Hoje foi um dia normal como outros dias normais, estava frio e o ar percorria toda a atmosfera deste quarto, a casa é grande, mas me sinto melhor aqui, às vezes fico sozinho, outras vezes alguém vem me visitar e tomamos um café, mas não fico enclausurado o tempo todo, gosto de sentir o ar lá fora e eu não sou uma pessoa solitária, gosto de conviver com outras, acredito que é desta forma que a gente vai amadurecendo, viver numa bolha não tem graça nenhuma, não é?
Dia desses, eu estava andando pelas ruas desta cidade, falei com alguns conhecidos, ri um pouco, foi bom tê-los encontrado. Quando encontramos pessoas que nos faz bem o dia se torna melhor a cada momento, eu sei que isso acontece com vocês, falo "vocês", pois sei que tem muita gente me ouvindo, podem me ouvir? Sei que estão ouvindo, certamente quando temos algo bom pra falar várias pessoas param para escutar nossas vozes.
Sabe, a cada hora que passa vários questionamentos veem à nossa mente, nem sempre temos a resposta para todos eles, essa é a parte divertida da coisa, não teria muita graça se tivéssemos todas as respostas prontas ali diante de nós, é isso que nos faz querer andar pra frente, rever nossos horizontes, esboçar sonhos e permanecer esperançosos. Essa conversa de que a esperança está perdida é papo de quem não quer saber de nada e tem preguiça de saber. Vida vazia só tem quem não deseja ser cheio.
Não pensem que vou enrolar vocês antes de começar a falar o que desejo, este é apenas um momento para nossa reflexão, vocês podem estar se perguntando sobre o que estamos refletindo, respondo que é uma reflexão sobre nós mesmos, de antemão já aviso que não tem nada a ver com aquelas coisas de autoajuda, isto está fora de cogitação, também, nem acredito naquelas coisas que eles falam somente pra poder deixar seu leitor numa realidade que quase não existe, vamos ser sinceros aqui, aquilo escrito tem 100% de ser algo proveitoso? Não! Absolutamente não. Talvez aqui também não tenha.
Mas não vamos perder o foco, prestem atenção no que vou falar agora: Verifiquem o excesso e também o que tem de menos. Equilibrem-se.
Como falei antes, hoje foi um dia normal como outros dias normais, mas ele não deixa de ser especial, hoje foi e é o dia em que o ar percorria a atmosfera do meu quarto, sim, sei que já falei isso, mas quero enfatizar que hoje foi e é o dia em que comecei a ter um ponto de coragem para poder falar o que estou falando, acho que vocês sabem como é difícil descrever algumas coisas importantes que acontecem em suas vidas, independente se é triste ou feliz, digo que tive coragem, por que eu não tinha certeza se deveria contar até a hora que fui caminhando pelas ruas desta cidade.
Fui refletindo como éramos felizes naqueles velhos, quer dizer, não tão velhos tempos, nós sorriamos mais que agora, comecei a refletir os porquês de sorrir mais do que antes, será que perdi alguma coisa de lá pra cá? Acho que sim, mas não a vontade de viver e de sorrir. Acredito que eu e meus amigos éramos mais sonhadores do que antes, mas não deixamos de sonhar por um minuto, eu era bem pé no chão, mas idealista, era um jovem cheio de fôlego, não tínhamos dinheiro, tínhamos a nós mesmos e nossos sonhos em que nos segurávamos com vigor e satisfação.
Eu era um dos mais novos, vivia em Nuremberg desde criança, tive uma boa infância, mas não tinha tantos amigos quanto tive na juventude, com eles fui entendendo tanta coisa que trago até hoje no bolso do meu casaco, as lembranças foram se formando e se firmando em minha mente, eu não vou escondê-las de vocês, pois estou escrevendo todas estas linhas com um objetivo, algo que pra mim se torna grandioso a cada frase que vou esculpindo nesta folha, talvez alguns de vocês vão ler quando estas folhas estiverem amareladas, não sei quando estas palavras chegarão aos seus olhos, espero que breve e quando chegar, espero que elas sejam boas companheiras e que vocês a levem pra passear, sei que vocês e elas, as letras, serão ótimos amigos.
Como havia dito antes, eu estava andando pelas ruas, lembrando como eu tinha vivido digamos que meus melhores dias. Era tudo tão firme, nossas vidas, nossos amigos... Hoje estamos afastados, coisas acontecem sem esperarmos, mas cada acontecimento é algo a ser levado em consideração.
Estou tentando captar cada momento, sério! Não quero deixar nada escapar, foram anos bons que precisam ser redescobertos, sentidos novamente, pelo menos por mim e quero dividir esta sensação com cada um de vocês que já considero meus amigos, íntimos até, por que estou contando coisas pessoais, sendo que este livro não se trata exatamente de mim, vocês saberão em breve do que e de quem se trata.
