Razão e sensibilidade- Jane A...

By leh_almeida5

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Originalmente publicado em 1811 sob o singelo pseudônimo 'A Lady', Razão e Sensibilidade começou a ser escrit... More

Prólogo
Volume I /Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo sem título 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Volume II/Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Volume III /Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14

Capítulo 11

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By leh_almeida5

No começo de fevereiro, uns quinze dias depois da chegada da carta do sr. Willoughby, Elinor teve a dolorosa incumbência de informar à irmã que ele se havia casado. Ela teve o cuidado de dar a notícia pessoalmente, assim que foi informada de que a cerimônia terminara, para evitar que Marianne viesse a saber pelos jornais que examinava nervosamente todas as manhãs. Marianne ouviu a notícia com resoluta compostura, não fez nenhum comentário e no começo não houve lágrimas. Mas depois de pouco tempo, elas saltaram-lhe dos olhos e pelo resto do dia a

jovem ficou em um estado tão ou ainda mais lamentável do que ficara quando soubera que o casamento iria acontecer. Os Willoughby deixaram a capital logo depois da cerimônia. Como já não havia mais o perigo de encontrá-los, Elinor esperava convencer Marianne a sair de casa aos poucos, coisa que ela nunca mais fizera desde que tudo viera à tona. Nesse ínterim, as srtas. Steele, que haviam chegado à casa de sua prima, no Edifício Bartlett, Holborn, apressaram-se a ir visitar os conhecidos nas Conduit e Berkeley-sueca, sendo recebidas em ambas com grande cordialidade. Era penoso para Elinor ver as duas irmãs. A presença delas lhe causava tristeza e foi-lhe muito difícil retribuir com elegância a enorme alegria que Lucy demonstrou ao verificar que ela ainda se encontrava na capital. - Eu iria ficar muito desapontada se não a tivesse encontrado ainda aqui - disse ela, repetidas vezes, acentuando bastante "ainda". - Mas sempre pensei que encontraria. Tinha quase certeza de que a senhorita ainda não havia deixado Londres, se bem que me tenha dito, em Barton, que não ficaria mais de um mês. Mas naquele dia mesmo pensei que a senhorita iria mudar de idéia quando estivesse aqui. Eu iria ficar tão triste se a senhorita tivesse ido embora antes que seu irmão e sua cunhada chegassem! E agora, com certeza, a senhorita não vai ter pressa de ir embora. Estou loucamente feliz que a senhorita não tenha mantido sua palavra. Compreendendo perfeitamente o que a jovem queria dizer, Elinor precisou de todo seu controle para fingir que não compreendera. - Bem, minha querida - interferiu a sra. Jennings -, como vocês viajaram? - Não de carruagem, posso assegurar-lhe. - Era evidente a exultação da srta. Steele. - Viemos no coche postal. Um elegante cavalheiro nos fez companhia. O dr. Davies vinha para a capital e achamos que poderíamos partilhar o coche com ele, que se comportou gentilmente e até pagou dez ou doze xelins mais do que nós. - Oh, oh! - animou-se a sra. Jennings. - Bonito gesto, sem dúvida! E esse doutor é solteiro, sou capaz de afiançar! - Agora - a srta. Steele sorriu de maneira afetada -, todos estão se divertindo a minha custa com o doutor e não posso entender por quê! Minhas primas dizem ter certeza que fiz uma conquista, mas posso afirmar que nunca penso nele do fim de uma hora para outra. "Meu Deus, aí vem o seu namorado, Lucy!", ¡disse uma das minhas primas outro dia, ao vê-lo atravessando a rua na direção da casa. "Meu namorado?", perguntei eu, "não sei o que você quer dizer. O doutor não é meu namorado". - Ai, ai, ai... Isso é fácil de dizer, mas não me convence! Vejo que esse doutor é o homem. - Claro que não é! - garantiu a prima, com exagerada aflição. - E peço-lhe que negue, caso ouça alguém dizer isso por aí. A sra. Jennings deu-lhe a gratificante certeza de que não o faria e a srta. Steele ficou profundamente feliz. Lucy voltou à carga, depois que cessaram as insinuações hostis: - Suponho que as senhoritas irão ficar na casa de seu irmão, quando ele chegar à capital, srta. Dashwood. - Não. Creio que não iremos.

