Always in my heart, melhores leitores do mundo. Yours sincerely, Nath.
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[Louis's POV]
─ O que você vai fazer? ─ Foi a primeira coisa que Niall me perguntou assim que me afastei da janela, caminhei até minha mesa, peguei minhas coisas e marchei até a porta.
─ Vou arrancar a verdade de Zayn. ─ Disse simples.
─ E isso inclui algum método de tortura? ─ Brincou.
─ Não por hora. ─ Entrei na brincadeira e sorri. ─ Mas se eu desconfiar que ele está ou esteve mentindo... Que Deus me segure, porque ninguém será capaz de fazê-lo.
─ Tenho certeza que sim. ─ O loiro riu abertamente, caminhando ao meu lado novamente pelo corredor. ─ Lembra quando você pegou aquele seu namorado, o meio idiota loiro e cheio de sardas, te traindo? Foi o pior dia da vida dele e o melhor dia do meu. Nunca fiquei tão feliz por ver alguém levando um soco... Ele tinha me apelidado de barril de chop. Aquele cretino!
─ Niall, todos os meus ex-namorados são idiotas. E outra... Eu odeio ser tratado como um imbecil. Se Zayn pensa que poderá me enganar mais uma vez, ele está muito enganado...
─ Também acredito nisso!
─ Sr. Horan! ─ Ouvi o chamado para meu amigo e soube na hora que a diretora o requisitou. Pelo tom de sua voz, não se devia a uma chamada de atenção, mas sim a algum favor que necessitava.
─ Oh, céus. Não posso acreditar que perderei isso. ─ Sussurrou para mim após fazer um sinal para a diretora, informando que já iria encontrá-la. ─ Depois me conte o que aconteceu.
─ Ok. ─ Disse a Niall que pouco depois se afastou e voltou-se para a diretora um pouco desanimado. Nas últimas semanas, por nunca dizer um não a ninguém, meu amigo sempre era chamado para fazer um favor ou outro para alguém. Isso não o agradava, é claro, porém ele também não protestava.
Assim que pus meu primeiro pé para o lado de fora do prédio da escola, meus olhos por vontade própria procuraram pelo Sr. Styles. Eu pude vê-lo parado perto do portão branco, com Meggie em seus braços, esboçando um sorriso com covinhas.
Malditas covinhas!
Fiquei hipnotizado o fitando por alguns segundos antes de voltar a andar outra vez. Meu coração estava tão disparado dentro do peito e na medida em que eu caminhava em direção à saída isso piorava, fazendo com que eu sentisse minhas pernas fraquejaram. Um mínimo de aproximação já era capaz de fazer meu corpo agir daquele modo. Parecia até mesmo que a raiva que eu deveria sentir por Harry havia evaporado completamente de cada célula de meu corpo, dando espaço para esse sentimento de desespero e confusão pelo homem de olhos verdes.
Mais alguns passos foram dados até que eu estivesse perto o suficiente do portão para que Harry desviasse a atenção de sua irmã e voltasse seus olhos cor de esmeralda para mim. No mesmo instante, perdi o fôlego e todo o ar de meu pulmão ficou preso ali. Era incrível sua capacidade de me deixar daquele modo tão perturbado.
O sorriso que tinha no rosto desapareceu e sua expressão calma deu lugar a uma intensa, perturbada e atenta. Desde a nossa discussão, não havíamos trocado uma palavra sequer, nem mesmo para um cumprimento. Talvez ele esperasse por isso, porém eu não estava caminhando para fora da escola por causa disso. No entanto, pensei em dizer um simples olá para apaziguar nossa situação, mas a voz que queria sair ficou presa na garganta devido ao efeito caos que o Sr. Styles tinha sobre meu corpo.
Eu podia sentir seus olhos penetrando minha nuca enquanto eu passava por ele e andava em direção a Malik. O fato de ter de conversar com o moreno na frente de Harry não estava em nada me agradando, principalmente pelo cacheado odiá-lo por motivos que antes eu ignorava. Caminhar até Zayn naquele momento era como se eu estivesse traindo Styles e provocando um desencadeamento de fatos que culminaria em seu ódio por mim.
