Vejo o meu corpo sendo controlado se aproximando do homem mais carrancudo e ao perceber o que se passava na nossa mente gelo, e tento com todas as minhas forças fazer meu corpo parar, mas não consigo.
Sinto os pelos do braço dele enquanto passo os dedos levemente pela extensão do antebraço dele. Ela faz uns dois círculos no topo da mão e desce devagar pelo dedo indicador. O homem nem tem tempo de reagir quando puxo o dedo na direção do topo da mão.
O grito da garganta dele sai abafado e ele fecha os olhos. Não paro de torcer o dedo dele, nem quando escuto o barulho tão específico de ossos rachando. Seu corpo tremia e lutava contra as amarras, mas eu sabia que ele não conseguiria escapar dali. Minha avó que tinha me ensinado a dar aquele nó. Ele não cederia.
Aquilo era horrendo.
Meus lábios se abrem num sorriso que eu não quis dar e o homem ao lado dele finalmente esboça alguma reação. Ele não esperava por isso. Tudo o que eu conseguia escutar naquele momento era o som da respiração dele descompassada e quebrada.
Foi mais ou menos o mesmo ritual com mais cinco dedos. Eu não tinha a força para me libertar daquela prisão, e tinha que assistir de camarote tudo o que ela estava fazendo com aquele pobre homem.
Não que ele fosse inocente, mas não concordo com tortura.
– Então, vamos lá, estão se sentindo na vontade de falar agora? – pronuncio e os dois estão com os olhos tão arregalados, que parece que vão saltar das órbitas. – Quem sabe você seja um pouco mais falante do que o seu colega aqui... – me aproximo do outro rapaz.
Vejo o suor brilhar e escorrer pela sua testa. Meus dedos tremem de excitação enquanto mil maneiras diferentes de se torturar um ser humano passam pela nossa mente. Arrepio e fecho a minha mente. Isso não pode estar acontecendo...
Tudo é turvo e barulhento. Os gritos e sons de ossos rachando ficam repetindo na minha mente. Só queria que tivesse um meio de desligar tudo aquilo. Para que eu não precisasse escutar mais nada.
– O que está acontecendo com você Megan? – a voz do Martin é clara e quando eu abro os olhos estamos em um campo florido. Nada era turvo e eu não conseguia escutar nada que estava acontecendo do lado de fora.
Eu estava sentada e Martin estava na minha frente. Suas feições não eram das melhores, mas isso pouco me importava. Não resisto ao impulso e o abraço. Ele me tirou daquele lugar... Me sinto um pouco melhor.
Ao longe vejo uma garotinha brincando de balanço em uma árvore. Ela parece feliz. E parece comigo. Ah, mais uma vez ali está, o meu coração.
– O que você quer dizer Martin? – falo assim que o largo.
– Gostaria de saber o motivo de você fechar os olhos para o que está acontecendo com você... – ele fala sentando na grama ao meu lado.
– E não está bem claro o motivo de eu estar aqui? – quer dizer, não foi ele que me tirou daquele pesadelo?
– O motivo não deveria importar, todos temos nossos períodos de fraqueza... Você não deveria ter vindo aqui...
– Então, o que eu deveria ter feito? Ficado lá e continuado a assistir aquela tortura? Ou até melhor... Eu mesma terminar...
– Megan, eu sei que não é isso que você quer dizer no momento. Você está assustada e eu não tiro a sua razão... Mas não precisa falar assim comigo...
– Eu sei Martin... Me desculpe... É que eu nunca imaginei presenciar uma cena daquelas, e muito menos imaginei que eu seria a responsável por tornar aquela tortura possível...
– Acredito que ninguém deveria ter que passar por isso... E você sabe que você não é totalmente responsável por aquilo...
– É, mas eu tenho uma parcela bem grande de culpa...
– Não vou negar isso Megan, mas eu tenho certeza que você sabe que mesmo sendo parte do problema, você também tem grande parte da solução...
– Mas o que eu deveria fazer Martin? Meu corpo não me responde...
– Posso não ser um especialista, mas tenho certeza que nada não é a resposta.
– Porque não? – digo derrotada, não sei o motivo, nunca tinha me sentido tão impotente na minha vida.
– Preciso mesmo responder? – ele me olha tão descrente que começo a me sentir pior ainda.
– E o que eu posso fazer Martin, eu não tenho o controle do meu corpo, e simplesmente não consigo vê-la fazer todas aquelas atrocidades com aqueles dois. Simplesmente não dá.
– Então você acha que fechar os olhos e deixar ela vencer vai resolver alguma coisa?
– Eu já não sei o que fazer Martin! – grito e fico de pé.
– Lute Megan! Assim como você está lutando comigo agora com suas palavras, você tem o poder aqui... A mente é sua, você tem a vantagem...
– Você tem razão, mas e se eu não conseguir?
– Eu tenho fé em você Meg. Você vai conseguir.
– Obrigada Martin. Você sempre me dá forças quando eu preciso.
– E eu vou sempre te dar forças Meg, mesmo quando eu não estiver mais por aqui... – ele diz com seu sorriso mais confiante e pela primeira vez eu sinto que sou capaz de pará-la.
– Martin, eu preciso te pedir um favor grande agora...
– Claro, o que precisar.
– Continue cuidando daquele pedacinho meu ali... Somente para caso as coisas não aconteçam exatamente como eu estou imaginando...
– Elas vão acontecer Megan. Mas fique tranquilo. Não vou deixar que nada de ruim aconteça ao seu coração...
– Obrigada Martin. Mais uma vez. Por tudo.
– Sempre que precisar Megan – ele dá um beijo no topo da minha cabeça e fecho os meus olhos para aproveitar um pouquinho mais e um pouquinho melhor.
Quando eu abro os olhos novamente me vejo de volta no canto mais escuro da mina mente. Vejo de camarote um dos homens chorar e implorar para que eu pare. Uma pequena poça de sangue o rodeia.
Queria dizer que senti a bile subindo pela minha garganta, mas não senti.
Aquela sensação eu conhecia... Era satisfação. Eu estava satisfeita por estar fazendo aqueles dois homens sofrerem.
– O que você pensa que está fazendo Megan? – a voz do Adam é clara e fico feliz por ele estar ali. Mas só dura poucos segundos. Droga. O que ela vai fazer com o Adam?
Isso vai ser interessante não? – ouço a minha voz tão clara que demoro alguns segundos para perceber que ela não vem da minha mente, mas sim da minha própria voz. A coisa ruim tinha falado aquilo em voz alta.
– Pegando informações desses dois cavalheiros... Mas eles se recusam a falar muita coisa nesse momento... – ela não vira o rosto na direção do Adam. Droga, eu queria muito ver o rosto dele.
– Tortura Meg? Tem certeza que você deveria estar fazendo isso, afinal, você sabe...
– Eu estou bem Adam. Melhor do que eu jamais estive...
– Se você está afirmando... Quem sou eu para duvidar...
Vejo as intenções dela. Está afiando um pedaço de metal bem fino. Paralisá-lo com aquele pedaço de metal huh? Droga, ela terá a coragem mesmo de machucar o meu Adam?
Ah sim querida, eu vou.
Não seu eu tentar impedir... Ela vira na direção do Adam e o pedaço do metal vai devagar e silencioso em sua direção. Por alguns segundos, eu consigo impedir o nosso movimento e são esses segundos que o Adam demora até perceber que tinha algo errado.
Ainda bem, porque ele me imobiliza e injeta algo em minha veia. O metal não ganha mais vida por conta do meu domínio. Adam está sentado em cima de mim e segura com firmeza os meus braços.
– Adoro quando você me pega de jeito assim Adam. Com firmeza – ela fala e tenho que me conter para não me esconder de vergonha. Ela se debate contra o Adam, mas é em vão, ele me segura com força. Chega até a doer um pouco...
– Pode ir cortando esse papinho... Você já me fez de palhaço muito tempo. Não vou sair daqui enquanto a Megan não voltar.
– Isso pode demorar um pouco doçura...
– Eu não tenho pressa – ele sorri e eu sorrio junto com ele. Adam vai me ajudar a me livrar dessa.
– Posso perguntar uma coisa? Como foi que você descobriu que não era a sua querida Megan?
– Você pode já ter me enganado, mas eu conheço você agora... Você não tem a mesma ternura que a minha Megan tem na voz.
Oh Adam...
– Ternura em voz? Mas que cafonice Adam... Esperava mais de você, algum tipo de telepatia com a sua namorada que fizesse de vocês uma coisa mais interessante.
– Isso e também o seu olho. Essa vermelhidão rodeando ele meio que entrega que não é exatamente a Megan aqui...
– E como você acha que vai trazer a sua namoradinha de volta? Não é como se você soubesse exatamente o que aconteceu da última vez... E se eu tiver deixado ela voltar ao comando...
– Você não abriria mão do poder assim tão fácil. Sei que foi a força de vontade da Megan que te fez voltar para o seu lugar e tenho a certeza que ela vai fazer novamente... Você está me escutando não é linda? Eu acredito em você...
Alto e claro Adam! E ele tem razão sabia? Isso ainda é a minha mente, o meu coração, os meus pensamentos... Eu que deveria mandar por aqui. E por mais que você faça parte de mim, uma boa parte que seja, tanto faz, você ainda responde a mim e EU QUERO QUE VOCÊ VOLTE PARA O CANTO ESCURO DE ONDE NUNCA DEVERIA TER SAÍDO.
Está me ouvindo?
Minha visão começa a ficar tremida e mesmo sem entender como eu fico dormente. Parece que minha mente quer ir dar um passeio de montanha russa e tudo o que eu posso fazer é segurar bem no carrinho e tentar aproveitar a viagem.
Então de repente eu abro os olhos. Já não estou no camarote da minha mente. Eu estou de volta. Viro a cabeça e mexo os meus dedos. Nunca pensei que fosse sentir falta de mexer os dedos! Sorrio e me deixo aliviar da pressão que estava colocando em meus pulsos para me ver livre do Adam.
– Obrigada por me imobilizar... – digo e o seu aperto diminui um pouco.
– Meg, é você? – ele pergunta.
– Sim. Sou eu – abro os olhos e deixo ele me olhar por alguns momentos. Logo as suas mãos não estão mais nos meus pulsos e sim em minhas costas enquanto ele me abraça apertado.
– Fiquei preocupado com você...
– Acho que o seu abraço meio que está entregando isso por você – sorrio e respiro com um pouco de dificuldade com a força que ele me aperta.
– Desculpe – ele me solta e me avalia por mais alguns segundos. – Como foi que isso aconteceu?
– Podemos não falar sobre isso agora? Eu estou um pouco exausta nesse momento... – encosto a minha cabeça em seu ombro e solto um suspiro.
– Claro. Quando você quiser falar...
– O que vamos fazer sobre aqueles dois lá dentro?
– O Oliver está por perto. Disse que passaria aqui para conferir como é que estão as coisas...
Cronometrado com o término da frase do Adam, Oliver aparece. Adam explica a situação que estamos. Ele não pula nenhum detalhe. Vejo a preocupação estampada no rosto do Oliver ao descobrir que perdi o controle de mim mais uma vez.
Já que estávamos correndo contra o tempo, Oliver decidiu ir pegar algumas respostas ele mesmo. Disse que preferia não colocar isso em prática, mas os anos que ele foi "dominado" pelo Tobias fizeram com que ele aprendesse várias coisas. E ele usaria aqueles conhecimentos se fosse necessário.
Adam muito docemente fez com abafador de ar para mim. Não conseguia e não queria escutar mais nenhum som que viesse daquela cabana.
– Ela simplesmente assumiu o controle. Foi rápido, foi fácil. Eu queria respostas e não medi esforços para obtê-las. Até mesmo abrir mão do comando. Eu não imaginava que seria assim, que haveria tanto sofrimento... Estava cega por informações... Se eu soubesse... – admito.