- Oh, sim! Atrevo-me a afirmar que irão. Elinor ficou em silêncio, não querendo estimular Lucy opondo-se a ela. - É encantador ver como a sra. Dashwood pode viver sem a senhorita e sua irmã por tanto tempo! - Tanto tempo? Que nada! - interveio a sra. Jennings. - A visita delas mal começou. Lucy calou-se. - Sinto muito não poder ver sua irmã, srta. Dashwood - comentou a srta. Steele. – É uma pena que ela não se sinta bem... Marianne retirara-se da sala antes que as irmãs Steele entrassem na casa. - Muita bondade da senhorita. Minha irmã vai sentir, também, por não ter a alegria de vê-las. Mas ela tem sofrido muito ultimamente com dores de cabeça de origem nervosa, o que a torna incapaz de ficar em companhia e de conversar. - Oh, querida, é lamentável! Mas, afinal, velhas amigas como Lucy e eu! Tenho certeza de que ela quer nos ver e prometemos não dizer uma só palavra. Com perfeita finura, Elinor negou, alegando que Marianne se deitara ou no mínimo já devia ter vestido a camisola. - Oh, se é só isso, não faz mal - teimou a srta. Steele. - Podemos ir até o quarto e apenas vê-la! A impertinente insistência começou a se tornar irritante até para Elinor e ela foi salva do esforço de se conter para não ser malcriada por Lucy, que repreendeu severamente a irmã mais velha. Não havia muita delicadeza nas maneiras das srtas. Steele, o que era uma vantagem para que uma pudesse controlar a outra. Depois de alguma oposição, Marianne acabou cedendo à insistência da irmã e, certa manhã, concordou em sair por meia hora, com ela e com a sra. Jennings. Contudo, impôs a condição de que não fizessem visitas e que fossem apenas à joalheria Gray, na Sackville-street, onde Elinor estava negociando a venda de algumas antigas jóias de sua mãe. Quando chegaram à joalheria, a sra. Jennings lembrou-se de que na mesma rua, do outro lado, morava uma dama a quem devia uma visita; como nada tinha a fazer na Gray, resolveu visitá-la, enquanto suas jovens amigas tratavam de negócios. Depois de subirem a escada, já na sala, as Srtas. Dashwood constataram que muitos clientes haviam chegado na frente delas e que, no momento, nenhum funcionário estava livre para atendê-las. Foram obrigadas a esperar. Tudo que podiam fazer era sentar-se junto a uma das extremidades do balcão e não havia perspectiva de serem atendidas logo; afinal, apenas um senhor se encontrava à frente de Elinor e era possível que ela, nesse momento, tenha alimentado alguma esperança de que o cavalheirismo dele despertasse e o fizesse resolver seu caso mais rápido. No entanto, a correção dos olhos e a delicadeza do gosto desse senhor situavam-se muito aquém do cavalheirismo. Ele queria adquirir alguns estojos para palitos de dentes com determinados tamanhos, formas e ornamentos. Depois de examinar e discutir por cerca de quinze minutos sobre cada estojo para palitos de dentes que havia na loja, afinal decidiu-se pelo que satisfazia mais a sua fértil imaginação; durante esse tempo todo não se dera ao trabalho de conceder às duas senhoritas a seu lado mais do que três ou quatro vagos olhares, o que serviu para que deixasse em Elinor a lembrança de uma pessoa e um rosto de

