Izabella Albuquerque
Assim que acordei liguei pra Ju e pedi para que comprasse uma bermuda e camisa masculina preta, fiquei olhando para teto, lembrei do Rodrigo, peguei o celular da Sophi e procurei o número dele.
- Alô?
- Quem é? - Ele pergunta mal humorado.
- Izabella Albuquerque, sou amiga da Sophi. - Digo tentando controlar o choro.
- Aconteceu alguma coisa? - Ele pergunta e eu choro. - Izabella? - Ele me chamar, mas não consigo responder, só quero chorar. - Izabella? - Ele grita e Pandora lati.
- Ela morreu. - Eu choro.
- Como?
- Atropelaram ela.
- Quem foi?
- Quem foi o que? - Pergunto confusa.
- Quem atropelou ela.
- Não tenho certeza mas acho que foi o Jhonatan.
- Eu vou matar esse filha da puta. - Contínuo chorando.- Se acalma, você consegue cuidar do velório?
- Não mas a Julia já está organizando, eu só te liguei antes que a mídia anuncie, vou desligar.- E assim faço antes mesmo de uma resposta.
Ligo pro Pedro, ele é meu par de dança.
- Bella.
- Pedro.
- Aconteceu alguma? - Ele pergunta preocupado.
- Poderíamos fazer uma apresentação para Sophi.
- Mas as nossas apresentações eram em quatro.
- Eu sei mas talvez..
Ele me interrompe. - Tudo bem, podemos fazer, vou avisar pro Thiago. - Ele desliga e eu me deito, Pandora late e me levanto,ando pelo meu apartamento tão colorido e cheio de vida e percebo que já não é tão cheio de vida assim, passo pela porta do quarto do Gege e abro a porta, olho tudo colorido cheio de fotos nossas, saio e vou ate a cozinha, troco a água dela e coloco comida, tomo um remédio e volto a dormir. Acordo com o celular tocando, pego ele e atendo sem olhar quem era.
- Alô?
- Abre essa porta agora Izabella.
- Ta. - Desligo e me levanto, abro a porta e vejo uma Julia muito irritada, dou espaço pra ela entrar e fecho a porta, deito no sofá.
- Sabe que horas são? - Ela me pergunta com raiva.
- Eu não quero saber.
- Então vai perder o velório da Sophi?- Me levanto em um pulo.
- Que horas são já?
- Oito, vai tomar seu banho correndo, ajeita esse cabelo e passa 50 quilos de maquiagem porque você está horrível. - Ela diz e foi exatamente o que eu fiz, coloquei minha roupa preta, fiz um coque bem preso e passei 50 quilos de maquiagem, peguei meu óculos Preto, é um roupão Preto também. Chego na sala e ela está com um porta retrato que está eu e Sophi em Paris. - Eu lembro dessa viajem, vocês foram expulsas de um hotel. - Ela ri e eu também. - Está pronta? - Assinto, na verdade não estava mas ela não precisa saber disso.
Pandora já estava de coleira, descemos pelo elevador e fomos no carro da Ju, quando chegamos ainda estava vazio, fui direto ao caixão da Sophi, ela está tão linda, choro e abraço a minha amiga.
- Eu te amo tanto, sentirei tanta a sua falta meu amor, porque você insiste em me deixar sozinha? Eu te amo. - Sussurro. - Acorda por favor. - Peço, mas nada como respostas, sinto umas mãos grandes porém delicadas nos meus ombros e vejo Pedro com o semblante triste.
- Ela não gostaria de te ver nesse estado.
- Mas estou com saudades dela.
- Eu sei, mas você tem que ser forte, ela não gostaria que você ficasse mal.
- Eu não consigo ficar bem.
- Vai ter que conseguir, vamos te ajeitar. - Ele puxa delicadamente a minha mão e eu o sigo, chego na minha sala e Pandora está deitada no colo da Júlia, sorrio. - Trouxe para deixa-la linda.- Ele brinca e sorrimos, me sento na cadeira e Júlia se levanta, solta o coque que eu fiz e começa a refazer só que bem mais bonito quando termina ajeita a minha maquiagem para parecer o mais natural possível e no fim deu um belo resultado.
