Quando encontrei você - Livro...

由 autorarearaujo

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Quatro anos. Esse foi o tempo que Eduarda ficou em coma após sofrer um grave acidente de carro. Assustada e s... 更多

Prólogo
Acordando
Começando do zero
Voltando para casa
Retornando ao Brasil
O casamento de Kadu
O encontro
Ele é o meu médico
Doutor Victor
O convite
Saindo com Davi
Tarde no shopping
Um sábado perfeito
O passado de Eduarda
Surpresa no sítio
Beijo com gosto de algodão doce
Depois do beijo
Se entregando ao amor
Indicações
Eu digo sim
Instinto protetor
As promessas de Victor
Ela transformou-se em meu mundo
Os primeiros passos
Entrega perfeita
Namorada
E o passado começa a voltar
Indo às compras
A briga
Reconciliação
O jantar de aniversário
Visita inesperada
A preocupação de Eduarda
O almoço com Verônica
Conversa séria
Conhecendo os amigos de Victor
Segredos
Enfrentando o pai
Armadilha
Seria o fim?
Dividido
Manchete
Conversa definitiva
A escolha
A verdade sobre o acidente
A verdade sobre o acidente
A última jogada
Um novo recomeço
Epílogo
Minhas Obras

Iniciando do zero

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由 autorarearaujo




Eduarda

Acordei com o barulho da minha mãe abrindo as janelas. A claridade irritou um pouco os meus olhos e pisquei algumas vezes para me acostumar. Eu tinha ficado até tarde lendo Orgulho e Preconceito, ao qual eu deveria ter terminado, mas a leitura é tão envolvente que quero demorar ao máximo para concluir.

— Eu sei que você deseja dormir mais um pouco, mas já são quase nove horas e se bem me lembro, Victor marcou com você ás dez. E se pretende tomar seu café sem pressa, acho melhor se levantar.

— E precisa abrir todas as cortinas para me acordar? Bastava me chamar – falo enquanto tento me sentar na cama.

— O seu quarto precisa entrar um pouco de sol, e você também. Está muito branca.

Reviro os olhos.

— É que esqueceram de me levar para tomar sol enquanto eu estava em coma – falei rindo.

— Fico feliz que tenha acordado de bom humor.

— É um outro lado que está voltando ao normal, só falta as minhas pernas pararem de serem preguiçosas.

Minha mãe olhou para mim por um instante antes de voltar a falar.

— Fico muito feliz que você esteja reagindo assim após o acidente.

— Vai adiantar alguma coisa ficar me lamentando?

— Acredito que não...

— Então vamos pensar apenas na minha melhora daqui para frente. Depois que o doutor Victor for embora, quem sabe eu não vá para a piscina...

— Por que você o chamar de doutor?

— É o que ele é – falei sem dar muita importância.

Minha mãe me olha por alguns segundos e depois volta para as cortinas.

— Vou abrir as janelas, aqui ficou muito tempo fechado... Quer ajuda para se levantar?

— Não obrigada, acho que já consigo fazer isso sozinha. Pensou sobre o assunto de me transferir para o quarto de baixo?

— Sim, e ainda acho que você deveria ficar aqui...

— E depender dos outros? Não obrigada. Contrate uma equipe para que cuide de tudo. Quero poder circular pela casa sem ficar pedindo para alguém me ajudar.

— Mas querida...

— Sem discussão mãe, ok? Que tal agora me ajudar com minha roupa. Quero algo confortável para estar apresentável para o doutor Victor.

— Sinto que você está implicando com o Victor.

— Sente? E por que acha isso?

— Não sei. Ele parece ser uma boa pessoa, um bom pai, um excelente profissional, mesmo depois de tudo o que aconteceu com ele.

— O que aconteceu com ele?

— O pobre coitado perdeu a esposa e segundo filho em um acidente de carro – minha mãe disse enquanto revirava meu guarda-roupa.

— O que disse?

Minha mãe puxou uma legging e olhou para mim.

— Que tal esse? Acho que ainda serve...

— Odeio a cor azul...

— Desde quando? Era sua preferida.

— Meu pai dizia que era minha cor preferida, mas voltando ao assunto do doutor Victor, como foi o acidente?

— Não sei muitos detalhes, apenas que um carro entrou na contramão e bateu de frente com o carro da esposa dele. Depois disso, ele foi embora do país e não quis mais voltar.

— Mas está aqui agora.

— Por você.

— Por mim? – perguntei incrédula.

— Ele fez um excelente trabalho com seu irmão, então eu entrei em contato com ele e entramos em um acordo.

— Que acordo?

— Ele cuidaria de você e em troca eu encontraria a pessoa que causou o acidente.

— A polícia não descobriu o culpado?

— Até parece que não conhece a justiça do nosso país.

— E como a senhora pretende fazer isso?

