VII. Ternos

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[Harry's POV]

Desde o dia em que quase beijei Louis, decidi manter distância do mesmo. Era totalmente inconsequente e irresponsável o caminho o qual trilhava e não era de meu feitio. Não desejava ter quaisquer sentimentos por ele, além de respeito por um parente de Félicité, noiva de George. Pensando assim, conversei com Anne a respeito de Meggie e decidimos que eu apenas buscaria minha irmã mais nova na escola onde estudava. Mesmo desejando evitar o encontro com o senhor Tomlinson, eu ainda me preocupava com o bullying que Meggie provavelmente sofrera. Dei uma desculpa a Anne de que o horário para levar Meggie poderia me prejudicar em meus afazeres na empresa e assim ficou combinado que eu só a buscaria no fim da tarde.

Nos dias seguintes, por sorte, não encontrei Tomlinson pelas ruas e nem dentro da instituição. Ele provavelmente resolvera evitar um encontro. E era melhor assim. Todas às vezes, pedia para Richard parar um pouco distante da entrada da escola e ordenava que fosse até o portão buscar minha irmã. Mesmo que tendo avisado sobre quem iria pegá-la na entrada, Meggie parecia um pouco receosa das primeiras vezes. Seus olhos esverdeados, mesmo a distância, podiam-se ser vistos completamente arregalados e temerosos. Como se temesse ser levada por um desconhecido e nunca mais visse sua família outra vez. No entanto, assim que me encontrava do outro lado da porta, acomodado no assento com uma expressão paciente no rosto, ela sorria genuinamente feliz. Contava sobre o seu dia, suas lições de casa e eu evitava ao máximo prestar atenção aos detalhes sobre o seu professor, Louis Tomlinson.

Com o tempo, isso se tornou extremamente fácil. Eu apenas me deixava vagar em pensamentos sobre assuntos da empresa.

Pude notar também que Meggie diminuiu suas reclamações sobre se sentir sozinha e excluída da turma. Não entendia a razão para tal mudança, mas acreditava ser positiva para ela e ficava extremamente aliviado. Suas histórias sempre eram interrompidas por risadas. Passava-me a impressão de que Meggie havia voltado para sua antiga escola onde tinha inúmeras amigas, não sofria bullying, brincava e se sentia bem acordando para ir para a instituição de ensino.

─ A mamãe me deixou levar de lanche um pacote de chocolate ─ Meggie explicou gesticulando. ─ Era pequenininho, mas estava tão bom... Harry, você está prestando atenção?

Levantei os olhos da papelada em minhas mãos e a olhei confuso uma primeira vez.

─ Sim, sim ─ respondi rapidamente. ─ Eu só estava assinando alguns papéis. Pode continuar sua narrativa que estarei atentamente ouvindo.

Meggie suavizou a expressão e sorriu. Seus olhos, antes um pouco arregalados, haviam voltado para o formato original e ela adquirira uma expressão doce.

─ Eu desenhei você, a mamãe e o George.

─ Posso ver?

─ Uhum...

Minha irmã tirou uma pasta retangular de dentro da mochila bege e salmão e abriu os elásticos da mesma. Por alguns segundos, procurou pelo papel requerido dentre outros inúmeros até finalmente achar aquele que desejava.

Desenhado com giz de cera e lápis de cor, havia três pessoas grafadas. A primeira figura, Anne, vestia um vestido vermelho até a altura dos joelhos, seus cabelos pretos estavam soltos e ela sorria para nós. Eu estava ao lado trajando o que seria uma tentativa de terno cor pastel e também tinha um sorriso no rosto. Pude facilmente reconhecer George ao meu lado com uma calça social preta e uma camisa do Jurassic Park, o filme que ele e Meggie sempre assistiam quando se encontravam. George a visitava principalmente em todas as tardes de sábado e esse era o programa dos dois. Pipoca, balas sortidas, coca cola e Jurassic Park.

Your Eyes Only (Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora