Your Eyes Only (Larry Stylins...

By larrypsyche

942K 96.4K 282K

Com o anúncio do noivado de seu irmão, Harry Styles, ainda chocado e preocupado com a notícia e com a decisão... More

Prólogo
I. Capuccino
II. Em disparada
III. Amoras e bebidas
IV. Meggie
V. Lenço de papel
VI. Tão próximo
VII. Ternos
VIII. Conexão
IX. Curativo
XI. Pequenos detalhes
XII. Orgulho ferido
XIII. Decisões
XIV. Exatamente como é
XV. Confuso
XVI. Pessoa favorita
XVII. Despedida de solteiro
XVIII. Tê-lo em meus braços
XIX. Quarto de hotel
XX. Toques
XXI. O casamento
XXII. Não me deixe
XXIII. Aeroporto
Epílogo

X. Somente Louis

38.2K 4.2K 14K
By larrypsyche

[Harry's POV]

─ Deem prioridade para as peças mais leves e frágeis. Elas podem ser levadas com facilidade pelo vento e quebrarem.

George alertou e corremos mais uma vez para fora. A chuva grossa e gelada caía impiedosa sobre nossas cabeças, molhando tudo que encontrava pela frente. Mesmo com duas camadas de tecido me protegendo, o terno e a camisa social, eu já podia sentir meu corpo todo se arrepiar pela umidade da roupa. Meu campo de visão era invadido por alguns cachos desfeitos e molhados que insistiam em cair sobre minha testa.

─ Caralho, que frio!

Ouvi a voz de Louis a poucos passos de mim e virei de abrupto para encará-lo. Seu corpo todo tremia e ele só vestia uma camiseta fina agora. Completamente encharcada. Agarrei mais alguns utensílios de porcelana de uma das mesas e caminhei rápido até ele.

─ Deixe que eu, George e seu tio terminamos de recolher.

─ O que? Não. Quero ajudar

Depois que cuidei de seu ferimento, Tomlinson não estava me tratando com tanta frieza quanto antes. Nas duas vezes em que nos esbarramos durante o aniversário de Félicité, ele sorriu rapidamente e, completamente sem jeito, se afastou de mim sem tirar os olhos do meu. Por sorte, parecia ter esquecido, pelo menos por enquanto, sobre todos os fatores que o levaram a me desprezar com tanto fervor.

─ Você acabará doente.

Tomlinson riu. Uma risada suave e gostosa que fez minha pulsação acelerar.

─ Eu não sou feito de açúcar.

─ Sim, sim ─ Tomlinson me deixava ansioso, nervoso e, principalmente, inseguro. Não era comum eu me embolar nas palavras para me expressar. Eu tinha aquela opinião firme e incontestável, mas isso tudo mudava perto dele. Era imprevisível. ─ É só que você já cortou a mão e...

─ O que uma coisa tem haver com a outra? ─ me encarou confuso e um sorriso provocante apareceu no canto de seus lábios.

─ Nada. É só... ─ soltei o ar pela boca. ─ Me desculpe.

Balancei a cabeça e me afastei.

Eu estava agindo ridiculamente. Tomlinson tinha razão em me questionar sobre aquilo. Isso nunca tinha acontecido antes. Não agia desse modo inconstante, falando coisas desconexas e me preocupando com pessoas que nem ao menos tinha uma relação. Meu orgulho sempre se sobrepôs a qualquer sentimento, desejo, atração. Não seria agora que isso mudaria.

─ Pronto. Acho que recolhemos tudo ─ George entrou na cozinha com um enorme sorriso no rosto e colocou uma pilha de copos e talheres na pia. Estavam todos molhados e precisavam ser enxaguados, assim como o resto da louça.

A maioria dos convidados já tinha partido para suas casas antes da chuva iniciar. Poucos ficaram para ajudar Félicité e George a recolher tudo o que se encontrava lá fora. Para falar a verdade, apenas os familiares mais próximos restaram. Anne, Meggie, Ernest, Doris e Johannah se encontravam seguramente na sala de estar brincando de forma distraída. Jonathan Deakin e sua esposa ficaram conosco e nos ajudaram a recolher o que ainda ficara lá fora.

