O Cúmplice e o Assassino (COM...

By JosIgor

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Cabe ao detetive William Guimarães Silva investigar a morte de Juliet - sobrinha e herdeira do poderoso sr. A... More

PRÓLOGO
PRIMEIRA PARTE - "PREPARAÇÃO"
Capítulo 1 - A noite do jogo
Capítulo 2 - Fora da redoma
Capítulo 3 - Um brinde à amizade
Capítulo 4 - Convite suicida
Capítulo 5 (p.1/2) - Tentativas infelizes
Capítulo 5 (p.2/2) - Tentativas infelizes
Capítulo 6 (p.1/2) - Um homem de sucesso
Capítulo 6 (p.2/2) - Um homem de sucesso
Capítulo 7 - Detetive William entra no jogo
SEGUNDA PARTE - "COMPONENTES"
Capítulo 8 - O depoimento de Andrew
Capítulo 9 - O depoimento de Robson
Capítulo 10 - O depoimento de Elita
Capítulo 11 - O depoimento de Carol
Capítulo 12 - O depoimento de Lúcia
Capítulo 13 - O depoimento de Liliane
Capítulo 14 - O depoimento de Leonardo
Capítulo 15 - O depoimento de Maicon
Capítulo 16 - O depoimento de Douglas
Capítulo 17 - O depoimento de Dênis
Lay-out do segundo andar da FHCE
Capítulo 18 - As provas nunca mentem
TERCEIRA PARTE - "O JOGO AINDA NÃO ACABOU"
Capítulo 19 - Mais surpresas na madrugada
Capítulo 20 - Iniciando o segundo caso
Capítulo 21 - O depoimento de Abilene
Capítulo 23 - As notícias se espalham
Capítulo 24 - Deixando a mansão
Capítulo 25 - Suposições dolorosas
Capítulo 26 - O depoimento de Fabiano
Capítulo 27 - O depoimento de Natan
Capítulo 28 - Uma nova análise
Capítulo 29 - O sumiço de um jogador
Capítulo 30 - A origem do e-mail
Capítulo 31 - Os diários de Juliet
Capítulo 32 - Um componente surpresa
Capítulo 33 - Revelações de Valéria
Capítulo 34 - Reunião dos componentes
QUARTA PARTE - "FIM DE JOGO"
Capítulo 35 - Douglas decide confessar
Capítulo 36 (p.1/2) - Virando o jogo
Capítulo 36 (p.2/2) - Virando o jogo
Capítulo 37 - A jogada final
EPÍLOGO
Agradecimento
Leia mais...

Capítulo 22 - O depoimento de Alex

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By JosIgor

Alex tinha os olhos vacilantes. Não os mantinha fixos, parecia olhar tudo ao seu redor aleatoriamente, como se fosse a primeira vez que entrava no escritório de seu falecido patrão.

- A sra. Abilene mandou eu vir. O senhor quer falar comigo? - disse, sentando à frente do detetive.

- Quero sim, Alex - disse o detetive, analisando mais atentamente aquele rapaz de aparência cuidada e olhos brilhantes. - Preciso interrogá-lo sobre os últimos acontecimentos.

- Pode perguntar, senhor - disse ele, prontamente.

- Vamos pular a parte que você estava esperando a senhorita Juliet voltar do passeio, e me diga, havia algum tipo de rivalidade entre você e os amigos dela?

- Rivalidade não - disse ele. - Era mais uma preocupação que eu sentia. Não fui com a cara deles, confesso, porque já pressentia que algo de errado iria acontecer.

- Que tipo de coisa poderia dar errado? - inquiriu William, juntando as postas dos dedos como se fizesse uma cabaninha e apoiando os cotovelos nos braços da poltrona espaçosa. Alex desviou os olhos da cabaninha-feita-de-dedos e depois fixou-os nos do homem à sua frente.

- Senhor, Juliet nunca trouxe ninguém pra cá. Eu não a conheci há décadas, mas tive contato suficiente com ela para dizermos que éramos amigos.

- E se dependesse de você... seriam mais que isso, acredito.

Alex não respondeu, apenas desviou o olhar. Estava nítido que, se Juliet desse bola, ele investiria num romance clichê entre a moça rica e o plebeu.

- Ainda não me falou o porquê do pressentimento ruim.

- Não era pressentimento - disse ele. - Não sei bem o que foi. Mas...

- Ciúmes? - William lançou no ar.

- E se fosse, senhor? - Alex ficou nervoso e uma gota de suor brotou de sua testa.

