os contatos certos, e vocês podem ganhar um número grande de visualizações em pouquíssimo tempo.

- Quer dizer tipo o Justin Bieber? – Franzi o cenho.

- Não, cara, é uma boa. – Josh me olhou. – A gente podia dar essa ideia hoje na aula.

- De nada. – Cassie falou, jogando o cabelo para o lado e fazendo uma cena. Depois riu e tocou o braço de Josh ao lado dela, nos olhando. – Eu vou indo também, garotos. Comportem-se. – Apontou antes de virar no corredor. Josh parou de caminhar por um segundo e eu parei também, o esperando. Depois de um momento ele me olhou.

- Você acha que ela tá afim de mim?

Soltei uma gargalhada genuinamente verdadeira, o que só me fez rir mais, e bati em seu ombro.

- Nunca em um milhão de anos.

Continuei andando corredor adentro e Josh me seguiu.

- Mas ela...

- Não.

- Mas, você não viu? Ela me tocou!

Gargalhei outra vez.

- Só porque somos amigos de verdade eu vou te poupar dessa humilhação e vou guardar isso entre nós. – Disse, ao chegar em meu armário, ouvindo Josh bufar.

Aquele cara era uma peça.

Emily's POV

As aulas haviam recomeçado há apenas um dia, e eu já estava atrasada. Uma das minhas metas para o novo ano era tentar me organizar melhor para o meu próprio bem, mas aparentemente eu já começara com o pé errado quando, na manhã de segunda-feira ignorei meu despertador, acordando vinte minutos depois em um pulo, ao lembrar que tinha aula.

Pulei da cama puxando um conjunto limpo do uniforme de dentro do armário e o vestindo às pressas. Olhei no relógio e constatei que, devido à hora, eu tinha tempo para fazer apenas uma coisa: ou me arrumar, ou tomar café. Mas quando meu estômago se manifestou roncando alto decidi que quem precisava de rímel àquela hora da manhã, certo? Além disso, rímel era um inferno de passar. Ô, coisinha chata.

Então, depois de me escovar e lavar o rosto, vestir a camiseta, a meia calça, a saia e as sapatilhas, peguei a mochila, o celular e dois livros e saí correndo do quarto, descendo as escadas em disparada. Eu tinha quinze minutos para tomar café antes da primeira aula do dia começar.

Ao descer as escadas encontrei com Madison, que também saía do prédio naquele momento, e acabamos por ir tomar café da manhã juntas. Eu estava curiosa sobre como devia ter sido as férias dela com Liam, aquilo devia ter sido no mínimo interessante. Mas, claro, não perguntei, porque isso talvez fizesse com que ela perguntasse sobre as minhas, e era isso que eu queria evitar.

Segui para o laboratório de biologia depois do café, para fazer umas experiências relacionadas a fotossíntese, e acabei fazendo dupla com Niall, que era uma das pessoas que ainda não tinham dupla na sala. Uma hora depois, ainda estávamos frustrados com o resultado pouco satisfatório da nossa experiência.

- Eu preferia quando a gente só tinha que plantar grãos de feijão.

- Cara, eu era boa nisso – ri e balancei a cabeça, fechando meu livro de biologia e guardando dentro da mochila junto com o caderno. – Ei, mas e aí, como estão as coisas depois daquela apresentação? – Olhei para Niall, enquanto ele guardava suas coisas se levantando também.

- Estão legais. A Cassie gravou a apresentação e eu mandei para o professor durante as férias, então acho que vamos ter algum veredicto hoje na aula – ele deu de ombros e riu. – Admito que estou curioso.

- Eu não sei se te disse, mas vocês foram realmente bons – falei, enquanto andávamos até a porta da sala. – Se eu fosse a Cheryl Cole, daria um sim a vocês.

Ele riu.

- Valeu. Vou levantar essa ideia do X Factor na aula.

- Faça isso! – Disse e balancei a cabeça. Chegamos na frente da sala de aula e dei tchau a Niall enquanto nossos caminhos se separavam.

- Ah, Amy – ele chamou, e virei de costas de novo. – Você está bonita hoje. – Disse e piscou para mim, e sorri em agradecimento, voltando a caminhar. Ri fraco, avaliando Niall brevemente. Ele estava ficando bom nessa coisa de agradar as garotas.

Dobrei no corredor para chegar até meu armário e, do outro lado do corredor, ainda distante de mim, estava Harry. Havia um monte de gente circulando no meio de nós, e ainda estávamos há alguns metros de distância, mas era inevitável notar que estávamos andando um na direção do outro, e não deu para fingir que a gente não tinha se visto.

Mas aparentemente as coisas estavam bem entre a gente, então não havia motivo para isso, certo?

Parei na frente do meu armário, colocando o segredo e o abrindo, empurrando um livro para dentro dele. Harry chegou um segundo depois, abrindo o terceiro armário depois do meu e pegando algo de dentro dele. Fechei a porta do meu com cuidado e virei para ele, que fechou a porta do seu também e, parecendo meio atrapalhado, sorriu para mim. Sorri de volta. Seria estranho simplesmente sair andando sem trocar uma palavra, então me aproximei um pouco.

- E aí.

- Ei. – Ele se escorou no armário e cruzou os braços. – Cabelo legal.

Toquei na ponta de uma mecha do meu cabelo automaticamente, me perguntando o que havia de tão especial nele naquele dia. Nota: passar no banheiro depois daqui.

- Obrigada. Como está o Louis?

- Bem, ele chegou ontem bem tarde. Disse que não foram esquiar porque as gêmeas estavam doentes.

- Pelo menos não foi só a gente que não fez absolutamente nada nessas férias – encolhi os ombros.

- Ei, não desmereça o Duro de Matar! – Ele franziu o cenho, por um momento parecendo uma criancinha.

Ri, mordendo o canto do lábio e concordando com a cabeça. O que era para ser apenas um filme de ação com Harry depois da ceia de Natal acabou virando uma maratona de Orange Is The New Black no Netflix quando Josephine apresentou a série a nós dois. Viramos a noite e passamos boa parte do dia vinte e seis deitados em minha cama assistindo a série enquanto conversávamos. Conversas legais, interessantes, com conteúdo, como a gente nunca tinha conversado antes. O tempo passou voando, e aquilo poderia ter sido realmente... interessante, não fosse o fato de minha irmã estar deitada no meio de nós babando no ombro de Harry. Então, depois que assistimos todas as temporadas, ele foi para sua casa e depois daquilo nossas conversas se resumiram a diálogos medianos. E foi como se aquela noite não tivesse acontecido.

- Tem razão. – Balancei a cabeça.

Harry abriu a boca para falar algo e pareceu hesitar por um instante.

- Ei, você acha...

- Ei, Carter. – Virei para o lado quando um garoto parou em minha frente, apoiando um braço no armário ao meu lado. Era Lance, do time masculino de futebol. – Tudo bem?

- Ei, Lance. – Sorri. Lance conseguira o título de capitão do time esse ano, o que acabava fazendo com que nos encontrássemos às vezes quando precisávamos resolver algo relacionado às interserires, já que eu era a capitã do feminino. Apesar de sempre ter sido simpático, ele nunca havia trocado palavras comigo sem nenhum motivo antes.

- Eu estou organizando uma reunião com os caras fora do colégio no fim de semana, e queria saber se talvez você e o seu time quisessem se juntar. Vai ser tipo um happy hour, nada muito grande, só... – Ele deu de ombros. – Pra relaxar. O que você acha?

Assenti com cabeça, pensando no assunto.

- É uma boa ideia, a gente andou conversando sobre discutir algumas táticas com vocês. E as garotas são apaixonadas pelo seu time – revirei os olhos e ri, ele me acompanhou.

- Tudo bem, então... Vamos conversar para combinar isso? – Ele sorriu e tocou meu ombro. Alerta! Cassie sempre dizia, "se um cara te toca enquanto fala com você ele te quer". Ri fraco com esse pensamento e concordei com a cabeça. – Legal. Até mais, capitã!

Observei Lance se afastando pelo corredor até Harry pigarrear, puxando minha atenção de volta a ele.

- Oi!

- Oi. – Ele balançou a cabeça.

- Desculpa, o que você ia dizer antes?

- Ah, é, que... – Harry tirou o celular do bolso e olhou alguma coisa. – Eu já estou atrasado. Mas a gente conversa depois, né?

- Claro – dei de ombros, me afastando do armário e ele fez o mesmo.

- Ok – tocou meu braço de leve enquanto passava por mim, indo em direção a alguma sala de aula. Suspirei, fazendo meu caminho até o banheiro feminino mais próximo, enquanto tocava o meu ombro no lugar onde Lance me tocou. Aquilo só podia ser besteira. Não tem como saber quais as intenções de alguém só pelo modo como ele te toca. Certo?

Ao chegar no banheiro olhei meu reflexo no espelho. Meus cabelos estavam soltos e meio bagunçados, mas não de um modo ruim. Eles estavam um pouco ondulados também pelo modo como dormi com ele preso, e meus olhos azuis contrastavam com meu rosto limpo de qualquer tipo de produto. Toquei em meu cabelo outra vez, gostando dele daquele jeito. Ele estava... como o de Madison. Sempre me perguntei como ela conseguia deixar daquele jeito, e acontece que ele ficara daquele modo sem que eu precisasse tentar.

Acho que devia ser sorte.

Liam's POV

- Sério, Harry, de onde você tirou essa lata velha?! – Louis perguntou, indignado, quando teve que sair do carro para abrir a porta de trás por fora. Harry apenas riu e se virou para nós no banco de trás.

- Encontro vocês lá dentro, vou estacionar essa belezinha. – Acariciou o volante e acelerou um pouco, causando um barulho horrível vindo do escapamento do carro.

- Belezinha?! Tá mais para banheira! – Gritei a tempo de sair do carro e desviar do tapa que Harry tentou me dar.