Estou com uma xícara de café aqui do lado, é uma boa companhia quando escrevo, na verdade estou meio que imitando alguns escritores, eles sempre falam sobre café quando escrevem, quero me sentir como eles, apesar de não me considerar escritor de coisa alguma, sou apenas alguém que deseja falar algo para o máximo de pessoas possível, não estou tentando ser prepotente aqui, claro que se muita gente me ouvir será muito bom pra mim, serei grato eternamente por isso.
A vida é uma caixinha de surpresa, em alguns momentos passa a ser uma caixinha de Pandora, parece que todos os males estão a solta ao mesmo tempo e muita coisa ruim vai acontecendo no nosso dia, ou talvez seja Murphy aplicando sua lei aleatoriamente para dar sentido a algumas ocasiões.
No que tange a minha fala sobre todas estas coisas que vocês já ouviram ou leram, digo que tudo que falei até aqui vai fazer sentido logo menos, pois é necessário estar falando para que vocês entendam onde quero chegar.
Minha coragem é ter que relembrar tudo, sei que deixarei escapar uma coisa ou outra até propositalmente pra não explicitar tudo que aconteceu, espero que vocês me entendam. Relembrar tudo é um pouco doloroso, digo que não é uma história triste, mas em alguns momentos a tristeza estará sondando nossos passos, quem nunca teve um dia triste que atire o primeiro lenço de papel, quem nunca chorou até por motivos banais que suas lágrimas sequem, pois não são dignos delas.
Sabem aqueles questionamentos que falei lá em cima? Eles estão sondando minha cabeça agora neste exato momento, meu quarto está vazio, somente eu que componho um pouco de vida e dou um aspecto de ternura para ele, sim sou um cara legal, algumas pessoas podem me achar um cara fofo, mas só aceito ser chamado assim por alguma menina, soa melhor, não acham?
Parece que as palavras estão flutuando sobre a tela do meu computador e se formando gradativamente sem que eu precise parar para digitá-las.
Talvez este seja o prólogo mais chato que vocês já leram na vida, se quiserem podem pular diretamente para o primeiro capítulo, eu não me importo, talvez este seja o prólogo mais admirável que vocês já leram, fico feliz por isto. Sinceramente estou falando estas coisas para me preparar para falar o que devo dizer, pode até parecer algo banal, mas para mim os acontecimentos foram muito importantes, desde sua chegada até sua...
Desde quando conheci uma pessoa que me deu certa vontade de viver, despertou em mim um pouco de vitalidade, esta vitalidade que me ajuda a compor meu quarto, meu café está esfriando, espera um pouco que vou pegar um pouco mais... Pronto, já enchi novamente minha caneca do Star Wars, um dia mostro a vocês. Aprendi a tomar café com ele, na verdade já gostava de café, mas não sabia apreciar como uma boa bebida, lembro que certa vez fomos à um Café, não vou falar o nome, para não fazer propaganda, mas foi neste dia que provei o melhor café expresso que já bebi na vida, foi uma experiência boa, apesar de eu estar tomando café só para poder me sentir como os escritores. E aqueles questionamentos não param de reluzir em minha mente, tantas palavras que parecem desconexas estão se formando diante de mim, Theodor uma vez me disse que isto aconteceria de alguma forma, e eu viria o mundo por um outro ângulo, hoje tenho pouco mais de trinta anos, tenho um filho e uma esposa maravilhosa, neste momento eles estão ali na sala assistindo um programa que eu não me interesso, sei que eles estão rindo demais, mas meus amigos e minhas amigas, vou parar de falar de mim, pois isto não se trata da minha pessoa, acho que vou repetir isto mais abaixo, porém eu sei que os meus questionamentos podem ser os mesmos que os seus, os quais foram do meu amigo Theodor,é sobre ele que este livro se trata, é sobre o que aconteceu em sua vida e consequentemente na minha também. Sobre os questionamentos que insistem em absorver meus pensamentos, eu deixo para cada um de vocês responderem a si mesmos, por favor, sejam sinceros e me respondam estas perguntas, sei que farão com maestria assim como ele fez.
O que fazer quando perdemos o rumo e não sabemos para onde ir? Qual caminho tomar?
Essa pergunta se firmou em sua mente, ele não tinha uma resposta concreta, apenas desejava viver aquilo que lhe fora outorgado.
É incrível como nossas vidas tendem a mudar de uma hora para outra, não sabemos a intensidade da mudança, mas temos que seguir em frente assim como ele fez, realmente eu não sei bem como ele conseguiu se superar diante de tanta dificuldade que lhe cercava, de tantos pensamentos negativos que se lançavam sobre seus neurônios, lembro que às vezes o via andando devagar de cabeça baixa, olhando apenas para o chão acompanhando os passos que dava, sua visão era turva, mas ainda conseguir enxergar um pouco além daquilo que normalmente se vê.