— Vivi muito tempo com seu pai. Tenho meios de conseguir algumas informações.

— Mãe...

— Fique calma. Quando fiz a proposta estava pensando em você.

— E ele concordou com isso? Sem fazer perguntas?

— Victor não vai conseguir seguir em frente sem saber quem foi o responsável.

— Olhando para ele, não parece alguém que esteja procurando justiça.

— Ele nem sempre foi assim. E como você ficaria se alguém importante na sua vida fosse tirada sem aviso prévio? Ele esconde toda sua tristeza por conta do filho e do trabalho.

Minha mãe voltou para o guarda-roupa a procura de outra roupa.

— Você deveria tentar ser mais gentil com ele.

— E desde quando não fui? – perguntei enquanto sentava na cadeira.

Minha mãe me olhou séria.

— Quer mesmo uma resposta para essa pergunta?

Como não respondi, ela voltou a revirar minhas roupas.

No final, acabei vestindo um short de lycra preto. Facilitaria nos exercícios. Coloquei um top preto e uma regata cinza por cima. Estava terminando o café quando fomos avisadas que Victor havia chegado.

— Bom dia Victor, aceitar tomar café conosco?

— Bom dia Eliza, Eduarda... Obrigado, mas já tomei café.

— Uma pena. Mandei preparar a área da piscina para que vocês usem o espaço.

— Ótimo, vou para lá e aguardarei até que Eduarda esteja pronta.

— Já estou pronta, podemos ir – falei afastando minha cadeira da mesa.

— Vou aproveitar e ir até a cidade cuidar de algumas coisas pendentes. Devo estar de volta em duas horas no máximo. Fica para o almoço?

— Não sei, tenho alguns casos para avaliar...

— Faça um esforço para ficar. Essa casa ficou muito vazia depois que os gêmeos saíram e Eduarda precisa de alguém além de sua mãe aqui para conversar.

— Mãe, se o doutor Victor diz que não pode ficar, não devemos insistir, além do mais, sobre o que conversaríamos? Fiquei anos dormindo, não saberia como interagir.

Olhei para Victor e ele pareceu concordar comigo. Nenhum dos dois parecia que iria ficar a vontade.

— Outro dia quem sabe?

Minha mãe era insistente.

— Claro. Outro dia...

— Preciso ir agora. Qualquer coisa é só chamar um dos empregados. Até mais tarde querida – disse me beijando o rosto e saindo da sala de jantar.

— Peço desculpa pela minha mãe. Ela não costuma agir assim.

— Tudo bem. Sua mãe é parecida com a minha, acha que somos adolescentes e que precisamos de ajuda.

Eu ri. Ele também, mas seu sorriso parecia forçado, ou eu estava imaginando.

— Posso ajudá-la com a cadeira?

— Eu recusaria, mas o caminho até a piscina é um pouco longo.

Quando chegamos à piscina, uma cama improvisada havia sido montada à sombra. Ao lado havia uma bandeja com uma jarra de suco e frutas.

— Acho que sua mãe pensou até nos detalhes.

— É, parece que sim. Por onde vamos começar?

— Vou fazer alguns exercícios com suas pernas e depois podemos aproveitar a piscina e nadar um pouco.

— Nadar? Você está brincando? Como vou nadar sem as minhas pernas?

Ele olhou para mim e depois para a piscina.

— Confie em mim, você vai conseguir.

— Está me pedindo demais. Não o conheço o suficiente para isso – tentei soar séria.

— Serei seu médico por um bom tempo, vai ter que confiar em mim.

— Devo concordar que você tem razão, mas nada de piscina hoje.

— Vou aceitar sua negação apenas por hoje – disse gentilmente – agora vamos ao trabalho.

Victor me ergueu e me colocou na cama sem se preocupar se eu questionaria ou não. Pensei em reclamar, mas por um breve e estranho momento gostei de sua ação.

Fiquei deitada olhando para seus movimentos enquanto ele se concentrava no seu trabalho. Ele era o tipo de pessoa que levava seu trabalho muito a sério.

Eu desejei apenas sentir o suave toque de suas mãos, mas era como se ele estivesse tocando outra pessoa e eu fosse apenas a telespectadora.

— Sua mãe me falou que você deseja trocar de quarto.

— Ela não está muito de acordo com isso, mas não vou desistir.

— Por que quer isso? Acha que não vai voltar a andar novamente? – perguntou me olhando agora.

— Não sei, mas enquanto tentamos, não quero ficar dependente dos outros. Não quero ser tratada como uma inválida ou algo parecido.

— Acreditaria se eu dissesse que você vai voltar a andar?

— Os médicos dizem o que os pacientes querem ouvir – suspirei – mas não se preocupe, já perdi muita coisa, perder o movimento das pernas seria como pagar uma dívida por tudo o que eu fiz.

