Your Eyes Only (Larry Stylins...

By larrypsyche

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Com o anúncio do noivado de seu irmão, Harry Styles, ainda chocado e preocupado com a notícia e com a decisão... More

Prólogo
I. Capuccino
II. Em disparada
III. Amoras e bebidas
IV. Meggie
V. Lenço de papel
VI. Tão próximo
VII. Ternos
VIII. Conexão
IX. Curativo
X. Somente Louis
XI. Pequenos detalhes
XII. Orgulho ferido
XIII. Decisões
XIV. Exatamente como é
XVI. Pessoa favorita
XVII. Despedida de solteiro
XVIII. Tê-lo em meus braços
XIX. Quarto de hotel
XX. Toques
XXI. O casamento
XXII. Não me deixe
XXIII. Aeroporto
Epílogo

XV. Confuso

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By larrypsyche

Cheguei, amores!! Super rápido dessa vez e com um capítulo super importante para o desenvolvimento da história! (:

Espero que gostem.

-x-

[Louis' POV]

─ O que faz aqui? ─ Niall perguntou assim que me encontrara sentado em minha mesa na sala em que eu frequentemente dava aulas. Minha cabeça estava afundada entre as mãos e suspirei forte.

─ Nada. ─ Respondi.

─ Não parece nada.

Levantei o rosto e bufei. Encarei os olhos azuis de meu amigo que me fitavam pacientemente e sérios. Parecia querer saber curiosamente o que acontecia.

─ Esquece, Niall. Vamos voltar para o pátio. Não podemos deixar as crianças desacompanhadas de algum professor. ─ Levantei da cadeira e peguei o casaco que repousava no encosto.

─ Lilian está cuidando de todos... ─ Niall continuou a me observar, esperando por uma resposta. ─ Qual é? Me diga o que aconteceu.

─ Não aconteceu nada. ─ Ri um pouco, mas a risada saiu sem humor algum.

─ Você volta para a escola depois do seu intervalo com a roupa completamente encharcada e parecendo que brigou com alguém e agora me diz que não aconteceu nada... Vamos lá, eu sou seu amigo, me diga o que aconteceu.

─ Como sabe que briguei com alguém?

─ Porque sei. Você chora quando está irritado e tem essa marquinha esquisita que aparece no meio das suas sobrancelhas.

─ Hum...

─ Pare de ser teimoso e fale logo! ─ Niall disse um pouco alto e meio alterado. Eu poderia imaginar que sua curiosidade o estava corroendo por dentro ao mesmo tempo em que ele se preocupava comigo.

─ É uma longa história...

─ É... E por um acaso essa história está relacionada com Bernard ou com o irmão gostoso da Meggie?

─ O quê?! ─ Praticamente gritei ao ouvi-lo falar daquele modo e em alto e bom som para que quem passasse por minha porta pudesse escutar. Olhei para todos os lados, temendo que alguém pudesse ter escutado o comentário nada apropriado de Niall. ─ Cale a boca! Você ficou louco?

Ele riu. Sua risada ecoou pelas paredes da sala de aula. Era uma risada contagiosa, divertida e única e, mesmo sendo ela, a única coisa que fiz foi sorrir um pouco.

─ Então é sobre o irmão gostoso da Meggie que estamos falando.

─ Meu Deus! Pare. ─ Pedi completamente constrangido.

─ O que foi que ele fez?

─ Ele é um idiota, é isso que ele fez. ─ Bufei meio infantilmente e cruzei os braços.

─ Isso não é uma ação, Louis, é uma característica. O que foi que ele fez?

Fiz uma careta e deixei os ombros caírem me dando por vencido.

─ Harry estava tentando colocar George, o noivo de Fizzy, contra ela. Dizendo um monte de coisas negativas sobre o caráter de minha mãe e até mesmo sobre minha irmã.

Ouve uma pequena pausa de segundos antes de Niall entreabrir um pouco a boca.

─ Oh...

─ É...

─ E vocês brigaram?

─ Sim. Como você mesmo disse tinha uma marquinha esquisita no meio das minhas sobrancelhas. ─ Soltei uma leve risada.

─ Esse casamento parece que aproximou vocês dois...

─ O que está querendo dizer? ─ Perguntei desconfiado.

─ Nada...

─ Fale! ─ Pedi e ele sorriu.