Louis foi o último a voltar. Seus cabelos molhados deixaram gotas d'água caírem no assoalho e formarem uma trilha por onde andava. Ele ainda tremia de frio, mas não parecia abalado por isso. Sorria radiante e tinha uma expressão suave no rosto que fazia meu estômago se agitar furiosamente. Passou a mão que não estava ferida pelos cabelos e seu olhar mais uma vez se encontrou com o meu.

No entanto, não demorou muito para que desviasse e focasse em qualquer outro objeto da cozinha.

─ Quem diria que iria chover dessa maneira? ─ Jonathan comentou amistosamente.

─ Pois é... Pelo menos foi depois de Fizzy cortar o bolo ─ George pontuou e Jonathan concordou com a cabeça ainda observando a tempestade que insistia em mostrar sua presença.

Peguei meu celular para avisar a Richard que ele já poderia vir me buscar na casa de George e Félicité. Eu necessitava de um banho e precisava voltar para casa para me focar mais uma vez em meu trabalho. Estava em negociação para abrir uma de nossas empresas nos Estados Unidos. Era crucial o meu envolvimento completo em tudo o que ocorria relacionado a ela.

─ Richard, o aniversário de Félicité já se encerrou. Se puder vir agora me buscar, eu agradeceria.

Senhor Styles, ─ mesmo do outro lado da linha, notei o quanto sua voz parecia aflita ─ um de meus filhos acabou de ser internado às pressas, pois teve uma intoxicação alimentar muito grave e estou aqui com ele. Minha esposa está em casa com as outras crianças, pois elas não podem ficar no hospital por muito tempo. Tem risco de serem contaminadas por bactérias do local se o fizerem. Por esses motivos, não sei quando poderei sair daqui e ir buscá-lo.

─ Se necessitar, posso pedir para que transfiram seu filho para um dos hospitais que tenho contato.

Agradeço patrão, mas acho que não será necessário. Os médicos daqui são muito bons e meu filho já melhorou muito desde que chegou. O único problema é como o senhor voltará para casa.

─ Não se preocupe comigo. Posso chamar um táxi, darei um jeito. Desejo melhoras ao seu filho.

Obrigado, senhor Styles. Assim que ele estiver melhor, levarei as chaves de seu carro até o seu edifício.

─ Sem problemas.

Depois de desligar, notei que a conversa sobre o tempo e o aniversário de Félicité tinha se transformado em um debate caloroso em relação a futebol e burritos. Todos se encaminharam para a sala de estar da mansão e os segui silenciosamente, sentando em uma poltrona mais afastada apenas escutando o que diziam e sem poder desviar meus olhos do rosto de Tomlinson. Era completamente angustiante o poder que ele tinha sobre meu corpo.

Félicité distribuiu toalhas para todos. Enxuguei meu rosto e meus cabelos, assim como um pouco do terno molhado e da camisa social. Pelo menos para passar a sensação incômoda de tecido grudando na pele. Desejava chamar por um táxi e ir direto para casa, mas preferi esperar para que a incessante chuva diminuísse gradualmente.

Um raio cortou o céu e assustou Doris, Ernest e Meggie que brincavam distraidamente sentados no chão. As crianças começaram a choramingar e Tomlinson que estava entretido na conversa com Deakin e George imediatamente levantou de seu assento e caminhou em direção a elas.

Não pude deixar de olhá-lo enquanto fazia. Seu modo de andar era gracioso e suas coxas tinham o poder de deixar meu cérebro em estado de colapso. Por mais que eu desejasse simplesmente desviar o olhar ou ignorar sua presença, a atração que sentia por ele era muito mais forte que minha vontade. Nas últimas semanas, Tomlinson dominara meus pensamentos de um modo único e constante. Mesmo tentando afastá-lo, foi impossível me concentrar em alguma coisa que não fosse seu belo par de olhos azuis.

