Atraído (Livro I) - DEGUSTAÇÃO

By ManuhCosta_Official

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***SEM REVISÃO*** Ele a Queria, Ele a Teria! Jack Carsson Sempre foi um homem Solitário e Dentro de seu Mund... More

Classificação e Informações +1️⃣8️⃣ 🖤
Olhares
Chances
Fazendo Amor?
Pra Sempre Minha!
Nível 1 Da Atração
Quando O Passado Retorna!
Nível 2 Da Atração
Reencontro!
Nível 3 Da Obses... Ops, Atração!
Sob Pressão
Preciso Deixa-la Partir? Não!
Nível 4 Da Atração
Nível 5 Da Atração
Gosto Dela... E ela de Mim!
Disponível Na Amazon 🖤

Atração

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By ManuhCosta_Official





Esse é o som insuportável de uma buzina.

O idiota não para de buzinar um segundo, meus ouvidos não merecem esse tipo de coisa, estou cansado, essa viajem a Dubai me deixou extremamente exausto, e como se não bastasse ainda tive que vir pra esse inferno de cidade pra encontrar o Alejandro. Tenho que admitir que o meu irmão mais novo não tem nenhum pouco de criatividade, ele sabe que eu odeio lugares assim, odeio qualquer coisa que me relacione a outras pessoas, e mais uma vez Alejandro me deu um cano.

Não teria vindo de não fosse importante!

Ele tocou no nome do nosso pai e pronto, vim imediatamente, nunca faria isso com a única pessoa no mundo que ainda se importa comigo, sei que ele mente sobre seu estado de saúde, e também vim justamente pra poder cuidar disso pessoalmente com o meu irmão.

Papai está doente, e se esse merda não para de buzinar vou enfiar a buzinar no meio do rabo dele.

—Olaf não dá pra ir mais rápido?

—senhor estamos no meio do trânsito as coisas não se resolvem assim.

Olaf em sua infinita paciência, ele definitivamente vai entrar pra lista das pessoas mais calmas que eu conheço, se eu pudesse sairia desse carro, daria um jeito de ir até o carro do merda e faria com que ele se arrependesse por agredir meus tímpanos com essa droga de buzina. Olho pra direita e vejo um desses cassinos idiotas, estamos no meio do quarteirão, três carros na frente do sinaleiro,estou cansado, irritado, preciso de um daqueles remédios bem fortes pra dor muscular, ficar parado sempre me deixou muito irritado, infelizmente não é algo que eu controle.

Pego a Doroth—minha bolinha anti estres—no bolso e começo a apertar com força, Lane a minha terapeuta acha que assim eu vou acalmar o demônio preso dentro de mim chamado eu mesmo.

Não acredito nela é claro.

Mas vêm dando certo a mais de dois anos, desde que eu conheci a Lane já fiz muitos progressos, um deles e tentar não matar o primeiro que fica me olhando demais, fui detectado com esquizofrenia aguda aos sete anos de idade, depressão e pelo ou menos mais três doença psicológicas antes de descobrir o que eu realmente tenho.

Escopofobia!

E-S-C-O-P-O-F-O-B-I-A!

Significado : [Medicina] Medo mórbido de ser visto.

Ou como Lane define: Medo Irracional de Ser Visto.

Ok, já é muito complicado ser eu, melhor nem lembrar disso,só quero chegar logo no aeroporto e embaraçar pra bem longe dessa merda.

O carro anda e isso me alivia, evito olhar pros lados, soo, tremo um pouco.

Queria que as coisas na minha droga de vida fossem um pouco menos complicadas, que as tudo fosse no mínimo possível só uma vez—em toda a minha existência medíocre—normais, queria ser normal, mas estou longe disso. Não é uma questão de percepção, não é uma questão de opinião, eu apenas morro de medo que as pessoas me olhem, e isso é uma porra, na verdade uma droga.

Passo a mão nos cabelos e tento mais uma vez respirar fundo por que o nosso carro parou bem diante do sinaleiro, só deu tempo dos outros dois passarem.

INFERNO!

CARALHO!

CACETE!

PORRA!

PORRA!

E eu ainda nem cheguei no Meu Limite de Palavrões Permitidos no Dia.