Todo mundo que estava do lado de fora do club nos lançou um olhar esquisito como se tivéssemos acabado de sair de dentro de um carro de palhaço. Acenei para alguns caras que conhecia e que estavam lá fora, mas, honestamente, eu queria um buraco para enfiar minha cara.

- Harry me paga. – Josh falou, ao meu lado, sorrindo para as pessoas que estavam ali.

- O espertinho disse que ia estacionar para não aparecer saindo daquela coisa! – Louis soltou uma risada e entrou na casa de festas depois de apresentar sua identidade falsa para o segurança. Fui atrás dele e Josh veio comigo.

Lá dentro, a coisa estava insana. O lugar estava lotado, a música explodia das caixas de som, as únicas luzes que iluminavam o local vinham dos lasers, das luzes coloridas e do globo prateado gigante no teto. Num canto, estavam distribuindo tinta fluorescente e drinks coloridos com gelo seco. Três garotas dançavam em cima do balcão comprido do bar, enlouquecidas, com garrafas de alguma coisa em mãos e, ocasionalmente, despejavam a bebida nos copos de alguns bêbados que paravam para admira-las. Josh me cutucou, apontando Niall parado falando com uma loira gostosa no canto do bar. Descemos as escadas e entramos na multidão ensandecida.

- E aí? – Pisquei para uma garota que esbarrou em mim. A garota era linda e havia pintado os lábios com a tinta fluorescente também. Ela sorriu e me segurou pelos ombros e puxou para perto, mordeu meu pescoço e depois deu um beijo demorado. – Te vejo por aí. – Sorri e me afastei dela, certo de que a marca de sua boca estava em meu pescoço, brilhando. Ela riu e piscou para mim, voltando a se juntar ao seu grupo de amigas.

- Nialler! – Louis berrou, assustando o menino. A loira já havia se afastado, mas nós vimos quando ela escreveu seu número num guardanapo e entregou a ele. – Tá fazendo sucesso, hein! – Ele riu e deu dois tapas na bochecha esquerda de Niall.

- Cadê o Harry? – Niall quis saber, rindo.

- Ele já vem. – Garanti. – Viu o Malik por aí?

Niall arqueou as sobrancelhas, em um ar sugestivo, e apontou para outro canto da boate. Não vimos Zayn, mas vimos a porta da sala escura e então entendemos tudo.

- Ele disse que já voltava. – Niall deu de ombros. – Olha lá! – Apontou novamente e vimos, por fim, o garoto saindo dali, ajeitando a gola da jaqueta. Ele começou a andar em nossa direção, parecendo entediado e nem ao menos notou a garota que saiu da sala, também, ajeitando o vestido curto e justo, olhando para os lados, procurando o Romeu que a comeu.

- E aí. – Zayn acenou com a cabeça e pediu alguma coisa no balcão. – Cadê o Styles?

- Vindo.

- Quatro cervejas, por favor. – Pedi para o barman.

- Então! – Harry apareceu do nada, abraçando-me pelos ombros, com um sorriso na cara. – Quer dizer que você conseguiu?

- Eu já havia conseguido. – Niall se gabou. – Mas vocês quiseram ver.

- Eu devo admitir, Horan, eu subestimei você. – Zayn começou a falar. – Achei que não ia conseguir, mas você foi lá e pegou a menina.

- Duas vezes. – Niall insistiu.

- Você não esperava mesmo que fôssemos acreditar sem provas, né? Um selinho no porão daquela maldita casa não era exatamente do que estávamos falando quando dissemos que você tinha que ficar com a Charlie.

- Confesso que faltaram detalhes nas regras da aposta, mas você foi lá e fez mesmo assim. – Louis riu e bagunçou o cabelo do loirinho.

- Mas agora o Niall está no topo da cadeia alimentar! – Harry abriu um sorriso e apontou para Niall. – Agora ele é um predador!

- Vocês viram o tamanho do chupão que ele tinha no pescoço na segunda?! – Gritei, abrindo os braços como que mostrando o tamanho da marca.

- Tu é foda, hein! – Josh fez um toque com Niall.

- Então – Louis calou todo mundo e passou os copos de cerveja que eu pedi para cada um. Levantou seu copo, propondo um brinde. – Agora é oficial! O loirinho aqui agora é um membro da banda!

- Agora estamos completos e renovados! – Josh comemorou. – O resto dos instrumentos chegam segunda!

Todos gritamos e batemos uma garrafa na outra.

- Cara! – Harry gritou. – Renewed!

- Quê? – Franzi o cenho.

O Harry era esquisito, puta que pariu!

- O nome da banda! – Ele completou, sorrindo feito um otário.

- É, gostei! – Josh disse.

Todos logo concordaram e batemos as garrafas novamente.

- Renewed. – Repeti a palavra, como se pudesse sentir seu gosto.

Balancei a cabeça, sentindo-me uma menininha sentimental. Olhei pros caras à minha volta, rindo e ainda mexendo com Niall, bagunçando seu cabelo, beliscando e gritando o nome dele como se ele tivesse salvado a Terra nos quarenta e cindo do segundo tempo.

Eu amo esses bostas.

Tirando o Malik.

Harry's POV

Afastei a garota em minha frente apertando sua cintura e ela se afastou do beijo, sorrindo com malícia para mim. A luz negra e os desenhos brilhosos em seu rosto tornavam difícil enxergar muitos detalhes sobre ela, e tudo que eu sabia era que ela era gostosa. Era o suficiente.

Larguei o copo de vodka vazio no balcão quando Firestone começou a tocar e absolutamente todo mundo foi à loucura, e a garota se afastou depois de beliscar minha coxa e se juntou à multidão dançando a música do Kygo. O lugar estava lotado, era um caos. Daquele tipo bom de caos. Poucas coisas me faziam sentir mais a vontade do que estar praticamente bêbado em meio a uma multidão enlouquecida como aquela.

Abri espaço entre as pessoas que pulavam enquanto me aproximava do meio da pista, tendo minha atenção roubada por absolutamente cada garota pintada com tinta neon que passava por mim. Todas, naquele momento, pareciam gostosas. Talvez eu já tivesse bebido demais, mas estava apenas começando a diversão.

Uma garota com um vestido branco que cegava minha visão esbarrou em mim, e precisei olhar para trás para acompanha-la enquanto ela se afastava, e foi aí que bati de frente com alguém e olhei para frente, segurando a pessoa pelos ombros quando a reconheci.

- Emily! – Sorri.

- Ah! Você!

- Mais entusiasmo ao encontrar um velho amigo! – Gritei, mas ela franziu o cenho dando a entender que não havia me ouvido, então a puxei comigo até o canto do salão, onde estava um pouco menos lotado.

Enquanto me seguia ela se mexia com a música, e quando paramos um de frente para o outro, ela continuou dançando um pouco. Seu rosto estava respingado de tinta roxa e verde como se alguém houvesse balançado um pincel na frente dela, mas parecia estranhamente com uma galáxia inteira. Em seus braços e mãos havia desenhos em espirais de cores diferentes. Olhei para o seu rosto e a peguei me observando observá-la.

- Você bebeu?

- Por quê, não posso dançar? – Ela sorriu.

- Quando você bebe, você pode tudo! – Disse e ri quando levei um tapa no ouvido.

- Essa música é ótima!

- É, eu sei! – Gritei de volta. Com certeza ela havia bebido, Amy não dançava, por mais que aparentemente não fosse uma má ideia para ela. – O que está fazendo aqui?

- Vim com o time depois do happy hour. E você? Os outros também estão aqui?

- Sim. Viemos batizar o Niall, e comemorar sua entrada oficial na banda.

- Achei que ele já fosse da banda. – Ela estreitou os olhos. – O que fizeram ele fazer?

Ri.

- Longa história, você não vai querer saber.

Emily deu de ombros e continuou dançando um pouco. Aquela era uma música um pouco mais lenta, mas ainda com uma batida boa, e percebi que também estava me mexendo com a música. Não dá para ficar plantado feito um poste no meio de uma boate, né?

Se Emily fosse qualquer outra garota eu a seguraria pela cintura e dançaríamos mais próximos. Bem próximos. Era isso que aquela música pedia. Era isso que aquele momento pedia. Antes que eu pudesse pensar, as palavras saíram da minha boca.

- Você quer... – mas elas morreram quando outro cara se aproximou dela e passou a mão por sua cintura, a virando para ele.

- Ei, onde você estava?

- Conseguindo o que você queria – Lance riu, entregando a ela uma dose de vodka com limão, e aí ele pareceu me notar ali. – E aí, cara! – Bateu em meu ombro.

Assenti com a cabeça, tentando dar um sorriso satisfatório para, mas acho que aquilo parecia uma careta.

- Vi os seus amigos lá atrás – ele comentou enquanto Amy tomava a dose em goles grandes. Tirei os olhos dela e assenti para ele.

- O que você ia dizer? – Ela me perguntou, entregando o copo vazio a Lance e mordendo a fatia do limão.

- Nada, só que o Louis perguntou de você. – Gritei sobre o volume da música. Lance agora tinha as duas mãos em volta da cintura dela, e começou a beijar o lado do rosto de Emily, perto do ouvido, ao que ela tentava - não com tanto afinco assim - se afastar, talvez só um pouco envergonhada. Aparentemente os dois estavam gostando daquilo, e quem sobrava ali no meio era eu. Ela o afastou um pouco rindo e me olhou.

- Se eu o encontrar falo com ele. Ouvi falar sobre um negócio entre ele e a Summer na escola...

- Vamos dançar! – Lance pénosaco pediu, a puxando de novo, e ela virou o rosto o fazendo voltar a beijar seu rosto. Emily riu e, quando me olhou, eu levantei uma mão.

- Vão dançar! Eu também vou fazer isso.

Não precisei falar duas vezes. Porque dois segundos depois eles já estavam na pista, dançando juntos, como eu planejava... imaginava...

Esquece.