Louis se agachou e murmurou algumas palavras para as crianças como se fosse um segredo somente para elas. Ernest e Doris o olhavam com a boca aberta, em total admiração, e depois soltaram risinhos e exclamações em seu próprio vocabulário irreconhecível. Apenas entendi o que Meggie havia dito.

─ Eu pensei que era um monstro ─ disse baixo, mas suficientemente alto para que eu escutasse.

─ Não, não. É só um raio ─ Louis explicou em seu tom baixo e suave com um sorriso acolhedor no rosto, tomando a atenção das crianças para si novamente. ─ Não tem porque ter medo.

─ E da luz que brilha no céu? ─ Meggie como sempre raciocinava rapidamente, ligando pontos e mais pontos em sua mente ágil. Ela tinha as mãos próximas do coração e parecia hesitar em questioná-lo. Tomlinson, no entanto, percebeu e abriu ainda mais o sorriso.

─ Também não precisa ter medo. É do mesmo raio. Eles são meio metidos. Gostam de se aparecer ─ sussurrou rindo. Doris e Ernest deram risada também, mesmo sem entender o que ele havia dito.

─ Mas eles não vão pegar a gente, vão?!

─ Não, porque nós estamos protegidos dentro de casa. Com a família, com os amigos... Não tem o que temer.

Meggie sorriu timidamente, parando com seus questionamentos, e concordou levemente com a cabeça. Depois disso, voltou sua atenção para as louças de brinquedo que tinha ao seu lado e pegou uma das panelas pequena e cor-de-rosa.

─ Estou com fome ─ Louis comentou para eles e passou a mão na barriga, demonstrando o que sentia. Meus olhos não desgrudavam de nenhum de seus movimentos. Ele era incrivelmente lindo e encantava as crianças com o seu jeito de ser: espontâneo, sincero, leal e protetor.

Talvez não fossem somente elas que ficassem encantadas por Tomlinson.

─ Papa ─ Doris levou um dos dedos à boca e riu em seguida quando Louis confirmou.

─ Vamos preparar uma comidinha para o profe-, quer dizer, pro Louis.

Meggie disse com as bochechas avermelhadas para Doris e Ernest que começaram a mexer ainda mais nas panelinhas. Eles engatinharam até o fogão de brinquedo e colocaram lá o que quer que fosse que estivessem inventando de "cozinhar".

Eu observava admirado à cena. Tomlinson parecia realmente entretido com a brincadeira que inventaram como distração. Ajudava Meggie a escolher os utensílios de plástico colorido, deixava Doris brincar com os seus cabelos e levantava Ernest alto o fazendo gargalhar.

Louis tinha toda a minha atenção e nem sequer parecia notar isso. Seus olhos brilhavam mesmo sendo iluminados pela luz pálida do lado de fora. Seu sorriso não queria abandonar o rosto, assim como uma mecha de seu cabelo caía teimosamente em seu olho. Como sempre provava, tinha um coração grande e puro. Era capaz de mover montanhas pelos outros.

Eu nunca havia conhecido alguém que me provocasse tanta admiração quanto ele.

O azul de seus olhos encontrou o verde dos meus e mesmo que eu tentasse disfarçar para passar a impressão de que não estava o olhando há um bom tempo seria impossível fazê-lo acreditar nisso. Retribui o olhar de forma intensa e profunda, observando seu corpo estremecer e querendo mostrar o que meu coração gostaria de gritar aos sete ventos. Que a causa da minha pulsação acelerada era ele. Que era Louis o dono mais insistente de meus pensamentos.

Tomlinson não continuou a me olhar por muito tempo. Ao afastar a franja dos olhos, colocou a mão na frente do rosto e encarou o chão. Eu o queria, o desejava com todas as minhas forças e ninguém fazia ideia além dele. Nunca fui uma pessoa da qual partilhava suas emoções com os demais. Sempre preferi guardar somente para mim e trancafiar esse tipo de sentimento a sete chaves.

─ Já decidiram o local do casamento? ─ Johannah questionou para George, entrando abruptamente em sua conversa com Deakin. ─ Será naquele que Louis indicou?

