Chances

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Entramos no carro.

Olaf nos olha e sorri, mas não vejo graça alguma, mostro o dedo do meio pra ele disfarçadamente, ele para de sorrir e liga o carro.

Maria me olha com um sorriso vasto nos lábios, seus olhos brilham mais que tudo, ela parece muito, muito doce enquanto sorri assim pra mim, meu estômago se revira todo.

—o seu carro cheira a menta.

No banco da frente o responsável pelo meu carro cheirar a cigarro de menta dirige pelas ruas de Las Vegas como se nada estivesse acontecendo.

Isso me irrita.

Me irrita o fato dele não me escutar, não me obedecer, gosto quando as pessoas me obedecem, isso é algo que faz parte do que eu chamo de "ambiente seguro", desenvolvi isso depois da morte da minha mãe, e prefiro pensar que é muito melhor mandar do que obedecer... obedecer apenas nos momentos devidos e pelos motivos adequados, mas até lá, eu mando.

Não me considero controlador, eu apenas sou dono de mim e de tudo o que possuo, vivo uma vida confortável, trabalho muito pra conseguir tudo o que tenho, e gosto disso.

—não nos veremos depois de hoje?

Que pergunta interessante, eu poderia levá-la nesse exato momento pro Hilton, mas não posso afirmar que nos veremos depois de hoje, não há a possibilidade dela me ver em algum dia próximo.

—não!—ela conclui e suspira—o meu hotel fica a três quarteirões daqui, Se chama "Prazeres".

Ela olha pela janela, recostada no banco, estico a mão e toco a dela com a ponta do indicador, ela não recua, gostaria de poder vê-la amanhã, mas isso é algo distante e impossível pra mim, implicaria numa série de fatores obscuros e dificultosos demais para mim e ela.

Olaf para o carro no sinaleiro, e essa avenida está lotada de barulho, mas tudo o que tenho é a visão de uma estranha olhando pela janela do meu carro prendendo a minha atenção.

O que ela tem de diferente? O que me atrai a essa mulher?

A Atração nem sempre é algo explicável panaca, você sempre foi chegado num belo rabo, deve ser isso...

—nossa!

E depois que fala isso, escuto o som da porta sendo aberta, e eu a vejo pulando pra fora do carro, Olaf me olha apavorado, e Maria passa pela frente do nosso carro correndo, eu olho pro meu motorista e fico parado sentindo novamente a onda de pavor me tomar todo.

Devo deixa-la ir, Devo deixa-la partir, é o melhor pra nós dois! É o melhor pra mim, e é na melhor de todas as hipóteses a melhor coisa que posso fazer por ela.

—vai atrás dela—Olaf fala do banco da frente.

—não tem a mínima chance...

—talvez algum carro atropele ela, talvez algum molestador abuse dela...

—seu merda babaca!

Acho que enlouqueci de vez.

Abro a porta do carro, e dou um pulo apressado pra fora, ela não está muito longe, bato a porta do carro e começo a correr por entre os carros observando a mulher correndo mais a frente na calçada toda sorridente, e uma corrente de empolgação me percorre todo enquanto tento alcançá-la, nunca corri atrás de ninguém na minha vida.

NUNCA.

E estou, em plena sexta feira a noite, com milhares de coisas pra fazer, trabalho, projetos acumulados, correndo atrás de uma estranha pelas ruas de Las Vegas, e rindo, rindo a beça.

Atraído (Livro I) - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora