[Liam POV.]
Eu tinha acabado de deixar o meu melhor amigo.
Ele precisava da minha ajuda, e eu parti sem ele.
Ele me disse para dirigir, mas eu poderia ter saído do carro e o ajudado, poderia ter lutado com os caras. Só que Louis queria proteger Harry a qualquer custo, queria que Harry ficasse seguro.
E partir do momento que Louis fechou a porta, Harry estava histérico: “Não! N-Não, L-Louis de H-Harry! V-Volta, e-eles têm L-Louis de H-Harry!” ele gritava.
Ele estava completamente inquieto e tentando abrir a porta do carro, mas Zayn o pegou pelos braços e tentou controlar o menino de orelhas de gatinho, que já estava sem gorro, pois o mesmo havia caído no meio de todo o histerismo. Mas suas orelhas não tinham o perigo de serem vistas, já que estavam achatadas em sua cabeça.
“Não podemos, Harry.” Zayn tentava acalmar o rapaz mais jovem. “Sinto muito, mas não podemos.”
“M-Mas é o L-Louis de H-Harry!” ele lamentou. “H-Harry tem que p-pegar seu L-Louis!”
“Niall, voce pode-” Zayn começou a perguntar, mas Niall já estava balançando a cabeça e indo para o banco de trás, para ajudar Harry a ficar no carro, pois o garoto ainda se movia freneticamente.
“S-Solte H-Harry!” o menino soluçava. “S-Seu L-Louis!”
“Ele não está aqui, Harry!” Niall disse tristemente, tentando fazer o garoto entender. “Nós não sabemos onde ele está, mas-”
“Não!” Harry deixou escapar um grande soluço doloroso, caindo molemente nos braços de Zayn.
Zayn fitou surpreso o garoto, mas logo Harry estava encolhido no pequeno chão do carro, chorando e resmungando o nome de Louis.
Tirei meus olhos da estrada e fitei Harry com uma dor no coração. Ele estava se encolhendo dentro do casaco de Louis, como se quisesse se esconder nele. Voltei a olhar pra frente, tentando lutar com as lágrimas que ameaçavam escapar dos meus olhos.
“Eu não deveria tê-lo deixado”, murmurei. “Eu sou uma pessoa horrível, não deveria ter feito isso... Eu poderia-”
“Para Li.” Niall pediu, inclinando-se para frente e tocando meu braço. “Não havia nada que pudéssemos fazer, mas nós vamos encontrá-lo.”
“Eu poderia ter saído para ajudar... Eu poderia-” comecei, mas logo uma lágrima teimosa escorria pela minha bochecha, mas eu a limpei rapidamente.
“Você viu o tamanho daqueles caras?” Zayn sussurrou. “Eles eram enormes! Seria preciso três de nós para conseguir derrubar um! E enquanto tentássemos derrubar um, o outro grandalhão poderia pegar os outros dois.”
“E nós deixamos o Louis.” Gemi, e Harry, que ainda soluçava, gemeu em resposta.
“Louis não queria que eles levassem Harry.” Niall começou. “Ele fez o certo, deixando Harry fugir em segurança.”
“Sim...” balancei a cabeça. “Ele o ama, Niall.”
“E Harry claramente o ama também.” Zayn murmurou, olhando com simpatia para o menino que chorava no piso do carro. “Venha aqui, Harry.”
“Estamos chegando ao apartamento.” Informei-o. “Ele vai ter que sair daí.”
Harry ainda chorava quando eu estacionei o carro na garagem. Zayn e Niall saíram do carro com relutância, voltando para chegarem a Harry. Desci para ajudá-los a retirar o menino gatinho do carro.
E no segundo que Harry ouviu minha porta se fechar, sua cabeça se levantou. Ele percebeu que a porta do lado de Niall estava aberta e então começou a se mover para sair, tentando escapar. Niall pegou o menino mais novo, dizendo suavemente: “Não, Harry...”
“Harry q-quer o seu L-Louis!” ele implorou. “D-Deixe H-Harry encontrar seu L-Louis!”
“Voce não vai ser capaz disso, Harry.” Niall disse com tristeza. “Vamos dar a polícia a descrição do carro e o número da placa... Vamos entrar agora.”
Mas sinceramente, eu não se poderia chamar a polícia. Porque daí eles descobririam sobre Harry, Niall e Zayn. Não havia maneira de contornar isso.
“H-Harry quer ir para sua c-casa e de L-Louis!” ele soluçou tentando pegar as chaves das mãos de Niall. “E Harry q-quer Louis...”
Eu suspirei, “Nós podemos levá-lo ao seu apartamento.”
“Deixa comigo.” Zayn assentiu com a cabeça, dando um passo a frente e pegando Harry em seus braços.
Harry não protestou, mas ele não parecia aprovar também. Ele simplesmente se desligou do mundo, seus olhos estavam fechados e soluçava baixinho. Nós fomos andando pela rua, recebendo alguns olhares estranhos das pessoas que estavam caminhando.
Fiquei aliviado quando chegamos ao apartamento de Louis, procurei a chave reserva debaixo do vaso de planta decorativo que havia por ali e abri a porta. Assim que entramos, Zayn colocou Harry delicadamente no chão e o garoto correu até a cozinha, chamando: “L-Louis?”
Meu coração se partiu ao meio por causa disso. Harry estava achando que Louis tinha voltado de alguma forma, mas ele não estava, senão a porta não estaria trancada e o apartamento completamente escuro.
O menino gatinho estava mais frenético enquanto corria por todos os cômodos do apartamento, chamando o nome de Louis em desespero. Finalmente, um soluço engasgado veio do corredor. Eu andei rapidamente até lá e vi Harry caído no chão, chorando compulsivamente, enrolando-se em si mesmo e com as mãos no rosto.
“Ah, Harry...” Eu sussurrei, caindo ao lado dele. Tentei afagar seus cachos, mas ele se encolheu em distância. “Harry, por favor...”
“L-Louis de H-Harry realmente não está. P-Podemos p-pegar o L-Louis de H-Harry de volta?” ele choramingou, espiando por detrás de suas mãos. “P-Por favor... Por favor! L-Louis de Harry?”
Abaixei a cabeça, em sinal de derrota: “Eu não sei como ainda...”
Harry escondeu o rosto novamente, explodindo em mais uma rodada de lágrimas: “H-Harry q-quer seu L-Louis!”
“Eu sei...” murmurei. “Eu sei que você quer, mas vamos tirar o casaco e os sapatos, ok?”
“N-Não!” ele engasgou, com as mãos no tecido do casaco que vestia. “C-Casaco de H-Harry.”
Eu cuidadosamente tirei os sapatos do menino: “Você quer assistir Aristogatas?”
“Não!” ele lamentou. “H-Harry só assiste c-com Louis, e nós nos ab-abraçamos. L-Louis é sempre q-quente e ele b-brinca c-com os c-cabelos de H-Harry e-” e ele soluçou alto novamente.
“Você está com fome?” perguntei a ele. “Você quer pizza?”
Rapidamente me levantei e fui até a cozinha, onde Niall estava com a cabeça em cima da mesa e Zayn estava sentado e olhando para o chão, “Eu não sei o que fazer.”
“O quê?” Niall levantou a cabeça.
“Ele não vai tirar o casaco. Ele não vai assistir a um filme, para tentar se acalmar. Ele não vai comer...” eu divagava.
“Bem, eu também não estou com fome.” Niall admitiu.
“Nem eu”, Zayn concordou.
“Eu sei”, disse com a voz rouca. “Eu só estou preocupado... Com Louis, com Harry...”
Zayn franziu a testa de repente, “Não devemos ficar de olho nele? Para que ele não tente sair sozinho a procura do Louis?”
Engoli seco, girando os calcanhares e saindo correndo da cozinha com os outros me seguindo. Harry não estava no corredor, mas eu podia ouvir um fungado vindo do quarto. Encontramos o garoto gatinho jogado na cama sem lençol, agarrado a um travesseiro, a atadura colorida que ele usava no pulso e um suéter.
“Isso é o travesseiro do Louis”, Niall sussurrou para nós.
“Harry?” Zayn perguntou, indo se sentar na cama ao lado do jovem rapaz.
Niall se virou e saiu do quarto. Eu sabia o quanto ele odiava ver as pessoas tristes. Deixando Zayn tomando conta de Harry por alguns instantes, corri atrás dele. Niall estava na sala de estar e de costas pra mim, com os ombros caídos. Caminhei até ele e coloquei uma mão em seu ombro, ele se virou instantaneamente e se refugiou em meus braços.
Passei um dos meus braços ao redor do garoto loiro e ele estremeceu, um gemido escapando de sua garganta. Niall havia soltado a cauda em algum momento, pois ela estava quieta, e suas orelhas estavam achatadas em sua cabeça, praticamente inexistentes.
“Niall?” engasguei de surpresa. “Você está... Você está chorando?”
“Hm,” Niall chiou. “Yeah...”
Eu o abracei mais apertado, afagando seus cabelos enquanto ele fungava na minha camisa. “Por causa de Louis?”
“Bem... Sim.” Niall assentiu com a cabeça, murmurando em meu peito. “Mas também porque eu nem posso imaginar como Harry está sentindo. Se fosse você e não o Louis... Eu não sei o que fa-”
“Você iria esperar que eu voltasse.” Disse a ele. “Porque eu faria tudo que estivesse ao meu alcance pra você voltar pra você, e tenho certeza que Louis vai fazer o mesmo por Harry.”
“Precisamos pegar o Louis o mais rápido possível!” Niall murmurou e se afastando de mim, enxugando os olhos. Inclinei-me pra ele e pressionei meus lábios nos seus. “Primeiro, porque eu já estou sentindo falta daquele idiota, e segundo, porque eu não gosto de ver o Harry tão triste. Inferno, isso é pior do que quando fomos levados pelo Dr. Shell.”
“Nós vamos pegá-lo... Não sei como, mas vamos encontrar um jeito.” Prometi.
“Lembra-se da placa do carro? Será que não podemos usar isso?” ele me perguntou.
“Eu acho que não”, balancei a minha cabeça. “Isso não é um caso de sequestro normal, Nialler... Há três híbridos envolvidos, não podemos expor vocês.”
Niall gemeu: “Então, como...?”
“Eu vou pensar em alguma coisa”, assegurei a ele. “Eu espero...”
Niall assentiu e foi se sentar no sofá. Eu andei até ele e beijei sua testa por alguns segundos, depois voltei para o quarto de Louis, para verificar Harry e Zayn.
Zayn estava de pé, ao lado da janela, olhando com tristeza para o menino mais que estava na cama: “Ele não quer nada... Nem comida ou leite.”
Quebrei a cabeça por um momento: “Que tal... Se formos dar uma volta, Harry?”
“Harry q-quer Louis.” Ele respondeu, soluçando. “Foi tudo c-culpa de H-Harry, e agora ele n-não tem o s-seu Louis!”
“Que tal um banho? Isso sempre me faz sentir melhor!” Zayn perguntou desesperadamente.
“H-Harry t-toma banho!” ele praticamente miou. “L-Louis saberia, m-mas H-Harry não tem s-seu Louis... E o q-que aconteceria se c-caisse sabão n-nos olhos de H-Harry?”
“Ok, ok...” Zayn murmurou. “Talvez você devesse tirar um cochilo, pra ver se você se sente melhor.”
Harry visivelmente enrijeceu, “H-Harry não tem seu L-Louis para segurá-lo!” ele sussurrou em horror. Mas depois se levantou da cama, seus cachos completamente bagunçados e os olhos verdes arregalados e marejados. “L-Louis de H-Harry não tem alguém para segurá-lo! L-Louis está sozinho! Pobre L-Louis de H-Harry!”
O garoto voltou a se jogar na cama, puxando o suéter e o travesseiro, apertando-os consigo. Meu coração estava na garganta em simpatia com o menino, que estava preocupado com o bem-estar de Louis. Ele estava chorando novamente agarrado ao travesseiro, olhei tristemente ao redor do quarto. Notei que a mala de Louis estava aberta e as roupas estavam espalhadas por toda a parte.
“Eu vou... Vou pegar as roupas sujas e lavá-las.” Murmurei, não sabendo mais o que fazer.
Harry de repente se levantou da cama, balbuciando: “E-Espere! N-Não! E-Essas r-roupas são de L-Louis!”
Ele pegou as roupas e as jogou em cima da cama. Zayn assistiu a tudo, em confusão: “Harry, por que...”
Harry se enterrou na pilha de roupas que tinha feito e disse: “T-Tem o cheiro do L-Louis de H-Harry...” ele soluçou.
“Pobre menino...” murmurei.
“Ele n-não está aqui para c-chamar Harry de g-gatinho... Ou c-cantar para Harry... Ou dar-” interrompeu-se com um soluço. “D-Dar b-beijos em Harry... L-Louis não está aqui p-para se aconchegar com H-Harry! H-Harry q-quer o seu L-Louis de v-volta!”
“Eu sinto muito, Harry...” tentei impotente, mas Harry me ignorou, rolou na cama e escondeu o rosto no travesseiro.
“Vou ficar de olho nele.” Zayn anunciou. “Você pode ir... Eu não sei, tentar se acalmar, sei lá...”
Balancei a cabeça e voltei para a sala, sentando-me no sofá com Niall, que se aproximou de mim e colocou sua cabeça em meu colo: “Não sei o que fazer para acalmar Harry...”
“Provavelmente não há o que fazer”, Niall sussurrou.