─ Provavelmente. Foi o único que de fato fomos visitar e passar alguns dias. Western leva certa vantagem por isso. Eu e Fizzy investigamos alguns locais, mas nenhum era como aquele. Agora estamos negociando para fechar um bom preço. Se der certo, será esse mesmo.

─ Será maravilhoso lá. Tenho certeza absoluta sobre isso. Nunca me engano.

─ Nós também achamos. Fizzy pediu para mostrarem modelos de como seria o casamento se fosse feito lá, não é amor?!

Félicité, antes calada em seu próprio canto observando Tomlinson brincar com as crianças, se remexeu no assento e o olhou um pouco alheia ao que George dizia. Por segundos, pareceu tentar compreender sobre o que falavam e depois apenas concordou com a cabeça e deu um sorriso amarelo.

Com discrição, Anne me encarou para ver se eu tinha notado o comportamento estranho da noiva de meu irmão. Poderia ser apenas sua timidez frente ao modo carinhoso com o qual George a tratava na frente dos outros, eu não poderia jogar fora essa alternativa. No entanto, a cobiça de Johannah era extremamente nítida e ficava difícil acreditar na primeira opção.

─Será um casamento tão falado. Até dei a ideia para Félicité chegar com uma carruagem branca, como uma verdadeira princesa, mas infelizmente ela não quis.

Fez uma expressão decepcionada e a lançou para a filha que negou com a cabeça e deu um sorriso tímido.

Eu já poderia imaginar quem iria arcar com todas as despesas para a ideia da carruagem.

─ Nós não queremos algo tão extravagante, mãe. Para falar a verdade, a princípio, havíamos optado pela simplicidade, mas como temos muitos parentes, acabamos não querendo deixar nenhum de fora. Por isso, uma festa maior. Isso não quer dizer que deva ser tão-

─ Mas minha filha merece o melhor ─ Johannah reclamou indignada. ─ Você não acha, George?!

─ Claro, claro ─ meu irmão sorriu grande e tive que me segurar para não bufar irritado. Ele não enxergava o que estava acontecendo. ─ Eu sempre digo isso a ela.

Félicité obteve um tom avermelhado em suas bochechas e desviou os olhos para o chão. Eu estava quase certo a respeito de sua timidez e de que era por isso que não demonstrava seus sentimentos para George. Contudo, antes que eu pudesse solidar essa informação, Jonathan e meu irmão voltaram a conversar sobre assuntos quaisquer e ouvi Johannah praticamente sussurrar para ela mesma:

─ Pois não parece que se importa tanto assim.

Meu sangue borbulhou dentro das veias e a irritação dominou cada poro de meu ser. Não comentei nada, pois não era de meu perfil falar o que pensava na hora que queria. Apesar disso, a indignação me dominou completamente.

George daria a vida para Félicité, se precisasse. Como ela poderia dizer algo assim?

Por mais que achasse esse casamento imprudente e precipitado, eu sabia que ele a amava extremamente. George não tinha outro assunto a não ser Félicité. Por horas e mais horas o ouvi falar sobre ela, mesmo tentando fugir de suas lamúrias.

─ Papa ─ Ernest apareceu ao lado de meu assento segurando um prato de plástico colorido com um ovo também do mesmo material. Seu sorriso sem dentes e seu rosto deitado sobre o braço da poltrona denunciavam que ele esperava uma resposta afirmativa de minha parte.

─ Obrigado.

Sorri, pegando o prato de suas mãos pequenas. Ele me entregou desajeitadamente e logo em seguida ergueu os braços, pedindo colo e esperando mais uma vez para que eu cedesse sua vontade. Assim que o acomodei em uma de minhas pernas, Ernest me fitou com o indicador na boca e olhou para o pequeno prato em minhas mãos a espera de uma ação minha.

Como queria, fingi comer o ovo de plástico e ele gargalhou um pouco, batendo a palma da mão uma na outra. Eu não entendia como aquilo poderia diverti-lo tanto, mas continuei fingindo comer o que me trouxera. Ernest abriu a boca, como se quisesse experimentar também, e mordeu o plástico quando aproximei de seu rosto. Ele deu risada mais uma vez e soltou.

Pude notar, com o canto dos olhos, que Louis nos observava distraidamente. Era uma das poucas vezes que ele sorria como um anjo em minha direção. Na verdade, era uma das poucas vezes que ele sorria quando o assunto era eu. Fingi não vê-lo e continuei com a brincadeira, pois não queria que ele deixasse de lançar aquele sorriso para mim. A última coisa que desejava era constrangê-lo e fazer Tomlinson desviar a atenção.

Ernest permaneceu em meu colo dizendo coisas desconexas e mexendo em minha mão, mesmo após eu mostrar a ele que havia terminado de comer. Recostou-se a cabeça em meu peito e se aconchegou em meu colo, deixando seus pés vestidos apenas com meias descansando confortavelmente em uma de minhas coxas.

Mexi em seus cabelos enquanto prestava atenção na conversa que dominava a sala de estar. Anne e Johannah iniciaram um diálogo e desconfiei que talvez minha mãe estivesse sondando sobre seu interesse econômico. Jonathan e George estavam entretidos em diversas questões que não consegui acompanhar. Félicité, Charlotte, Daisy e Phoebe também conversavam, mas pelos gestos que faziam provavelmente era algum assunto relacionado à maquiagem, roupas e cabelo.

Passado certo tempo, senti a respiração pesada de Ernest e notei que ele dormia tranquilamente na mesma posição que estivera durante todo o tempo em meu colo. Seus cabelos meio encaracolados e loiros estavam um pouco molhados devido ao suor e seus lábios formaram um bico pequeno.

─ Acho melhor que eles durmam em uma cama. É mais confortável.

Louis falou, chamando minha atenção e rapidamente o olhei. Doris também parecia exausta, apoiada contra o corpo de Tomlinson e com seus olhos quase se fechando. Meggie bocejou e piscou várias vezes lentamente, dando um sorriso pequeno ao me ver observá-la.

─ Querem que eu arrume um dos quartos? ─ Félicité se manifestou ainda rodeada pelas irmãs. ─ Tem também o quarto das crianças que eu e George planejamos.

─ Acho que não é necessário, Fizzy. Não se preocupe ─ Tomlinson sorriu a ela. ─ Só me localize sobre onde fica esse quarto?

─ Sim, sim. É só subir a escada, seguir reto no corredor. Última porta a esquerda. Tem uma pequena placa com o nome dos três.

─ Ok. Obrigado.

Ajeitei Ernest melhor em meu colo, apoiando sua cabeça em meu braço e seus pés no outro. Ele se agitou um pouco com a mudança de posição, mas logo se perdeu no sono outra vez. Cambaleante e com o corpo extremamente cansado, Meggie caminhou até mim e se agarrou no tecido de minha calça social, apoiando a cabeça nela. Queria pegá-la no colo também, mas sabia que não daria para fazer isso.

Tomlinson ajeitou Doris do mesmo jeito que eu coloquei Ernest no meu colo. Em silêncio, subimos a escada em direção ao quarto indicado. Meggie, por mais que se apoiasse em minha perna, tinha noção de que isso atrapalharia meu andar e, por esse motivo, apenas segurava o tecido delicadamente para me acompanhar.

Na ponta dos pés, ela abriu a porta que tinha uma pequena placa com o nome dos três. Sua boca se entreabriu quando notou como o quarto era bonito, espaçoso e repleto de brinquedos. Meggie me encarou, mas ficou com as bochechas queimando de vergonha por ser pega admirada. Ela coçou um dos olhos e sorriu suavemente.

─ Eu gostei. É bem bonito ─ sussurrou para não acordar os outros dois que dormiam profundamente.

Observei o sorriso encantador de Louis aparecer enquanto ele olhava para Meggie que andou até a cama e sentou desajeitadamente para tirar seus sapatos. Ela devia estar muito cansada, principalmente pelo barulho tranquilo da chuva e pelo dia ter sido longo.

