Capítulo 3
Bem-vindo ao Colégio Pequenópolis.
Manhã de sol.
Peter Parker, com uma mochila às costas, caminhava pelos corredores repletos de alunos do Colégio Pequenópolis, fitando tudo com enorme empolgação. O inconformismo que dominara o jovem no dia anterior fora agora substituído por um agradável sentimento de novidade. O rapaz enxergava tudo ao seu redor com outros olhos, desejando passar por novas e positivas experiências naquela cidadezinha.
De repente, Peter deparou-se com um rosto conhecido. Era Clark Kent, que usava jaqueta do time de futebol do colégio, os Crows.
"E aí, Peter?" – cumprimentou ele. – "O que está achando do colégio?".
"Parece-me um ótimo lugar para estudar" – respondeu Peter, entusiasmado. – "Sabe, creio que vou gostar bastante daqui!".
"Isso é ótimo! Venha, vou te levar até sua sala!".
Os dois jovens seguiram pelo corredor, passando por algumas belas animadoras de torcida, que acenaram amavelmente para o novo aluno, dando risadinhas. Peter ficou extremamente surpreso: aquelas garotas lindas haviam gostado dele, mesmo ele sendo um "nerd" odiado por todos em Nova York! Será que as coisas finalmente mudariam para Peter Parker?
Pensando em tal possibilidade, o rapaz de óculos riu brevemente. Se tudo aquilo fosse um sonho, ele desejaria nunca acordar. Foi quando seu olhar pousou sobre um cartaz fixado numa parede, e o que o anúncio dizia aumentou ainda mais a alegria do jovem.
"Precisa-se de fotógrafo!" – leu Peter em voz alta.
"Sim, é para o jornal do colégio!" – explicou Clark. – "Você se interessa?".
"Muito! Eu adoro tirar fotos, é meu hobby! Penso inclusive em trabalhar como fotógrafo após me formar!".
"Puxa, então você é a pessoa certa para a vaga! Eu sou amigo da editora do jornal, vamos lá conversar com ela, ainda temos alguns minutos antes do sinal bater!".
"OK!".
Totalmente realizado, Peter seguiu Clark até a redação do jornal "A Tocha". Ao contrário de antes, quando Parker sentia-se tão triste e angustiado por estar em Pequenópolis, o jovem achava agora que sua vida simplesmente não podia ficar melhor.
Assim que entraram na sala, os dois rapazes depararam-se com uma visita inesperada:
"Lois?" – exclamou Clark, surpreso em ver a prima de Chloe ali.
"E aí, bonitão?" – saudou ela, arrumando alguns papéis sobre uma mesa.
"O que está fazendo aqui?" – riu Kent. – "Pensei que detestasse os caipiras!".
"Acontece que eu resolvi vir até Pequenópolis ajudar minha priminha com o jornal!" – respondeu a jovem em tom arrogante. – "Isso te incomoda?".
"De modo algum!".
"Acho que eu não conheço você!" – disse Lois, se aproximando de Peter. – "É novo por aqui?".
"Sou, meu nome é Peter Parker" – apresentou-se o novo aluno. – "Mudei-me com meus tios de Nova York para cá!".
"Você se mudou de uma cidade como Nova York para este fim de mundo?" – espantou-se a garota, sempre falando demais. – "Nossa, eu sinto muito!".
Clark limpou a garganta para que Lois percebesse que deveria se calar, enquanto a jovem apertava calorosamente a mão de Peter.
"Cadê a Chloe?" – perguntou o filho dos Kent depois de alguns segundos.
"Ela foi levar um documento até a diretoria, mas já deve estar voltando!" – respondeu Lois.
Nesse exato instante Chloe Sullivan voltou à redação, deparando-se com os dois estudantes. Assim que Peter voltou-se para a editora do jornal, seu corpo estremeceu.
Parker não sabia mais onde estava. Percebeu que naquele momento sentia-se como quando ainda era uma criança em Nova York, no dia em que sua amada Mary Jane mudara-se para a casa ao lado da sua. Os olhos do rapaz brilharam e seu coração bateu mais forte, enquanto contemplava aquela linda garota de cabelos loiros, que agora sorria diante de si.
"Bom dia!" – saudou Chloe.
"Olá!" – respondeu Clark. – "Quero que conheça uma pessoa, Chloe!".
Apenas nesse instante a recém-chegada notou a presença do rapaz de óculos. Clark fez as apresentações:
"Peter, esta é Chloe Sullivan, editora do jornal! Chloe, este é Peter Parker, que acabou de se mudar para Pequenópolis, vindo de Nova York! Ele está interessado na vaga de fotógrafo!".
"Sério?" – perguntou Chloe.
"Sim" – respondeu Peter, um tanto sem jeito. – "Gosto muito de fotografar, e acho que seria bem interessante trabalhar num jornal!".