─ Louis! Que prazer em vê-lo! ─ Zayn disse com um belo sorriso no rosto e em um tom amistoso. Por mais que eu estivesse vagando em pensamentos que flutuavam para Harry, tentei me focar novamente no por que de eu ter ido ali. ─ Vim cumprir minha promessa em lhe oferecer uma carona.
A última palavra que disse saiu em um tom mais frio do que o normal e seus olhos negros rapidamente encararam com desprezo algo além de mim. Eu sabia o que era. Ou melhor, quem era.
Fingindo não entender a razão de sua expressão fechada, virei um pouco o corpo para ver a quem o olhar era direcionado. Meu gesto além de ser uma desculpa para iniciar uma conversa sobre suas histórias mal contadas, também era um pretexto para olhar Styles.
Quando o fiz, um nó no estômago fez com que eu me arrependesse de estar ali. A expressão de Harry era um misto de sentimentos, mas que mesmo assim eu pude reconhecer alguns. A ira direcionada a Zayn, ternura por mim, confusão e mágoa.
Virei o rosto e fitei Malik novamente.
─ Eu realmente não entendo toda essa raiva de vocês dois. ─ Menti.
Zayn abriu um sorriso gentil que odiei no mesmo instante.
─ Eu te contei uma vez sobre isso, certo?! ─ Suas feições mudaram para uma repleta de mágoa fingida, mas que certamente poderia ser confundida com uma verdadeira, caso eu não soubesse a verdade. ─ Mas não falaremos sobre isso...
─ Mas eu quero falar sobre isso.
Zayn me observou sério.
─ Esse assunto é delicado demais para mim, vamos apena-
─ Sabe o que eu não entendo sobre essa história? ─ Interrompi, fazendo-o cruzar os braços pacientemente. ─ Por que você apenas deixou Harry ameaçá-lo e não tentou contar a Desmond a verdade sobre o que o filho tinha feito?
Suas pupilas dilataram, mas Malik praticamente não se movera enquanto deixava o silêncio se instalar entre nós por alguns segundos sem responder minha pergunta.
─ Eu não queria que Desmond passasse por uma decepção com o próprio filho, Louis. Jamais teria coragem de arruinar a relação dos dois, mesmo que Harry não merecesse. Fiz por Des.
─ Entendo... ─ Disse disfarçando ao máximo a desconfiança que tinha. ─ E você foi visitá-lo no hospital quando ele estava mal?
─ Onde quer chegar?
Naquele instante, não pude mais esconder a sensação de traição e raiva que sentia. Fiquei em silêncio, pensando em como eu abordaria o fato de saber a verdade que descobrira recentemente.
─ Eu soube de uma história.
─ Que história?
─ Bem... Basicamente uma que diz que o vilão não é Harry, mas sim você.
Ele riu um pouco, me fazendo sentir ainda mais raiva da situação.
─ E quem te contou isso? Styles?
─ Não, não foi ele.
─ Então quem foi?
─ Isso não importa. Alguém de confiança me deu essa informação.
─ E o que essa pessoa disse, Louis, para você estar agindo desse modo tão irritado? ─ Zayn estava extremamente calmo, mas tão calmo, que não parecia sequer se importar com o que eu tinha descoberto sobre ele.
Minha expressão fechou completamente por ele não estar se importando realmente com o que eu tinha a dizer.
─ Disse que você desviou dinheiro das empresas Styles para contas suas do exterior e que quando Harry soube contou para Desmond que passou mal, teve um ataque cardíaco. Disse também que quando você descobriu que Harry havia contado tudo, tentou prejudicá-lo, difamando-o para clientes antigos. ─ Eu estava no meu limite. ─ Vai negar?
─ Você acreditou?
─ E por que eu não acreditaria?!
─ Não respondeu minha pergunta... ─ Disse em um tom que reconheci como deboche.
─ Sim e não duvido de uma palavra sequer que me disseram. Principalmente após ver o modo como está agindo. Como se estivesse zombando de mim. E eu juro que se não tirar esse sorrisinho imbecil de seu rosto, eu-
─ Fará o que, Louis? ─ Confrontou. ─ Estamos em frente à escola onde trabalha, fará o que?