fortes, naturais e de genuína insignificância, se bem que adornados de acordo com o melhor estilo da última moda. Permanecendo alheia a tudo que a rodeava, como acontecia ultimamente, Marianne foi poupada de ter importunos sentimentos de desprezo e ressentimento, de examinar com impertinência as feições do cavalheiro e de notar as atitudes pretensiosas que ele assumia ao examinar os diferentes horrores que eram os vários estojos para palitos de dentes submetidos a sua apreciação. Para ela, era tão fácil recolher-se para dentro de si mesma na joalheria do sr. Gray como em seu quarto. Afinal, a decisão foi tomada. O marfim, o ouro e a madrepérola foram os escolhidos e o cavalheiro informou qual seria o dia máximo até o qual sua existência poderia continuar sem os estojos de palitos de dentes, calçou as luvas com extremo cuidado e, concedendo mais um olhar às srtas. Dashwood, como quem pretende ser admirado e não admirar, retirou-se com o ar feliz de alto conceito próprio e afetada indiferença para com tudo o mais. Elinor não perdeu tempo para tratar do seu negócio e já o estava quase concluindo quando percebeu que um outro cavalheiro parava a seu lado. Virou a cabeça para olhá-lo e, surpresa, viu o irmão a sua frente. A afeição e contentamento que demonstraram com o encontro foi na medida exata para dar uma aparência muito respeitável à loja do sr. Gray. De fato, John Dashwood estava longe de se aborrecer por ver as irmãs e até mesmo sentia alguma satisfação com isso. Suas perguntas sobre a mãe delas foram cheias de respeito e atenção. Durante as primeiras palavras, Elinor ficou sabendo que ele e Fanny encontravam-se na cidade havia dois dias. - Eu queria muito ir visitá-las ontem - contou ele -, mas foi impossível, porque tivemos de levar Harry para ver os animais selvagens em Exeter Exchange e, depois, passamos o restante do dia com a sra. Ferrars. Harry ficou profundamente satisfeito. Nesta manhã eu estava determinado a ir vê-las, se conseguisse pelo menos meia hora, porém tem-se tanto que fazer logo que se chega à capital! Vim aqui encomendar um sinete para Fanny. Mas amanhã creio que, quase com certeza, terei a possibilidade de ir à Berkeley-street para ser apresentado a sua amiga, a sra. Jennings. Soube que é uma dama de grande for tuna. E os Middleton, também, Precisa apresentar-me a eles, Como se trata de amigos de minha madrasta, ficarei feliz em apresentar-lhes meus respeitos. Soube, também, que são seus excelentes vizinhos no interior. - Excelentes, sem dúvida. A atenção que dão ao nosso conforto, a amizade que demonstram em qualquer circunstância são tão grandes que me vejo impossibilitada de expressá-las. - Fico muito contente por ouvir isso, palavra. Muito contente mesmo. Mas tinha de ser assim. São pessoas de grande fortuna, aparentadas com a senhora sua mãe, portanto era de esperar, de maneira razoável, que fossem atenciosas com vocês e que tornassem sua situação o mais agradável possível. Assim, vocês se acham muito confortavelmente acomodadas no pequeno chalé e não precisam de nada! Edward nos descreveu o lugar encantador onde moram. Disse que é perfeito em todos os aspectos e que vocês parecem gostar de lá mais do que de qualquer outro lugar. Foi enorme a minha satisfação ao ouvir isso, posso assegurar-lhe.

