Capítulo Dez

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Rodrigo Galvão

A noite foi cansativa, mas valeu a pena, descobrimos aonde eles estão. Principalmente depois que uma enfermeira ligou avisando que estava trabalhando em uma casa em que a mulher do dono está em coma e que ele mantinha relações sexuais com ela. A descrição da mulher em coma parecia com a da Izabella e fomos lá, assim que chegamos a casa era grande, e ele tinha ido para sala ver o que estava acontecendo. Entramos pela cozinha e quando estou parado olhando em volta e alguém esbarra em mim, viro-me e dou de cara com o idiota. Sinto tanto ódio, que lhe dou um soco no rosto, Jhonatan até tenta revidar mas além de desviar, acerto outro no queixo e ele desmaia.
Ouço o choro de alguém, e corro para ver a Bella, ao chegar no quarto me deparo com uma cena bem deprimente, Bella estava deitada na cama, vestida com uma camisola sexy, está pálida, o rosto sem vida, ligada a vários aparelhos, Gege e Ben choram muito. Estou fazendo de tudo para não voltar para sala e matar aquele filho da puta. Seguro a mão dela, e está gelada, tão frágil, depois vejo uma senhora entrar no quarto chorando, ela aplica alguma coisa na veia da Bella e cochicha algo no seu ouvido, chora e faz carinho nela.
Alguns minutos depois escutamos barulhos de sirene e tenho certeza ser a ambulância,  ela se concretiza quando os paramédicos entram correndo com uma maca no quarto, e começam a conversar com a Marta. Um paramédico pede para nos retirarmos do quarto, sendo assim fomos para a sala e eu fico observando, o lugar cheio de porta retratos deles, a maioria tirada esses dias, pois ela está com os fios ligados ao seu corpo. Será que ele pensou que ela estava acordada?
Passam com ela na maca e pedem um acompanhante, decido ir, pois Ben e Gege não estão em condições. 
Entro na ambulância e eles começam a checar todos os sinais vitais dela, não demorou muito para chegarmos no hospital. Me pedem para ficar na sala de espera.
Já havia se passado duas horas e não tive notícia nenhuma da Bella, estava sentado mandando mensagens para Ben que está no veterinário com Gege e Pandora, quando a enfermeira que estava na casa se aproxima sorrindo.
- Sr. Galvão? - Me levanto. - O doutor está vindo para te dar notícias.
- Pode me chamar de Rodrigo. - Sorrio para mulher que tanto cuidou da minha bailarina. Um médico alto, aparentemente forte e negro se aproxima de nós dois, posso dizer que sinto uma pontada de ciúmes por ser ele que cuida da MINHA bailarina.
- O Senhor que é o noivo da paciente Izabella? - Ele me pergunta, e automaticamente digo sim.
- Sinto muito pelo que ela passou, daqui a pouco ela deve acordar. Ela está grávida e em caso de estupros pode ser feito o procedimento de aborto. - Me sento e vejo tudo rodando.
- Grávida?! 
- Sim.
- Pode ser meu. - Marta se senta do meu lado e o médico sai, ela acaricia minhas costas e sorri.
- Um bebê sempre é uma bênção, querido.
- Eu vou ser pai, eu vou ser pai. - Repito tentando me convencer disso.
- Sim querido, você vai ser pai e espero que não a convença a tirar o bebê, porque talvez seja do Jhonatan, e esse bebê não tem culpa do que aconteceu.
Olho para a senhora que está acariciando minha cabeça de forma carinhosa e cheia de afeto,  olhando para ela percebo o quanto deve ter sofrido para ter tamanha sabedoria em um momento desses.
- Não vou pedir para ela abortar, jamais pediria isso, não sei nem como ela vai reagir quando descobrir. - digo imaginado sua reação.
- Querido tenho total certeza que ela vai ficar espantada, afinal ela estava desacordada por dias.
- Pode me contar o que aconteceu?