Dentro de seu olhar, notei que Niall já havia chegado a uma conclusão assim como eu fazia muitas vezes. E tinha algo ali que me dizia que ele sabia o que estava acontecendo.

─ Louis, você só fica tão afetado após uma briga quando essa pessoa é um homem que mexe com a sua cabeça assim como era com Bernard.

─ Bernard roubou Dusty!

─ É, mas você gostava dele.

─ E não gosto mais. Não sei se lembra, mas ele foi um tremendo de um idiota comigo durante todo o nosso namoro. Eu quero distância!

─ Você é tão orgulhoso! Olha... Eu sei que não gosta mais de Bernard. Só estou querendo dizer que penso que esse Harry está mexendo com a sua cabeça de um jeito especial.

─ Pensou errado. ─ Respondi.

Vi Niall revirar os olhos e fazer um gesto com as mãos de forma impaciente.

─ Por que não me diz o que está acontecendo entre vocês?

─ Porque não está acontecendo nada.

─ Mas estava.

Calei-me. Pude escutar as poucas crianças que ainda restavam no pátio conversando animadamente. Além disso, ao fundo havia o barulho da gangorra enferrujada e do porteiro chamando por um delas, provavelmente por um de seus pais ter chegado para buscá-la.

─ Nós nos beijamos algumas vezes. ─ Praticamente sussurrei.

─ Por que não me disse antes?

─ Porque eu não suportava Harry por um tempo...

─ Mas gostava dos beijos...

─ É...

Falei meio constrangido pela constatação simples de Niall. Apenas com a menção do nome de Harry meu corpo já respondia de um modo diferente. Coração palpitava descontrolado, pernas bambeavam e as mãos suavam. Mesmo que eu desejasse que acontecesse totalmente o contrário àquilo.

─ E de onde tirou tanta repulsa por ele?

─ No começo foi por causa do primeiro jantar que juntou as nossas famílias. Harry foi tão arrogante! Por mais que eu tentasse falar com ele naquele dia, apenas para puxar assunto, Harry era sempre tão curto e grosso. E depois, quando estava prestes a ir embora, o ouvi dizer que eu só estava falando com ele porque não aguentava o silêncio constrangedor. Ele falou aquilo com ar de tanta superioridade...

─ Então foi em razão disso?

─ Não. Bem, só no começo. Depois nos conhecemos melhor em um resort que indiquei para o casamento da Fizzy e de George. Ele pareceu legal. Até evitou que eu caísse de um cavalo e acabasse me machucando, mas então eu conheci Zayn.

─ Ele é gostoso também?

─ Niall! ─ Repreendi e ele riu.

─ Você não respondeu minha pergunta.

─ Isso não importa... ─ Eu sorri, vendo-o formar aquela expressão divertida. ─ Zayn me contou que trabalhou para as empresas Styles por um tempo. Ele e o pai de Harry, Desmond, se aproximaram muito e Desmond o tratava como se fosse um filho. Harry tinha ciúmes disso. Ele armou uma situação para que Zayn se demitisse e se afastasse de sua família e então Zayn o fez.

─ Mas Zayn tentou fazer algo ou apenas pediu demissão?

Dei de ombros.

─ Acho que apenas pediu demissão. Harry ameaçou a carreira dele, Niall.

─ Hum... ─ Resmungou meio desconfiado.

─ O que foi?

─ Não sei. Essa história parece mal contada.

─ Por que diz isso?

─ É estranho. Zayn apenas pediu demissão sem nem ao menos tentar contar a Desmond o que Harry estava fazendo? Sem tentar evitar ficar longe de seu amigo? Por quê?

─ Ele perderia tudo o que havia conquistado. Precisou escolher, Niall, e escolheu a profissão. Afinal, nem todos nasceram ricos o suficiente para não precisar trabalhar.

─ Louis, se alguém ameaçasse acabar com a minha carreira caso eu não ficasse longe de você, primeiro eu daria um belo de um soco na cara dessa pessoa e segundo eu iria te contar para que você ficasse de olhos bem abertos com ela.

─ Você não entende... Se ouvisse de Zayn, entenderia. Ele estava desolado. Além disso, eu apenas contei o resumo do resumo da história, por isso está confuso sobre isso.

─ E mesmo tendo tanta certeza sobre o que Zayn disse, continuou gostando dos beijos de Harry?! ─ Levantou as sobrancelhas sugestivamente e bufei impaciente.