- E se fosse, eu diria que isso não tem problema. - Ele foi sincero. - O que me interessa aqui é saber se você pode me revelar pontos importantes do caso. Você disse que pressentia que algo daria errado, e quero saber o motivo para isso.

- Tudo bem - o motorista disse. - Desculpe-me se de certa forma me exaltei, mas... - Ele viu William assentir e se interrompeu. - Obrigado por entender.

Um silêncio precedeu o relato do jovem.

- Creio que a sensação, digamos assim, era por causa do dia atípico aqui na mansão. Foi uma surpresa para todos Juliet trazer os amigos dela. Aliás, Juliet foi uma sequência de surpresas. Conheço toda a história dela. Sei que ela perdeu os pais e vivia dentro de um quarto sendo consumida pela depressão. Depois que melhorou, ela teve ideias que não condiziam com aquela garota de antes. Eu sei, eu sei que ninguém deve passar a vida toda isolada, até admiro a recuperação dela, ela foi forte demais, mas Juliet começou a exagerar. Entende?

- Exagerar como?

- Bom, ela já estava bem quando eu a conheci. Não cheguei a vê-la depressiva como um dia foi. A questão é que, mesmo estando bem, ela não tinha vontades malucas. Desculpe a expressão, mas todos ficamos surpresos com a ideia que ela teve de se matricular na Faculdade de Humanas.

- Eu não ficaria tão surpreso assim. Afinal, ela seria a dona da Metal Industrial futuramente. Precisava estudar, precisava se preparar.

- Sim. Esse foi um dos motivos pelo qual o sr. Augusto havia aceitado sua ideia. Mas também sabemos que Juliet poderia ser treinada pelos melhores profissionais do ramo.

- Eu posso compreender. - William concordou, mas contra-argumentou com a seguinte pergunta: - Mas não acha que a tratavam com demasiada sensibilidade? - Fez uma pausa. - O que eu quero dizer é que, talvez, todos olhassem para a jovem Juliet com cuidado demais, a tratavam como um cristalzinho que poderia se desfazer com um sopro. - Isso era verdade, e Alex teve de concordar. - Mas isso não cabe a mim. Certo? Entretanto, vou averiguar. Provavelmente para vocês tenha sido um desejo repentino, alguma maluquice de Juliet, como você mesmo disse, mas também é provável que ela tenha desenvolvido esse pensamento ao longo dos anos.

- Nunca pensei por esse lado. - Alex franziu o cenho e fitou o chão.

- E acredito muito que, de forma gradativa ou repentina, essa ideia não surgiu do nada. Talvez ela tenha desenvolvido essa vontade com a ajuda de alguém. Alguém que a apoiasse a sair do casulo e a encorajar em conhecer o mundo.

- Não sei - disse Alex, mas sua vontade foi de dizer: "Não mesmo! Juliet não tinha amigos para ser influenciada".

- Pela sua expressão, você duvida muito de que ela tenha sido influenciada por alguém de fora. E quando digo "de fora", é no sentido literal mesmo. Alguém de fora da mansão, já que ela não tinha contato com o mundo, mesmo depois de ter superado a perda dos pais e a depressão causada por ela.

- O senhor tem o dom de ler pensamentos? - Alex deu seu primeiro risinho desde que Juliet havia sido assassinada.

- Apenas li sua expressão. Acho que adquiri certos poderes ao longo dos anos como inspetor da polícia. - Ele também riu. - Mas, como eu já tinha dito, vou averiguar esse assunto. Isso me parece que foi planejado há muito tempo. Estou falando de anos!

A expressão de Alex foi de espanto. Abriu a boca, mas não emitiu qualquer som.

- Você tinha dito que Juliet foi uma sequência de surpresas. Qual foi a próxima surpresa?

- Bom. - O rapaz pigarreou antes de continuar. - Primeiro foi a ideia de se matricular na Faculdade de Humanas. Depois, ela se entregou demais para seus amigos. Se é que eram seus amigos. Pois veja bem o que aconteceu. - Ele engoliu em seco, seu pomo de adão subiu e desceu. - Eu mesmo a levei a uma festa no final do semestre, numa das repúblicas onde seus supostos amigos moravam. Percebi as mudanças dela após a amizade que fez com eles. Ela começou a beber.

- Isso incomodou bastante você, ao que me parece.

- Mas é claro que sim! - Dessa vez ele não escondeu a paixão que sentia por ela. - Juliet estava mudando de forma estranha.

- Continuo achando que não havia problemas no fato de ela se enturmar com os amigos. Aliás, esse era o objetivo dela, acredito. Sair da toca e conhecer gente. Fazer parte do mundo. Na visão dela, posso pensar, ela estava apenas realizando suas vontades. Veja só, até o motorista dela a tratava como uma boneca de porcelana, toda frágil. Consegue ver? - Alex fez que sim com a cabeça. - Não leio mentes, mas acredito que a maluquice maior que está prestes a me dizer é o fato de ela chamar seus amigos para passarem a noite aqui e se esgueirar com eles mansão afora portando bebidas e combinando uma espécie de jogo. Acertei?

Alex estava estupefato. O detetive o havia deixado sem palavras.

Realmente tratávamos Juliet como uma bonequinha. Uma bonequinha de cristal.

- Mas quer saber? Você estava apaixonado por ela. Compreendo sua proteção e seu ciúme.

- Eu não tinha ciúmes do modo que fala, senhor.

- Não estou falando nada. Você está demonstrando.

Houve silêncio até que William jogou uma frase aparentemente despretensiosa no ar:

- Amores que matam.

Alex sentiu suas axilas verterem mais suor, molhando sua camisa. Cerrou os punhos.

- Foi só um pensamento - disse William, com seu jeito misterioso. - Mas, como deve saber, muitos casos de homicídio são baseados em sentimentos. Isso está banalizado nos jornais, já percebeu?

Alex permaneceu calado.

- Mas vamos voltar ao nosso ponto inicial. Você, de certa forma, espiou Juliet e os amigos dela. Sabia aonde iam e ficou acordado esperando ela chegar. Quando notou que ela demorou muito, pensou em ir até a FHCE e ver o que estava acontecendo, não foi isso?

- Foi.

William pegou seu bloco de anotações. Alex não deixou de pensar no quanto aquilo era antiquado, mas preferia que o detetive anotasse o que dizia a ter um gravador apontado para sua cara. Ele narrou o que sabia sobre a fuga de Juliet e de seus amigos.

- Deixe-me confirmar, o sr. Fabiano também veio até aqui, não foi?

- Ah sim, ele veio almoçar com o sr. Augusto, eram grandes amigos de infância - disse Alex.

- E você ouviu algo que julgue estranho durante o almoço? - perguntou o detetive em busca de alguma fofoca de Alex.

- Não me recordo, sr. William. Acredito que não.

- Conte-me o que viu durante a noite acerca do sr. Augusto.

Depois de passar um lencinho em sua testa, para enxugar o suor, Alex disse:

- Nem sei bem o que dizer. O sr. Augusto costumava dormir cedo. Não foi diferente na noite passada. Na verdade, toda a minha atenção ficou voltada para Juliet. Ela própria o visitou em seu quarto, como fazia todas as noites. Nada de anormal aconteceu em relação a ele, pelo menos.

- Acontecer, aconteceu, mas não aos seus olhos. - William cruzou as pernas, apoiando seu caderninho na coxa roliça. - Espero que não esteja tentando desviar minha atenção.

- Claro que não, senhor.

- Pode me dizer o que foi fazer na cozinha enquanto a sra. Abilene preparava o chá?

Alex não conseguiu disfarçar. Engoliu em seco e bufou, como se estivesse cansado.

- Eu só fui ajudar a preparar... Pera aí... O senhor suspeita que eu tenha...? Senhor, eu não...

- Acredito que a sra. Abilene era muito bem capaz de preparar um chá sozinha.

- Sim, claro. Mas, o que foi que ela lhe disse?

- Está me interrogando, Alex?

- Não, desculpe - disse, atrapalhado e gaguejando.

- Pois bem, então me diga. Sei que foi até a cozinha com um propósito. Qual?

- Algo me incomodava, eu já disse. Toda aquela movimentação, e sei lá, meu... ciúme, acho que nessa altura não vale de nada esconder meus sentimentos, eu queria desabafar com a sra. Abilene sobre o que estava sentindo, depois que deixei a bandeja lá no balcão para Juliet levar ao seu tio, como de costume, eu tentei me abrir de novo, e quando a sra. Abilene me viu, simplesmente disse que me entendia e me abraçou, e... espera!

- O que foi?

Alex tinha uma expressão de espanto no rosto.

- Mas, se foi mesmo o chá, eu acho que sei quem pode ter mexido nele!

- Diga.

- Desgraçado... O amigo de Juliet, Robson era o nome dele, se não me engano! Quando voltei da cozinha ele estava lá...

O detetive sentiu sua adrenalina aumentar ao mesmo passo que um alívio crescente o dominou. A balança de emoções foi se nivelando, mas ainda oscilava, ele tinha que seguir outras pistas antes de dar a "sentença final", daí sim, ela poderia ser "zerada".

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