- Claro... Em uma tarde, no primeiro dia que ele a raptou fomos chamados, quando cheguei ele tinha dado banho nela, mas os braços e a cabeça ainda estavam sangrando. Ela havia tentado se matar cortando os braços, mas acho que como perdeu muito sangue desmaiou e bateu a cabeça. Eu sei que ele estuprou ela. Depois me contratou para cuidar dela, eu induzi ela com remédios a ficar em coma, para ajudá-la, mas ele surtava, conversava sozinho, batia nela, a estuprava. Então comecei a conversar com ela, às vezes ela se mexia, por isso sei que ela me ouvia. - Ela dizia com lágrimas nos olhos.
Me sinto um lixo por não conseguir proteger a Bella.
Já se passaram duas horas e nada dela acordar, vejo Marta vir saltitante e com um enorme sorriso no rosto.
- Ela acordou querido, estávamos conversando já faz uma hora, desculpa não ter avisado antes. - Diz sem graça.
- Tudo bem Marta. - Sorrio compreensivo. - Ela já sabe?
- Sabe de quase tudo, achei melhor você contar da gravidez.
Assinto e dou um beijo na testa da senhora baixinha, ando até o quarto da Bella e bato na porta so por questão de educação, mas se ela não me respondesse eu iria entrar de qualquer forma.
Entrei e ele estava olhando para o teto, sei que está pensando em tudo que aconteceu, ela me olha e solta a respiração, me aproximo.
- Como você está?
- Além de muita dor e ardência por causa dos machucados que aquele louco me fez? Sinto muita fome, estou confusa, irritada, e triste. - a interrompo. - Já entendi.
- Eu não entendo o porquê disso tudo, nunca fiz nada de mal a ele.
- Bella, a questão não é se você fez mal a ele ou não, ele é louco, e não precisa ninguém fazer mal para ele.
Ela chora baixinho e eu acaricio seus cabelos. Olho para a sua barriga e fico imaginando como vai ser daqui para frente.
- Bella tenho uma coisa para te contar. - Ela me olha atenta.
- Você está grávida. - Ela passa a mão na barriga e me olha atônita.
- Não... Não pode ser.
- Pode...
- Jhonatan é o pai? - Ela começa a chorar.
- Não sabemos.
- Eu vou abortar. - Sustento o nosso olhar.
- Você não vai abortar, tem chance do seu filho ser meu.
- Eu não quero um filho seu. - Olho assustado para ela. - Não, eu não vou querer, quero que você vá embora!
- Eu não vou ir embora.
- SAI DAQUI! - Ela grita, e o médico entra pedindo para eu sair. Saio de lá me sentindo pior ainda.
Gege e Ben estavam na recepção.
- Já estamos sabendo. - Ben disse.
- Ela vai abortar...
- Não, ela não vai, se acalma. - Ben tenta me acalmar.
- Ela não quer nem que o bebê seja meu. - Eu digo, me jogo na cadeira e começo a chorar.
- Ela não vai abortar, eu tenho certeza disso. - Gege pela primeira vez se pronuncia, e olho para ele. - Ela não tiraria nem se fosse do Jhonatan.
- Como você sabe?
- Eu simplesmente sei.
- Mas... -  Ele me interrompe.
- Vai para casa, eu fico com ela, mando notícias.
Ele vai para o quarto da Bella. Enquanto eu e Ben seguimos para casa, ao chegar tomo um banho. Ligo para Daniela contando tudo que aconteceu e agradecendo, ela pediu para marcar um almoço ou jantar para conhecer Gege, Bella e Ben, e eu disse que tentaria e logo após desligamos.
Chego em meu quarto e tinha uma carta em cima da cama, e depois Ben aparece.
- Chuchu, a Sophi deixou mais uma carta. - Ele diz e sai, pego a carta, me sento e abro.
"Oi irmão, sentiu minha falta?
Vim te comunicar que você irá se mudar, sabe a mansão que a Bella e o Gege provavelmente estão morando?
Ela também é sua e do Gege, arrume suas coisas e vai para lá.
Amo vocês, beijos.
Sophi Galvão Maravilha. "
- Ben! - Gritei, e ele vem correndo. Estendo a carta ele, quando termina de ler, pega o envelope e tira duas chaves que provavelmente são as cópias da mansão.
- Vamos nos mudar ou não? - Ben pergunta.

Surpresas do Destino (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora