Anahí acordou na manhã seguinte com a luz do sol entrando pela janela e a sensação de beijos percorrendo o dorso de sua mão e subindo pelo braço. Tateando ainda com os olhos fechados, ela esbarrou nos cabelos macios de Alfonso. Os lábios dele continuaram subindo até chegar ao ombro e o pescoço.
- Bom dia minha linda esposinha. - ele sussurrou em seu ouvido.
- Bom dia! - Any sorriu custando a abrir os olhos.
Seu sangue congelou ao ouvir barulho de carroças. Alfonso sorriu e se afastou indo até a janela.
- Por favor, meu Deus, eu lhe imploro que não seja o Duque. - rezou em silêncio.
Alfonso voltou pra perto dela e se inclinando na cama a beijou.
- Vou chamar uma das empregadas para ajudá-la a se vestir, meu amor. Quero lhe apresentar a algumas pessoas. - piscou se afastando.
Anahí sorriu e suspirou aliviada ao ver que não era o Duque.
Alfonso saiu do quarto fechando a porta, menos de um minuto depois uma das empregadas entrou e a ajudou a se banhar e trocar de roupa.
Ao terminar de se vestir Anahí desceu e encontrou no salão uma verdadeira festa. Alfonso estava abraçado a um homem e quando a viu, afastou-se e se dirigiu até ela.
- Estas linda meu amor. - sorriu apaixonado.
Beijando sua mão Alfonso a guiou até onde os outros estavam.
- Está é minha esposa de quem lhes falei, Infanta Anahí Herrera. - sorriu orgulhoso.
Anahí sorriu sentindo o rosto corar ao ver como Alfonso se orgulhava de tê-la como esposa. E pensar que um dia ela acreditou que nunca seria capaz de experimentar tais sentimentos como aqueles.
- Meu amor, estas são as pessoas que cuidaram de mim quando sofri o acidente. Senhor Lucas James Colón e a senhora Elisa Colón... - apontou o homem e a mulher. - E seus filhos Derrick e Angelique.
Any sorriu para os dois. Angelique encarava o palácio fascinada e Derrick o olhava para Maite. O que surpreendeu Anahí foi ver que a garota, mesmo de forma envergonhada correspondia aos olhares dele. Anahí ficou com medo que mais alguém notasse, mas percebeu que todos estavam entretidos com os adultos e não reparavam nos adolescentes ali.
- É uma honra conhece-la, senhora Infanta. - Elisa se curvou diante dela capturando de volta sua atenção.
Anahí sorriu um tanto sem jeito com tantas formalidades. Ainda tentava se habituar aos costumes do castelo e da corte tão diferentes de sua cidade. Cada vez que uma pessoa se curvava diante dela, Any tinha que se controlar para não dizer à pessoa que era desnecessário tanta formalidade para com ela.
- Se me permite senhor Infante, tens uma bela esposa, agora entendo porque quis tanto regressar para casa. - Lucas sorriu.
- Sou um homem de muita sorte. - Alfonso sorriu acenando com a cabeça e encarou Anahí.
- Nunca vou ter palavras para agradecer o que fizeram pelo meu filho. - Elizabeth sorriu.
- Eu também serei eternamente grata por terem lhe ajudado. - Any sorriu emocionada. - Sem vocês certamente Alfonso estaria morto e eu não estaria aqui agora.
Ao terminar de falar Any engoliu as lágrimas e sentiu um arrepiou percorrer seu corpo ao lembrar do tempo que passara casada com o Duque e acreditando que seu marido estava morto. Alfonso apertou a mão dela mostrando que estava ali e que aquele pesadelo tinha acabado pra sempre. A forma como ele entrelaçou seus dedos com força, deixou claro que se estivessem a sós ele faria muito mais do que aquilo para reconforta-la. Sorrindo para o marido ela também desejou que estivessem sozinhos.
- Vocês se tornaram uma segunda família para mim, Derrick e a senhorita Angelique são como irmãos. E estou muito feliz por ter minhas duas famílias reunidas. - Alfonso sorriu.
- Bom eu mesmo faço questão de lhes mostrar sua nova moradia, garanto que é maior do que sua antiga casa. - Filipe respondeu com um sorriso no rosto.
- Muito maior. - Alfonso sorriu. - Vamos?!
Um tanto atordoados com tanta novidade, Lucas e Elisa saíram depois dos Rei, o príncipe e os Infantes. Angelique e Derrick logo atrás olhando o castelo. Por um segundo o olhar dele e Maite se encontraram novamente.
- Vou pedir aos empregados que façam um almoço especial esta noite. - a rainha sorriu.
Elizabeth, Jane e Dulce resolveram acompanha-la.
- Nos acompanha irmã? - Dulce sorriu para ela.
- Encontro vocês daqui a pouco. - Any sorriu.
Assim que as três se retiraram Anahí se aproximou de Maite.
- Como se sente esta manhã jovem princesa?
- És parte da família agora e estamos sozinhas, podes me chamar de Maite. - a garota sorriu ao responder.
- Como quiser, como tem passado Maite?
- Bem, nada de diferente me passou. - Maite deu de ombros ao responder.
- Me alegro em saber. - Any sorriu, era difícil puxar assunto com alguém que morava no mesmo lugar que você, mas quase não conversava. - O que achou da família que acolheu meu marido?
- Me pareceu serem boas pessoas, meu pai obviamente os adorou.
Anahí ponderou se deveria dizer que vira a troca de olhares entre Derrick e ela. Temendo deixar a princesa constrangida ou aborrecida, Any preferiu não dizer nada.
- Os filhos deles tem sua idade, se seu pai permitir podem se tornar amigos não?
Maite abaixou a cabeça e Any viu o rosto dela corar. Ali estava a prova de que Maite se interessara por Derrick e Anahí não a culpava por isso.
- Talvez! - Maite deu de ombros ao responder.
- Maite, tens ideia de que é uma jovem extremamente bonita e que nas festas as pessoas já notam você? Creio que Derrick a notou esta manhã. - Any sorriu ao dar a indireta. - O que achou dele?
- Parece ser interessante. - Maite deu de ombros tentando soar indiferente, mas seu rosto corou outra vez.
- Ouso dizer que gostou dele mais do que ousa admitir.
- Meus sentimentos não importam, meu pai, o rei, nunca aceitaria. - Maite suspirou.
- Seu pai e todos no palácio tem muito ao que agradecer a família deste rapaz. - Any sorriu.
- Mesmo todo o agradecimento do mundo não muda nossas posições. Eu sou uma princesa e ele um simples camponês, qualquer envolvimento está proibido e condenado. - Maite a olhou infeliz.
- Às vezes milagres acontecem sabia? Eu estava prometida a outro quando conheci Alfonso.
- És diferente, se eu fosse a camponesa e Derrick o príncipe não haveria tantos impedimentos. Acredita de verdade que estaria casada com Alfonso se ele fosse um jovem sem posses ou título de nobreza?
A pergunta de Maite pegou Anahí desprevenida e a surpreendeu quando se deu conta que a jovem princesa tinha razão. Se já fora difícil ficar com Alfonso, sendo ele um Infante, o que teria acontecido se ele fosse um simples camponês sem poderes ou nobreza para competir com o Duque? Só aquela ideia fez o arrepio amedrontador percorrer o corpo de Anahí outra vez.
- Vejo nos seus olhos que entendeste minha posição. Tens sorte por ter se casado por amor e ter um marido apaixonado. É o sonho de qualquer donzela como eu, ter um marido que a olhe como meu primo Alfonso olha pra você, mas creio que terei a mesma sorte de minha mãe. Serei obrigada a casar-me com algum príncipe e promover alguma aliança que traga paz a ambos os reinos. Com sorte talvez me apaixone por meu marido e ele por mim. É o melhor que pode me acontecer. Um rapaz como Derrick não passa de um sonho inalcançável para mim. Com licença. - Maite fez um aceno de cabeça e se retirou.
Anahí se virou e viu Maite subir as escadas, uma versão mais nova de si mesma. Mordendo o lábio Anahí tentou encontrar alguma forma de ajuda-la, mas o que poderia fazer?
