Anastazia

By LaahM1l3

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Me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, mas eu não tinha a resposta. Não naquela época. Mas com... More

Anestesia
O começo
O passado
A história

O perseguidor

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By LaahM1l3


Quando me falaram que nas próximas duas seria feriado, eu suspirei aliviada, estava totalmente lotada de trabalhos da escola, sem tempo até para respirar. Eu não conseguia mais tocar piano a 3 dias, pois eu nunca conseguia dar conta de todas as minhas tarefas. 

Eu percebi que de certa forma Beta sempre parecia cada vez mais forte, ela realmente estava provando que não era como minhas antigas amigas. Um tempo antes de algo acontecer com elas, elas começaram a ficar pálidas, magras, e sempre adoeciam facilmente. E o pior é que eu sabia que elas ficavam assim apenas perto de mim. Mas com Beta era diferente, ela me dava uma força que me ajudava de certa maneira. Ela se tornara minha melhor amiga, uma amiga que eu nunca tinha tido. 

- Que tal se fossemos ao Jardim Botânico esse feriado? - Beta disse no meio da aula de religião, o que não agradou muito o professor, que nos olhou com uma cara brava. 

- Estava pensando na Ópera de Arame - Respondi depois de um tempo.

- O problema é que vai ser mais difícil irmos a Ópera de busão, é mais afastado da cidade.

- Eu não sei... não conheço a cidade ainda. Mas eu posso pedir o carro da minha mãe emprestado.

- O carro? Com você dirigindo? - Ela fez uma ara de quem não estava intendendo nada - Que eu saiba 1. você ainda é menor de idade e 2. você não tem carteira de motorista.

- Dês de quando isso é algum problema? É só não pegarmos nenhuma avenida...

- Mesmo assim, não. Eu peço para minha mãe nos levar, e depois voltamos de táxi. O que acha?

Pensei um pouco a respeito, o táxi seria mais caro e... eu não gostava de andar de carro com pessoas no volante que eu não conhecia, péssimas experiencias passadas.

- Não. Táxi nem pensar. 

- OKAY - ela estava com uma cara de emburrada. - Então nós vamos ao shopping, tem um perto do meu prédio.

Respirei fundo e concordei com a cabeça, eu não queria andar de carro.

- Vamos andando até lá, eu moro a 3 quadras daqui. - Beta respondeu sem muita animação. - Mas eu ainda queria ir no Jardim Botânico.

Revirei os olhos e o professor chamou nossa atenção, disse para pararmos de conversar. E assim se fez. 

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Uma hora em ponto estávamos no shopping, a primeira coisa de que Beta comprou foi um Milk-shake ENORME de Ovomaltine, andamos, andamos, andamos até que vi um letreiro azul, era uma loja de instrumentos, eu não aguentei, tive de puxar Beta para a loja junto comigo. Não que eu fosse comprar alguma coisa, por que estava praticamente sem dinheiro ali, mas eu amava olhar os pianos novos... não necessariamente novos, por que eu amava ver o som dos pianos antigos. Eram um som aconchegante.

Guitarras, bateria, violinos... nenhum piano, fomos ao andar superior da loja e lá sim eu achei o que queria. Era como um paraíso, pianos elétricos, teclados, e finalmente pianos de cauda e verticais. Percebi que nunca tinha tocado em um piano de calda, uma vez quando eu era pequena, eu minha mãe e meu pai (meu padrasto, mas eu insisto em chama-lo de pai) fomos para o Canadá. Lá no aeroporto, perto de umas lojinhas cheias de bonés, havia um piano totalmente branco, era lindo, mesmo com algumas notas desafinadas, como eu era pequena eu não lembro bem qual foi a musica que minha mãe tocou, mas eu sei que foi mágico. Aquela foi a primeira vez que a vi tocar, e dês de então eu me apaixonei, insisti para minha mãe comprar um piano igualzinho mas ela só realizou meu desejo um ano depois, quando eu comecei a aprender tocar "brilha brilha estrelinha" numa velocidade extremamente lenta. Olhei em volta e na ponta esquerda da "sacada" havia um piano preto de meia calda. não havia nenhum de calda inteira, até por que caberiam apenas uns dois no tamanho do local. 

Alguém tocou em meu ombro, e eu me virei saindo de meu transe.

- Precisa de ajuda senhora? - Uma atendente de olhos escuros e grandes perguntou olhando para minhas mãos. - você teria algum tipo de objeto... - ela olhou em meus olhos, deu meia volta e foi embora. Sim. Ela foi EMBORA. Isso me deixou um pouco confusa mas... ela pensava que eu era algum tipo de assassina que iria roubar um dos pianos? "Cuidado pessoal, eu tenho um abafador de piano, e não terei medo de usa-lo, todos venham aqui para me ajudar a tirar esse piano daqui. AGORA", ri para mim mesma e voltei minha atenção para os pianos. 

Andei até o piano de meia calda e me sentei em sua banqueta que combinava com a madeira escura. Comecei com beethoven, mas parei na metade e comecei Hi's a pirate, tema dos filmes piratas do caribe.

- Dês de quando você toca piano e eu não sabia? - Beta perguntou, mas eu não consegui responder, estava centrada nas teclas pesadas e no som abafado do piano, meus dedos se mexiam quase que automaticamente. - Dês de quando você toca piano pra caraca? - Parei por um minuto e olhei sua cara, só faltava seu queixo encostar no chão de tão aberta que sua boca estava. 