Por um momento fiquei parado no mesmo lugar observando os dois, que dançavam como se só existissem eles no mundo. Passei a mão no cabelo suado o colocando para trás, tentando relaxar meus punhos tencionados e processar tudo o que havia acontecido, e tentando parar de pensar em como seria prazeroso naquele momento socar a cara de Lance. Depois desse breve momento, me recompus e saí em busca de alguma coisa mais forte pra beber e alguém para me divertir.

Encontrei uma roda de gente animada no meio da pista de dança, vibrando por algo, e ao abrir espaço para ver, vi um cara fazendo um body shot na garota que estava comigo no bar antes, que segurava um shot de tequila entre os peitos, só de sutiã. Quando ele pegou o pedaço de limão da boca dela e se afastou, sendo ovacionado por quem assistia, eu afastei o próximo garoto na fila e tomei o lugar dele, segurando a cintura dela e me abaixando, passando a língua pela gota de tequila que escorria por sua barriga e subindo até seus peitos, onde peguei o copo com a boca e o virei também. Ela pegou o copo e eu peguei o pedaço de limão de sua boca, o jogando fora e a puxando pela nuca, a prendendo em um beijo. A "plateia" novamente vibrou.

Àquela altura, qualquer uma servia para mim.

Charlie's POV

- Você não vai acreditar! - Uma garota saiu apressadamente de seu quarto, indo em direção à sua amiga, que também saíra de seu quarto, nos dormitórios. Uma tirou o celular do bolso e mostrou algo à outra e as duas arfaram, surpresas e espantadas. Havia aquele sorriso estampado em cada rosto do corredor, aquele que dizia "eu não acredito!", daquele jeito que ninguém nunca sorri quando a surpresa é sobre si.

Revirei os olhos e respirei fundo, tentando não ter uma reação exagerada àquele hábito insuportável de fofocar que parecia contaminar cada adolescente do mundo.

O que quer que fosse a tal novidade, eu tinha certeza de que nada tinha a ver com a vida delas. Tranquei a porta do quarto e, quando me virei para me dirigir às escadas, vi um grupo de garotas desviarem seus olhares de mim imediatamente, rindo baixinho. Balancei a cabeça constatando que as pessoas só ficavam cada vez mais e mais idiotas. Recebi uma mensagem de Cassie dizendo para encontrá-la na biblioteca o mais rápido possível. Não entendi a urgência de sua mensagem, tampouco entendi por que não explicitar na mensagem qual era o problema ou ela mesma vir ao meu encontro. Por que a Cassie tinha que sempre ser tão mimada e egoísta a ponto de nem se dar ao trabalho de vir até mim para dizer o que era tão importante.

Mas, de qualquer forma, eu comecei a fazer meu caminho até a biblioteca.

- Eu não acredito que ele fez isso! - Ouvi o assunto que estava sendo discutido no grupinho de meninas que estavam olhando antes.

Suspirei para o que parecia ser mais fofoca.

Saí do prédio dos dormitórios. Lá fora, os alunos se amontoavam nas mesas do pátio, normalmente, alguns apenas jogavam conversa fora, outros aproveitavam o calor do sol daquele sábado, mas, hoje, todos estavam aglutinados em pequenos grupinhos olhando para seus celulares e rindo, depois comentavam alguma coisa entre si, rindo ainda mais.

O que havia com as pessoas daquele lugar?!

A luminosidade ali estava me matando, iniciando uma dor de cabeça que me mataria mais tarde. Tirei o estojo de óculos escuros da bolsa e os coloquei, sentindo alívio imediatamente. Aquilo pareceu atrair a atenção de todo mundo para mim, pois todos pararam o que estavam fazendo e me olharam. Uma garota baixou os olhos para o celular e depois para mim, cobrindo a boca com a mão livre.

Eu comecei a ficar preocupada quando a maior parte das pessoas começou a cochichar entre si, muitas sem ao menos desviar o olhar de mim.

Vi Rebekah sentada em uma das mesas, ela também me fitava e comentava algumas coisas com outras pessoas, mas não se moveu quando eu comecei a me aproximar dela.

- Ela colocou os óculos escuros para que ninguém visse como ela estava chorando! - Um garoto qualquer falou, baixinho, quando eu passei por ele. Deu para ouvir, idiota!, eu queria dizer, mas tive que me controlar. Pelo menos até eu saber do que se tratava tudo aquilo.

- Rebekah. - Cumprimentei a menina que me encarava com uma expressão no mínimo intrigante; ao mesmo tempo que parecia chocada, ela parecia estar se divertindo com o que quer que fosse. - Sim? - Ela abriu um sorriso para mim, como se tivesse muita coisa a oferecer. E, antes que eu pudesse dizer o que queria, ela pegou o celular da mão de um garoto que estava ao seu lado e me entregou.

Quando eu li o conteúdo da mensagem e em seguida vi a foto que fora anexada, meu sangue ferveu e algo dentro de mim se rompeu, mas eu me esforcei para não demonstrar muitas emoções. Devolvi o aparelho ao seu dono, que me olhava como se eu fosse uma fera se preparando para o ataque. Dei as costas a eles e fui atrás da pessoa que provavelmente era responsável por tudo aquilo. Na minha cabeça, enquanto eu vasculhava a escola, mil pensamentos ocorriam, xingamentos e juras de morte. As salas já estavam todas vazias, o refeitório estava lotado, mas não achei o que queria ali. Cassie me esperava na biblioteca e, quando eu apareci lá, ela resolveu me seguir na minha jornada.

Eu não sabia mais onde procurar quando eu vi o antigo prédio do ginásio.

- Charlie! - Cassie me chamava, parecendo desesperada. - Charlie espera! Não dá pra fazer nada de cabeça quente! - Ela tentava me parar, mas, honestamente, eu não estava nem aí; queria que tudo fosse para o inferno de uma vez. - Você nem sabe se é verdade!

- Ah, nós já vamos descobrir. - Abri um sorriso para ela, olhando para trás pela primeira vez desde que ela começou a me seguir, e, pela expressão dela, eu tinha certeza de que eu parecia uma maníaca desvairada daquele jeito. Cassie parou de andar por um instante, mas voltou a andar. Finalmente cheguei ao prédio e escancarei a porta, entrando de uma vez. Lá dentro, a iluminação era péssima, mas eu vi que todos os garotos levaram um susto quando eu entrei. Harry e Louis estavam sentados no sofá acabado, Liam estava sentado atrás de sua bateria, conversando justamente com a pessoa que eu queria ver - e matar.

- Niall. - Chamei, alto e bom som, olhando unicamente para ele como se os outros nem estivessem presentes.

Ele se virou para mim e franziu o cenho antes de abrir um sorriso para mim e para Cassie, que se colocou ao meu lado. Depois seus olhos voltaram para mim e o sorriso se desfez, como se ele soubesse que algo estava errado.

- É verdade? - Foi só o que perguntei. Apesar de eu não ter dito mais que aquilo, o silêncio que se seguiu indicava que todos ali haviam entendido do que se tratava e aquilo me surpreendeu. Era verdade, então.

Todo mundo sabia?

Olhei para Cassie, pedindo explicações, mas ela me retornou um olhar tão perdido e confuso quanto o meu próprio, faltando ali apenas a raiva que me preenchia até o último fio de cabelo. Harry e Louis não disseram uma única palavra, mas havia expectativa em seus rostos e isso era suficiente para eu saber que eles sabiam de tudo.

- Charlie... - Niall começou a falar, mas eu o interrompi quando me encontrei incapaz de sequer ouvir sua maldita voz.

- Como você pôde?! - Eu sibilei, com nojo.

- Charlie... - Ele repetiu, mas eu o interrompi novamente.

- Cala a boca! - Gritei. - Nada do que você tem para me dizer vai consertar ou sequer amenizar a humilhação que eu estou sentindo, seu monte de merda!

- Pelo menos escute o que eu tenho a dizer! - Ele gritou de volta, parecendo desesperado.

- Não! - Gritei novamente. - Quem mais sabia disso, Harry Styles?! - Virei-me para ele, que se assustou.

- A-ah... Eu... - Ele gaguejou.

- Fala logo! - Demandei, impaciente.

- Charlie! - Cassie me censurou, mas eu não dei a mínima.

- A banda toda sabia! - Harry conseguiu dizer. - Foi depois das audições. Niall é muito bom, mas não dava para deixar ele entrar assim, de boa!

- E transar com a Charlotte Wilson é exatamente a prova de que ele é merecedor! - Não foi uma pergunta, na verdade era um pouco de sarcasmo misturado com a verdade. Harry abriu a boca para falar, mas nada saiu.

- Ele não tinha que transar com você! - Harry levantou as mãos. - Era para ser só um beijo! Eu também fiquei surpreso quando Zayn disse que seria só um beijo...

- Zayn?! - Cassidy quase gritou em choque.

- O que tem de errado com vocês?!

- Charlie, eu sei, foi uma péssima ideia. - Niall disse, olhando para mim.

- Péssima ideia?! - Eu soltei uma gargalhada que fez todos me olharem como se eu tivesse acabado de dar um tiro em alguém e aberto um sorriso. Andei até Niall, até ficar a alguns centímetros dele. - O que vocês acham que eu sou? Um objeto? Que vocês podem colocar a prêmio? Aliás, nem prêmio eu sou, não é? Só um desafio. Por quê? Por que eu fui a escolhida? É tão difícil assim estar comigo? Ou alguém querer alguma coisa comigo? Tem que ser um desafio? Eu sou repulsiva? O que tem de errado comigo para eu ser colocada numa maldita aposta como medida de merecimento?!

- Não é nada disso, Charlie... - Niall começou, mas nunca chegou a terminar aquela frase, pois minha mão o impediu de dizer qualquer coisa. Foi automático, quando ele negou, eu apenas levantei minha mão e desferi o tapa, acertando em cheio sua bochecha esquerda.

- Nunca mais ouse falar comigo, Niall Horan. - Sibilei, olhando no fundo de seus malditos olhos azuis.