— Falando assim até parece que cometeu algum crime – disse enquanto dobrava meu joelho e abria-o de novo.

— Não matei ninguém, se é com isso que está preocupado – eu ri.

— Acredito que você não seria capaz de matar alguém, pelo menos não proposital.

— Como pode ter tanta certeza sobre isso?

— Seus irmãos não são assim, embora Kadu tenha um histórico de confusões.

Victor trocou de perna e fez o mesmo movimento.

— Sou a mais velha, posso ser a ovelha negra da família.

— Teria motivos para isso?

— Conhece meu pai?

Victor juntou as duas pernas e fez o mesmo movimento ao mesmo tempo.

— Tive um breve momento com ele.

— E que o achou dele?

— Um homem sério e decidido.

— Acrescente na sua lista, um manipulador e adorador do poder. Isso poderia resumir no meu lado ovelha.

— Parece que vocês não se dão muito bem.

— Você está certo. Por um lado agradeço por ter dormido por tanto tempo – minha voz saiu um pouco rancorosa.

Victor deve ter notado meu tom de voz , por que logo mudou de assunto.

— Você se lembra de alguma coisa do acidente? Como aconteceu?

— Não, e para falar a verdade, não quero lembrar.

— Você é a primeira pessoa que conheço que deseja esquecer.

— Talvez seja por que tenho medo de descobrir.

— Por que você teria medo? Acidentes acontecem...

— Você está certo, mas ainda assim, não quero saber.

Victor se afastou das minhas pernas e veio para minha cintura.

— E seus amigos, algum deles veio lhe visitar?

— Nenhum. Acho que depois de tantos anos, eles simplesmente me esqueceram.

— Não se pode chamar essas pessoas de amigos.

— Eu não os culpos. É vida que segue.

— E você não se importa, ou fica triste?

— Eu deveria, mas não estou, por incrível que pareça, me sinto bem melhor longe deles. Agora vamos parar de falar sobre minha vida, me fale algo sobre você.

— Como o quê?

— Sei lá, que tal como escolheu essa profissão, como é cuidar do filho sozinho depois da morte da sua esposa...

Victor parou a onde estava e olhou para mim.

— Como sabe sobre isso?

— Minha mãe comentou hoje. Como aconteceu?

— Não falo sobre isso com meus pacientes.

— Qual é, acabei de falar sobre minha vida...

— Minha vida não é para ser compartilhada. Terminamos por hoje.

Victor se levantou e começou a baixar as mangas de sua camisa. Esforcei-me para sentar na cama.

— Me desculpe, foi algo que falei? Não achei que... Eu não...

— Está tudo bem. Só não gosto de misturar trabalho com vida pessoal.

Mas nós não tínhamos acabado de falar da minha?

Toquei seu braço e segurei, forçando Victor a olhar para mim.

— Eu sinto muito Victor. Não foi minha intenção tocar em uma ferida que parece que ainda não cicatrizou.

Victor me encarou por alguns segundos antes de tocar minha mão.

— Acabei de ouvir você me chamar pelo nome?

— Acho que sim.

— Então pulamos a parte de que não somos mais estranhos?

— Nunca disse que você era estranho.

— Mas estava me chamando de doutor. O que dá na mesma coisa.

Puxei minha mão.

— Se não gostou, podemos voltar para o antes.

— Não. O agora está melhor. Vamos marcar a mesma hora amanhã?

— Sim, podemos.

— Ótimo, preciso ir agora.

— Não quer ficar para o almoço?

— Agindo como sua mãe agora? – ele sorriu.

— Não... Só achei que seria uma maneira de sei lá... Começar do zero...

— Está querendo dizer que vai parar de implicar comigo?

— Nunca impliquei com você – tentei me defender.

— Está implicando comigo desde o nosso primeiro encontro, aquele em que não falei quem eu era.

Fiquei calada, por não sabia o que responder.

— Bem, é bom saber que vamos esquecer esse pequeno incidente. Mas o convite vai ficar para outro dia, já que estou devendo outro convite – ele falou e eu me lembrei do almoço de sábado.

— Não se sinta obrigado a vir no sábado. Você deverá realmente estar ocupado procurando uma maneira de me colocar de pé.

— Na verdade, vou tirar o fim de semana para ficar com meu filho Davi. Nos últimos meses não tenho sido um pai muito presente.

— E está tentando recuperar tudo agora...

— Sim.

— Então espero que consiga. Um pai presente é tudo o que uma criança precisa – falei pensando na minha relação com meu pai.

— Vou ajudá-la a entrar. Quer ir para o seu quarto?

— Não, vou para biblioteca, preciso terminar o livro que estou lendo.

— Orgulho e Preconceito?

— Sim. Não consigo largar a leitura – sorri.

— Gosta de ler?

— Adoro, principalmente romances com muito drama.

Victor sorriu e me ajudou a sentar na minha cadeira.



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