Estou olhando pra ela feito um retardado.
Não consigo evitar. Rose é... linda. Não tem outra palavra. E o jeito como o rosto dela brilha de animação enquanto ela tagarela sobre as suas peças preferidas, toda iluminada pelas luzes dos outdoors, me dá vontade de só parar ali no meio daquela praça e beija-la até nenhum de nós conseguir mais respirar.
Mas sigo escutando o que ela fala, e rindo das suas expressões animadas, e quando dou por mim, já chegamos ao café.
É um lugarzinho simples, quase na esquina, tão simples que quem nunca entrou nem pensaria em conhecer. Peço um café e um waffle como sempre faço, e sento no balcão mesmo com Rose ao meu lado, me sentindo o cara mais sortudo naquela única noite. Posso dar azar a vida inteira, e ainda assim esse único dia terá compensado.
E como!
- Mas afinal, o que você estava fazendo no Brooklyn no meio da chuva numa sexta-feira à noite? – ela pergunta, de repente, se ajeitando no banco.
- Eu tinha ido visitar um amigo meu. – coço a cabeça, me perguntando se deveria entrar em detalhes. Por algum motivo, resolvo que sim – Meu ex-cunhado, na verdade. Ele é meu melhor amigo.
- Oh. – ela franze o cenho – E como é isso? Tipo, ainda ser amigo dele depois de...
- É esquisito. – dou de ombros. Nunca falei sobre isso com ninguém até agora. Ninguém nunca tinha me perguntado – Eu não consigo olhar pra ele sem lembrar dela. E ele ainda acha... – paro de falar. O que eu estou fazendo, pelo amor de deus?
- Ainda o que? – ela me pergunta, e vejo que realmente está interessada, como se desse o mundo pra saber o que não estou querendo falar. Exalo devagar. Mas que inferno.
- Ele ainda acha que nós podemos dar certo. – falo, sem olhar pra ela, e muito grato pelo café ter acabado de chegar.
- E podem? – ela pergunta, propositalmente distraída pelo próprio café.
- Nem por um minuto. – respondo categoricamente. E ali está, bem no canto do lábio dela, pequeno o bastante pra passar despercebido, grande o suficiente pra que eu note; um sorriso.
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