Elinor sentiu-se envergonhada pelo irmão e não lamentou ser impedida de responder pela chegada do criado da sra. Jennings, que veio avisá-la de que madame as esperava à porta. O sr. Dashwood acompanhou-as escada abaixo e foi apresentado à dama junto à porta da carruagem; reiterando a intenção de ir visitá-las no dia seguinte, despediu-se e deixou-as. A visita foi realizada conforme o prometido. o sr. Dashwood apresentou uma pretensa desculpa para justificar o fato de sua esposa não ter vindo; "mas estava tão ocupada com a senhora mãe dela que lhe era impossível sair para qualquer lugar". Contudo, assegurou diretamente à sra. Jennings que não deveria haver cerimônia entre elas, uma vez que eram primas ou algo parecido; portanto, a sra. John Dashwood esperava para breve a visita dela e pedia-lhe que levasse as cunhadas, a fim de vê-las. As maneiras dele para com as irmãs, além de calmas, eram bondosas; para com a sra. Jennings, o sr. John Dashwood era atenciosamente bem-educado e, como o coronel Brandon chegasse pouco depois dele, olhou-o com uma curiosidade que parecia demonstrar que apenas queria saber se era um homem rico, a fim de ser igualmente civilizado com ele. Depois de ficar com elas por meia hora, John pediu a Elinor que o acompanhasse à Conduitstreet e o apresentasse a sir John e a lady Middleton. O tempo estava bom e ela concordou imediatamente. Assim que saíram da casa, o interrogatório começou: - Quem é o coronel Brandon? É um homem de fortuna? - É, sim. Ele tem uma grande propriedade em Dorsetshire. - Fico muito feliz com isso. Ele parece um verdadeiro cavalheiro. E creio, Elinor, que devo cumprimentá-la pela excelente perspectiva de se estabelecer respeitavelmente na vida. - Eu, irmão? O que está querendo dizer? - Ele gosta de você. Observei-o com muito cuidado e tenho certeza. Qual é o porte de sua fortuna? - Acredito que seja de duas mil libras por ano. - Duas mil por ano! - E, deixando-se levar por um impulso de entusiástica generosidade, o sr. Dashwood acrescentou: - Elinor, desejo de todo coração que seja pelo menos duas vezes isso, pelo seu bem! - Agradeço-lhe muito - replicou Elinor -, mas tenho absoluta certeza de que o coronel Brandon não tem a menor intenção de se casar comigo. - Está enganada, Elinor. Está muito enganada. Acontece que uma pequenina dificuldade criada por sua parte, minha irmã, o está segurando. Acredito que ele deve encontrar-se indeciso até o presente momento; a pequena fortuna que você tem como dote deve estar fazendo com que ele hesite; os amigos devem tê-lo advertido a respeito. Mas algumas daquelas simples atenções e encorajamento em que as mulheres são tão hábeis irão fisgá-lo, apesar de ele mesmo. E não existe motivo algum para que você não tente. Não existe espécie alguma de apego anterior do seu lado... Isto é, você sabe que um apego daquela espécie está fora de questão, que as objeções são intransponíveis... Claro, você tem uma razão bastante apurada para não ter percebido isso. O coronel Brandon tem que ser o seu homem e não faltarão esforços de minha parte para que ele se agrade de você e da sua família. Trata-se de um compromisso que provocará satisfação geral. Enfim, é o tipo da coisa que-ele abaixou a voz até torná-la um importante sussurro - seria muito

bem recebida por todas as partes. - De súbito, caindo em si, ele acrescentou: - Isto é, quero dizer... seus amigos estão ansiosos para vê-la bem situada na vida. Principalmente Fanny, que se interessa pelo seu bem-estar de todo coração, posso assegurar lhe. E a mãe dela também, a sra. Ferrars, que é uma mulher muito bondosa... Tenho certeza de que isso iria torná-la feliz; aliás, ela disse quanto, outro dia. Elinor não encontrou nenhuma resposta adequada para dar. - Seria uma coisa maravilhosa - continuou ele -, até mesmo divertida, se Fanny tivesse o irmão e eu uma irmã colocados ao mesmo tempo. Parece que agora isso vai ser possível. Decidida, Elinor perguntou: - O sr. Edward Ferrars vai se casar? - Ainda não está definitivamente decidido, mas existe algo em ebulição. Ele tem a mais excelente mãe do mundo. A sra. Ferrars, com a mais admirável das liberalidades, irá desti nar-lhe mil libras por ano, se o casamento acontecer. A jovem é a honorável srta. Morton, filha única do falecido lorde Morton, e recebe trinta mil libras por ano. É uma união desejável de ambos os lados e não tenho dúvida de que irá acontecer. Mil libras por ano é muito dinheiro para uma mãe, mas a sra. Ferrars é uma mulher de espírito nobre. Para que você tenha uma idéia da liberalidade dela, outro dia, assim que chegamos à capital, sabendo que não temos muito dinheiro, ela colocou nas mãos de Fanny um maço de notas no valor de duzentas libras. E esse gesto é importante para nós, pois fazemos muitos gastos quando estamos aqui. Ele calou-se, à espera do assentimento e da compaixão da irmã, que se forçou a dizer: - A despesa que vocês dois têm tanto na capital quanto no interior deve ser grande, mas em compensação a entrada de dinheiro por ano também é. - Posso garantir que não é tão grande quanto muita gente pensa... No entanto, não posso me queixar; é bastante confortável e espero que com o tempo se torne melhor. As despesas de Norland, no momento ainda sem controle, é o dreno mais sério. E fiz umas pequenas compras neste meio ano. A Fazenda Kingham, que fica ao leste da minha propriedade, onde o velho Gibson morava, você deve lembrar-se dela... Eu tinha uma porção de motivos para querer aquelas terras e, como se encontram pegadas as minhas, me senti quase no dever de comprálas. Minha consciência não me deixaria em paz se aquela fazenda fosse parar em outras mãos. Um homem tem que pagar pelas suas conveniências e isso me custou muito caro. - Mais do que você acha que a fazenda vale, real e intrinsecamente? - Espero que não. Se eu quisesse, no dia seguinte poderia tê-la vendido por mais do que paguei. Mas em relação ao dinheiro que gastei com essa compra, fiz um mau negócio, sem dúvida, pois minhas economias eram tão baixas nessa época que se eu não tivesse uma pequena quantia nas mãos do meu banqueiro, teria sido obrigado a vendê-la com enorme prejuízo. Elinor pôde apenas sorrir, enquanto o irmão prosseguia: - Outra grande despesa que tivemos foi a mudança para Norland. Nosso respeitado pai, como você sabe, deixou tudo que havia dentro de Stanhill, a casa principal de Norland (e se tratava de muita coisa de alto preço) para a sua mãe. Longe de mim a idéia de criticar o gesto dele! Sem a menor dúvida, nosso pai tinha o direito de dispor de seus bens como quisesse. Mas, em conseqüência, fomos obrigados a fazer uma alta despesa comprando roupas de cama e mesa, porcelanas chinesas e tudo o mais, a fim de substituir