- Vou ver se o irmão dela já chegou. - Ela diz e sai, Pandora dorme calmamente no meu sofá, me levanto e fico de frente para o grande quadro que se encontra eu, Sophi, Pandora e Gege, parecemos uma família de verdade como se cada uma completasse o outro - O que não deixa de ser verdade. - Mas agora falta uma parte, a porta se abre e Thiago entra, ele está abatido e passou maquiagem.
- Vamos começar. - Assinto e me levanto, ele segura na minha mão e saímos direto para o palco a música começa a soar por todo o clube, a música começa lenta, leve como uma brisa, Pedro começa a dançar, perfeito como sempre, não demora muito e Thiago entra no palco e começa a completar a perfeição, os dois começam a dançar juntos e a música começa a acelerar já me posiciono, as luzes se apagam e eu entro rápido no centro do palco entre os dois, as luzes acendem e eu olho para frente para todas as pessoas que estão aqui, o caixão da Sophi bem no centro ainda aberto, uma pessoa me chamou atenção, na verdade um homem, tenho certeza que é o irmão da Sophi, os olhos são idênticos, encaro ele em especial e ele não fraqueja diante do meu olhar e me encara a música começa a tocar e eu a rodar, a cada giro vou ficando de pé e quando estou girando completamente reta começo a inclinar meu corpo para baixo e mais rápido do que nunca já estou girando com uma perna no ar e outra no chão, a música vai perdendo o ritmo e eu volto a ficar em pé, corro e Thiago me pega e roda, me põe no chão dou mais um rodopio e me jogo para o chão e choro de soluçar.
- Desculpas. - Eu peço e choro mais, Thiago e Pedro me abraçam, me acalmam um pouco e Pedro me pega no colo me levando novamente pra minha sala e me põe deitada no sofá, choro querendo a Pandora, mas os meninos preferem que eu não deixe a cachorra pior do que está. Me levanto e começo a rasgar a minha roupa, me arranho, grito, esperneio e o choro, só paro quando vejo Júlia entrar com Pandora. Ela vem até a mim e eu a abraço, minha cadela me lambe, choro agarrada com ela.
- Você precisa trocar de roupa. - Ela avisa e pego o saco com roupas masculinas e me visto. - Você não precisa ir.
- Preciso sim.
- Não Bella, você já está mal, você não vai conseguir forças o suficiente. - Olho pra ela.
- Deixa eu ir, só um pouco. - Ela assenti.
- Vou mandar levar a Pandora na sua casa, cadê as chaves? - Ela pede e eu pego na minha bolsa e jogo para ela.
Saio com a Pandora da sala e entrego ela para o Pedro.
- Cuida da minha bebê.
- Eu vou. - Ele sorri, pega as minhas chaves com a Ju e sai, as poucas pessoas que estão aqui me olham estranho.
- Vamos. - Ela me puxa e quando fomos sair do clube tinha muitos fotógrafos, coloquei meu óculos e seguimos até o carro dela, chegamos no cemitério e o caixão já estava sendo levado para a sepultura, todos me olham e sei que estava com a maquiagem borrada e com roupas de homem, comecei a choras vendo o carro indo até o ponto mais alto do cemitério, chorei muito, vi o irmão da Sophi mas não fui até ele, não acho que eu seja uma boa companhia para alguém daqui em diante.
Ju segurou a minha mão o tempo todo, fiquei desesperada vendo colocar o caixão dentro da sepultura, chorei e gritei, estou me sentindo mais culpada do que nunca. Sai do cemitério sendo segurada pelo Thiago e Ju, fomos para o carro dela e quase uma hora depois eles me deixam em frete ao meu prédio, Pedro está me esperando no portão, está cheio de fotógrafos, saímos do carro e Thiago e Pedro me seguram.
- Me soltem, eu não estou doente. - Eu digo com raiva, todos me olham.- Eu não fiz nada para salvar ela, eu podia ter impedido, era para eu ter ignorado o Jhonatan, foi ele que matou ela. - Gritei para todos ouvirem, Jhonatan aparece, tira os óculos escuro e me encara friamente.
- Pare de me acusar Izabella, eu não fiz nada, só não te denuncio por que sei que está abalada pelo que aconteceu com a Sophi.- Ele diz calmamente, quem o vê falando assim nunca imaginaria o que ele fez.