Coloquei Ernest no berço decorado de azul e tirei seus cabelos que invadiam os olhos. Ele se remexeu um pouco e soltou um muxoxo.

Notei que Tomlinson tinha feito o mesmo e sorria daquele jeito que me fazia perder o fôlego. Seus olhos estavam quase fechados e as ruguinhas que eu tanto condenara marcavam a pele abaixo de seus olhos. Observava atentamente sua irmã como se ela fosse a joia mais preciosa para ele naquele momento. Eu tive certeza que se Doris necessitasse de alguma coisa, qualquer coisa, ele correria mil quilômetros descalço apenas para trazer.

Fui até Meggie que já deitara na cama e tinha suas mãos embaixo da cabeça, assim como Ernest. No entanto, ao contrário do menor, ela ainda permanecia acordada e seus olhos vez ou outra se fechavam. Sentei na beirada da cama e acariciei seus cachos. Ela sorriu e abriu seus olhos esverdeados.

─ Conta uma historinha ─ pediu num sussurro, encarando as costas de Louis que agora fechava a cortina e deixava o quarto mais escuro.

─ Acho que não me recordo de nenhuma, Meggie ─ expliquei em uma voz baixa também.

─ Tem aquela dos príncipes. Pode ser essa de novo, eu gosto.

Ponderei, tentando lembrar sobre qual Meggie se referia. Muitas das que eu contara alguma vez para ela eram todas inventadas na hora e minutos depois eu já me esquecia do que disse.

─ Acredito que terá de ser uma nova.

─ Tudo bem ─ ela sorriu e esperou que eu começasse.

Tomlinson estava congelado em seu lugar, apenas nos observando. Parecia lutar consigo mesmo para ir embora dali, pois seus pés ameaçavam andar em direção à porta, mas logo desistiam. Com o canto dos olhos, notei ele morder o lábio inferior e estralar os dedos em um sinal nítido de nervosismo. Deixando-se vencer talvez pelo orgulho, caminhou até a porta do quarto para ir embora.

─ Hm... Era uma vez... ─ comecei meio inseguro e mais aliviado por Tomlinson ter ido embora do cômodo. Ele me deixava com os nervos à flor da pele e com leves tremores pelo corpo. ─ Uma menina de cabelos cacheados que era a herdeira de um reino governado por um rei corajoso e leal.

─ Ela tinha irmãozinhos?

─ Sim. Dois irmãos.

─ Eu também, né?! ─ Meggie riu com as mãos cobrindo a boca e afaguei seus cabelos. ─ Eles eram bonzinhos assim como você e o George?

─ Eram sim. Eles protegiam a princesa com a própria vida.

─ Eles eram cavaleiros do rei? ─ perguntou boquiaberta. Deixei um sorriso escapar, concordando com a cabeça.

─ E havia um dragão perigoso que queria raptar a princesa, pois ela era a mais linda de todos os reinos e o monstro tinha inveja de sua beleza. No entanto, os irmãos dela jamais deixariam que isso acontecesse. Por isso, os dois foram enfrentá-lo bravamente. Atravessaram florestas, montanhas e usaram cavernas para se proteger à noite. Depois de dias, finalmente encontraram o dragão em uma terra distante coberta por fogo e lava vulcânica. O dragão apenas esperava pelos irmãos da princesa.

Meggie estava com os olhos arregalados e a expressão atenta a tudo o que dizia. Mesmo sendo uma história ruim e notavelmente rápida e mal elaborada, ela parecia completamente vidrada e envolvida pelo enredo mal feito.

─ Continua, Harry.

─ Bem... Os cavaleiros lutaram com bravura contra o dragão, mas ele era muito mais forte que os dois. Por isso, eles precisaram elaborar um plano, uma emboscada.

─ Eles eram muito espertos.

─ Eram sim. E sabe o que fizeram? ─ Meggie juntou suas pequenas mãos e negou com a cabeça. ─ Eles amarraram os pés do dragão com uma corrente de ferro, fazendo cair no chão, e o irmão mais velho cravou uma faca no coração cruel e incurável da criatura.