Minha mão que estava fechada em punho ao lado de meu corpo relaxou ao ouvir aquilo. Eu não poderia provocar uma cena em frente à escola. Poderia ser demitido por agir de um modo inconsequente, tomado por ira.
─ Talvez eu possa te denunciar. ─ Falei simples.
─ Se você tivesse provas, faria isso. Ou melhor, se Harry tivesse provas já teria feito há muito tempo.
Nós ficamos em silêncio enquanto eu era ainda mais dominado pela ira.
─ Bem... Acho que isso é uma negação ao meu convite para te levar para casa. ─ Malik comentou, dando as costas para mim e se afastando para ir em direção a seu carro estacionado do outro lado da rua.
─ Você mentiu para mim! E acha que ficará por isso mesmo?
─ Não há nada que possa fazer. Nós já falamos sobre isso. Talvez isso sirva para que aprenda a não confirmar cegamente no que as pessoas te dizem.
A primeira lágrima escorreu por meu rosto, passando por minha bochecha avermelhada e seguindo até meu queixo para, enfim, cair ao chão. Era sempre assim. Não importa quem fosse. Ex-namorado, "amigos" (com exceção de Niall que era o único ao qual confiava) e o moreno ali parado. Todos zombavam de mim. Tratavam-me como se fosse um idiota que não sabia fazer nada de útil. Enumeravam meus defeitos e os jogavam em minha cara para se sentirem superiores.
Zayn deu mais um de seus sorrisos cínicos e se afastou, caminhou até seu carro e entrou sem olhar para trás. Um sentimento ruim me dominou. O coração apertado, uma pontada latejante no lado direito da cabeça. Eu odiava me sentir humilhado daquele modo.
Ele deu partida em seu carro e minutos depois desapareceu de minha vista.
Virei meu corpo para encontrar Styles, porém ele não estava mais ali. Tentei achar algum sinal de seu carro, Richard ou Meggie, mas em vão. Bufei tristemente. O que me restou foi caminhar até a estação de metrô e voltar para casa, engolindo meu orgulho e minha ira.
**
[Harry's POV]
Passara-se uma semana desde a última vez que vi Tomlinson na escola de Meggie. Nossos olhares se cruzaram de modo intenso, não dando chance alguma para que eu pudesse desviar. Meu coração acelerou no momento exato em que o vi se aproximando do portão de saída. No entanto, todas as minhas expectativas de uma conversa de reconciliação ou de somente um cumprimento se cessaram ao vê-lo caminhando em direção a Malik que o recebera com um sorriso no rosto. Provavelmente para lhe oferecer uma carona.
E apesar do ciúme ter me corroído por dentro, simplesmente não pude fazer nada. Tive de dar as costas àquela cena e andar em direção ao meu veículo com muito esforço, tentando não cometer o erro de ir até lá e impedir Tomlinson de aceitar a oferta de Malik.
Louis provavelmente ainda me menosprezava. E esse sentimento de aversão não mudaria. Não depois do que fiz.
─ Trouxe tudo de que precisa? ─ Perguntei.
─ Uhum. ─ Meggie sussurrou com um sorriso meigo no rosto. ─ Quase esqueci de pegar o Sr. Lilo, mas mamãe lembrou. Não durmo sem ele.
Minha irmã abraçou ainda mais o pequeno urso de pelúcia azul que segurava. Seus olhos se fecharam fortemente com o esforço que fazia. Apertei o botão do elevador, segurei a mão de Meggie e peguei a bagagem que repousava no chão ao meu lado. Por mais que ela fosse passar apenas um fim de semana comigo, trouxera tantas roupas, calçados, comida e brinquedos que parecia mais que estava se mudando para morar em meu apartamento.
─ Em minha casa tem alimento suficiente para você. ─ Informei, fitando as três barras de cereais de morango com chocolate branco que ela segurava em uma de suas mãos pequenas e rechonchudas. Seu rosto corou no mesmo instante.
─ Eu sei. ─ Apressou-se a dizer. ─ É só... Fiquei com medo que não tivesse o que eu gosto.
─ E do que gosta?
─ Biscoito com recheio, barrinha, cereal colorido, suquinho de fruta e queijo. ─ Enumerou animada, contando com os dedos.
─ Queijo? Trouxe queijo?