- Charlie... - Ele tentou novamente dizer alguma coisa, mas eu o interrompi mais uma vez:

- Vocês mexeram com a vadia errada. E eu faço questão de provar isso a cada um de vocês. - Prometi.

Niall me olhava de volta, um misto de preocupação - não chegava a medo - estampava seu rosto. Harry e Louis estavam nos observando, impotentes, assim como Cassie, que tinha as mãos cobrindo a boca, como se ela tivesse as esquecido lá enquanto assistia à cena. Girei nos calcanhares e fiz meu caminho até a porta a passos largos. Cassie não veio atrás de mim.

- Charlie! - Niall tentou mais uma vez.

- Queime no inferno, Horan. - Falei antes de abrir a porta e sair para a claridade do lado de fora.

Cassie's POV

- O que tem de errado com você?! – Eu perguntei quando encontrei Zayn sentado na arquibancada do ginásio fumando um cigarro e contemplando o nada. Ele virou a cabeça para mim, de pé na quadra.

- Well, bom dia para você também, Shortcake. – Riu sem humor algum, voltando a olhar o vazio da quadra. Subi os degraus necessários para ficar de frente para ele, olhando-o seriamente. Zayn suspirou e apagou o cigarro no espaço do banco ao seu lado e olhou para mim. – O que eu fiz de errado agora?

Dei-lhe a bofetada que estava planejando dar desde que Harry disse que a ideia fora de Zayn.

- Wow! – Ele gritou, colocando-se de pé com a mão na bochecha. – Para quê isso?! – Ele me olhou como se eu tivesse cinco cabeças. Lutei para controlar a vontade de lhe dar outro tapa.

- O que tem de errado com você?! – Repeti, só que dessa vez minha voz saiu mais alta e exasperada.

- Muda o disco, Cassidy, você já disse isso. – Revirou os olhos. – Fuck. Você arruinou meu bom humor. – Completou.

- Eu arruinei seu bom humor?! Eu? Sério, Zayn? Você consegue ser tão babaca assim?! – Coloquei as mãos na cintura, já impaciente.

- Não dá para te levar a sério quando você coloca as mãos na cintura, Shortcake. – Observou, olhando-me como se eu fosse uma criancinha birrenta. O deboche e o descaso fizeram meu sangue ferver novamente e eu levantei a mão para bater novamente nele, mas Zayn foi mais rápido e segurou meu pulso. – Vamos parar com os tapas! – Demandou, olhando-me feio. – O que é tudo isso?!

- Como assim você fez uma aposta com o Niall para entrar naquela maldita banda de vocês? – Cuspi as palavras, fazendo com que ele, finalmente, entendesse do que se tratava e tomar a atitude com a seriedade que merecia.

- Ah, isso. – Murmurou.

- É. Isso. – Confirmei, cruzando os braços. – Eu poderia trucidar você em um milhão de pedacinhos... – Comecei, mas ele arqueou as sobrancelhas, caçoando de mim com o olhar. – Acredite, eu poderia. – Reforcei, lançando a ele um olhar homicida, sentindo a raiva tomar conta de mim mais uma vez. Respirei fundo. – Mas eu estou te dando o benefício da dúvida, Zayn. Eu sei que você fez isso, mas eu quero acreditar que você não fez isso simplesmente por ser o babaca que você é. Então, diga, por favor, que foi uma ideia sem escrúpulos, que você não queria magoar ninguém e que não vai se repetir. Diga. Porque eu quero acreditar nisso, Zayn.

Ele fez silêncio por alguns segundos sem tirar os olhos de mim, mas desviou o olhar e balançou a cabeça.

- Eu, honestamente, não me importava, Cassidy. – Disse, cruzando os braços também.

- Importava? – Indaguei, com uma pontinha de esperança.

- Não me importo. – Reiterou, olhando-me de cima. Mordi a parte interna do lábio inferior, realmente surpresa com a declaração. Balancei a cabeça sem acreditar no absurdo daquilo. Como alguém podia ser tão... – Você quis a verdade, Cassidy. – Ele se defendeu. – Eu sou assim.

- Não me venha com essa coisa... – Soltei um grunhido. – Quem você acha que é? Hein? Acha que é algum tipo de ser superior que pode brincar com as coisas que quiser? Charlie é um ser humano, Zayn. Um ser humano muito incrível, por sinal. E você simplesmente a usou desse jeito como se ela fosse um tipo de prêmio.

- Cassidy, por favor. Era só um beijo. – Revirou os olhos.

- Ela foi iludida, Zayn! – Juntei as mãos na frente da boca, segurando-me para não gritar.

- A culpa não é minha se ela...

- Quer saber, chega! – Interrompi-o antes que pudesse soltar aquele absurdo que estava prestes a sair. – Eu deveria vir aqui com o mesmo olhar assustador e com uma ameaça na ponta da língua da mesma forma que a Charlie fez ao ir atrás do Niall, mas, ao invés disso, eu quis te dar a chance de se explicar. Só que parece que nem a explicação vale a pena.

- Ingenuidade sua pensar que eu não sabia o que estava fazendo, Cassidy. – Zayn riu seco, tentando, ainda, sair por cima daquela situação, como se a culpa não fosse dele ou como se aquilo fosse inevitável porque "isso é o que ele é". Balancei a cabeça novamente.

- Faça-me um favor: nunca mais fala comigo. – Eu pedi, mas acabou saindo como uma ordem. Não que eu acreditasse que falar comigo fosse algo muito essencial para Zayn e aquela seria uma consequência ruim que o faria repensar suas atitudes, mas, na verdade, eu só não queria mais contato com aquele tipo de pessoa. O tipo de pessoa que Zayn era.

Por um segundo, eu me lembrei de Mandy. A mesma manipulação, as mentiras, a falta de responsabilidade... Ele era um mini-Mandy. E eu já tinha uma Mandy inteira para acabar com cada parte da minha vida; não precisava de mais um doente para me azucrinar.

Zayn não respondeu, apenas cravou os olhos em mim com os braços cruzados, dando todos os indícios de que não ia dar o braço a torcer. Ótimo, eu pensei. Naquele momento, não conseguia elencar nem três razões para ter esperado qualquer coisa diferente vinda dele; era tão óbvio que ele não iria tomar outra atitude... Realmente, foi ingenuidade minha.

Dei meia volta e desci os degraus da arquibancada, dirigindo-me à porta de saída enquanto um arrependimento tomava conta de mim. Por que eu vim aqui, mesmo? O que eu achava que ele iria dizer? Eu realmente esperava que ele ia pedir desculpas? Abri a porta pesada e fui recebida pelo sol do lado de fora, ferindo meus olhos com a claridade. Antes que a porta se fechasse atrás de mim, pude ouvir o som de algo se chocando contra outra superfície, parecendo explodir ou algo do tipo. De alguma forma, eu sabia do que se tratava e, por isso, balancei a cabeça negativamente, passei as mãos pelos cabelos, começando a sentir como se estivesse à beira da loucura, irritada e um pouco contente, ao mesmo tempo. Droga, eu queria sorrir, mesmo sabendo que não devia, a vontade era maior que a raiva por aquele ser desprezível. Mordi o lábio inferior, lutando com todas as partes opostas dentro de mim.

"Ele é um babaca que gosta de jogar com as pessoas", reforcei em minha mente.

Mas agora eu sabia: ele se importa.

Liam's POV

- Acho que hoje o amigo do professor Clark vai dar a avaliação da nossa apresentação. – Josh estava falando enquanto esperávamos Harry e Louis se juntarem a nós. Sentei-me de costas para a mesa de pedra para poder olhar a movimentação no campus. Havia uma energia no ar naquele sábado que eu não sabia exatamente o que era, mas parecia estar definindo algum tipo de fenômeno social na St. Bees. As garotas estavam mais reunidas que o normal, conversando em grupos mais fechados, olhando para os lados enquanto riam. Alguns caras também conversavam entre si com aquele olhar que só denunciava uma coisa: fofoca.

Eu não fazia ideia do que se tratava e, também, pouco me importava o que era. Josh era o jornal do grupo, não eu. Mas notei que, estranhamente, Josh não havia tocado em qualquer assunto que pudesse parecer suspeito ou que explicasse aquele comportamento todo.

Enquanto observava as pessoas, eu também procurava uma pessoa.

Madison estava me evitando desde o momento que tivemos em seu quarto no Natal. Não somente pelo amasso, mas pelo choro depois que o pai lhe deu a pulseira de sua mãe. Era a segunda vez que via Madison chorar e, honestamente, não me surpreendia; ninguém pode ser tão insensível. Nem mesmo ela. E aposto que Summer tinha um coração também, mas o dela não me intrigava tanto quanto o da minha meia-irmã. Não que o coração dela fosse realmente da minha conta, mas não sou esse tipo de babaca sangue-frio que não dá a mínima ao ver uma garota chorar.

E, além do mais, o jeito como ela lutava para dizer não enquanto está louca para dizer sim era uma diversão e massagem sem medidas para o meu ego. E era o que me puxava para perto dela também.

Não conseguia tirar da cabeça a imagem dela embaixo de mim e o cheiro quente e floral de sua pele macia. Fuck, eu até sonhava com o resto. Eu estava enlouquecendo, para dizer o mínimo. Aquilo precisa ser terminado. Só assim eu poderei seguir em frente com minha vida.

- Cara! – Harry se jogou no banco ao meu lado, barulhento como sempre, arrancando-me de meus pensamentos. – Vocês não vão acreditar na merda que acabou de acontecer. – Ele começou a contar.

- Todo mundo já sabe, Harry. – Louis o cortou, revirando os olhos.

- O quê? – Perguntei, curioso de repente. Talvez toda a agitação fosse sobre isso.

Harry abriu um sorriso debochado para Louis, que revirou os olhos e se sentou também.

- A Charlie descobriu tudo, dude. – Harry balançou a cabeça.

- O quê?! – Repeti a pergunta, mas dessa vez eu simplesmente não acreditava na resposta.