- Cala a boca Jhonatan! - Eu grito e posso ter quase certeza que estão filmando tudo.- Você não tem o direito de chamar ela de Sophi, você a matou. - Gritei.
- Porque eu a mataria? Não tenho nada contra ela. - Ri sem humor.
- Claro que tem, ela te impediu de me bater. - Todo mundo começou a falar. - Você nunca gostou dela. - Sinto as mãos da Ju alisando meu braço direito.- Ela te bateu com um pedaço de ferro quando descobriu que você me batia - Grito para todos saberem o monstro que ele é.
- Se acalma Bella.- Olho pra ela indignada.
- Me acalmar? Você acha mesmo que vou ficar calma enquanto o assassino da minha ruivinha está solto? Ele é um filho da puta, ele sabe que estou dizendo a verdade. - Fecho os punhos. - Vou te matar seu desgraçado. - Avanço para cima dele, mas alguém me segura.
- Se acalma Bella, é isso que ele quer que você faça. - Escuto a voz do Pedro no meu ouvido direito, choro compulsivamente e minha visão embaça, sinto meu corpo amolecer e peço para Deus que me leve logo.
(...)
Acordo e só vejo branco. - Será que morri? - Olho para o lado e vejo um homem loiro deitado na poltrona lendo um livro, escuto barulho de máquina de hospital.
- Quem.. Quem é você?- Pergunto e o homem loiro me olha e da um sorriso mais amável do mundo.
- Oi querida. - Ele se levanta e se aproxima. - Sou o Benjamim Thompson, o melhor amigo do Rodrigo irmão da Sophi.
- E porque está aqui?
- Rodrigo foi em casa tomar banho e comer alguma coisa, saiu quase agora daqui e seus amigos estão resolvendo as coisas.
- Entendi, eu fiz besteira né? - Ele ri.
- Mais ou menos, digamos que seu show está em todos os jornais e revistas, mas não pense nisso.
- Jhonatan vai me processar?
- Creio eu que sim, depois que você disse que ele batia e só não te bateu mais porque a Sophi não deixou, ele quase foi espancado pelo Thiago e Pedro.
- E quem ligou para vocês?
- Ninguém, eu vi na televisão e resolvi acordar o Rodrigo.
- Não precisavam ter se incomodado. - Ele faz carinho no meu rosto.
- Não foi incômodo nenhum, se eu não tivesse acordado o Rodrigo quando eu vi com certeza ele iria me matar quando acordasse e visse. - Rimos, ficamos conversando sobre coisas banais, o Ben conseguiu realmente me distrair, ele é muito engraçado. Ben me lembrou do meu purpurina Gege, alguém bate na porta e Rodrigo entra, ele sorri sem graça.
- Vou deixar vocês á sós beijos princesa. - Ele beija minha testa e quando passa pelo Rodrigo beija a testa dele também. - Beijos Chuchu.
- Aonde você vai Ben? - Rodrigo pergunta.
- Um amigo meu chegou de viagem hoje, não está conseguindo falar com a amiga dele, vou buscar-ló agora. - Ele diz e Rodrigo ri, ele se senta na poltrona.
- Está se sentindo melhor? - Ele pergunta.
- Estou. - Olho para mão direto dele e vejo os dedos machucados. - Se machucou onde? - Pergunto depois de um tempo.
- O dente do Jhonatan resolveu ter um encontro com o meu punho. - Ele diz e olho surpresa.
- Você bateu nele? - Pergunto um pouco alto demais.
- Foi só três socos, os seguranças não deixaram mais e não me olha assim não porque você queria matar ele. - Ele dá de ombros e eu rio.
- Ainda quero. - Digo. - Me empresta seu celular? Preciso ligar para um amigo. - Ele tira o celular do bolso.
- Claro. - E me entrega, disco o número, no terceiro toque ele atende.
- Gege falando. - Ele diz e sinto vontade de rir.
- Oi Gege, sou eu a Bella. - Ele grita.
- Menina aonde você tá? Eu vi o barraco pelo celular, me desculpa por não conseguir chegar a tempo, o avião atrasou. - Ele começa a falar.
- Calma Gege, vai para minha casa, na planta do lado da porta tem uma chave reserva, coloca comida e água para Pandora e se for possível leva ela pra passear um pouco.
- Ok florzinha, mas aonde você ta?
- Estou no hospital.
- Ai meu Deus dos deuses gostosos, vou ir ai quando terminar de passear com a Pandora, beijos florzinha, eu te amo, você é a mulher da minha vida.
- Também te amo Gege, você é o homem da minha vida. - Desligo e estendo a mão que ta o celular para Rodrigo.
- Obrigado. - Agradeço e ele pega o celular da minha mão.
- De nada, ele é seu namorado?
- Não, ele é o homem da minha vida. - Eu digo e ele sorri.
- Vocês vão casar? - Ele pergunta curioso e eu gargalho.
- Não. - Ri. - Ele é meu melhor amigo.
- Já fiquei com duas melhores amigas. - Ele diz e arqueio as sobrancelhas para ele.
- Você é pegador né.
- Não sou pegador, mas consigo as que eu quero. - Reviro os olhos.
- Você se acha demais e o Gege é gay. - Ele ri.
- Era para ter imaginado pelo nome. - Ficamos um tempo conversando e alguém entra desgovernado pela porta e se joga em cima de mim, sinto o cheiro de lavanda e posso ter certeza que é o Gege.
- Gege você vai me matar. - Eu digo com falta de ar e o moreno me solta olha no meu rosto e começa a chorar. - Não chora meu amor. - Seco as lágrimas dele.
- Não me manda parar de chorar. sei que você ta chorando direto.
- Tudo vai melhorar. - Digo e Rodrigo pigarreia e Gege olha para ele.
- Meu Deus dos deuses gostosos, você é mais bonito pessoalmente. - Ele vai para até Rodrigo e estende a mão para ele. - Gege Souza. - Rodrigo sorri divertido e aperta a mão dele.
- Rodrigo Galvão.
- Querido eu sei seu nome, tenho várias fotos suas no meu celular. - Ele diz e nos três gargalhamos, o doutor entra e diz que já vai me dar alta e que logo uma enfermeira virá retirar as agulhas do meu braço. A enfermeira entra e começa a babar pelo Rodrigo, Gege e Ben, Eu comecei a rir e antes dela sair piscou para Gege, gargalhamos quando a porta se fechou.
- Avisa para bruaca que dá fruta que ela gosta eu chupo até o caroço por favor? E a única mulher na minha vida é a Bella? - começamos a rir.
- Vamos? - Ben pergunta e assinto.
- Gente cadê minhas roupas? - Gege pega uma bolsa roxa que estava no chão.
- Eu imaginei que ninguém trouxe roupas e tomei a liberdade de mexer nas suas coisas. - Me entrega a sacola e vou para o banheiro que tem no quarto, coloquei a lingerie, a blusa de manga cumprida vermelha, uma calça jeans e um salto fino, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e sai do banheiro, os meninos estavam conversando e se calaram quando me viram.
- Está linda. - Rodrigo diz.
- Eu sou linda. - Pisco para ele e todo mundo ri. - Vamos logo por favor. - Puxo Gege pela mão e saio do quarto, paramos na recepção para tirar a pulseira de identificação, saímos do hospital.
Paramos em frente a dois carros, um branco e outro preto que tenho certeza que é o meu.
- Como meu carro veio parar aqui? - Pergunto.
- E como o meu veio parar aqui também? - Rodrigo pergunta.
- Ben pegou o do Rodrigo e eu o seu. - Gege explica.
- Entendi. - Eu digo e Rodrigo dá de ombros.
- Tchau princesa. - Ben me abraça e me enche de beijos no rosto e eu rio.
- Tchau Ben. - Digo rindo, ele se despede do Gege e cada um vai para o carro.
- Tchau Rodrigo e obrigado por ter se preocupado comigo. - Aperto a mão dele, mas ele me puxa para um abraço.
- Você ainda vai me ver muito, vou ficar no Brasil e vou cuidar de você e Pandora. - Ele beija a minha testa e entra sorrindo no carro branco, Gege buzina e entro no banco do carona.
- O que foi? - Ele pergunta saindo do estacionamento.
- Ele vai ficar no Brasil. - Eu digo e Gege ri.
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