─ Criatura?

─ O dragão, Meggie.

─ Ah, sim ─ ela riu baixo outra vez. ─ E a princesa?

─ A princesa aguardou o retorno dos cavaleiros e preparou uma recepção repleta de alimentos, pois os dois estavam muito cansados e precisavam repor suas energias.

─ E ela casou?

─ Quem?

─ A princesa, Harry. Ela precisa casar com um belo príncipe.

Minha expressão fechou e minhas sobrancelhas franziram.

─ De forma alguma. A princesa é muito nova para se casar.

─ Mas ela podia se apaixonar por um príncipe lindo e com um cavalo branco.

─ Não, definitivamente não. Ela não se apaixonou.

─ Ah ─ Meggie fez uma expressão triste e um suave bico se formou em seus lábios. Meu coração se apertou dentro do peito ao vê-la decepcionada com o fim da história daquela maneira.

─ Talvez ela tenha conhecido um príncipe, mas isso é para outra história e foi só quando ela completou 25 anos.

Meggie sorriu grande fazendo com que meu coração se aquecesse.

─ Ele tinha um cavalo branco?

─ Sim.

─ Conta essa para mim?

─ Da próxima vez.

─ Tudo bem ─ continuou sorrindo e me abraçou de repente. ─ Obrigada, Harry. Vou dormir agora. Estou tão cansada... Meu olho não consegue ficar mais aberto.

Ela riu baixo e fechou os olhos, ajeitando-se confortavelmente na cama para dormir. Afaguei seus cabelos enquanto esperava que lentamente caísse no sono. No começo, notei sua respiração leve e ela vez ou outra soltava um riso cansado e um sorriso mínimo. Contudo, passado vários minutos, sua respiração se tornou pesada e seus lábios se fecharam. Meggie dormia profundamente e não era mais necessária minha presença no quarto.

Por isso, levantei com cuidado da cama e desliguei o abajur ao lado dela. Afastei-me, caminhando para fora do quarto, mas parei de fazê-lo no momento em que notei Louis imóvel perto da porta.

Nossos olhos se encontraram mais uma vez. Eu não pude e nem consegui desviar do mesmo modo em que notei que Tomlinson também não podia. Ele abriu e fechou a boca várias vezes à procura das palavras para poder se expressar e suas bochechas adquiriram um tom avermelhado intenso.

─ E-Eu eu estava enganado ─ sussurrou. ─ E-Eu...

Aproximei-me a passos suaves e calmos, temendo assustá-lo e fazê-lo fugir de mim outra vez. Tomlinson continuou parado me fitando com a boca levemente entreaberta e respirando pesado, soltando uma lufada de ar por seu nervosismo. Fiquei de frente para ele, sentindo seu perfume envolvente e observando o quanto suas mãos tremiam.

─ E-Eu estou tão confuso. Eu acho que t-te julguei tão mal e, não sei...

Não dei margens para ele continuar. Minhas mãos seguraram os dois lados de seu rosto e sua boca ainda estava suavemente entreaberta quando me aproximei o suficiente para ainda deixar nossos olhos conectados. Eu tinha lutado tanto contra esse sentimento que crescia dentro de mim, mas agora se tornara impossível de esconder.

Era somente Louis que eu desejava com todas as forças.

─ Styles... ─ resmungou uma última vez e nossos lábios se conectaram no instante seguinte.

O gosto doce de sua boca e a textura de seus lábios era o toque suave que minha vida necessitava. Louis levou suas mãos hesitantes até meus ombros, repousando-as em meu paletó suavemente. Minhas mãos saíram de seu rosto, sentindo a barba rala que o contornava, e desceu por seu pescoço macio, passando por seus ombros pequenos, roçando em seus mamilos suavemente eriçados e deslizando por sua cintura até abraçá-lo ainda mais e puxá-lo para mim.