- Ah, é! – Josh estalou os dedos. – Era sobre isso que eu queria falar hoje, mas não lembrava! – Riu de si mesmo. "Tá explicado", pensei. – Recebi a mensagem ontem, depois que voltamos da Hybrid.

- Cacete, isso é... – Comecei a dizer, mas não consegui definir a situação.

- Uma merda. – Louis terminou para mim, concordando e se virou para Josh. – Por que você não contou pro Niall?

- Eu achei que ele tinha recebido também. – Josh deu de ombros. – Além disso, a Charlie ia querer a cabeça dele, não a minha.

- Ah, você pode apostar! Ela apareceu lá na sala da banda! Os olhos dela, cara... – Harry jogou os cabelos para trás. – Cacete, eu achei que ela ia arrancar as bolas do Niall ali na hora...

- Ela está puta assim? – Perguntei, franzindo o cenho. Não parecia a Charlie que eu conheço.

- Ela tá muito puta. E tem mais: ela ameaçou cada um de nós. – Louis cruzou os braços, fazendo uma cara de sério pela primeira vez desde que o assunto estava sendo discutido. Harry balançou a cabeça, confirmando.

- Eu nunca a vi daquele jeito. – Harry reforçou.

- Quem será que vai ser o primeiro? – Josh levantou a dúvida.

Eles começaram a falar sobre aquilo, perguntando-se o que aconteceria ou se, de fato, aconteceria, mas parecia que eles estavam completamente preparados para o pior ou algo assim. Não ouvi o resto das especulações, pois minha atenção se voltou totalmente para a garota que atravessava o pátio rapidamente, costurando entre as pessoas, dirigindo-se para o prédio das salas de aula, o que era esquisito, pois é sábado e não temos aula. Murmurei um rápido "já volto" para o pessoal e me levantei antes que pudesse sequer planejar o ato; mas acho que meu corpo já estava pronto para fazer isso assim que a visse.

Segui-a de longe, com as mãos nos bolsos, num passo calmamente planejado. Olhei em volta antes de entrar no prédio para me certificar de que ninguém me notara ou vinha nessa direção também, mas todo mundo parecia absorto demais no que estava rolando na escola naquele dia.

Os corredores estavam vazios e tinha como iluminação somente a luz do sol que entrava pelas janelas das salas que tinham as portas abertas. Nunca havia visto a escola daquela forma e havia algo até poético nas sombras e no silêncio que tomavam conta do lugar. Ouvi o barulho metálico e logo notei que vinha do próximo corredor. Dobrei à direita, encontrando Madison encarando seu armário aberto como se tentasse decidir alguma coisa, mas ela percebeu minha chegada e soltou um muxoxo de desgosto.

- O que você quer, Payne? – Ela disparou, voltando a olhar seu armário como se ele fosse mais interessante que eu. Abri um sorrisinho, tomando aquilo como um incentivo para me aproximar.

- Bom dia, também. – Provoquei antes de me encostar ao armário ao lado do dela, divertindo-me com o olhar frio que ela me lançou. – Eu vi você vindo para cá e fiquei intrigado.

- Curioso você saber o que é isso. – Observou, finalmente tirando alguma coisa de dentro do armário; um livro grande e pesado de História.

- Curioso você resolver estudar História num sábado. – Apontei para o livro.

- Você devia tentar também. – Abriu um meio sorriso com as sobrancelhas arqueadas, sugestivamente e secretamente tirando sarro. Revirei os olhos e me aproximei um passo dela, que não pareceu se importar.

- Outro dia. – Pisquei.

- Claro. – Disse como se não acreditasse. Olhou mais uma vez para o armário e tirou outro livro de lá, dessa vez o de Biologia.

- Biologia também? Isso é...

- O que você quer? De verdade. – Ela fechou o armário ruidosamente e se virou de frente para mim, abraçando os livros com força, impaciente.

Uma risada baixa escapou de mim e eu olhei diretamente em seus olhos.

- Achei que não fosse perguntar assim. – Tirei os livros de sua mão e os deixei escorregar pela minha perna até o chão para não fazer barulho. Ela me lançou um olhar confuso, que logo se transformou em surpresa quando eu segurei sua cintura com firmeza e a puxei. – Eu quero você. – Declarei.

Ela olhou para o jeito que estávamos antes de me olhar nos olhos, a confusão dando espaço para outra coisa.

- Aquilo foi um erro. – Disse, mas não me convenceu.

- Madison, Madison, Madison. – Soltei um suspiro divertido. – Eu sei quando vocês querem alguma coisa.

Ela cavou um buraco na minha cara com o olhar que me deu em seguida à minha fala. Afastou-se com um empurrão e me deu as costas, bufando.

- Você é patético, Pa-

Puxei-a pela cintura. O choque de suas costas contra meu peito fez Madison soltar o ar pela boca. Segurei cada lado de sua cintura com as mãos, pressionando o local com rigidez, e lhe falei ao ouvido:

- Especialmente, eu sei que você quer. – Ri fraco. – Tanto quanto eu.

Sem dar chance para que ela se soltasse, afastei o cabelo dela, deixando seu pescoço à mostra, e tracei uma trilha com a boca até sua orelha com, beijando, mordendo e usando a língua de vez em quando. Atento às suas reações, notei a pele de seu braço arrepiada. Invadi sua blusa, sentindo a pele de sua barriga sob meus dedos, a curva de sua cintura, o tecido de seu sutiã. Ela tombou a cabeça para trás quando eu comecei a fazer o contorno daquela pequena peça de roupa, ameaçando tocar seus seios por debaixo dela. Sua respiração estava irregular e, pelo que eu podia ver, seus olhos estavam fechados.

Maddie's POV

Eu não sabia onde estava e mal conseguia me lembrar de como havia ido parar naquele lugar com Liam, mas eu também não conseguia acessar a parte do meu cérebro responsável por se importar com qualquer um daqueles detalhes.

Meu suéter escapou de mim em um segundo e mais rápido que isso só os lábios de Liam de volta aos meus, beijando-me com urgência e volúpia. Suas mãos seguraram minha cintura com força e me pressionaram contra seu corpo, permitindo-me sentir sua ereção por debaixo da calça jeans, e eu não consegui conter um gemido contra seus lábios, o que o fez sorrir e subir as mãos para meu sutiã. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo ali. Quero dizer, eu sabia muito bem o que estávamos fazendo, mas não sabia aonde aquilo ia parar, quais as consequências, mas meu corpo insistia em não ligar para nenhuma daquelas coisas e focar somente nos beijos quentes e vorazes de Liam contra a pele de meu pescoço. Aquilo ia deixar marcas.

Liam me pegou pela parte detrás de minhas coxas e me sentou em algum lugar, abriu minhas pernas e se colocou entre elas, depois me puxou novamente, colando nossos corpos de uma forma que só seria melhor se ambos estivéssemos sem aquelas malditas roupas. Eu arfei, olhando para baixo, sentindo um frio na barriga ao ver o estado em que nos encontrávamos. Quis brincar e dizer a ele que sua camisa ainda cobria seu tronco, mas, de repente, a ideia de falar parecia dar um ar mais "íntimo", quase descontraído, ao que estávamos fazendo e nós dois sabíamos que aquilo não era sobre sentimentos – eu odiava Liam e o que ele representava mais que tudo – e sim sobre desejos. Por isso, apenas puxei a barra de sua camisa para cima e o despi, mordendo o lábio para evitar que eu soltasse qualquer barulho constrangedor ao ver seu corpo perfeito. Era quase um desrespeito alguém ser tão gostoso. Arranhei seu peitoral, descendo até o cós de sua calça e o puxando mais para perto naquela região. Um som saiu de sua garganta, quase estrangulado, como se ele estivesse sofrendo ou segurando muito alguma coisa, mas tinha seus olhos fechados e sua mão me segurava no lugar, como se me incentivasse a fazer o que quer que eu estivesse fazendo.

Voltei a beijá-lo, fazendo, involuntariamente, um movimento de vai e vem, quase rebolando em cima da mesa, esfregando-me nele, enquanto minha língua explorava sua boca lentamente, ajudando-me a conter os gemidos que se formavam à medida que eu sentia aquela pressão no meio das minhas pernas. Senti a mão dele abrindo o primeiro botão da minha calça jeans. Segurei seus ombros e joguei a cabeça para trás, gemendo alto quando sua mão escorregou para dentro da minha calcinha.

Zayn's POV

Enquanto fazia meu caminho para o dormitório feminino eu observava cada janela do prédio de cinco andares. Eu procurava o quarto de Summer e esperava que, por algum acaso da vida, talvez tivesse a sorte de vê-la passando pela janela ou que, por intuição, eu simplesmente soubesse. Não poderia perguntar a Cassie, já que Charlie era colega de quarto da Sam, e muito menos poderia perguntar à própria Charlie. Nesse momento, eu provavelmente era a última pessoa que ela queria ver.

Contornei o prédio a fim de entrar pela porta de emergência e, quando cheguei lá, esperei com todas as forças que as portas não estivessem bloqueadas – porque é possível, sim, que certas pessoas muito estúpidas bloqueiem as portas de emergência. Mas, para minha sorte, não estavam. Puxei a porta, já me perguntando como faria para descobrir qual o quarto de Summer, especialmente àquela hora da noite.

Para minha total surpresa, no entanto, eu encontrei Sam sentada no último degrau da escada fumando seu cigarro. Ela parecia dormir já que seus olhos estavam fechados, mas os dedos de sua mão livre estavam balançando repetidamente; e foi só então que percebi que ela estava ouvindo música em seus fones de ouvido.

- Hey. – Dei um toque em seu joelho, despertando-a de seus pensamentos. Ela abriu os olhos e me olhou como se eu estivesse ali para brigar.

- O que você quer?

- Preciso da sua ajuda. – Falei, sem rodeios.

- Para quê? Quer apostar quem fuma mais cigarros?