"Clark Kent, como sempre salvando minha vida!" – riu a repórter. – "Estou precisando muito de um fotógrafo que goste do que faz! Acho que você é a pessoa perfeita! Também seria ótimo ter alguém a mais para nos auxiliar a desvendar os fatos misteriosos que ocorrem nesta cidade, como o recente atentado a Lex Luthor!".
"Puxa, será um prazer trabalhar com você!" – afirmou Parker.
Chloe deu uma risadinha, um pouco corada, e seu olhar encontrou os olhos de Peter por um instante. Em seguida Clark falou:
"Vamos, Peter! O sinal já vai bater!".
"Passe aqui depois da aula para nós acertarmos o preenchimento da vaga!" – disse Sullivan.
"Certo!" – respondeu Parker, fascinado pela beleza de Chloe.
Os dois jovens deixaram a sala, e Lois percebeu que a prima estava nas nuvens. Num sorriso, ela disse a Chloe:
"Acho que esse novo aluno tem uma queda por você...".
"Será?" – perguntou a editora do jornal, olhos brilhando.
No sombrio galpão ocupado por criminosos, os meliantes, sentados em caixas, encontravam-se reunidos ao redor de seu líder. Este, de pé, disse, tirando um cigarro da boca:
"Hoje à noite agiremos novamente! Creio ter encontrado um bom estabelecimento para assaltarmos. Trata-se de um café freqüentado por jovens, chamado Talon. Preparem bem suas armas e intimidações, não quero que este roubo fracasse como quando invadimos a Mansão Luthor!".
O chefe do bando voltou-se para o fundo do local, onde havia um bandido afastado dos demais, envolto pela penumbra, de pé junto a uma parede, como se as trevas o protegessem.
"Ouviu bem, novato?" – indagou o líder dos criminosos num sorriso maligno.
Aquele que baleara Lex Luthor encarou o fumante por alguns instantes, seu olhar transmitindo enorme raiva e inconformismo, para em seguida assentir com a cabeça. Por mais que tentasse, não conseguia compreender os homens dentro daquele galpão. O que os impulsionava a tomar o que era dos outros, tirando a vida alheia se fosse necessário? O que os levava a apontar uma arma para uma pessoa inocente, forçando-a a entregar seus pertences através de gritos e palavras cruéis? Em resumo, o que se passava na mente de marginais como eles? Ele tinha que entender, por essa razão estava ali. Assim poderia combatê-los.
Logo que o sinal bateu indicando o fim do período de aulas, Peter Parker seguiu rapidamente até a redação do "A Tocha", ansioso em oficializar-se como fotógrafo do jornal e, principalmente, rever a bela Chloe Sullivan. Quando pensava na repórter, o jovem sentia-se como quando surgia em sua mente Mary Jane, até então a única garota pela qual Peter realmente vira-se atraído. Mas as coisas estavam prestes a mudar...
Entrando na sala, o novo aluno do Colégio Pequenópolis encontrou Chloe sentada diante de um computador, pesquisando em vão algo que pudesse levar aos homens que invadiram a residência de Lex Luthor. Ao ver o rapaz, a jovem abriu um sorriso, dizendo:
"Peter! Fico feliz em vê-lo! Espere um pouco, vou pegar a folha que você precisa preencher. Sente-se!".
"Obrigado!".
Parker sentou-se numa cadeira, enquanto Chloe caminhava até um armário. Após alguns segundos, Peter arriscou-se em olhar para a jovem enquanto ela procurava pelo papel, e esta, percebendo que era observada, sorriu mais uma vez para o estudante.
"Então você veio de Nova York?" – perguntou Chloe amavelmente, já com a folha em mãos.
"Sim" – respondeu Parker, não sabendo ao certo o que dizer. – "É uma grande cidade!".
Em seu íntimo, Peter reprovou-se duramente pela réplica tão óbvia. "É uma grande cidade!". O rapaz era incrivelmente desajeitado com garotas, e essa era uma das principais razões de não fazer sucesso entre elas. Mas, ao contrário do que pensava, a resposta acabou iniciando uma conversa interessante:
"Puxa, isso tudo deve estar sendo bem complicado para você..." – afirmou Chloe. – "Mudar-se de uma grande metrópole para uma cidade tão pequena e atrasada quanto Pequenópolis...".
"Confesso que de início achei que não conseguiria me adaptar, mas já estou gostando bastante daqui" – disse Peter, enquanto Sullivan colocava o papel sobre a mesa. – "Sem dúvida, pessoas como você fazem com que eu me sinta muito bem-vindo!".
"Fico contente em saber disso!".
Peter apanhou uma caneta e iniciou o preenchimento da folha. De quando em quando olhava para Chloe, que abria seu encantador sorriso para o jovem. Por um instante, o rapaz desejou que aqueles felizes minutos durassem para sempre...