De repente, ouvimos um grito que veio do quarto deles. Niall e eu pulamos, olhando um para o outro em choque, antes de corrermos para o quarto. Zayn estava afagando as costas de Harry, que chorava ainda mais histericamente: “Eu não sei o que aconteceu! Eu não disse nada a ele, estávamos apenas-”
“E se f-ferirem o L-Louis de H-Harry?” o garoto lamentou. “E se ele f-for mor-”
“Morto?” Niall completou em confusão e Harry soluçou mais alto.
“H-Harry não p-pode p-perder s-seu Louis!” ele chorava, puxando freneticamente seus cachos.
“Pare, Harry! Pare!” corri até o menino e tirei suas mãos de seus cabelos. “Você vai ficar doente se continuar assim!”
“A b-barriga de H-Harry d-dói, m-mas L-Louis n-não está aqui p-para ajudar!” as lágrimas continuavam a cair em cascara de seu rosto. “H-Harry d-daria q-qualquer c-cois para t-ter seu Louis de volta.”
Então Harry voltou a se curvar em uma bola de novo, enterrando-se dentro das roupas e puxando o travesseiro de Louis para o seu rosto.
Eu apenas pedia internamente que Louis voltasse antes de o seu travesseiro perder seu perfume, ou nós teríamos um problema muito grande. Eu não podia imaginar um Harry mais triste do que ele já estava, isso era doloroso demais.
Nós três ficamos no quarto ouvindo o menino mais novo chorando, seus soluços eram de cortar o coração, mas até que ele parou, ficando completamente em silêncio.
“Ele está dormindo?” Zayn perguntou esperançosamente.
Inclinei-me, olhando para Harry. Os olhos verdes do garoto estavam abertos, as lágrimas ainda escorriam, e eles já estavam vermelhos e inchados. Balancei a minha cabeça: “Não, ele está acordado... Você está com sede, Harry?”
Harry estava chorando muito e me surpreendi por ele não estar desidratado ou algo assim. O menino não respondeu, simplesmente olhava fixamente para frente. “Harry?”
Ainda sem resposta, Zayn disse: “Você não disse que ele não estava dormindo?”
“Ele não está. Harry, diga alguma coisa!” exigi.
Os olhos do menino me encontraram, mas depois voltou a olhar pra frente. “Harry, não... Não pare de falar, por favor. Você tem que continuar falando, Louis gostaria... Ele gostaria que você continuasse falando!”
Mas o rapaz me ignorou, continuava encolhido e fitando o nada. Niall balançou a cabeça em confusão: “Por que ele não responde?”
“Traga-me um copo de leite”, engasguei. “Ele vai beber se está com sede.”
Niall correu do quarto e Zayn veio até o meu lado pra olhar para Harry, “Harry... Harry? Gatinho!”
Harry se encolheu mais ainda com o apelido. Aparentemente, só Louis que poderia chamá-lo assim. Mais lágrimas deslizaram pelo rosto do garoto, então ele pegou a atadura decorada e escondeu sua face nela.
Então, lembrei-me que na segunda atadura, Louis havia escrito “Louis ama Harry” por ela toda. Harry a queria porque não tinha mais Louis para lhe dizer que o amava.
Sussurrei para ele a frase, mas de uma forma diferente: “Louis ama seu gatinho.”
Harry gemeu tristemente no travesseiro de Louis, com sua mão apertada sobre a atadura, e soluçou: “Harry ama seu L-Louis... H-Harry p-precisa do seu Louis.”
Niall voltou com o leite: “Trouxe leite pra você, Harry... Você pode se sentar e beber, por favor?”
“Sente-se, Harry.” Eu bufei. “Você precisa beber pelo menos um pouco.”
Harry não se moveu, mas eu também não tinha coração para forçar fisicamente o menino a beber o leite. Niall assentiu e deixou o copo de leite sobre a mesa de cabeceira.
Durante o restante do dia, nós observamos Harry. Ele raramente se afastou do suéter e sempre o levava ao nariz para sentir o cheiro de Louis. Na hora do jantar, ninguém tinha fome, mas compartilhamos meio pacote de biscoito.
Nós nos revezamos para dormir em posições enroladas no pé da cama, enquanto os outros dois ficavam observando Harry. O garoto de coração partido não dormiu nada, porque, como ele disse, não tinha seu Louis para abraçá-lo.
Quando a luz da manhã brilhou o suficiente através da janela para iluminar o quarto, fiquei chocado ao descobrir que Harry tinha o suéter sobre o nariz e a boca, ainda chorando, agarrado ao travesseiro de Louis como se aquilo fosse a coisa mais preciosa da sua vida.