Ela me apertava tanto enquanto chorava que sentia falta de ar, então se afasta me olhando e solto um suspiro me sentindo aliviada por poder respirar normalmente agora.
— Eu estava com tanta saudades suas, queria te visitar no hospital, mas você sabe como é minha mãe. Não deixou eu ir no hospital dizendo que eu ia pegar uma bactéria. Eu terminei com meu namorado, eu preciso te contar tudo. — Fico perdida no meio das suas palavras, ela sorri enxugando as lágrimas e volta a me abraçar ou estrangular na verdade.
— Emy, da pra esperar ... — Nicolas entra no quarto, e assim a garota se afasta de mim e olha ele com um olhar furioso. — Eu mandei um áudio pra você semana passada e você não respondeu me deixando no vácuo.
— Desculpa. — Sorri— É que o áudio era de 2 minutos e eu fiquei com preguiça de ouvir.
— Era importante.
— Eu já pedi desculpa, vai me crussificar agora ? —Rebate, fazendo bico e com a mão direita no peito para aumentar o drama.
— Da pra parar! — Digo levantando da cama e olho para a garota. -—Quem é você?
Ela gargalha, parecia achar humor em algo.
— Tabom Ella, acabou a graça.
—Ela não sabe quem é você e nem ninguém dessa casa, por que perdeu a memória por causa do acidente. — Nicolas explica e a garota fica de queixo caido, ele cruza os braços. — Era isso que eu falava no áudio de 2 minutos.
— Ella desculpa, você deve está pensando que eu sou uma louca. — Se aproxima de mim parecendo envergonhada — Eu não sabia mesmo, eu...Eu sou sua melhor amiga, Emylle. Você não lembra de mim mesmo?
— Eu acabei de dizer que ela perdeu a memória. — Emylle encara meu irmão com uma expressão assassina no rosto.
— Ta, tudo bem...já vou indo.— Ele sai do quarto fechando a porta.
Ela pega em minhas mãos me puxando para sentar na cama junto com ela, e assim faço.
— Eu não lembro de você.—, Digo um tanto decepcionada, ela assente e mostra o dedo mindinho pra mim.
—, Faça também. — Pedi e faço o mesmo que ela. Em seguida junta seu dedo com o meu unindo os dois. — Eu juro que você vai lembrar de tudo.
— Meu pai não quer me deixar fazer o curso. — Contínuo chorando no colo da minha amiga, enquanto a mesma acaricia meus cabelos.
— Faça o que você faz de melhor. — Diz e me endireito para olha-là, sorrio entendendo suas palavras.
—/Grite, chore e diga que ninguém te ama.— Dizemos juntas e rimos abraçando uma a outra.
E com esse flashback sei que confio na Emylle, eu tive minha primeira memória e foi com ela, minha melhor amiga. E isso me encheu de esperanças.
Emy me explicou tudo, disse que somos melhores amigas desde da primeira série e nunca mais nos separamos, ela disse também que acha meu irmão bonito e quando escutei isso rir muito. Estamos na mesma sala de aula esse ano por que ela pediu para sua mãe subornar o diretor.
As aulas já começaram e eu quero muito voltar a estudar e retomar minha vida, se antes eu não tinha esperança de recuperar minhas memórias, depois de hoje eu estou bastante esperançosa, e digamos que ate feliz.
— Ele está ligando. — Jogou o celular na cama e saiu pulando literalmente, começo a rir.
Vejo na tela a foto da minha amiga abraçando um garoto e o nome está " Amor da minha vida".
— Atende.
-—A gente terminou. — Para de pular e começa a chorar.
Acho incrível a facilidade dela de chorar do nada, pego o celular entregando pra ela e a mesma atende levando a orelha.
— O que você quer....Ei eu te amo muito...fica longe de mim...Eu também não te aguento mais...Eu te odeio... Vamos ficar juntos então...te amo não sai de perto de mim....Amanhã então e a gente se beija. — Desliga.
Fico olhando ela com cara de taxo, ainda não acredito nisso que vi isso. Ela começa a rí, e eu acabo a acompanhando em risos.
— Eu ouvir risos ? — Minha mãe coloca a cabeça para dentro do quarto, e minha amiga grita e abraça ela. Se ela é minha mãe, então posso chamar ela da maneira certa. Mas ainda é estranho.
— Tia! — Elas se afastam e minha mãe tossi, Emylle e seus abraços estranguladores.
— Ela se lembrou de mim.
— Sério? — Minha mãe diz não acreditando e eu rio. — É verdade?
— Sim, o ambiente está ajudando. — Ela vem até mim e me abraça, fico tensa e não retribuo o abraço.
— Desculpa. — Se afasta de cabeça baixa e sai do quarto.
Sinto um sentimento de culpa me corroendo por dentro, mas não posso fazer nada. Eu chamo ela de mãe, mas ainda não considero ela uma e parece que eu tenho problemas de confiança. Emylle está me olhando com as sobrancelhas erguidas.
— Não me pergunte. — Imploro me jogando na cama. Seu telefone toca novamente e ela pega sua bolsa do chão, mostra a tela do seu celular pra mim. E vejo a foto de uma senhora muito parecida com ela, está escrito "mamis".
— Você se livrou dessa vez. — Disse quando finalizou a ligação, ela me abraçou. — Amanhã passo aqui pra gente ir encontrar meu namorado ou ex , enfim... Te mando mensagem. — Se despedi e sai do quarto.
Eu não acredito que ela vai me deixar segurando vela, ninguém merece isso.
Saio do quarto pela primeira vez desde de quando retornei e rezo pro quarto do meu irmão ser aqui no andar de cima. Vejo uma porta com uma plaquinha. " Não bata e não entre" e por alguma razão sei que é dele.
Bato na porta levemente, ainda me sinto constrangida de falar com ele, mas ele é tão gente boa que facilita as coisas pra mim.
— Não tem ninguém. — Grita e eu reviro os olhos. Eu não lembrei do meu irmão, mas gosto dele e sinto isso.
— Se queria causar essa impressão ficava em silêncio.
— Digo entrando no quarto e encontrando a maior bagunça de todas.
Ele está na frente do computador sem camisa e posso ver que ele tem uma tatuagem no abdômen e ela vai descendo até... urg!
— A senhora chatisse esqueceu os modos também?!— Resmunga e levanta abrindo o guarda roupa jogando as roupas no chão, e fica com algumas peças na mão. — E se eu tivesse me masturbando?
— Acredite, eu não estaria aqui agora, já teria saído correndo. — Rolo os olhos, e ele gargalha.
Abaixa a bermuda ficando de boxer vermelha, e isso me pega de surpresa fazendo eu ter a reação de me virar rapidamente ficando de costas pra ele. Eu sei que ele é meu irmão, mas isso foi estranho pra mim.
— Desculpa Ella. — Sinto sua mão em meu ombro, viro-me feliz por agora esta vestido de calça Jeans e camisa. Sinto meu corpo se aliviar. — Eu já fiz tantas vezes que... Desculpa mesmo se você...
— Tudo bem, só vim conversar com você. — Tento mudar de assunto. — Eu não perguntei como você ficou depois do acidente. — Ele sorri de canto pegando um casaco que estava em cima da cadeira.
— Fiquei internado uma semana, estava usando cinto e não tive ferimentos graves.
— Sentou na cama calçando o sapatênis. — Só bati a cabeça no vidro, sorte que o cara apareceu e me tirou do carro, por que ele explodiu logo em seguida. — Levantou — Papai pagou uma multa por deixar um de menor dirigir. Vai pegar um casaco que vamos a praia.
— Não quero ir, só quero conversar com você. — Ele me empurra para fora do seu quarto e eu fico resmungando que não quero ir, ele entra no meu quarto e me joga um casaco de moletom verde.
— Vamos conversar lá. — Descemos as escadas, e minha mãe está sentada no sofá entretida assistindo televisão. — Vai ter um luau, a galera toda reunida, vai que você lembra de alguém.
— Vocês não vão jantar ?— Fico meio constrangida quando nossos olhares se cruzam. Nicolas nega e pega a chaves do carro. — Para aonde vão?
—Vai ter um luau na praia mãe. — Explica. — Vai ser bom pra Ella.
— Não, ela não vai. — Balança a cabeça, está nervosa — Ela tem que ficar em repouso.
— A senhora não pode prender ela dentro de casa, mãe. — Minha mãe suspira triste e se rende concordando.
Nicolas pega em meu pulso me puxando e destrava o carro.
Sinto uma necessidade de falar com minha mãe.
— Eu vou voltar. — Afirmo quando estou em sua frente, ela sorri e eu a abraço. Ela fica visivelmente surpresa, mas acaba restribuindo. Ouço buzinas invadirem os meus ouvidos e reviro os olhos.
— Seu irmão, sempre apressado.
Eu não quero morrer, eu não possso morrer.
— Nicolas! — Grito e meu corpo atravessa o vidro e sinto minha pele ser rasgada, caio no chão chorando enquanto rolo várias vezes seguidas e rezando para que tudo não passe de um sonho.
— Você está bem filha ? — Minha mãe pergunta preocupada. Engulo a seco e forço um sorriso confirmando.
Entrei no carro e Nicolas da a partida saindo de casa, coloco o cinto me certificando que ele está bem seguro.
— Como você conseguiu que a mãe deixasse você dirigir de novo?
Ele gargalha, e vejo como seu sorriso é lindo, quando ele sorri em suas bochechas ficam duas covinhas fundas.
— Um rostinho bonito faz milagres.
Eu confio no Nicolas, eu amo ele. A lembrança que tive a pouco instantes sobre a hora do acidente me veio as sensações e sentimentos que senti na hora. Eu estava com tanto medo dele morrer e me deixar. Tanto medo dele pelo menos se ferir.
— Para de me olhar sorrindo assim, é estranho. — Diz fazendo careta, mas não desvia o olhar da estrada.
Reviro os olhos, mas sorrio.
Um sentimento também veio a tona, eu não suporto o Nicolas, garoto chato.
Oi meus amores , o que vocês acham que vai acontecer nesse Luaul ? :)
Dica : Briga , barraco e confusão.