- Dês de pequena - respondi olhando de volta ao piano, percebi que as pessoas que estavam no andar inferior estavam todas olhando para mim, corei quando vi todas aquelas pessoas me encarando, olhei para fora da loja e havia mais pessoas me olhando, me senti como uma pop star, só que logo que o vi me levantei do piano, agora ele estava me seguindo? Só podia ser, eu não acreditava que ele estava ali, rodando aquele lápis ridículo nos dedos. Já não bastava me assustar na escola? Levantei do piano e puxei Beta para a escada que dava para o andar inferior. Estava arfando.

- Ei, Ana, o que houve? Nossa, amiga, você está parecendo uma parede de tão branca! Você vai vomitar? Ai meu Deus, não vomita em mim!

Por mais que eu não fosse vomitar eu sentia que meu estomago estava embrulhado.

- Não, mas vamos sair daqui.

- Por que? Anastazia, me explique o que está acontecendo.

Olhei de volta onde o menino estava, as pessoas já haviam voltado a fazer o que estavam fazendo, mas ele continuava a me encarar. Meu coração palpitou.

- Vamos logo, eu te explico depois. - A puxei para baixo da escada e sai pela porta contrária a que ele estava. 

Caminhamos até meu apartamento que por sorte era perto e subi direto ao meu andar. No elevador Beta, ficou me encarando até que ela quebrou o silencio.

- Okay, agora me fale por que você deu uma de louca? - Ela estava com as mãos da cintura e me encarava com cara de brava. 

- Agora não, por favor. Me deixa respirar um pouco - Eu estava sem ar e tremendo. Tudo girava.

Eu não entendia por que aquele menino continuava a me encarar, já não pastava a escola? E minha varanda? Pelo amor de Deus, ele era psicopata, só podia. Eu queria chorar, bater minha cabeça contra a parede, dar uma de louca, tudo. Eu não aguentava mais isso. Todas as escolas, uma por uma, eu deixei para trás meu passado, eu queria que tudo ficasse diferente agora, eu estava cansada de fugir do meu passado, eu estava cansada de fugir das pessoas. 

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Beta ficou em minha casa até de noite, ela jantou conosco e depois, quando estávamos no quarto, ela disse que gostou de minha família, que pai era muito legal e que minha mãe era divertida. Ela foi embora as 23 horas, e finalmente pude deixar meus sentimentos me abalarem. 

Cansada, com medo, com ódio, tudo que não tinha sentido me atacava de todos os lados. Meu celular apitou, sinalizando que havia chegado uma mensagem, pensei ser de Beta, mas o numero não estava registrado. "Precisamos conversar.", franzi as sobrancelhas quando li pela 2º vez aquela frase, "Precisamos conversar?" pensei, quis responder mas o meu medo era mais forte. Outra mensagem chegou até meu celular. "Vá até a sacada. Sei que ainda está acordada." meu coração começou a bater tão forte que eu me sentia tonta. Mais uma vez, "Vá até a sacada, agora.", dessa vez eu respondi, escrevi "não" com todas as letras na maiúscula, "eu não te conheço" escrevi, mas não mandei, apaguei a mensagem e esperei até a próxima chegar. "Você me conhece sim, e nem pense em desligar o celular." 

- AI. MEU. DEUS. - Larguei o celular em cima da cama e me levantei, afastando-me daquelas mensagens. Só depois que toquei minha testa é que percebi que estava suando, e tremendo. Corri até o banheiro e vomitei tudo que tinha em meu estomago. Me olhei no espelho e vi que meu rosto estava totalmente branco. O celular vibrou novamente e vi uma sombra passar atrás de meu reflexo, fechei a porta do banheiro rápido e coloquei as mãos na boca para evitar um grito. 

- Ana abra a porta - Não era a voz dos meus pais, foi ai que não aguentei, gritei por socorro e ouvi a porta de meu quarto se abrir, se havia alguém ali em casa, ele seria pego.

- Ana abra a porta - Agora a voz era de Daniel. A abri rápido e o abracei como se minha vida dependesse disso. A esse ponto eu já estava chorando. - Ana, querida, acalme-se. o que houve?

Em vez de responder apontei para meu celular que estava na cama, logo minha mãe respondeu:

- O que tem em sua cama? Uma aranha? Por que se trancou no banheiro minha filha? - Ela falou isso com um tom de comédia, então percebi que não havia como explicar que tinha um cara, aqui no meu quarto que estava me mandando mensagens, e outra, as mensagens não diziam nada sobre me matar ou algo do gênero. Olhei em volta do quarto e vi que só estávamos nós 3. Decidi esquecer toda aquela agitação e falei que tinha visto uma aranha em minha cama. Ela riu de minha cara, de certo modo doeu não poder falar a verdade, eu nunca mentia para minha mãe, não sobre certas coisas, e eu não precisava preocupa-la com isso também. Respirei fundo e fiz mais um teatro tentando achar a suposta aranha, mas... aquela ponta de dúvida ainda estava me incomodando. Eu estava ficando louca? Por que não havia ninguém no quarto. Mas aquela voz foi tão real!

Foi difícil dormir aquela noite. Mas, mais difícil, foi o outro dia.

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