─ Eu... Olha, por um tempo eu acreditei no que Zayn havia dito, mas... Mas Harry começou a mostrar que não tinha aquele caráter tão desprezível. Eu fiquei em dúvida. Pensei que Zayn havia mentido. Harry foi tão carinhoso com Meggie e se mostrou preocupado com seus familiares... Eu deixei de acreditar em Zayn depois disso. Me rendi a seus beijos, aos seus carinhos e a toda a preocupação que ele demonstrava por mim, mas então quando resolvo ir em seu escritório para convidá-lo para sair, eu o vejo enchendo a cabeça de George com dúvidas. ─ Suspirei. ─ Acho que Zayn estava dizendo a verdade, afinal.

─ Você é tão idiota! ─ Niall exclamou e riu outra vez mais para si mesmo.

─ Ei!

Tentei acertá-lo com um soco, mas ele se esquivou. Com isso, dei risada de seu movimento desajeitado. Por fim, encarei-o a espera de uma explicação para aquele insulto.

─ Eu sou seu amigo há quanto tempo? 5? 6? 7 anos? ─ Perguntou já sabendo a resposta para aquela pergunta. ─ Então acho que sou perito o suficiente para dizer que você está fazendo isso de novo! Arranjando desculpas esfarrapadas para não se envolver com alguém, porque está com medo de sair com o coração partido outra vez.

─ Niall, foram apenas alguns beijos. Você ficou louco? E mesmo que fosse isso, nada mudará o caráter de Harry.

─ Nem venha com esse papo furado para mim. ─ Fez um gesto impaciente e exagerado, fazendo-me rir. ─ Eu acho que esses poucos beijos foram o suficiente para mexerem com você. Além disso, como pode ter certeza que o que Zayn falou era verdade? Não foi isso que o deixou com tanta raiva de Harry? Você tem algum documento aí? Algum áudio da conversa dos dois? Acho que não. ─ Segurei o riso que tentava escapar outra vez. Niall parecia completamente irritado com a minha intransigência e eu não desejava piorar a situação. ─ E outra... Não é porque ele foi um idiota com você naquele jantar que ele será sempre um idiota. Não foi você mesmo que me disse que Harry tinha sido legal com você nas outras vezes?! Talvez ele só estava tendo um péssimo dia naquela vez... Eu tenho uma teoria!

Levantei as sobrancelhas, achando-o louco por agir daquele modo. Niall cruzou os braços, esperando para que eu ficasse curioso o suficiente para perguntá-lo sobre qual seria essa tal teoria. Eu o conhecia o suficiente para saber que ele não pararia até dizer qual era.

─ Qual é a sua teoria? ─ Por fim, perguntei.

─ Desde o momento em que você conheceu Harry, sentiu uma atração implacável por ele e o achou gostoso tanto quanto eu acho. ─ Fiz uma expressão assustada e o repreendi com o olhar, mas Niall não pareceu se importar. ─ Quando percebeu isso, tentou puxar assunto com ele, mas o que recebeu foi apenas indiferença e esse ar de arrogância que tanto fala. Orgulhoso como é, não o perdoou, obviamente. Do modo como Harry se mostrou, você imaginava que ele seria como qualquer um de seus outros namorados, por isso tentou mantê-lo afastado e aceitou sem pestanejar qualquer qualidade ruim que acusavam Harry de possuir. E agora, quando viu que estava se entregando aos encantos dele, o ouviu falar sobre sua mãe e sua irmã e ignorou completamente os motivos que o fizeram ter essas desconfianças. Nem tentou entender o lado dele, pois era melhor assim. Porque você tem medo e te entendo, ok?! Não precisa temer seus sentimentos só porque pessoas do seu passado roubaram o seu gato ou te machucaram, Louis.

Encarei o chão por um momento e balancei meu corpo de um lado para o outro. Nós ficamos em silêncio o suficiente para eu notar que todas as crianças que se encontravam no pátio já haviam ido embora.

─ É... ─ Sussurrei, processando tudo o que Niall dissera. ─ Mesmo que esteja certo, não admitirei. Você bem sabe, certo?! Sou orgulhoso demais para isso. ─ Brinquei.

Dessa vez Niall gargalhou tão alto quanto possível me fazendo sorrir grande.