- Quê? – Franzi o cenho. – Fala sério, Finn.

Ela soltou uma risadinha fraca e balançou a cabeça, fechando os olhos novamente.

- É proibido sexo oposto nos dormitórios. – Disse.

- E nós ligamos muito para regras. – Revirei os olhos.

- Estou tentando me manter longe de encrencas, Malik.

- Tente de novo. – Tirei o cigarro de sua mão e o traguei.

- Você não tem coisa melhor para fazer além de torrar a minha paciência?

- Você não tem essa coisa de paciência, Finn, não viaja. Isso é só para afastar as pessoas.

- Pelo visto não está funcionando. – Ela me lançou um olhar sugestivo.

- Não mesmo. – Dei de ombros e me acomodei no degrau em que estava sentado. – Só saio daqui quando você disser que me ajuda.

- Eu não devo nada a você.

- Ainda. – Levantei um dedo. – Qual é, Summer. O que você tem a perder?

- O que você tem a perder?

- Só responde, Finn. – Revirei os olhos.

- Não seja tão mandão, Malik. Eu faço as perguntas. – Ela apontou o cigarro para mim. Parecia que seu interesse pela conversa havia aumentado e o interrogatório iria apenas começar, apesar de que ela não fazia muito o tipo de interrogatórios.

- Fala sério. – Bufei, jogando a cabeça para trás.

- Como diabos você pretendia ganhar a garota com esse tipo de joguinho?!

- Como é? – Voltei a olhar para ela.

- Brincar com a melhor amiga dela! Sério? Você é tão estúpido assim?! – Ela parecia querer rir, mas parecia mais com indignação e escárnio. – Eu acho que sim! Porque, ainda por cima, você acha que eu posso te ajudar a fazer as pazes! Por favor, fala o que fez você pensar que eu poderia te ajudar?

- Você é uma fucking garota. – Falei, como se fosse óbvio.

- Isso é tudo? Malik, eu tomo pílulas para apagar simplesmente porque eu não quero sonhar. É assim que eu lido com os meus problemas!

- Qual é, Finn, você deve ter um coração aí dentro.

Ela arqueou as sobrancelhas, mas não respondeu.

A verdade é que eu estava desesperado. Pra caralho.

- Sabe, Malik, para mim, duas coisas resolvem a maioria dos problemas: pílulas e sexo. Era assim que eu resolvia os meus. Deve ser assim que você resolve qualquer coisa; o sexo, claro. – Rolou os olhos. – Se você está tão desesperado assim, você devia comer a Cassie logo. Nada segura mais uma pessoa que sexo. Eu me lembro das garotinhas de 15 anos que ficavam aos pés do Kevin depois de uma noite com ele. Era nojento. Pareciam cadelas no cio. E ele? Rá! O Kevin não ligava mesmo para elas, faltava pouco para pisar nelas e... – De repente o rosto dela perdeu toda a expressão e os olhos dela adquiriram de novo aquele tom pálido e frio. Ela parou de falar subitamente.

- Kevin? – Insisti, mas ela permaneceu calada. – Quem é? Namoradinho?

- Ninguém.

- Ah, ela ficou triste! – Fingi estar com pena. – Senhoras e senhores, Summer Finn e seu mais novo sentimento expressado ao vivo e em cores: tristeza! Muito original, Finn, mas não estamos falando dos seus namoradinhos e, sim, da Cassie.

Apesar de que era evidente que havia muito mais que tristeza por detrás daquele olhar morto de Summer. E, agora que foi mencionado, esse Kevin devia ter muito a ver com isso. Se não fosse ele mesmo o problema. Também não seria anda inesperado que a Summer tivesse sido uma dessas garotinhas idiotas que caem aos pés da primeira transa e, no final, se deu muito mal. Mas, a julgar pela própria imagem da garota sentada à minha frente, deumuita merda. E isso matou a pessoa que havia dentro dela.

De repente, Summer pareceu voltar a si e olhou direto para mim.

- Mas – prolongou o "s" – a Cassie não é esse tipo de garota! Então, basicamente, você está fodido. Acabou. Supera, Malik. Existem outras virgens no mundo.

- Infelizmente você já foi violada, não é? – Abri um sorrisinho para ela, cínico, decidindo deixar passar aquela brecha que ela deu sobre seu passado.

- Vai pro inferno. – Rebateu.

- Não quero saber como você reage às merdas da vida, Finn. O que, aliás, dá para ver pela sua cara. Eu não vim aqui para ouvir o que você acha da minha vida.

- Eu não vim aqui para ser incomodada pelo senhor-babaca, mas parece que nem tudo é como a gente quer, não é mesmo?

- Você me deve uma. É simples.

- Ah! – Ela arqueou as sobrancelhas. – Eu te devo uma. Pelo quê, mesmo?

- Um dia você irá precisar de mim e, nesse dia, você vai desejar estar me devendo uma.

- Essa sua estupidez... Isso é uma doença ou você adquiriu ao longo da sua inútil existência?

- Eu conto se você me contar a sua. – Rebati, abrindo um sorriso sarcástico. Ela, por sua vez, mostrou-me seu dedo médio. – Quanta classe. – Zombei e bati a ponta do cigarro para que as cinzas caíssem antes de tragar novamente. – Chega de papo. Sim ou não?

- Awn, você está tão desesperado para transar que chega a ser cômico, Malik. Que garota de sorte essa Cassidy! – Ironizou.

- Também posso arranjar um horário para você, não precisa jogar esse ciuminho para cima de mim, Finn. – Pisquei para ela, que revirou os olhos.

- Você me enoja. – Fez um barulho com a garganta e uma careta. – E não vou te ajudar a arrumar essa merda que você fez. Aliás, o que eu poderia fazer? Olha para mim, Malik, depois olhe para ela. Não combina.

- Você pode falar com ela. – Dei a única sugestão que não parecia inimaginável para Summer se sujeitar a fazer.

Foi nesse momento em que ela começou a rir.

Puta que pariu.

Até uma ferrada como a Summer tinha motivos para rir de mim.

Mas aquilo me fez querer ainda mais ter a Cassidy.

- Olha – comecei a falar e ela parou de rir ao ouvir meu tom de voz, que nem eu reconheci. – Eu realmente preciso de alguma ajuda nesse momento. Pense como quiser, Finn, mas eu gostaria muito de conseguir me aproximar daquela garota de novo sem que ela queira me enfiar uma faca no pescoço porque eu mexi com a melhor amiga dela.

Para minha surpresa e completa decepção, Summer não falou nada. Muito pelo contrário, caímos em um silêncio profundo enquanto ela cavava um buraco dentro de meus olhos.

Caralho, aquela garota era um enigma. Honestamente eu não fazia ideia do que estava passando pela cabeça dela e, até onde eu sabia, ela podia estar simplesmente viajando em seu próprio mundo.

- Vamos fazer um acordo. – Os olhos dela tomaram um brilho diferente. Assenti, indicando que ela prosseguisse. – Eu penso no caso se você me contar por que quer tanto ser amiguinho e, que Deus livre essa garota, ser o namoradinho dela.

Estreitei os olhos, analisando atentamente todos os possíveis prós e contras daquele acordo que mais me parecia uma armadilha. Summer abriu um sorrisinho para mim, instigando, apressando, desafiando.

O plano, na verdade, era muito simples: ficar com a Cassidy para chegar à Mandy e a colocar contra a parede. Ela não escaparia dessa vez. Eu faria a vadia implorar para me ter de volta.

- Parece justo. – Falei, por fim. Que mal Summer poderia fazer? Quem acreditaria nela, caso ela falasse? Para quem ela iria falar? Por favor. Ela aumentou um pouco mais seu sorriso. – Mas, sua ajuda deve ser efetiva. Nada de trapaças, Finn.

Ela olhou em meus olhos.

- No dia que eu precisar "te dever uma", é bom você estar lá, Malik.

Summer's POV

Era muita coisa acontecendo em pouco tempo.

- Ei, Summer! – Alguém gritou, e virei de costas bem a tempo de pegar um papel que Rebekah enfiava na frente da minha cara. – Festa semana que vem! – Ela sorriu e foquei em seus cabelos vermelhos presos em dois rabos de cavalo frouxos, caindo um em cada ombro. Até que ela me abraçou pelo pescoço e começou a andar me puxando para onde estava indo, e precisei de um momento para me situar. – Já notei que festas escolares não são muito a sua praia, mas estava esperando que você aparecesse por lá e, você sabe, levasse um pouco do seu material, ou talvez o cara com quem consegue as suas coisas, para dar mais diversão a esse povo...

- Não vai rolar, Rebekah. – Disse, tirando seu braço de volta do meu pescoço. Ela me olhou, com uma expressão de conformidade.

- Já sabia. Mas tentar é sempre de graça – ela disse, dando de ombros, e piscando para mim em seguida antes de abrir um sorriso atrevido e se afastar. Rebekah era o tipo de pessoa que flertava até com um poste se ele estivesse perto o bastante. E ela era boa nisso. Balancei a cabeça, voltando a seguir meu próprio caminho.

Como disse, muita coisa acontecendo. A história da aposta, que parecia estar fazendo todo mundo ficar puto com todo mundo em volta de mim. Charlie e seu probleminha que, por um descuido meu, acabou sendo meu problema também. Malik e seus favores, que eu definitivamente não devia ter acatado para mim, que já tinha meus próprios (e grandes) problemas. E agora algum babaca tem a brilhante ideia de dar outra festa!

Ia tudo virar um caos naquela merda. Mas eles só queriam saber de encher a cara.

Estava saindo do prédio das aulas, onde o pátio estava relativamente cheio para um dia cinza e úmido. Era horário de almoço, e eu só queria um tempo livre para tentar botar a cabeça em ordem. Era muita coisa em minha cabeça, e eu ainda tinha que tentar enfiar o conteúdo das aulas em algum lugar, quando só queria tomar alguma merda forte o bastante para apagar por uns dias. Dar um reset no cérebro. Como se meus problemas fossem sumir enquanto eu estivesse fora. Esse era meu erro toda vez, agir como se os problemas se resolvessem sozinhos.

Sentei em um banco um pouco afastado de onde todo mundo se aglomerava, perto de umas árvores que disfarçavam minha presença ali, e acendi um cigarro. Relaxei um pouco, mas há dias nicotina já não era mais suficiente para me acalmar. Eu precisava sair daquele colégio. Comprar um novo chip para o meu celular, ligar para alguém, descobrir o que estava acontecendo, se eu estava ficando louca com a mensagem que recebi no natal ou se aquilo era real. Precisava pensar em alguma coisa, em como fugir daquela situação. Eu nem conseguia imaginar o que aconteceria caso...

Balancei a cabeça, havia tanta coisa! Não dava para pensar nas consequências daquilo, eram muito grandes.

Apoiei a testa na mão, fechando os olhos e soprando a fumaça, respirando fundo, tentando segurar tudo aquilo por mais uns dias dentro de mim. Pelo menos até que tivéssemos um dia livre e eu pudesse sair para fazer o que fazia de melhor, que era encontrar algum modo de esquecer de tudo por um tempo. Finalmente me dar um presentinho, depois de tanto tempo andando razoavelmente na linha. Eu já sentia a fome por me auto destruir novamente. Sentia falta da dor.

- Você está fugindo de mim. – Ouvi a voz de Louis dizer muito perto de mim, mas não quis abrir os olhos. E também tinha aquilo. Ele. Um problema que eu definitivamente não queria resolver agora.

Abri os olhos contra a vontade e encontrei seu rosto perto do meu. Ele estava parado de pé na frente do banco, curvado para perto de mim. Quando o olhei, ele se endireitou.

- A questão é por quê.

Suspirei pesadamente. Aquela era a hora que eu vinha esperando há algum tempo, quando ele começou a se aproximar e eu deliberadamente deixei.

- A gente simplesmente não vai rolar, Louis. – Falei, tragando o cigarro. Encarei seu rosto, seus olhos azuis estavam meio opacos naquele dia cinzento. Ele me fitou por um momento sem esboçar reação, e então balançou a cabeça.

- Boa tentativa. Você não vai conseguir me af...

- Não estou te pedindo para fazer nada. – Falei e me levantei. – Eu vou ser clara com você. Cansei desse joguinho de criança, eu não sou sua paciente, e você não precisa mais tentar desvendar os meus mistérios. Todo mundo já te viu perto de mim. – Dei de ombros. - Já provou seu objetivo. Eu agradeceria se pudesse me dar um pouco de espaço agora.

Comecei a caminhar em direção às pessoas, para ir ao refeitório. Dentro de mim, eu desejava que aquilo tivesse acabado por ali. Que ficasse por isso mesmo, e ele não tornasse tudo mais difícil do que precisava ser. Mas percebi que não seria assim tão fácil quando ouvi seus passos atrás de mim.

- Summer – Louis chamou. – Eu não quero provar nada. Você é uma pessoa com quem gosto de passar o tempo. Eu gosto de conversar com você, eu gosto de você! Por que é tão difícil de aceitar que você é uma pessoa legal? Você não é tão antissocial quanto pensa ser, e eu só... Ugh, para! – Exclamou, segurando meu pulso e me fazendo virar para ele. – Estava tudo bem até o dia da ceia, e então você...

- Eu quero que entenda uma coisa. – Disse, puxando meu pulso de sua mão e jogando meu cigarro no chão. Podia sentir a plateia se formando em volta, as conversas cessarem e os burburinhos começarem. – Eu não preciso que você me diga o quão incrível pra caralho eu sou, Tomlinson. A questão é que eu simplesmente não quero você. – Parei por um segundo apenas, só para constatar que agora, sim, ele estava sem palavras. – Deus! – Disse um pouco mais alto e ri com escárnio. Não era um show que todo mundo queria desde o dia em que eu entrei naquele colégio? Ver a freak dando jus ao apelido? – Deixa de ser tão desesperado, Louis! É óbvio para todo mundo que eu e você simplesmente nunca vai rolar. Pessoas como eu não querem pessoas como você – disse, um pouco mais baixo, mas ainda o suficiente para que todos pudessem ouvir, no silêncio mortal em que o pátio estava. – Pro seu próprio bem, para de correr atrás de quem não quer você.

E então eu virei as costas e continuei andando. Agora sim com a certeza de que ele não estava atrás de mim, simplesmente pelo olhar em seu rosto enquanto me ouvia dizer aquilo. E eu estava satisfeita. Um problema a menos a resolver.

Quando entrei no prédio levei a mão ao peito, sentindo algo incomodar em minha garganta, como um sufoco. Respirei fundo, desabotoando um botão de meu uniforme, e foi aí que percebi que aquilo não era físico. Era remorso. Eu estava sentindo remorso pelo olhar no rosto dele. Por saber que ele acreditava nas minhas palavras. Porque, mais do que qualquer pessoa, eu sabia que, na verdade, tudo que acabara de dizer era a mais ridícula das mentiras que já contei.

Eu gostava de Louis, e essa era a verdade.

Maddie's POV

- Ninguém se manifestou ainda? – Ouvi a voz da Srta. Campbell vinda de algum canto. Levantei a cabeça, movendo minha atenção do celular para o que estava à minha volta, não achando a mulher quando a procurei.

- Não, e acho que ninguém vai. Esses moleques são uns pilantras, devem estar acobertando uns aos outros. Aposto que foi aquele Lance e sua trupe de babuínos. – Outra voz, dessa vez masculina, disse. Finalmente, localizei a fonte e me coloquei de lado para ouvir melhor.

Não havia mais ninguém nos corredores e os adultos em questão estavam em uma sala de aula, falando claramente sobre o incidente da estátua do fundador da escola – incidente para mim e as meninas, vandalismo e crime para a diretora da escola. Fiquei um pouco espantada pela forma como o homem chamou os amigos do Lance: babuínos. Será que eles eram malvados com todos os alunos ou só aqueles que aprontavam?

- Se eu conseguisse canalizar toda essa cumplicidade para uma causa maior e mais profunda... – A diretora suspirou, frustrada.

- Essas crianças não saberiam ver uma causa maior e mais profunda nem se ela lhes desse um soco na cara. Estão ocupadas demais se embebedando e transmitindo doenças venéreas pelo mundo. – O outro riu, amargurado.

- De qualquer forma, Sr. – Estiquei-me para poder ouvir seu nome. – Pieterson, agradeço novamente pela sua disposição a nos ajudar a resolver esse impasse.

- Eu que agradeço, Srta. Campbell, de certa forma, não há muita ação no jardim de infância. – Riu novamente. – E eu sempre quis dar umas lições no Lance.

- Apesar de eu reconhecer seus esforços, não sabemos quem foi o culpado, por isso, sem marcação. – Repreendeu a mulher. – Agora, eu ainda não tive acesso às câmeras de segurança da escola. Nós temos câmeras de segurança no pátio, certo?

- Eu preciso verificar isso. – Respondeu ele. – O pessoal da informática nunca foi muito eficiente.

Meu Deus, que homem babaca.

- Consiga essa informação e traga à minha sala até o fim do dia. – Disse ela em um tom definitivo, claramente finalizando a conversa. Demorou um ou dois segundos para eu me dar conta de que eles iriam sair da sala a qualquer minuto e eu estava ali, espiando.

Girei nos calcanhares rapidamente e entrei na primeira sala que tinha a porta aberta, colando minhas costas na parede para me esconder. Pude ouvir os saltos da mulher ecoando pelo corredor enquanto ela se dirigia à saída do prédio, seguida pelo homem de terno azul escuro.

- Espere, aquela sala está aberta. – Disse ela, parando de repente e refazendo seu caminho, vindo em direção à sala em que eu estava. Prendi a respiração, sentindo a adrenalina invadir minha corrente sanguínea, reagindo à tensão daquele momento. Deslizei para o chão, entre uma cadeira e outra, encolhendo-me como uma bola. Rapidamente, tracei um plano. Esfreguei meus olhos e não parei até sentir o rímel borrar e grudar na pele logo abaixo dos olhos, dei alguns tapinhas nas bochechas para deixa-las avermelhadas, depois coloquei meus fones de ouvido. Abracei meus joelhos e esperei para encenar alguma coisa dramática, caso a diretora me encontrasse ali. – Você tem a chave? – Perguntou depois de fechar a porta, sem parecer me perceber encolhida naquele canto.

- Não. – Disse o outro, apenas. Ela fez um barulho com a boca e disse:

- Vamos fazer cópias das chaves e entregar aos professores. Eles precisam ter controle sobre quem entra e quem sai nas suas salas de aula.

Vocês também estavam numa sala de aula, fofa!, tive vontade de responder a ela, mas abaixei a cabeça.

O cara respondeu alguma coisa, mas não pude ouvir o que era, pois ele já estava se afastando da sala de aula. A diretora pareceu deixar a situação como estava, mas eu podia apostar que ela iria à frente com essa coisa de chaves para todos os professores. Ela se afastou também e, apenas quando eu ouvi a porta da entrada do prédio sendo fechada, eu me coloquei de pé, soltando o ar pela boca.

Não me demorei mais por ali, com medo de ser pega. Tomei o caminho para a saída de emergência, pelos fundos do prédio e me dirigi ao refeitório.

Lá dentro, o ar era mais quente e a animação invadia as conversas dos alunos. Não vi Cassidy nem Charlie, apenas Amy estava sentada na mesa com Lance e alguns amigos, conversando e dando risadas com eles. Dirigi-me até lá e a tirei dali segurando-a pelo pulso para fora do refeitório.

- Ei, ei, ei! – Ela reclamou, soltando-se de mim com um puxão. – O que é isso?

- Onde estão Cassidy e Charlie? – Perguntei, ignorando seus protestos.