Sua língua pediu passagem para meus lábios e concedi seu pedido, sentindo-o explorar cada canto de minha boca e fazendo nossas línguas entrelaçarem. Nossos lábios soltavam estalos vez ou outra por estarem tão colados, sem darem chance a nossa respiração. Ele tinha um gosto tão bom que era de meu desejo para prová-lo sempre e já tinha a consciência de que isso não faria com que eu enjoasse de seu sabor.

Suas mãos não mais hesitantes deslizaram por meu pescoço, provocando um arrepio por todo meu corpo, e agarraram alguns cachos antes caídos perto dos olhos. Afastei-o da porta onde estávamos e ainda grudado a Louis o encostei à parede do corredor, beijando seus lábios com mais urgência e anseio.

Mordi seu lábio inferior e o suguei em seguida, ouvindo um resmungo baixo escapar da boca de Louis. Naquele momento, permiti abrir meus próprios olhos e contemplei-o por breves segundos. Sua franja levemente molhada caía por sobre sua testa de um jeito que o deixava incrivelmente belo e seus olhos se encontravam fechados, revelando cílios delicados e longos que me deixavam ainda mais boquiaberto por sua beleza.

Fechei os olhos novamente e beijei seus lábios com vontade, invadindo sua boca com minha língua para explorá-la assim como Louis fez na minha. Eu ansiava por seu gosto. Meu coração pulsava desesperado dentro do peito. E eu podia sentir a palpitação rápida do coração de Tomlinson. Como se estivéssemos adquirindo um só ritmo na medida em que nossos corpos se grudavam ainda mais ao outro.

Com um movimento fraco e inseguro, além do fato de estar completamente tremendo, Louis levantou uma de suas pernas e segundos depois ela roçou em minha cintura. Segurei-a delicadamente e acariciei sua coxa por cima da calça justa preta que usava. Para cima e para baixo, até chegar perto de seus joelhos e voltar todo o percurso. Um tremor atravessou seu corpo e ele agarrou ainda mais meus cachos puxando-os na tentativa de aproximar nossos rostos.

─ Harry! ─ ouvi o chamado de George um pouco alto demais e passos pesados subindo pelas escadas para me procurar.

No mesmo instante, eu e Tomlinson nos separamos abruptamente. Estava sem fôlego, com os lábios provavelmente avermelhados e inchados e os cabelos em uma completa bagunça. Louis estava do mesmo modo. Seus lábios mesmo finos tinham um tom de morango forte e se encontravam marcados por dentes. Seus cabelos ficaram amassados devido à pressão contra a parede e suas roupas além de levemente molhadas estavam marcadas em alguns lugares.

Nosso olhar se encontrou novamente e minha pulsação se tornou fraca por ter aquele lindo par de olhos azuis me fitando enquanto mordia o lábio inferior nervoso e parecia de certo modo constrangido pelos nossos momentos instantes atrás.

─ Ei! Aí estão vocês ─ George apareceu segundos seguintes. Diminui o tom de voz ao perceber que o quarto das crianças estava escuro e elas provavelmente se encontravam dormindo. ─ Não notei quando os dois saíram da sala de estar. Trouxeram Meggie, Doris e Ernest para dormir?

─ Sim, eles estavam cansados ─ expliquei.

─ Eu percebi pelo olhar deles ─ comentou com o sorriso de sempre no rosto. ─ Vim pedir ajuda a vocês. Venham, por favor.

Meio incerto e não tendo alternativa, resolvi seguir George para onde quer que ele fosse nos levar. Meu irmão já descia a escada quando parei por um momento e esperei por Tomlinson se aproximar. Ele estava em silêncio atrás de mim, mas, assim que nosso olhar se encontrou mais uma vez, deu um de seus sorrisos mais lindos.


Continue Reading

You'll Also Like

2M 271K 89
Será retirado do Wattpad nos próximos meses! Enemies to Lovers | Fake Dating 🏆 Wattys 2020 Gaia | 2121 Cem anos após a Terceira Guerra, Emily e Luca...
942K 96.4K 25
Com o anúncio do noivado de seu irmão, Harry Styles, ainda chocado e preocupado com a notícia e com a decisão um tanto quanto precipitada, terá de co...