Definitivamente nunca, jamais, eu prometo que farei algo estúpido como vir a um encontro assim com o meu irmão mais novo, e ele que se prepare por que quando eu colocar as mãos nele...

—senhor calma!

—morre Olaf, aproveita e vai pro inferno também!

Meu motorista—e segurança—é manso, ele me conhece, e Deus sabe o quanto me suporta, olho pra cima e o sinal está fechado, odeio isso.

Odeio esperar, odeio ficar parado, odeio esperar, e odeio ficar parado.

Escuto uma gargalhada feminina, estridente, e os meus olhos voltam pra faixa, vejo uma bela morena usando um micro vestido preto que delineai perfeitamente a bunda dela, porra, gostosa, muito gostosa, ela usa saltos quinze, os cabelos soltos batem na altura da cintura, são escuros e lisos... meus dedos deslizariam facilmente por esses cabelos, mas nem da tempo, a risada não é dela, nem da ruiva que está a sua esquerda, a risada é de uma baixinha.

Ela usa jeans, tênis, e uma camiseta branca, ela se apressa e os meus olhos pousam na bunda dela, na curva da bunda pra ser exato, Olaf vai pra frente de olho e eu puxo o ombro dele pra trás—essa não Olaf—porra, essa mulher...

Não dá pra ver o rosto dela direito, esta virada pras outras duas, enquanto anda—devagar e tranquilamente—a bunda dela balança, os braços se movem, ela é uma morena de cor mais bronzeada que as outras duas, e o que diferencia ela das outras duas logicamente é o fato de além de ser mais baixinha é que ela é cheinha, bem cheinha na verdade.

Mas onde interessa.

A morena deixa cair algo, ela gira depressa e abaixa, quando se ergue eu vejo o rosto iluminado por um sorriso lindo, arregalado e instantâneo, lábios cheios, mas estou hipnotizado por esse par de olhos incríveis que ela possui, olhos de um tom âmbar claro que tenho certeza que já vi em algum lugar, mas é rápido, meu coração fica disparando do nada, e eu, aperto o ombro de Olaf me sentindo um otário, enquanto eu a vejo se afastar seguindo as outras duas.

—segue ela!—ordeno com firmeza.

—senhor o sinal...

—segue ela agora!

Olaf fecha a cara e olha pros lados, depois passa a marcha e acelera, eu nem sei onde joguei a Doroth, o carro da uma arrancada que quase me joga pra trás, me seguro, eu sei como irritar as pessoas—sou insuportável—mas é algo do qual não posso deixar passar, inferno, nem eu sei por que pedi isso!

Ele vira pra direita e eu fico abaixado no bando de trás observando as três caminharem pela calçada, elas conversam e riem, parece espanhol, não tenho certeza—falo espanhol fluentemente—e sei que não teria dificuldades em conversar com ela.

Não Teria, por que eu sei que não há a mínima possibilidade de eu conhecê-la pessoalmente.

Fico olhando, e olhando, que pena que ela está na outra ponta, mal consigo vê-la andando, mas os meus olhos se mantém nela, ou tento.

—por que não vai até ela?

—cala a boca Olaf, você não é pago pra falar!

—qualquer dia desses eu me demito.

—não faria isso comigo, que me protegeria de mim mesmo?

Ele da uma risadinha no banco da frente.

Fico imaginando onde estaria sem ele hoje... não estaria!

Olaf me salvou quando mais ninguém poderia me salvar, ele me resgatou e foi—ainda é—uma das únicas pessoas que ainda acredita que eu tenho alguma salvação.

Meu pequeno sonho some ao entrar numa porta ampla e giratória desse lugar que cheira a "vício", é, eu posso ser tudo, um doido, um merda, um suicida, mas nunca fui chegado em drogas, bebida e nem em jogo, de todas as merdas que já fiz na vida, isso não!

Suspiro.

—senhor...

—já disse pra se calar Olaf.

—ok.

Sei que Olaf não tem nada a ver com os meus picos de estresse, nem ele, nem a Joanne, nem a Bea, mas eu francamente, pago tão bem que nem me importo, tenho pena dos meus funcionários, as vezes pago dobrado, ou o triplo, só quero que profundamente eles me tolerem, e isso, eu sei, que não tem dinheiro no mundo que pague.

Olho pra porta giratória.

Seria tão fácil ir até lá e me apresentar, olhar pra ela e falar "oi, tudo bem?", como seria dar em cima dela? Será que ela não acharia estranho?

Quem é ela? Por que ela me fez ultrapassar o sinal vermelho? Ela nem é tão bonita assim!

Fico parado olhando pra porta giratória, tenho duas opções, morrer de ansiedade aqui, ou morrer de ansiedade no Hilton, Alejandro não vai dar as caras, ha, agora não, ele deve ter brigado com aquela idiota da namorada dele—pela décima vez—e daqui a pouco eu sei que vou receber uma porra de uma ligação dele chorando falando que vai sumir, que seu mundo acabou e blá, blá, blá...

Gosto do meu irmão, quero ele bem e só Deus sabe o quanto é difícil, mas vezes ele me cansa, me cansa e me irrita profundamente, da vontade de enforcar ele de tanta raiva.

Jogo a bolinha pra longe e me estico no banco, acho que posso ficar aqui até ela sair, ela não é a primeira mulher no mundo que me desperta curiosidade certo? Teve aquela em Dubai que ficou me encarando na reunião, ela nem soube disfarçar, mas evitei olhar, quando eu vejo que alguém me olha demais e encaro a pessoa fico sem graça, é complicado entender isso...

—por que não vai até lá e fala com ela?

—o que eu falaria pra ela? "oi, eu te vi atravessando o sinaleiro e quero te comer?"

—hoje o senhor está com um humor péssimo.

—enfia a sua opinião no rabo.

—quer saber, fica ai sozinho!

Irritei ele, pronto, não, Feri ele!

Meu relacionamento com Olaf anda uma droga, meus picos de stress só pioram desde que eu parei de ir a agência definitivamente, é um processo cansativo pra mim, também por que estava acostumado a ter pelo ou menos uma transa fixa por semana, agora tudo o que eu tenho é a minha mão e vídeos pornô.

Por incrível que pareça quase um ano sem sexo.

Isso pode deixar qualquer um louco, minha sorte é que eu já sou louco, mas... tenho certeza que se continuasse daquela forma eu me destruiria, frequentar a agência foi um dos mais variados erros que cometi em toda a minha vida.

O lado bom com certeza foi o fato de eu continuar com minhas pequenas práticas que segundo o meu pai são completamente satânicas, o lado ruim foi que essas "práticas" só me fizeram piorar um lado no qual eu sempre vinha tentando matar dentro de mim.

Mesmo que não pratique nada mudou, ainda sou o mesmo, ainda quero a mesma coisa e não sou cínico pra negar se arrumar uma corajosa, mas até lá... até lá é punheta e pornô.

Respiro fundo, ficar no carro me deixa claustrofóbico, mais impaciente e mais ansioso, é pior quando não tenho em quem descontar, Olaf sumiu, aposto que foi fumar em algum lugar escondido de mim, ele sabe que odeio que ele fume, até isso eu controlo nos meus funcionários—sim eu sou um completo atormentado—e eu sei como ser intragável quando quero.

Olho pela quinta vez—conto as vezes—pra porta giratória, e fico vendo mais pessoas entrando e saindo e nada da minha garota.

Minha Garota.

Já alto denomino ela assim?

Acho que posso chamar isso de Atração, é que quando alguém tira minha concentração ou me chama atenção eu perco a capacidade de pensar em outras coisas, eu foco mais na pessoa em si do que tudo, não deveria ser assim, não poderia, mas é assim que eu sou.

Eu sempre fui assim não adianta, sou inquieto demais, grosso demais, nervoso demais, comigo é dois extremos, ou é oito ou é oitenta, não fico na incerteza, quando quero algo eu vou lá e faço, quando desejo algo eu consigo, mas quando se trata da doença, me sinto impossibilitado por muitas coisas.

Mesmo que ela valesse apena, eu não estaria pronto pra entrar lá e puxar assunto certo? O que eu falaria com ela? que assunto?

Quero muito olhar de perto, sou curioso, esse é um grande mal que faz parte da minha personalidade, vi a cor dos olhos dela, eram tão... tão familiares!

Não pensaria nela, não seguiria ela se não fosse família, mas, onde foi que eu a vi? não me lembro de tê-la visto na empresa—ou em lugar algum—nos últimos meses.

Como se eu vivesse andando ou passeando pelos corredores da BCLT...

Será que eu posso ir até lá e tentar puxar assunto? Porra estou mesmo pensando nisso? Eu basicamente teria um ataque cardíaco assim que entrasse nesse cassino, sei que está lotado, é sexta a noite, o mês de férias, como não estaria?

Quero vê-la, tenho que vê-la, mas devo ver? Posso?

—Inferno viu, é bom que essa mulher valia muito apena!

Saio do carro, e minhas pernas estão ficando pesadas conforme caminho até a porta, é sempre assim, quando crio coragem... ela vai embora, e o medo me toma, e me vejo dando meia volta e caminhando de novo pro carro, minha mão está prestes a abrir a porta do carro quando escuto a voz de Olaf.

—mariquinhas!—fala e se encosta no carro de braços cruzados—se o senhor não for, outro vai e vai comer ela!

Olho pra ele de um jeito tão fulminante que tenho certeza que ele se sente amedrontado, respiro fundo, e giro, me afasto dele, e conto os passos até a porta giratória, respiro fundo e fecho os olhos passando pela porta, mas ao invés de seguir reto, eu fico e giro no sentido anti horário dando outra volta, estou saindo do cassino sem mal ter entrado.

Logo que vejo Olaf encostado no carro respiro fundo—sem sair da porta—e giro mais uma vez, e fecho os olhos pra entrar.

É Agora!

E entro.

Entro no cassino meus dedos formigam,Meu estômago embrulha,Minha cabeça gira, Odeio aglomerações, não tem jeito.

Nunca estive aqui, mas hoje a casa esta cheia, uma garota passa por mim berrando com fichas azuis na mão, desvio pra que não encoste em mim, odeio essas coisas, não entendo por que Alejandro gosta desse tipo de coisa, o que o excita, o que o motiva a jogar, nunca gostei de jogos, bem mas como diz o meu pai: depende do jogo.

Observo algumas mulheres se esfregando em caras que parecem importantes e estou paralisado aqui perto da porta tentando entender por que exatamente passo por isso, por causa de um rabo que vi no meio da rua...

Um Rabo não imbecil, cadê o romantismo?

Quem precisa de romantismo com uma bunda daquelas Meu Deus?

Preciso Achá-la!

Dou um passo, dois, três, quatro... Eu sempre conto.

Tenho auto confiança sei como me controlar melhor hoje sei como fingir, me tornei um bom ator com o passar dos anos.

Tento ao máximo não encostar em ninguém mas isso se torna a algo impossível, as pessoas buscam esses lugares pra encontrar um pouco de diversão, sentido a vida, eu chamo isso de grande hipocrisia e as ignoro.

Preciso Achá-la logo.

Inferno! Ela tinha que se enfiar num cassino? Não poderia ser num café como qualquer outra mulher comum?

Como se eu saísse com mulheres Comuns todos os dias!

Me afasto desse corredor, preciso ficar o mais longe possível disso tudo. Uma ruiva passa por mim com um sorriso de pura maldade nos lábios, já passei dessa época... hoje não querida! Não sou tão exigente quando se trata de mulheres não sou santo ah isso não, mas sigo um certo padrão e não gosto de quebra-lo, Lane diz que é um tipo de defesa eu a ignoro completamente, mas me distraio com o jeito insinuativo no qual algumas mulheres me olham.

—não enche Duda.

Uma brasileira! De onde vem essa voz? Não demora pra que eu a localize.

A morena usando o micro vestido preto está se inclinando no rumo da máquina caça-níquéis e enfiando fichas nela, mas meus olhos não estão mais nela e sim na figura mais baixa que tenta tomar as fichas da mão dela. A bunda dessa mulher é um imã e me distraio com o traseiro dela muito fácil. E os meus olhos deslizam pelo jeans colado que ela usa, a camiseta se ergue mostrando um pouco dos quadris mais largos, uma pequena saliência na barriga e entradas perfeitas nos quadris.

Minha boca está seca mas não consigo tirar os olhos dela.

Os cabelos estão presos num coque frouxo e volumoso. São cacheados e grossos ela se vira comemorando e o meus olhos contemplam um sorriso largo e perfeito que vi a poucos minutos no sinaleiro.

Fico parado.

Meu corpo está duro.

Meu coração vai disparando freneticamente.

Observo a felicidade dela. Seu sorriso perfeito e analiso a fartura dos seios que ela provavelmente esconde nessa camiseta sem graça.

—muito obrigado Sarah.

E ela vai pra outra máquina dançando.

Sinto vontade de rir com o jeito desastrado no qual ela quase faz o garçom derramar duas taças de champanhe que um garçom carrega, ela se desculpa e se vira pra máquina a morena fala algo pra ela e de afasta. A morena está indo conversar com um homem.

Me volto pra ela.

Preciso saber quem é ela.

A ruiva passa por mim mas estou ocupado demais me afastando pra ela. Fico a certa distância. Observo. Mas não consigo me aproximar muito, estou exposto e odeio isso não quero que ela me veja.

Não quero que ela me veja!

A voz não para de repetir na minha cabeça mas afasto o medo. A risada estridente dela faz isso. Afasta o meu medo e não entendo por que uma estranha faz isso comigo me distrai o bastante pra que eu esqueça desse demônio que me persegue desde sempre. Ela comemora pois acabou de ganhar cinco moedas. Olha prós lados enquanto pega as moedas. Sinto vontade de rir dessa garota. Quantos anos ela deve ter? Vinte? Vinte e dois? Pelo entusiasmo vejo de longe que nunca esteve aqui.

Ela gira o corpo no meu rumo abaixo a cabeça pra que não me veja.

Ora Jack vamos não seja um merda!

É o que eu mais quero.

Olho com o canto do olho ela se afastar no rumo do bar, meus olhos não saem dela, eu não consigo. Isso nunca me ocorreu antes.

Sempre que saio—MUITO RARAMENTE APENAS A NEGÓCIOS OU ALGO BEM RESERVADO ONDE EU ESTEJA ABSOLUTAMENTE SÓ—tento não me apegar muito ao exterior das pessoas nem a aparência por que sei que isso seria bem mais complicado e difícil do que realmente é. As minhas limitações me impedem de me aproximar demais das outras pessoas e isso não é algo que eu possa controlar.

Vou atrás dela.

Droga o que eu estou fazendo?

Ela estende uma nota de dólar pro barman, não para de sorrir, lê o que parece ser um dicionário, faz o pedido. Ela se encosta no bar e fico atrás dela, dela minhas mãos soam, sinto o aperto esquisito no peito. Respiro fundo.

Você consegue!

Ergo a mão—propositalmente—e nesse momento ela gira com a garrafa d'água, fico parado, ela fica me encarando aterrorizada, eu estou aterrorizado.

—aí meu Deus me desculpe.

Faço que sim com a cabeça não consigo falar a voz está presa dentro de mim a angústia familiar me queima meu coração está dando pulos absurdos, fico agoniado, ela fica me olhando e me olhando. Os olhos dela são de um mel claro muito bonito, âmbar claro, a boca dela e cor de rosa e mais carnuda, maçãs do rosto mais cheias, sobrancelhas grossas e escuras , os cabelos dela são castanho claros mas não dá pra ver muito bem a cor por que parecem estar entupidos de gel, aos poucos ela parece voltar a si.

Sei que estou vermelho. Me movo.

— sinto muito.

E me afasto. Cada músculo do meu corpo dói, Se contrai e sinto tanto medo que vou ficando de novo claustrofóbico, mal consigo respirar, Preciso respirar mas estou disposto a desistir assim tão fácil?

Não quero.

Giro os calcanhares os dedos dos meus pés estão fazendo força mordo meus lábios constantemente enquanto volto, não é difícil acha-la.

Bingo!

Fico ao lado dela e analiso sua figura pequena e tão diferente da maioria das mulheres que conheço.

Quero gritar.

Minhas mãos soam dentro do meu casaco, não sei se ela me ignora ou se não me vê e não entendo por que voltei—é na maioria das vezes eu sou uma confusão ambulante e indefinida—eu não deveria voltar, deveria partir, sempre faço isso, sou bom nisso. De repente ela se vira pra mim e fica me olhando, não esconde sua surpresa em me ver, falo a primeira coisa que me vem a mente.

—você molhou os meus sapatos.

Começou bem idiota, a Melhor desculpa do mundo!

—eu ia me desculpar mas você saiu correndo.

Ela se endireita e cruza os braços. Essa não é uma mulher da qual estou acostumado a lidar, ela é diferente.

—você é português?

—isso não é da sua conta.

Fica vermelha como uma pimenta, umedece os lábios e ela não sabe realmente o tamanho da tormenta que se assola dentro de mim com isso. Sou um caçador e eu não consigo controlar isso quando começo, gostaria de poder controlar mas não consigo, eu quero essa mulher. Ela não pode me olhar assim. Fico sem ar, parado , agoniado com o olhar dela, ela se vira muito devagar e coloca mais fichas na máquina caça-níquéis, me ignora, prefiro assim. Ao menos que não me encare tanto.

—o seu nome...

—não falo com estranhos.

E puxa a alavanca. Quero rir.

Estou tão nervoso e eu não sou sempre assim. Tento ficar imune a isso quando saio em público. Mesmo que me deixe aterrorizado sempre melhorei com os anos. Faz um tempo que alguém não faz com que eu perca a minha blindagem dessa forma.

—me deixe advinhar... Você está bravo por causa dos seus sapatinhos.

—me fale o seu nome!

Ela gira pra mim com uma cara de tédio que me irrita, depois fala:

—acontece que eu não sou obrigada a falar o meu nome pra você!

—não é muito educado!

—ai me poupe!

E revira os olhos, e faz tão pouco caso de mim que me irrito, acontece que eu não estou acostumado a ser desprezado, bem, estou, pela minha família, mas não é todos os dias que uma mulher me trata desse jeito, se bem que não posso falar muito, o fodão aqui nunca deu em cima de uma garota de verdade, não sei como agir, as mulher conhecem no escuro, elas estão habituadas a isso, talvez por isso eu não me sinta desprezado, é a minha condição, é o meu preço, essa mulher está me conhecendo no claro, quem eu realmente sou—nesse sentindo.

—esse sapato é caro!

Ela se vira pra mim com cara de deboche, enfia a mão no bolso do jeans e retira de lá uma tirinha de goma de mascar, um clips, e duas moedas, depois ela segura a minha mão—a mão dela é quente e pequena, unhas cortadas e perfeitinhas—coloca essas coisas na minha mão, depois a fecha e da duas batidas firmes no meu ombro.

—dívida paga.

Logo em seguida ela começa a se afastar.

Porra, que fora!

Eu não saí do carro pra ser tratado assim, eu não enfrentei o meu medo pra levar um fora e ir embora, essa mulher tem que aprender o lugar dela. Me vejo indo atrás dela, os dedos dos meus pés se encolhem dentro do sapato assim que a minha mão pousa em seu ombro, ela se vira, tento sorrir.

—você não quer beber algo comigo?

—eu não bebo!

Caralho!

—nem água?

Ela cruza os braços, poxa, que mulher brava, eu realmente irritei ela, bem, não se exatamente por que, eu apenas fiz aquilo pra ter uma boa desculpa, se bem, que brava ela fica até mais sexy... bonita.

—é, eu acho que aceito, só pela grosseria de me cobrar os seus sapatos, foi sem querer.

—ok, vamos!

Pego a mão dela—eu não sei por que faço isso—e de repente me sinto seguro, nem sei por que, mas me sinto seguro, as batidas do meu coração ainda estão na garganta, e o meu medo só cresce, o tumulto dentro de mim é estabelecido a anos e não passa, eu sou assim, tenho medo de ser visto, mas ela segura a minha mão e eu tenho plena certeza de que posso fazer isso.

—sua mão é gelada!

—é assim mesmo—falo pra morena—seu nome?

—Maria—fala olhando pra baixo—e o seu?

—Jack!

—muito prazer!

—é, prazer.

Ao menos assim espero...



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