- Não sei, não as vi até agora. Saíram cedo. Ou eu que dormi demais. – Ela soltou uma risadinha, como se caçoasse de si mesma.

- Tá, tá. – Passei as mãos pelo cabelo, bagunçando-o freneticamente quando toquei o couro cabeludo.

- O que foi? – Amy me olhou como se eu fosse louca. – Parece que você tomou Ritalina.

- A diretora quer ver as câmeras de segurança! – Falei, cruzando os braços para conter o nervosismo.

- Ela quer ver o quê? Nós temos isso?! – Amy percebeu a magnitude do problema assim que eu disse e fiquei agradecida por não ter que dizer de novo.

- Como eu vou saber?! – Levantei as mãos para o céu. – Eu sou a caloura aqui.

- Onde ouviu isso? – Quis saber.

- E isso importa? – Bufei. – Eu ouvi a diretora conversando com um tal de Pieterson numa sala de aula.

- Pieterson? Aquele monte de...

- O que tem ele?

- Ele é o coordenador do Jardim de Infância.

- Achei que você não havia feito o jardim de infância aqui.

- Não fiz, mas as histórias dele são tipo lendas aqui. O cara é um escroto. – Ela fechou a cara. – Ela pediu a ajuda dele?

- Sim. E parece que ele suspeita do Lance.

- É, também já ouvi falar dessa marcação.

- Ok! Voltando ao assunto: existem câmeras de segurança naquele pátio?

- Eu não sei, nunca reparei!

- Nós precisamos avisar as outras meninas.

- E descobrir se tem mesmo essa coisa de câmeras lá.

- Isso. – Passei a mão pela testa e isso atraiu a atenção dela para o meu rosto.

- O que houve com os seus olhos?

- Nada. – Bufei. – Eu vou atrás da Cassie e da Charlie. Você procura a Summer.

- Ok. – Ela bateu uma leve continência.

- Vamos nos encontrar na biblioteca, ok?

- Ok. – Repetiu.

Assenti e dei meia volta, indo em direção aos dormitórios na esperança de encontrar a dupla inseparável por lá.

Zayn's POV

Pisei na ponta do cigarro enquanto pensava no que acabara de ouvir.

Quer dizer então que aquilo no pátio foi culpa delas?

Era interessante, apesar de não saber muito bem ainda o que fazer com a informação.

Cassidy estava oficialmente puta comigo. Não que eu quisesse ser o melhor amigo dela, mas, com certeza, tê-la chateada comigo não me ajudava em nada. E parecia que estava muito perto para eu poder – finalmente – tentar qualquer coisa. Mas o que eu esperava? A parte mais difícil com certeza seria conquistar a garota; o resto vinha por acréscimos.

Como eu fui idiota de não pensar no que poderia resultar aquela maldita aposta?

Não que eu ligasse, mas deveria saber que não é o melhor jeito de conseguir a simpatia de alguém.

Claro que eu não esperava que alguém fosse dar com a língua nos dentes.

Merda.

De onde eu estava – na lateral externa do refeitório, coberta suficientemente pela sombra das árvores para eu ir ali fumar por um tempo e acalmar os nervos – dava para ver o pátio inteiro. Emily encontrou Summer e as duas trocaram algumas palavras. Acho que nunca verei o dia em que Summer irá, realmente, se importar com alguma coisa. O olhar que ela deu foi tão indiferente que o queixo de Emily quase caiu.

Ri por dentro, divertindo-me com a cena.

Só pode ser brincadeira que Summer não dá a mínima.

Ela deve estar chapada.

É, deve ser isso.

Na outra extremidade da área aberta, Madison chegou ao prédio do dormitório feminino e entrou.

Onde será que está Cassidy agora?

Provavelmente secando as lágrimas da amiga.

Fala sério.

Meu celular vibrou em meu bolso, indicando uma mensagem.

"Que tal Screen, do Twenty One Pilots?", Harry sugeriu no fucking grupo de conversa que ele criou em um aplicativo qualquer para tratar dos assuntos da banda. Eu nunca tive paz de novo; parecia que o moleque nunca tinha uma hora para dormir ou uma punheta para bater.

Puta que pariu.

Tentei puxar a música pela memória e descobri que me recordava apenas do início da música. Pelo menos ele não estava sugerindo Justin Bieber ou Britney Spears. Ninguém respondeu a mensagem dele, mas, eu sabia que eu era o único que não estava com eles naquele momento. Não fazia questão de estar; as duas horas três vezes por semana naquela sala de ginástica eram suficientes para eu querer matar cada um deles toda vez que a música era interrompida. É bom que eu ganhe esses pontos extras que o professor de música me prometeu.

"Fine.", respondi à mensagem dele. Que seja. Sem mim aqueles caras não passam de uma bandinha razoável de garagem.

Recebi outra mensagem dizendo para ir até a sala de ginástica.

Bufei, sem a menor paciência para aquela merda.

Eu precisava começar a agir rápido se quisesse voltar a falar com a mini-Walker. Não havia tempo para ensaiar musiquinhas idiotas para uma apresentação falsa para um público que não está nem aí – sim, estou falando do trabalho final da aula de música deles. Tínhamos alguns meses para ficarmos fodas para impressionar o professor.

Balancei a cabeça negativamente, rindo de minha própria desgraça.

Eu não nasci para isso.

Mas, apesar de toda essa bosta, eu não tinha nada melhor para fazer, por isso fui até a sala. Entrei sem a menor cerimônia, encontrando cada um afinando seu devido instrumento.

- Alguém gosta de sexo selvagem, huh. – Apontei para a marca vermelha na bochecha de Niall, que apenas me olhou como se fosse me matar, mas, ao invés de gritar e dizer o quão filho da puta eu era por sugerir aquilo, ele disse outra coisa:

- Nós estamos fodidos, cara.

Cassie's POV

- O que vamos fazer? - Amy perguntou assim que eu entrei no quarto, naquela noite.

Depois da descoberta da aposta, Charlie se trancou no banheiro de seu quarto e chorou como uma criança desolada. E eu fui atrás de Zayn, mas isso foi apenas uma perda de tempo.

Então voltei para o quarto de Charlie para poder dar-lhe alguma assistência ou conversar um pouco, mas ela acabou dormindo no meu colo em meio aos seus soluços. Fiquei preocupada; ela não podia estar tão apaixonada assim... poderia? Quero dizer, ela e Niall não haviam passado tanto tempo juntos assim, certo? Mas eu sabia, também, o quanto Charlie poderia se intensa em alguns aspectos.

Olhei de volta para Amy, sentada em sua cadeira acolchoada, em frente à escrivaninha, olhando-me atentamente.

Como se eu soubesse a resposta para todas as perguntas do mundo! - Não faço ideia, não estou com cabeça para isso. - Murmurei, indo em direção ao banheiro, decidida a esquecer aquele dia com muita água quente e óleos vegetais para relaxar. Amy girou a cadeira para acompanhar meu movimento.

- Precisamos pensar em alguma...

- Amy, eu não sei! - Falei, soltando os cabelos do elástico que os mantinha preso numa trança lateral.

- Você não está entendendo, Cassie, eu não posso ser pega, eu vou ficar muito...

- Então você deveria pensar em alguma coisa, honestamente. Eu não consigo pensar em nada além daquela maldita aposta e o estado em que eu acabei de deixar minha melhor amiga em seu quarto.

- A aposta. Eu ouvi falar. - Ela mordeu os cantos internos das bochechas.

Então eu percebi algo.

- Você sabia, não sabia? - Inqueri.

- O quê?

- Sabia que eles haviam feito essa aposta.

- O quê?! Claro que não, Cassie! - Ela fez uma careta, como se tivesse sido ofendida. - Foi só um beijo, chill .

- E é por isso que eu não acredito em você! Aqueles garotos não tinham o menor direito de fazer aquilo com a Charlie!

- Ninguém tinha o direito de fazer isso, Cassie. - Suspirou. - E eu não sabia de nada.

- Até parece! A fiel escudeira de Harry Styles não ia saber o que ele estava aprontando? Por favor.

- Em defesa do cabeça de vento, a ideia foi do Zayn.

- Olha aí! Como você sabia disso? Fala sério, Amy!

- Almocei com Louis e com o Josh hoje. Eles me contaram o que aconteceu na sala de ginástica.

- Claro. - Bufei.

- Cassidy! Por favor, dá para relaxar?! Se estou dizendo que eu não sabia é porque eu não sabia .

Cruzei os braços enquanto analisava atentamente sua expressão à procura de algum indício de mentiras. Apesar de Mandy ser uma mentirosa compulsiva, eu sempre sabia quando ela estava mentindo. Alguns detalhes apenas entregam. Estreitei os olhos e, por fim, dei-me por convencida, deixando os ombros caírem em derrota e cansaço.

- Como alguém pode querer machucar alguém como a Charlie? - Desabafei.

- Alguém como Zayn Malik: sem escrúpulos ou coração. - Lançou-me um olhar condescendente, como se quisesse me dizer algo mais.

- Eu queria acreditar que ele não é essa pessoa. - Confessei num fio de voz.

- Cassie... - Ela me chamou.

- O que é? - Olhei para ela, esperando.

Emily apenas balançou a cabeça e riu fraco, voltando aos seus estudos. Tombei a cabeça de lado, confusa.

- O que foi? - Insisti.

- Nada. - Disse num tom de quem encerra a conversa.

Suspirei, deliberadamente cansada. Entrei no banheiro e apoiei as mãos na bancada da pia, fechando os olhos e respirando fundo.

- Cassie? - Amy me chamou novamente, do outro lado da porta.

- Sim? - Não me movi, apenas respondi.

- Você gosta do Zayn?

A pergunta dela me pegou completamente de surpresa e eu abri os olhos e levantei a cabeça tão rápido que fiquei tonta por um segundo. Olhei para o par de olhos assustados que me encaravam de volta, sentindo meu coração acelerar quando não consegui definir a resposta tão rápido quanto eu gostaria.

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