Não sei se o Adam falou alguma coisa ou simplesmente me abraçou. Mas os seus braços ao meu redor me fizeram melhor. Aquele silêncio significou para mim mais do que mil palavras.
Em algum momento Adam retira os abafadores. Não há sons de tortura dentro da cabine. Eu só conseguia escutar o barulho das folhas mexendo com o vento. Maravilha. Encosto a cabeça no peito do Adam enquanto esperamos o Oliver.
– Eu consegui descobrir algumas coisas – Oliver fala saindo lá de dentro com o rosto um pouco abatido e também suado.
– O que você conseguiu Oliver? – Adam pergunta, cheio de esperança.
– Tudo plano e especulações, mas o Tobias está estudando a barreira do Fogo. Já se sabe que com a queda da barreira da água, as outras enfraqueceram um pouco, algumas ficaram até com diversos pontos críticos, de tão danificadas.
– Ele estava aqui – falo tão baixo que nem sei se realmente saiu da minha boca.
– Como? – Adam olha para mim, com certeza sem escutar direito o que eu tinha acabado de falar.
– Tobias esteve aqui hoje.
– Hoje? Mas isso não é possível, ele falou com os meus pais hoje pela manhã, e de tarde também. Conferimos a sua localização, era ele.
– Não sei como ele fez isso, mas eu tenho certeza do que eu vi, e era ele sim...
– Isso é possível Adam – Oliver fala, agora ficando visivelmente preocupado.
– Não vejo como.
– Mais uma cortesia dessa queda de barreira. Não sabemos ao certo o que são, mas desde que houve a queda, começaram a relatar aparecimento e desaparecimento de pessoas. Cerce de uma semana atrás descobrimos o motivo dessas mudanças malucas. Portais se abriram entre as províncias e estão ligando locais antes isolados. Não sabemos ao certo como identificá-los, nem como fechá-los. Se você tem certeza que viu o Tobias hoje, provavelmente era. E seus pais também devem ter falado com o verdadeiro, ele deve ter descoberto um portal ligando o ar e o fogo...
– Isso não é nada bom. Tobias transitando assim livremente entre províncias... – Adam se vira na minha direção. – Você lembra onde exatamente o Tobias sumiu?
– Sim, lembro – exatamente, exatamente não lembro ao certo. Mas não deve ser tão difícil encontrar o portal...
– Você pode nos mostrar Megan? – Oliver pergunta. – Não tivemos a oportunidade de ter mais informações sobre esses portais porque não encontramos muitos. Quanto mais, melhor. E um que nos dará uma rota direta para o Tobias? Melhor ainda.
– Você tem razão.
– Vamos então? – Adam levanta e me estende a mão para me ajudar a levantar.
– Claro – pego a mão dele. Dou uma última olhada para a cabana. – Mas e os dois? Não tem problemas eles ficarem aí?
– Oh, não tem o menor problema. Os dois vão dormir por um bom tempo e eu já pedi para alguém vir aqui e levar esses dois sob custódia. Quem sabe alguém ainda não consegue retirar alguma informação deles... – Oliver dá de ombros e fomos o mais rápido possível de volta para a província.
Não muito tempo depois, chegamos detrás da mesma coluna que eu tinha me escondido mais cedo. Indico para os dois onde acontece a conversa. Então começamos a procurar por qualquer irregularidade.
O que é bem difícil já que não sabemos ao certo o que estamos procurando.
O portal só se abrirá se você tiver a angulação certa querida... – aquela voz irritante fala na minha mente. E não custa nada tentar.
Tento diversas inclinações com o meu braço, para ver se consigo encontrar a entrada. Nada acontece de diferente. Fico me sentindo um pouco boba quando eu escuto risadas na minha mente. Isso não estava certo.
– Não é esse tipo de inclinação que eu estava falando queridinha... É a inclinação do seu coração... Vocês só encontrariam essa entrada se eu estivesse no comando. Somente alguém com a intenção errada é que encontrarão essa entrada.
– E porque eu deveria acreditar em você? Você não teria como saber disso...
– Não teria? Você tem certeza? Você não deu nenhum deslize aqui dentro querida? O que os olhos não veem o coração não sente...
– Não a confunda! – Martin aparece do meu lado e repousa a sua mão em meu ombro.
– Está tudo bem Martin, ela não irá me confundir. Não mais... – apoio a mão no coração e espero que de alguma forma ele consiga sentir esse carinho.
– Pessoal, rápido, aqui! – Oliver grita e logo eu e o Adam estamos do lado dele.
Aquela mesma fumaça prateada está engolindo parte do braço do Oliver. Ele quase retira completamente sua mão lá de dentro, mas ainda fica com a ponta dos dedos dentro.
– Foi essa fumaça que eu vi antes do Tobias desaparecer, só pode ser aqui... – falo.
– E agora, o que faremos? – Adam pergunta, olhando para todos os lados, preocupado se não estamos chamando atenção demais.
– Acho que eu vou entrar... – Oliver diz, colocando boa parte do corpo para dentro do portal.
– Não faça isso Oliver! Você não sabe o que te espera do outro lado, pode e muito provavelmente será perigoso... – Adam o adverte, segurando o seu braço.
– É melhor não Oliver, você pode sair num local bem perigoso... Eu não sei onde isso pode levar... E se tiver dois portais próximos? Se esse não te levar ao Tobias? Com calma nós iremos resolver isso, vamos descobrir o que existe do outro lado.
– Podemos ficar um passo à frente do Tobias Megan... Essa é a nossa chance – e com um movimento rápido ele salta de corpo inteiro dentro do portal. A fumaça cinza foi rápida demais para mim, mas o Adam estava no encalço dele.
Vi quando Adam agarrou Oliver pelo braço. E pode ter sido somente impressão minha, mas assim que a fumaça prateada encostou no Adam, ele foi jogado a uns dez metros de distância. Sendo bruscamente separado do Oliver e antes que se machucasse feio, dominou o ar ao seu redor e amenizou a sua parada.
– Você está bem? – pergunto assim que me aproximo dele.
– Acho que estou... – ele diz olhando fixamente para a mão que agarrava o braço do guardião que acabou de sumir.
– Temos que avisar ao Nick.
– Acho que o portal só deve permitir uma pessoa passar por vez... Foi como se eu fosse expelido por uma força invisível... Não sei explicar ao certo... – vejo que o braço dele começa a tremer.
– O que é isso?
– Não sei, mas não consigo parar... – ele parece assustado enquanto observa o seu braço tremer e se contorcer.
– Isso não pode ser nada bom... Vamos.
– Vamos para onde?
– Para um hospital, mas é claro Adam, vamos ver o que é que tem de errado com o seu braço...
– Não, não podemos ir, e o portal?
– O portal não vai a lugar nenhum Adam, mas sinto que o seu braço pode querer ir para algum lugar, vamos.
Ele parece acatar o meu pedido e fomos direto para o hospital. Os médicos conseguiram parar os tremores, apesar de não saberem informar o motivo pelo qual ele foi causado. Depois de uma desculpinha esfarrapada, fomos liberados do hospital e nos dirigimos logo para a minha avó e o Nick. Informamos a eles tudo.
Os dois rapazes que tínhamos capturados já estavam sendo levados para uma base, onde tentariam retirar mais informações deles. Nick ficou bastante preocupado com o destino do filho dele.
– Ele não deveria ter ido sozinho... – Nick fala fechando os seus olhos e apoiando a testa na palma da mão.
– Nós tentamos impedi-lo Nick, eu sinto muito, se eu não tivesse... – Adam está muito chateado com a situação. Todos sabem que a culpa não foi dele, mas ele quer levar esse peso junto com ele...
– Você não teve culpa querido, não fique se martirizando por conta disso. Já estamos organizando uma busca. Vamos encontrá-lo em breve... – Minha avó segura uma das mãos do Adam e sorri de maneira terna para ele.
Acho que esse é o melhor domínio da minha avó. Não que seja um domínio de verdade, mas a habilidade que ela tem de passar calma para dentro de nós, a habilidade de dividir qualquer que seja o peso que carregamos...