o que vocês levaram embora. Acredito, minha irmã, na sua capacidade para imaginar que, depois dessas despesas todas, ficamos muito longe de estarmos riços e, quanto o gesto generoso da sra. Ferrars, foi bem-vindo. - Certamente - assentiu Elinor. - Espero que, amparados pela liberalidade dessa senhora, agora vocês estejam bem acomodados e com a vida em ordem. - Mais um ou dois anos e tudo estará acomodado - garantiu ele, com ar grave. - Mas, até lá, muito precisa ser feito. Ainda não foi colocada uma só pedra no piso da estufa de Fanny e o jardim de flores está apenas demarcado e estaqueado. - Onde vocês vão construir essa estufa e fazer o jardim? - No bosque atrás da casa. Teremos que derrubar as velhas nogueiras a fim de abrir espaço. Vai ser possível chegar até a estufa diretamente de vários pontos do parque e o jardim com flores se estenderá desde a casa até lá. Vai ficar muito bonito. Já mandamos cortar todos os velhos espinheiros que cresciam em grupos no limite do bosque. Com esforço, Elinor escondeu a tristeza e a revolta que sentiu diante de tais palavras; felizmente Marianne não estava presente para ouvir aquela provocação. Tendo dito o bastante para deixar bem claro seu estado de pobreza e depois de enfatizar a necessidade de comprar um par de brincos para cada uma de suas irmãs quando voltasse à loja do sr. Gray, os pensamentos do sr. Dashwood tomaram um rumo mais alegre e ele congratulou-se com a irmã por ter uma amiga como a sra. Jennings. - Ela parece-me uma dama valiosa, sem dúvida alguma... Sua casa e seu estilo de vida indicam uma renda consideravelmente boa. Trata-se de uma amizade que não apenas será de grande apoio para vocês, como também poderá se tornar materialmente vantajosa. O fato de ela as ter convidado para virem à capital com certeza é um gesto muito bom a seu favor e também indica que ela as tem em alta consideração, o que significa que é bem possível que não as esqueça no momento de sua morte. Essa senhora deve ter muitos bens para deixar. - Nada de excepcional, eu suponho. Talvez tenha apenas a casa onde mora e, naturalmente, irá deixá-la para suas filhas. - No entanto, acredito que ela não gaste toda a sua renda para viver, o que quer dizer que tem economias e que irá deixá-las para alguém. - E acha que ela as deixaria para nós, em vez de deixar para as filhas? - As filhas estão muito bem casadas, portanto não vejo que necessidade essa senhora teria para preocupar-se com elas. De qualquer modo, na minha opinião e pela atenção que ela dá a vocês, pela maneira dedicada com que as trata, a sra. Jennings está dando uma demonstração de sua futura consideração, coisa que nenhuma pessoa consciente deixaria de perceber. Nada poderia ser mais encantador do que as atitudes dela, e essa senhora não pode estar agindo desse modo sem saber as expectativas que despertará. - A amabilidade da sra. Jennings não está despertando em nós nada que se pareça com o que você pensa. A ansiedade por riqueza e prosperidade, irmão, leva sua imaginação longe demais. - Não entendo por que - John Dashwood parecia falar consigo mesmo - certas pessoas têm pouca, mas muito pouca mesmo, confiança em seu poder. Bem, minha querida Elinor, o que está acontecendo com Marianne? Ela não me parece estar bem, perdeu as cores, emagreceu... Por acaso, está doente?