─ Não. ─ Respondeu desanimada. ─ Mamãe não deixou.
─ Eu tenho um pouco de queijo ainda na geladeira.
─ Tem? ─ Seus olhos brilharam com a afirmação.
Entramos no elevador e esperamos fechar e iniciar seu percurso.
─ Posso pedir pizza se desejar, Meggie.
─ Hoje?!
─ Sim.
─ Eu quero! Digo, o senhor Lilo quer também.
─ Que bom! Porque há tempos não aprecio um pedaço de pizza e seria ótimo fazê-lo.
Meggie riu, fazendo-me sorrir. Suas mãos cheias de barras de cereais foram direto ao alcance da boca para cobri-la. Poucos segundos depois, o elevador se abriu e nós dois saímos de lá e fomos até a porta de meu apartamento que ficava na cobertura. Assim que abri a porta, minha irmã imediatamente se soltou de minha mão e correu até a sala de estar, jogando-se no sofá que ficava enorme se comparado a ela e sorriu encarando a TV.
─ Esse sofá é grandão. ─ Comentou me fazendo sorrir.
─ Quer assistir TV?
─ Uhum! ─ Passei o controle para ela que ligou e pôs imediatamente no canal da Disney Channel. ─ Tomara que passe o filme de piratas que meu professorzinho falou. Quer assistir comigo, Harry?
─ Louis disse isso? ─ Indaguei, ignorando sua pergunta.
─ Niall, meu professor de desenho. Ele é engraçado! ─ Meggie desviou os olhos da TV e me fitou. Dentro do seu olhar, eu pude ver que, mesmo sendo pequena como era, ela sabia meu interesse por Tomlinson. Até mesmo achava que eu e Louis namorávamos. ─ Vocês brigaram?
─ Não. É só... É complicado... ─ Esfreguei uma de minhas mãos na testa. ─ Por que acha que discutimos?
─ O Richard não leva mais Louis em casa. Nós sempre levamos ele em casa e isso mudou... Vocês não podem fazer as pazes? Quando eu brigo com a mamãe, eu sempre peço desculpas depois, porque não gosto de ver ela triste. Harry, pede desculpas pro Louis. Assim vocês ficam de bem de novo...
─ Eu queria que fosse tão simples assim, mas infelizmente não é.
─ Por quê?
─ Porque eu o magoei. Agi de um modo que fez com que Louis duvidasse de meu caráter.
─ O que é caráter? ─ Perguntou inocentemente e eu ri. Ela sorriu inconscientemente, sem saber ao certo o que tinha causado aquela reação em mim.
─ É algo com o qual não precisa se preocupar por hora.
─ Mamãe sempre fala algo assim quando fica com preguiça de me contar as coisas. ─ Disse emburrada.
Beijei sua pequena testa uma vez e me afastei, caminhando em direção ao telefone para pedir a pizza que Meggie tanto queria.
**
Depois de tomar um banho rápido, com medo de deixar Meggie sozinha por muito tempo, sequei meus cabelos com uma toalha e vesti uma roupa confortável que poucas pessoas já me viram trajar. Camiseta branca, calça de moletom cinza e meias pretas. O comum seria terno e gravata, mas em casa eu preferia deixá-los dentro do armário.
Saí de meu quarto e caminhei até a sala de estar. Assustei-me com o que encontrei ao adentrar o recinto. Meggie espalhara uma grande quantidade de brinquedos, bonecas e ursos basicamente, pelo sofá e parecia dizer algo a eles com um tom falho de autoridade. Sua bagagem estava entreaberta, aparentemente mais vazia, e algumas roupas escapavam pela abertura.
Antes que pudesse questioná-la sobre o que estava fazendo, o interfone tocou e fui atendê-lo. Provavelmente era a pizza a qual encomendara e o entregador estaria esperando.
─ Sim? ─ Disse assim que atendi a chamada.
─ Sr. Styles? ─ O porteiro começou. ─ Há uma senhorita aqui dizendo que o conhece e perguntando se pode subir.
Minhas sobrancelhas franziram.
─ De quem se trata?
─ Ela se chama Charlotte Tomlinson. Conhece, senhor?
─ S-Sim, sim. Pode deixá-la subir... ─ Falei confuso, sem entender o que Charlotte fazia na frente do edifício onde morava e como ela conhecia meu endereço.
─ Ok, senhor. ─ E, segundos depois, desligou a chamada.
─ A pizza chegou? ─ Meggie apareceu ao meu lado. Segurava o Sr. Lilo em uma das mãos e um esmalte de unha na outra.
─ Não ainda, mas logo chegará... Estava pintando as unhas? ─ Perguntei casualmente.
─ Uhum... Quero ficar bonita para o meu príncipe.
Meggie me deu as costas e caminhou novamente até seus ursos e bonecas que repousavam no sofá, sentando-se na mesa de centro. Meus olhos se estreitaram ao ouvir a palavra príncipe dita por ela e a segui até a sala de estar.
─ Príncipe? Que príncipe?
─ Não posso dizer quem é, Harry. Ele ainda não sabe.
─ O que? Do que... Do que está falando?
Um sentimento parecido com aquele que tomava conta de meu corpo quando notei Louis aproximar-se de Zayn estava se manifestando naquele momento. Ciúmes. Um ciúme mais tênue e fraternal, mas mesmo assim era ciúme. A sensação de querer proteger minha irmã de quem quer que fosse era nítida em meus olhos naquele momento.
─ Meg-
A campainha tocou uma vez, impedindo o início de um interrogatório. Bufei exasperado, encarando-a com as sobrancelhas franzidas e a sensação ruim que tomava meu peito. Meggie nem sequer pareceu notar minha mudança de humor. Voltou a brincar com suas bonecas e ignorar o fato de que eu me encontrava ali.
Desisti do meu discurso sobre ela ser muito nova para pensar em assuntos relacionados a namoro e fui abrir a porta já sabendo que do outro lado estava Charlotte. Eu ainda não imaginava a razão dela estar ali.
─ Hey, Harry. ─ Charlotte me cumprimentou, porém estranhamente receosa. Ela estava ao lado do entregador, provavelmente, pois o mesmo segurava uma caixa de pizza. ─ O entregador disse o seu nome para o porteiro pouco antes de eu subir... E, bem, pensei em deixá-lo vir junto.
Acenei em acordo com a cabeça para o entregador. Ele me passou a caixa de pizza e disse o valor que eu já sabia. Peguei o dinheiro na carteira que se encontrava no bolso de minha calça de moletom, entreguei a ele a quantia, agradeci e então ele se foi.
─ Entre. ─ Pedi educadamente e segurei a caixa mais firmemente. No mesmo instante, ela aceitou meu pedido. ─ O que faz aqui?
─ Lembra quando eu falei sobre o baile e sobre eu não ter um parceiro para o dia? ─ Perguntou e concordei vagamente com um aceno. ─ Pois então, hoje é o baile e eu não consegui arranjar um parceiro para o dia.
─ Compreendo... Mas o que faz aqui?
─ Bem, eu-
─ Lottie?! ─ Meggie apareceu no corredor timidamente e com receio, dando poucos passos para se aproximar de nós dois. ─ Oi.
─ Olá, Meggie. Como está bonita!
─ Obrigada! ─ Agradeceu, balançando seu corpo de um lado para o outro sem jeito.
Os olhos azulados de Charlotte, extremamente similares aos de Louis, encontraram os meus que a fitavam interrogativos. Sua expressão relaxada logo se transformou em uma receosa outra vez.
─ Minha mãe acha que fui ao baile e como todos os meus amigos foram para a festa, eu não sabia onde ficar durante o tempo em que ela aconteceria. Parece que Fizzy e George iriam comemorar uma data especial hoje e Louis não estava em casa quando fui até ele. Acabei me lembrando de você...
─ E como soube de meu endereço?
─ Google. ─ Respondeu simples. ─ Estava na página da sua empresa. Não é muito seguro, sabe... ─ Charlotte tamborilou os dedos em seu celular. Por mais que tentasse transparecer casualidade, era notável seu receio. ─ Posso ficar?
Refleti um pouco. Eu não permitiria que a garota perambulasse pela cidade apenas para passar o tempo enquanto o baile de sua escola estivesse ocorrendo. Iria me sentir responsável caso acontecesse algo a ela. E não iria me perdoar por isso, ainda mais sendo ela a irmã de Louis.
─ Pode ficar enquanto desejar.
Charlotte soltou um suspiro aliviado e Meggie uma risada alegre.
─ Você pode comer pizza também, né Harry?! Tem muito queijo.
A irmã de Tomlinson riu.
─ Deve estar uma delícia então.
─ Louis veio com você? ─ Minha irmã perguntou curiosamente.
─ Não, ele não veio. ─ Seus olhos azuis me fitaram assim como os verdes de Meggie. Pelo que eu sabia, ela eram as únicas que sabiam o que tinha acontecido entre eu e Tomlinson e, pelo modo como agiam, não pareciam saber disfarçar.
Meggie sorriu para mim.
Enquanto eu apreciava a pizza encomendada e divagava em pensamentos, me calei e observei as duas conversando animadamente sobre diversos assuntos que dificilmente eu compreenderia. Um filme sobre um boneco de neve falante e uma loja de doces localizada perto da escola de Meggie eram alguns deles. Elas facilmente simpatizaram uma com a outra e riam de qualquer programa que passava na televisão.
Quando se cansaram o suficiente para iniciarem os bocejos de cinco em cinco minutos, resolvi que seria o momento para levar Charlotte para casa e colocar Meggie para dormir. Já passava de onze da noite e minha irmã não estava acostumada a dormir tão tarde. Mais alguns minutos, ela acabaria cochilando no sofá.
─ Acredito que já esteja na hora de ir dormir. ─ Avisei Meggie que me fitou com os olhos quase fechados e preguiçosamente. ─ Levarei Charlotte para casa assim que te colocar na cama.
─ Mas não é nem meia noite ainda. ─ A irmã de Tomlinson protestou e a olhei de forma interrogativa, não entendendo porque ela dissera tal coisa. ─ O baile de formatura mal começou. Minha mãe desconfiará se eu voltar para casa agora.
─ E por que ela não pode saber que você não compareceu?
─ Porque não quero decepcioná-la.
Respirei fundo, tentando pensar em uma solução para o problema em minhas mãos.
─ Deixa ela ficar aqui, por favorzinho. ─ Meggie pediu juntando as mãos.
─ Mas você precisa dormir...
─ Ela dorme aqui. Por favor, depois você leva ela pra casa. Amanhã!
Charlotte também me fitava com um olhar que implorava para que eu permitisse que ficasse. Sem saída e cansado demais para discutir sobre o assunto, apenas concordei com um aceno. As duas comemoraram, fazendo gestos com as mãos, rindo e dizendo quem dormiria onde.
Havia dois quartos, cada um com uma cama de casal. Antes de Charlotte chegar, eu planejara dormir em meu quarto e deixar Meggie no quarto de hóspedes, mas agora isso não seria mais possível. Por isso, imediatamente decidi que Meggie dormiria em meu quarto, Charlotte no quarto de hóspedes e eu ficaria com o sofá.
Assim decidido, Charlotte e Meggie foram escovar os dentes no banheiro do corredor em meio a cochichos e risadas. Por sorte, a irmã de Louis, sabendo que não passaria a noite em casa, trouxera seus utensílios íntimos e eu não teria de me preocupar com isso.
Quando passei pela porta onde estavam, seus cochichos se interromperam e elas me fitaram assustadas. Arqueei minhas sobrancelhas em questionamento, porém nada disseram. Disfarçaram tragicamente com Meggie cantarolando e Charlotte dando risada. Foi naquele momento que eu soube que elas estavam aprontando algo para mim.
Para evitar minhas perguntas, Meggie imediatamente terminou de escovar os dentes e correu para a cama de meu quarto, jogando-se nela e cobrindo-se com o cobertor lilás que trouxera. Vestia um pijama cinza com detalhes em verde claro e, seus cabelos antes presos levemente, encontravam-se soltos agora. Sentei ao lado de onde estava deitada e tirei alguns fios de cabelo que invadiam seu rosto.
─ Boa noite, Harry.
─ Não quer que eu conte uma história antes de dormir?
─ Nope. Sou crescidinha. ─ Deu uma leve risada e escondeu praticamente todo o rosto embaixo do cobertor por suas bochechas estarem coradas em razão de sua timidez.
─ E esse seu pensamento tem alguma relação com o príncipe que conheceu?
─ Shii! ─ Mandou que eu me silenciasse, saindo imediatamente debaixo do cobertor.
─ Isso não está me agradando, Meggie.
Comentei aquilo nem um pouco feliz em saber que ela estava interessada em algum garoto com quem estudada. Meggie tinha apenas seis anos! Deveria ser ilegal...
─ Não fica com ciúme. É feio! ─ Repreendeu-me com uma expressão emburrada. ─ Você sabe que é minha pessoa favorita, certo?!
Sorri um pouco e acabei dando risada suavemente por seu tom. Lembrava-me de nossa mãe me repreendendo quando eu ainda era criança suficiente para ela fazer isso, mas agora eu estava na mesma situação com a minha irmã.
─ Ok. Durma bem! Se precisar de algo, me chame. ─ Pedi, dando um beijo em sua testa.
Ouvi o barulho da porta do banheiro se fechando e passos no corredor caminhando direto para o quarto de hóspedes. Charlotte provavelmente estava pronta para dormir, pois fechara a porta e não escutei nada após isso. Meggie ajeitou-se na cama, colocando como sempre as duas mãos debaixo da cabeça e fechou os olhos para enfim descansar. Depois disso, levantei de minha cama e andei até o banheiro para fazer minha higiene. Logo em seguida, fui até a sala de estar, arrumei o sofá confortavelmente para que eu pudesse dormir, deitei minutos depois tendo certeza que as janelas e portas estavam fechadas e caí no sono.
**
Na manhã seguinte, acordei muito cedo por ouvir diversos cochichos outra vez de Charlotte e Meggie. Havia também o cheiro de chá que vinha da cozinha e parecia delicioso. Sentei no sofá e esfreguei o rosto de modo cansado, ouvindo a risada alegre de minha irmã. Ela comia seu cereal com leite e caminhou até mim quando me viu despertar. Seus pés vestiam pantufas de ursos e ela ainda nem trocara de roupa.
─ Bom dia, Harry! ─ Charlotte cumprimentou animada enquanto eu massageava minhas têmporas de olhos fechados. ─ Obrigada ter me deixado ficar ontem à noite aqui. Já chamei alguém para vir me buscar e ela já está subindo. Não queria mais atrapalhar vocês. Não tem problema, né?!
─ Está tudo bem. Não se preocupe.
Meggie deu uma risada divertida e a olhei sorrindo. Segundos depois, houve duas batidas na porta. Charlotte imediatamente parou o que estava fazendo na cozinha, provavelmente comendo um pedaço de bolo que eu fizera para Meggie, e correu para o quarto de hóspedes.
─ Harry, você pode atender, por favor?!
Levantei do sofá sentindo o cansaço do despertar. Antes que eu pudesse alcançar a porta, Meggie deu mais uma risada travessa e fingiu estar entretida com revistas de negócio que eu deixava sempre na mesa de centro da sala. Estranhei e franzi o cenho. Contudo, ignorei seu comportamento incomum, girei a chave na fechadura e puxei o trinco.
─ Oi.
Foi a primeira palavra que Tomlinson disse após ser pego de surpresa ao me encontrar do outro lado da porta. Seu rosto tornou-se avermelhado e ele parecia bastante constrangido. Afinal, nossa última conversa na verdade foi uma discussão não muito agradável.
─ Charlotte estará aqui dentro de poucos minutos. Só foi pegar sua bolsa!
─ Oh, s-sim, sim...
Ficamos em silêncio por vários segundos. Discretamente, mas não tão discretamente assim, Tomlinson me olhou dos pés a cabeça ao observar o meu traje nada habitual com o meu padrão. Seu rosto estava corado ao ser pego por mim e então ele começou a encarar o chão com receio de fitar meus olhos. Eu, no entanto, não consegui deixar de olhá-lo. A atração que sentia por Louis era mais forte que minha força de vontade. Tentar deixar de vislumbrar seus delicados traços era uma tarefa difícil demais de ser realizada.
─ Encontrei um local que talvez fossem de interesse para a despedida de solteiro de George.