– Meg, posso falar com você um minutinho minha neta? – nem vi que a minha avó tinha saído do lado do Adam e estava do meu lado.
– Claro vó – ela indica o caminho e saímos do alcance de qualquer ouvido que não fosse o nosso.
– Esses incidentes com essa sua outra personalidade estão ficando cada vez mais constantes não é? – conhecia bem a dona Edith para saber que aquele era a feição que ela usava quando estava extremamente preocupada, mas não queria preocupar mais ninguém.
– Sim... Eu até sei o motivo pelo qual estão ficando mais frequentes, mas não estou tendo a força para detê-los. Sinto que todo o meu treinamento e toda a calma que eu reuni não estão servindo para muita coisa.
– Não é bem assim minha neta. Sei que a situação está ficando cada vez mais enrolada e complicada, você é humana por estar tendo essas, digamos... Complicações.
– Mas eu não posso vó. Sinto que estamos nos aproximando de um momento crucial na história de Nihal e não posso simplesmente perder a cabeça e fazer... Bem, você sabe.
– Sinto muito por você ter que estar nessa situação Megan. Você é muito jovem para entrar nessa guerra tão antiga...
– Não diga isso vó. Não me arrependo de estar aqui. Ter os meus poderes, poder participar de um movimento para melhorar a qualidade de vida das pessoas de Nihal, conhecer todas essas pessoas especiais... Não é todo dia que se pode fazer parte de uma mudança...
– Mas não acho certo você se perder no caminho por conta disso Megan. Você tem que me prometer que vai tomar cuidado... Que se você estiver sentindo que está se aproximando da beira vai se afastar, vai deixar que cuidemos de tudo...
– Não é certo vó, e eu...
– Me prometa Megan! – ela me interrompe e eu me assusto com a firmeza em sua voz. Sei que ela está preocupada comigo e eu não tiro a sua razão...
– Vou dar o meu melhor vó – não posso fazer uma promessa para ela que não tenho a certeza que vou cumprir. E eu ao menti para ela. Realmente vou dar o meu melhor para não me deixar levar pelos meus sentimentos.
– Sei que você sempre dá Megan. Mas eu sei que mesmo o nosso melhor, muitas vezes não é o suficiente...
Para variar, minha avó estava coberta de razão. Não sei o que falar para ela. Somente mordo o interior da minha bochecha tentando pensar em algo que possa entrar nesse jogo de palavras.
Um bipe suave ecoa por toda a sala.
– O que é isso? – será ela vai aceitar a minha tentativa de mudar de assunto.
– Esse é o aviso para nos avisar que o Tobias está chegando na província do Fogo. Esse era o horário que a comitiva dele chegaria aqui...
– Entendo – graças aos céus, ela aceitou a mudança de assunto!
– Vamos, ainda temos algumas medidas preventivas para serem colocadas em prática – minha avó fala com a sua voz carregada com alguma coisa que não consegui identificar o que era.
Então seria isso. Contagem regressiva para o casamento.
Olá todo mundo. Boa tarde queridos dominadores ^^ Aqui está mais um capítulo do nosso querido livro. Próximo capítulo teremos o casamento do irmão Adam e da filha do Tobias. O que será que irá acontecer? Será que o Tobias não irá perdoar nem mesmo o casamento da filha? O que vocês acham que vai acontecer?
Obrigada a todos que acompanham o livro e por todos os novos leitores que estamos conquistando!!! Isso é demais ;)
Esse capítulo é dedicado à @LuhDalanhese, @Batwoman_Payne1993 e @LuDream. Gente, nem tenho palavras para agradecer o carinho de vocês. Sempre me surpreendo com a quantidade de pessoas maravilhosas que conheço por conta dele. E Lu, eu sei que você esperava esse dedicação há tempos, foi mal a demora, mas ela saiu, tá vendo? hahahaha Beijos no coração de vocês e mil vezes obrigada por acompanharem...
Beijos e até o próximo capítulo ;*