─ É, eu sei.

**

Depois daquele dia, passaram-se algumas semanas arrastadas em que minha vida entrou na rotina monótona de acordar, trabalhar, comer e dormir. Londres, por mais chuvosa que fosse, mostrou um sol forte através das nuvens levemente escuras e pesadas. Com o tempo, a garoa deu lugar ao arco-íris e ao céu azul claro.

No entanto, meus pensamentos, ao contrário do tempo limpo, se encontravam em uma repleta confusão e extremamente nebulosos. Havia dias em que eu passava a tarde toda corrigindo as lições feitas em casa pelas crianças, mas com o pensamento preso em Styles. Mesmo me reprovando constantemente por isso e tentando evitar divagar por esse caminho, era impossível mantê-lo afastado de minha mente. Além disso, havia noites em que eu acordava suado e ofegante após um sonho intenso com Harry.

Seus lábios carnudos nos meus, mordiam e sugavam de um jeito que deixava todos os pelos de meu corpo se arrepiarem e cada pedaço de pele implorando por um contato. Desejando que durante o sonho Harry tirasse a camisa social qualquer que vestia, deitasse sobre meu corpo, escorregasse suas mãos grossas por meu peito, desde meus mamilos até a costura de minha calça de moletom. Eu queria senti-lo em mim, queria sentir a marca de suas digitais enquanto ele apertasse minha cintura. Queria enrolar meus dedos em seus cachos, deixando Harry deslizar sua boca por meu pescoço, deixando um rastro de saliva enquanto beijasse meu ombro e mordesse a pele sensível perto de minha clavícula.

Contudo, no final, por mais que parecesse real, era apenas um sonho intenso e prazeroso que me faria desejar que acontecesse na outra noite e na outra e na outra. E eu teria que me dar por satisfeito.

Na terceira semana que se passara, escutei batidas fortes e irritadas em minha porta enquanto dormia. Mesmo que meu quarto estivesse no completo escuro, alguns raios de sol que invadiam por debaixo de minha porta denunciavam o amanhecer do dia. Totalmente bagunçado, me remexi na cama e procurei pelo despertador que ficava ao lado da cama na mesa de cabeceira. Mais algumas batidas na porta ecoaram até mim, fazendo com que eu me irritasse ainda mais com aquele som que me despertara.

Eram apenas seis e quarenta e sete da manhã... Droga!

Levantei cambaleante da cama, jogando o cobertor macio para o lado. Dei uma breve olhada no espelho e avistei meu peito nu e meus cabelos extremamente bagunçados. Ajeitei-os com um gesto de mão e agarrei uma camiseta branca, vestindo-a enquanto descia os degraus da escada de dois em dois. Mais algumas batidas irritadas na porta me fizeram acelerar o passo para abri-la.

─ Já estou indo. ─ Bufei exasperado.

Assim que abri a porta, dei de cara com o rapaz moreno e de olhos escuros que eu tanto conhecia e odiava. Ele segurava uma pequena caixa de papelão e suas sobrancelhas estavam extremamente franzidas, revelando sua total irritação. Todavia, no primeiro momento, a única expressão que pude manifestar foi a de confusão.

─ Bernard?

─ Escute... Aqui está!

Meu ex-namorado empurrou para os meus braços a caixa de papelão. Segurei-a desajeitadamente enquanto analisava o conteúdo dali de dentro. Assim que reconheci, meus olhos se encheram de lágrimas. Dusty estava deitado confortavelmente dentro da caixa, cochilando prazerosamente. Como sempre, parecia ignorar tudo o que acontecia a sua volta.

─ Obrig-

─ Satisfeito?! ─ Perguntou irritado e arregalei os olhos por ele estar agindo daquela maneira. Não que fosse incomum, mas eu não tinha feito absolutamente nada para Bernard aparecer irritado tão cedo em minha porta querendo, sem mais nem menos, devolver Dusty a mim. ─ Precisava mesmo ter chamado um advogado para resolver essa situação, Louis? Nós podíamos ter chegado a um acordo sem todo esse espetáculo... Era só pedir para conversar. Mas você pediu? Não, não pediu.

─ Do que voc-

─ Não se faça de estúpido. Chamou um advogado apenas para conseguir o gato de volta. Quer tanto o gato assim? Pois fique com ele. Eu não o quero mais. Só serve para sujar meu sofá e comer o salgadinho que deixo na mesa da sala enquanto assisto futebol mesmo. E quer saber?! Quem não quer mais nada com você agora sou eu.