Pela primeira vez, quebrei o silêncio incômodo entre nós. Seu rosto surpreso levantou e ele encarou meus olhos, parando de mexer em seus próprios dedos.
─ Oh, isso... Isso é bom. Você pode me passar o telefone deles? Assim consigo entrar em contato.
─ Claro! ─ Sorri gentil, admirando o sorriso que consegui roubar de Louis por segundos. Seus modos e ações me informavam, talvez erroneamente, que ele não estava mais tão furioso comigo quanto daquela vez.
Afastei-me da porta, caminhando até a pequena mesa do corredor de entrada e pegando um bloco de notas e um papel. Charlotte estava demorando mais do que o esperado, porém eu não desejava questioná-la. Se isso fosse a oportunidade de ter minutos a mais com Tomlinson, eu não teria do que reclamar. Por isso, anotei rapidamente o telefone do local para Louis, rasguei a folha e fui de encontro a ele, não sem antes perceber os olhos curiosos de Meggie fixos em mim.
─ Aqui está.
─ Obrigado. ─ Ele sorriu um pouco.
Nossos dedos se tocaram por poucos instantes e superficialmente. Contudo, aquilo desencadeou uma eletricidade em meu corpo nunca antes sentida. Era como se cada célula que me constituía respondesse a cada célula que constituía Louis. Ele também pareceu sentir isso. Congelou assim que o toque foi percebido e entreabriu a boca um pouco, porém não comentou nada.
Ouvi Charlotte se aproximar e a vi se despedir de Meggie com um beijo na bochecha e um abraço forte. Assim que o fez, caminhou em nossa direção e sorriu para Tomlinson que retribuiu.
─ Como voltarão para casa? ─ Perguntei, lembrando-me do carro de Louis que havia apresentado problemas novamente.
─ Andando... ─ Louis disse simples e confirmou com um leve aceno de cabeça. ─ Eu gosto, sabe... De andar.
─ Sim, eu sei. ─ Dei um sorriso e mexi em meu cabelo nervosamente, percebendo o quão embaraçado ele estava por nem sequer ter lavado o rosto ainda.
─ Bem, acho melhor irmos... ─ Louis comentou sem jeito, ainda tentando evitar encontrar com meus olhos.
─ Tchau, Harry. Obrigada por tudo. A pizza estava uma delícia!
─ Não é necessário que agradeça. ─ Sorri um pouco e ela sorriu também, acenando em despedida mais uma vez para Meggie.
─ Tchau. ─ Louis também fez um aceno rápido, mas dessa vez em direção a mim. ─ Tchau, Meggie. Cuide-se, pequena.
─ Tchau, Louis. Cuide-se também. ─ Ela disse envergonhada, com as bochechas em uma cor viva e acenou timidamente.
Tomlinson mais uma vez sorriu. Após isso, ele e Charlotte se afastaram a passos lentos e entraram no elevador, indo embora minutos depois. Fiquei parado na porta até que eles desaparecessem e, quando não tinha mais chances de voltarem, a fechei passando as mãos pelos cachos outra vez. Encarei a porta e apoiei a testa na madeira, fechando os olhos e encontrando imagens recentes de Louis ali que insistiam, como sempre, em permanecer em minha memória.
─ Harry?
─ Sim? ─ Falei, voltando à realidade, abrindo os olhos e virando meu corpo para encontrar o pequeno corpo de minha irmã parado atrás de mim carregando uma expressão confusa.
─ Louis é sua pessoa favorita, né?!
Não pude deixar de rir um pouco de sua pergunta que mais parecia uma afirmação.
─ Ele é uma delas, Meggie. ─ Agachei de frente para ela e sorri, recebendo um sorriso tímido de volta.
─ Sabe, eu... Eu tive a ideia da Lottie chamar Louis pra buscar ela.
Fiquei em silêncio por instantes e sorri novamente.
─ Eu sei. ─ Dei uma risada leve.
─ Você gostou de ver ele?
─ Sim. Claro que sim.
Abri um sorriso e ela fez o mesmo, envolvendo seus braços em meu pescoço para me dar um abraço forte.
-x-
O que será que acontecerá na despedida de solteiro de George?!?! Hahaha!