Foi uma época boa, porém uma época densa em alguns momentos. Realmente não sei como ele conseguiu superar diante de tanta dificuldade que lhe cercava, talvez você esteja se perguntando o motivo desta minha falta de crença, mas digo que não é ceticismo, mas é apenas admiração, pois vi alguém ser alguém antes de ser alguém, e este alguém sabia que era alguém antes de lhe dizerem que era.
Nós temos uma triste mania de não olharmos para o essencial, enxergamos muito a parte superficial das coisas e das pessoas, por fim nos deparamos com um iceberg e não sabemos o que fazer, somente batemos com nossa falha embarcação sem leme. Mas sabemos que é gratificante quando o outro nos vê como somos de fato, na verdade é muito difícil de acontecer, pois ninguém conhece outra pessoa como ela realmente é de fato, mas conseguimos ter uma bela ideia e isso que nos faz viver melhor em convívio.
Eu sei que tudo que vi e acompanhei sobre o que vocês passarão a ler pode ser um pouco chato em algumas partes, eu não sei realmente contar uma história sem me perder em algum ponto, porém eu digo que consigo chegar nos melhores pontos e as melhores partes eu sei bem como desenvolvê-las, abro o jogo com todos vocês, esta não é a melhor história que já vi, mas de certa forma ela me prendeu, prendeu por sua simplicidade, entendem?
Espero que entendam sim!
Eu sei que estou dizendo, pois fui testemunha ocular, mas vou me ocultar nos momentos, não sou tão importante e não focarei em mim em nenhum momento, talvez em um ou dois possa citar meu nome ali ou aqui, mas que importância tenho diante de tanta coisa a ser mostrada?
Eu tenho certeza de que minhas mãos tremem enquanto escrevo e até mesmo vem uma lágrima querendo se suicidar, mas eu aviso que ainda não é seu tempo, não chegou seu momento de me deixar os olhos.
Eu lembro de como tudo começou e como tudo terminou, não vou falar o final aqui agora obviamente, não é tão interessante começar uma história pelo seu final. Pensei bastante se me caberia mostrar ao mundo como tudo ocorreu, demorei bastante tempo para analisar todos os pós e contras, também queria eternizar a memória do meu amigo, um dos meus melhores amigos, ele não considerava ninguém como melhor amigo, tinha vários melhores amigos, só que nenhum deles ficava no topo do ranking, ele achava melhor desta forma, não lhe dava tanto trabalho para poder ficar agradando, era menos pesaroso pra esse jovem rapaz, talvez vocês estejam curiosos, talvez nem tanto, mas vou ser sincero, foi uma das pessoas mais intrigantes e gentis que conheci, também uma das mais preguiçosas, mas talentosas também, eu disse que não iria falar de mim, mas digo que ele, Theodor, foi uma referencia não só para mim, mas principalmente para mim. Só para deixar claro, não estou endeusando e nem mesmo colocando- o em um pedestal, apenas estou reconhecendo no que fui ajudado nada mais que isso. Voltemos ao assunto... Em determinados momentos senti que ele iria desabar, sério, sua vida não era a pior, mas também não era das melhores, tinha uma família boa que lhe apoiava em algumas coisas, como em outras vezes desacreditava em seu potencial, não os culpem, só peço isso a vocês.
Enquanto escrevo meu café esfria, estou escutando Pink Floyd para tentar amenizar a ansiedade e de certa forma tentar me concentrar, toda hora alguém vem aqui no quarto perguntar alguma coisa, conversar ou me chamar para ver o que está acontecendo lá fora, parece que nunca vou terminar de escrever e vocês nunca vão ler este livro, mas vou me dedicar ao máximo nos fatos para que possa ficar o mais fiel possível, talvez eu exagere um pouco em algumas partes somente para dar mais emoção, prometo que não farei ninguém chorar. Mentira! Não prometo nada disso, quero que sintam a intensidade do acontecido, desejo que conheçam melhor meus personagens prediletos. Nuremberg era muito boa em nossa época, não nos conhecemos desde a infância, mas era isso que parecia, ele era um sonhador, acreditava que ainda seria famoso por alguma coisa que iria fazer, tinha a mesma ambição de um peixe que nadava contra a maré que tentava lhe tragar, mas sempre iria em frente mesmo com tantas dificuldades que sobrepunham seus ombros que eram um tanto fracos.
Depois de todas essas informações que passei, gostaria de pedir somente uma coisa a vocês, não é nada demais, juro! Gostaria que prestassem atenção nos mínimos detalhes de suas vidas, eles fazem toda a diferença, podem acreditar.
aotyx!