─ Bernard, você está agindo como um louco. Quer parar de gritar desse jeito? Não são nem sete da manhã!

─ Pois então não devia ter chamado um advogado para resolver essa situação. Porra, ele levou alguns policiais e tinha um mandado para vasculhar a minha casa atrás de drogas. De onde tirou essa ideia? Você sabe que já parei de usar há um bom tempo.

─ É?! Acontece que eu não chamei advogado nenhum. ─ Falei com desdém.

─ Nem comece a mentir para mim. Eu quero mais é que você se foda, Louis. Você e esse seu gato imundo.

Bernard gritou irado, fez um gesto impaciente com a mão e começou a se distanciar a passos pesados de onde eu estava. Eu me encontrava boquiaberto e levemente irritado por todo aquele escândalo e calúnias desnecessárias que fizera. E ainda me chamara de mentiroso. Eu nem chamara advogado algum...

Ele realmente devia estar usando drogas novamente.

Um ronronar na caixa me puxou de meus pensamentos. Olhei para dentro dela e vislumbrei Dusty me olhando com seus olhos preguiçosos e se espreguiçando desajeitadamente dentro da caixa.

─ Hey, Dusty. Você finalmente voltou para casa.

**

Depois de acomodar Dusty na lavanderia, tendo certeza que ele teria comida e água o suficiente para a tarde inteira, deixei sua almofada confortável ali para que pudesse dormir como tanto gostava. Subi as escadas logo em seguida, tomando um banho demorado, vestindo uma roupa qualquer para o trabalho e depois fui até a cozinha para comer alguma coisa e matar a fome.

Como meu carro ainda estava dando problemas, precisei sair um pouco antes para encontrar o metrô a tempo de não me atrasar. Peguei os desenhos dos alunos que estavam em cima da mesa de centro da sala para levar comigo. Não tive tempo de vê-los no dia anterior e seria necessário fazer isso no meu tempo livre que era escasso durante as aulas.

Assim que passei pelos portões da escola, após um demorado e cansativo percurso até lá, avistei Niall conversando com alguns alunos que se encontravam no pátio brincando enquanto esperavam pelo início das aulas. O loiro fez um aceno para mim e, assim que disse mais algumas coisas para a criança a sua frente, caminhou até o meu encontro e bagunçou meus cabelos. Aqueles mesmos cabelos que eu tive uma dificuldade enorme para colocá-los em seus devidos lugares.

─ Niall! Que inferno! Olhe o que fez!

─ Bom dia para você também. ─ Disse divertido.

─ Bom dia. ─ Resmunguei.

─ Por que está tão irritado? ─ Perguntou, mordendo distraidamente a maçã que se encontrava em suas mãos.

─ Eu sou irritado. ─ Falei, deixando um sorriso aparecer em meu rosto. Ele fez uma careta e riu após isso. ─ E só para a sua informação eu estou feliz hoje!

─ E posso saber o que foi que aconteceu?

─ Bernard apareceu hoje de manhã lá em casa e-

─ Não acredito, Louis. ─ O loiro me interrompeu cheio de raiva. ─ Você é um idiota! Vocês voltaram? Me diga que não voltaram!

─ O que?! Não! Me deixe terminar... ─ Niall suspirou aliviado e revirei os olhos. ─ Ele me devolveu Dusty.

Sorri grande para ele.

─ Sério?! Oh, isso é ótimo, Louis. Mas foi assim do nada?

─ Bem... Não. Ele veio com uma história louca de que chamei advogado e a polícia. Não... Ele disse que o advogado chamou a polícia e o advogado disse para que me devolvesse Dusty, mas eu não pedi ajuda de advogado nenhum. Não tenho nem condições de pagar por um agora. Preciso primeiro consertar meu carro.

─ Então alguém chamou um advogado para que Bernard te devolvesse Dusty?

─ Acho que não. ─ Dei de ombros. ─ Bernard disse isso, mas acredito que ele estava drogado.

─ Sei...

─ O que foi dessa vez? ─ Perguntei desconfiado e ele riu. ─ Você sempre duvida de tudo o que te digo e vem cheio de teorias sobre o que quer que seja.

─ Nada... Só acho que alguém pode ter pagado por um advogado para que você recuperasse Dusty de algum modo.

─ Quem faria isso? ─Olhei em seus olhos que me fitavam divertidamente e vi a resposta clara e simples ali. ─ Não, nem comece. Por que sempre Harry?

─ Não sei... Talvez porque ele goste de você exatamente como é. ─ Provocou me fazendo bufar irritado.

─ Eu não deveria ter te contado isso...

Comecei a me afastar e ir em direção à entrada da escola. Assim que ultrapassei a porta, atingi o corredor e comecei uma caminhada até minha sala. Mesmo que eu estivesse fugindo de meu amigo, ele resolveu seguir meus passos e quando percebi já estava ao meu lado.

─ Você contou para ele?

─ Ele?

─ Para Harry. Você contou sobre Dusty?

Lembrei do nosso último beijo em minha casa. Seus lábios macios levemente encostados aos meus após meu episódio de choro que tive em razão de uma briga com Bernard.

─ É, eu acho que sim.

─ Pois então foi ele.

─ Você não pode ter certeza disso.

─ Eu acho que posso sim... ─ Ele riu e neguei com a cabeça. ─ Além disso, descobri uma coisa sobre ele que você precisa saber.

─ O que? ─ Perguntei rápido demais e me condenei por isso.

Um sorriso malicioso apareceu nos lábios de Niall e ele fez um gesto com as mãos como se fosse tratar de um assunto qualquer.

─ Ele está namorando uma mulher que mora perto da minha casa.

Meu coração pareceu afundar dentro do peito com aquela informação. Tentei controlar a respiração descompassada e o choque de suas palavras que ainda estava lentamente sendo processado por meu corpo. Não sabia direito o que estava sentindo, mas aquele aperto em meu estômago não era nada agradável. Tentei disfarçar a angústia, mas parecia praticamente impossível.

─ Eu estou brincando. ─ Niall disse em meio às risadas e o olhei boquiaberto. ─ Você devia ter visto a sua expressão... Parecia que ia sair correndo e bater a cabeça naquela parede no final do corredor. Foi hilário!

─ Cala a boca! ─ Sussurrei sem jeito. Cocei a parte de trás da cabeça completamente desconcertado.

Ele riu mais ainda. O sinal para o início das aulas tocou e algumas crianças já entravam pela porta e dirigiam-se para suas devidas salas. Niall cutucou meu ombro, fez um aceno e começou a se afastar.

─ Assim que as aulas terminarem, contarei o que é. Não posso durante o intervalo, porque ficarei ajudando algumas crianças com pintura.

─ Tanto faz. ─ Dei de ombros e Niall riu novamente, sabendo com certeza que eu estava curioso o suficiente para pensar sobre aquele assunto durante toda a tarde.

E foi exatamente isso que aconteceu.

Durante a primeira metade do tempo, consegui me focar em ensinar às crianças a desenhar as vogais com uma melhor caligrafia. Elas pareciam entusiasmadas com isso, o que me deixou aliviado. No entanto, toda a vez que meus olhos encontravam Meggie durante a aula, a lembrança de Styles batia forte dentro de mim. Eles tinham cabelos cacheados parecidos e o mesmo olhar verde-claro. Ela era o retrato de seu irmão e aquilo me perturbava. Me fazia ter vontade de vê-lo outra vez, mesmo que contrariasse toda a raiva que sentia.

Quando chegou o intervalo, a pequena irmã de Harry foi lanchar com uma de suas coleguinhas após me mandar um breve beijo e um aceno. Aproveitei o tempo livre para elogiar os desenhos que meus alunos tinham feito enquanto comia alguns pedaços de fruta que trouxera. De tão belos que haviam ficado eu provavelmente daria um jeito de pendurá-los na parede da sala de aula como um modo de decoração.

Assim que o intervalo finalizou, a segunda metade do tempo de espera para que Niall me contasse algo sobre Harry começou. E naquele período eu estava mais impaciente e curioso do que antes. Estava a um passo de sair correndo até onde Niall se encontrava e pedir para que me falasse o que era. Eu já tinha imaginado mil e uma possibilidades sobre o assunto. Desde Harry não sentir mais nada por mim até algo terrível ter acontecido com ele.

E por mais que eu pudesse negar, nenhuma daquelas alternativas que cogitei me agradava de forma alguma.

Mesmo que o relógio andando a passos lentos por mim, finalmente o término do dia havia chegado e o sinal para que finalizássemos tocou. Liberei em fila as crianças para que elas ficassem no pátio, aguardando por seus pais e voltei para minha sala para esperar por Niall.

Ele não demorou muito para aparecer, afinal de contas. Seu sorriso e seu olhar cansado invadiram minha sala minutos depois de eu voltar para ela.

─ Me conte o que aconteceu! ─ Pedi de forma apressada.

─ Pensei que não estivesse tão curioso para saber. ─ Provocou.

─ Só me conte logo... Por favor.

─ Ok, ok. Então... Lembra quando falamos sobre Zayn, certo? ─ Concordei com um aceno apressado, prestando atenção a tudo o que dizia e fazia. Querendo saber desesperadamente sobre o que era. ─ Meu irmão, Greg, antes de se mudar para a Irlanda, trabalhou por um tempo para uma das empresas dos Styles. Ele trabalhava para um dos hotéis, mas tinha muito contato com o pessoal da Preyon. Greg fez muitos amigos por lá.

─ Sim, sim. E...?

─ Calma, Louis. Eu preciso contextualizar para você poder entender. ─ Explicou. ─ Então... Greg fez amigos na época em que o império Styles era ainda de Desmond e um desses amigos era Richard. Parece que ele é bem próximo de Harry.

─ Sim, ele é o motorista dele.

─ Isso! ─ Niall sorriu, concordando. ─ Esse Richard contou a Greg que contou a mim que Zayn não é bem quem todos pensam. Durante o tempo em que trabalhou para Preyon e se aproximava de Desmond, Zayn desviou enormes quantias para diversas contas suas no exterior, enganando o pai de Harry. ─ Eu o encarava boquiaberto agora. ─ Pois é... Parece que Styles contou a Desmond o que Zayn fazia e o homem teve um ataque cardíaco e acabou morrendo um pouco depois por causa de complicações. Harry se culpa até hoje por isso. Nunca contou para ninguém, nem mesmo para George ou Anne.

─ Você tem certeza disso?

─ Absoluta. Eu jamais havia dito para Greg minhas desconfianças, apenas joguei na roda o nome de Harry e ele me contou tudo no último fim de semana em que viajei para Irlanda para visitá-lo. Meu irmão ainda me disse que quando Zayn descobriu quem havia contado para Desmond, já fazia muito tempo que havia sido demitido, mas mesmo assim o cara não perdoou. Começou a espalhar rumores falsos sobre Harry, usando a personalidade difícil dele para piorar ainda mais a situação. Harry perdeu grandes clientes naquela época.

Minhas mãos foram direto até minha boca e a cobriram. Eu estava completamente chocado com aquela história. Além disso, muitos pontos que não se encaixavam na história de Zayn se encaixavam na de Niall. A morte repentina de Desmond e o fato de Zayn parecer desconversar quando eu perguntava sobre isso era uma delas. Como ele podia ter mentido para mim daquele modo? Inventado tantas mentiras apenas por que perguntei a ele como conhecera Harry e por que os dois trocaram olhares tão rancorosos um com o outro...

Pela janela, avistei o carro de Styles parar de frente para a escola para buscar Meggie. Assim que desceu do carro, meu coração imediatamente acelerou. Naquele dia, assim como em todos os outros, ele estava tão belo naquela roupa social que me fez até mesmo soltar um suspiro estrangulado. Meus olhos ficaram presos no modo como caminhava e mexia em seus cabelos que davam na altura dos ombros. Harry fez um sinal para Meggie e sorriu suavemente para ela enquanto a garotinha corria de encontro a ele.

─ Olha quem está ali.

Niall apontou e eu concordei com um aceno enquanto sorria. No entanto, percebi que ele não apontara para a direção de Harry e sim para o outro lado quase que o oposto de onde o mesmo se encontrava. Com muito custo, desviei meu olhar de Styles e olhei para o local indicado, observando a silhueta de um rapaz ali. Semicerrei os olhos, na tentativa de reconhecer quem era, até que por fim o fiz. Meu sangue ferveu repleto de ira. Sentindo o gosto de traição e mentira, a última coisa que eu desejava era ter de ver Zayn me esperando para dar uma carona.

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