- Não está muito bem, tem andado muito nervosa nas últimas semanas. - Sinto muito por isso. Nesta época da vida, uma doença destrói o frescor de uma jovem para sempre! O florescer dela durou muito pouco! Em setembro passado era a moça mais linda que já vi na minha vida; daquele tipo que atrai os homens. Havia no estilo da beleza dela esse algo que agrada demais aos homens. Lembro-me de que Fanny costumava dizer que Marianne iria se casar muito antes e muito melhor do que você. Não que Fanny não goste demais de você, mas esse fato a impressionava. No entanto, ela se enganou. Pergunto-me se Marianne, agora, irá casar-se com um homem que tenha quinhentas ou seiscentas libras por ano, no máximo, e ficarei muito decepcionado se você não conseguir coisa muito melhor, em Dorsetshire! Sei pouco sobre Dorsetshire mas, minha querida Elinor, ficaria muito feliz em saber mais a respeito. Creio que posso pedir-lhe que conte comigo e Fanny como os seus primeiros e mais felízes hóspedes. Elinor tentou convencê-lo, com o maior empenho, de que não existia a menor possibilidade de um casamento entre ela e o coronel Brandon, mas essa expectativa oferecia prazer demais a seu irmão para que ele concordasse em abandoná-la; estava determinado a criar uma amizade íntima com o cavalheiro e' promover aquele casamento com a máxima e mais cuidadosa atenção possível. Sentia-se muito arrependido por não ter dado o devido valor as suas irmãs e ansioso por medo de que outras pessoas o fizessem, tornando-se assim importantes para elas. A proposta de casamento por parte do coronel Brandon ou uma herança da sra. Jennings não eram de se negligenciar. Tiveram a sorte de encontrar lady Middleton em casa e sir John chegou antes que a visita se encerrasse. Houve abundantes cumprimentos bem-educados de todos os lados. Sir John era um homem disposto a gostar de todo mundo e, se bem que o sr. Dashwood não parecesse saber muito a respeito de cavalos, a ele o considerou um companheiro muito simpático e lady Middleton verificou que a aparência dele se encontrava o suficientemente dentro da moda para ela achar que merecia sua amizade. O sr. Dashwood foi embora encantado com ambos. - Tenho coisas maravilhosas para contar a Fanny - disse ele, enquanto acompanhava a irmã de volta à casa. - Lady Middleton é, realmente, uma dama muito elegante! Tenho certeza de que Fanny iria adorar conhecer uma pessoa como ela. E adoraria conhecer também a sra. Jennings, que é uma dama muito bem-posta na vida, se bem que não tão elegante quanto a filha. Elinor, sua cunhada não terá mais nenhuma restrição em visitar essa senhora o que, para dizer a verdade, até que não era bem o caso, naturalmente. Sabíamos apenas que a sra. Jennings é viúva de um homem que ganhou todo seu dinheiro de maneira um tanto baixa... É por isso que Fanny e a sra. Ferrars estão convencidas de que essa dama e suas filhas são mulheres das quais elas não devem se aproximar. Todavia, agora vou levar detalhes muito diferentes para as duas! 


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