Alfonso voltou para o castelo de bom humor e foi na direção das escadas afim de encontrar sua esposa no quarto. Na metade do caminho encontrou Christian descendo os degraus.
- Primo! - Christian lhe fez um aceno de cabeça ao passar por ele.
- Primo espere! - Alfonso pediu se virando.
- Pois não? - Christian sorriu virando-se pra ele.
- Queria lhe pedir uma coisa. - Alfonso sorriu descendo as escadas.
- Peça.
- Arrume uma noiva a quem deverá dedicar-lhe suas atenções. - Alfonso respondeu ficando sério.
- Por que estás me dizendo isso? - Christian forçou um sorriso fingindo desentendimento.
- Porque vejo a forma como encara minha esposa em determinados momentos e eu soube que você a cortejou no casamento de meu primo e Dulce.
- Não foi com más intenções, acreditávamos que estava morto, pensei que seria uma boa forma dela ficar aqui perto da irmã.
- E de coisas que a fariam se lembrar de mim? - Alfonso cruzou os braços mostrando claramente que não acreditava nele. - É o primeiro e o último aviso que lhe dou. Minha esposa não precisa me contar as coisas, já notei que ela não aprecia estar no mesmo ambiente com você, exceto em ocasiões como a de hoje de manhã. Estou lhe avisando Christian para ficar longe dela. Se a encarar mais uma vez com más intenções eu irei me esquecer que pertencemos a mesma família.
Alfonso falava com calma, mas a forma como encarava o primo deixava claro que ele estava falando sério.
- Já entendi primo! - Christian assentiu.
- Não me faça perder o carinho e o respeito que tenho por você e pela responsabilidade que o espera.
Christian assentiu mais uma vez e Alfonso acenou com a cabeça uma vez, dando as costas e deixando claro que o assunto estava encerrado. Christian desceu os últimos degraus sério.
- Acho que irei precisar de uma nova distração. - resmungou.
Anahí encarava a paisagem ao longe pensativa. Se sentia solidária em relação à Maite e preocupada em relação a chegada do Duque que a cada dia se aproximava mais.
Perdida em pensamentos só notou a chegada do marido depois que o mesmo a envolveu em seus braços.
- O que a distrai tanto, meu amor? - Alfonso a virou de frente pra ele sem soltá-la. - Está preocupada com a chegada do Duque Willian?! - perguntou e Anahí percebeu o tom de desprezo ao falar do Duque.
- O que mais poderia ser? - Any abaixou a cabeça e brincou com os botões do colete de Alfonso. - Tenho medo do que pode acontecer. Como vai ser quando chegar, me ver e perceber que me casei com outro?
- Ele não vai chegar perto de você eu lhe prometo. - Alfonso ergueu o queixo dela olhando-a nos olhos, em seguida, afastou os fios com delicadeza revelando a cicatriz. - Nunca mais ele irá encostar um dedo em você. - Any percebeu quando ele cerrou o punho. - Se fizer eu o mato. Mato qualquer um que se atrever a tentar tirá-la de mim. - Alfonso completou num tom de voz frio lembrando da conversa com Christian.
Anahí o abraçou se perguntando quando teriam paz. Será que algum dia poderiam ser felizes ou o Duque sempre seria uma sombra pairando sobre os dois ameaçando separá-los?
Quando a soltou Alfonso a beijou e a pegou nos braços levando-a até a cama de casal. Só quando estavam totalmente despidos e unidos encontraram a paz de que tanto precisavam.
O almoço foi alegre e descontraído, Lucas e sua família eram o centro das atenções enquanto Anahí e Alfonso eram os observadores. Ela encarava a forma como Derrick e Maite disfarçadamente se encaravam, um sentado de frente para o outro. Alfonso por sua vez, ora encarava Christian, ora sua esposa e o restante das pessoas à mesa. Estava alheio e ansioso para a chegada do Duque, queria poder acabar de uma vez por todas com aquilo e assim viver em paz e fazer planos com sua esposa.
Já estava entardecendo quando Dulce encarou a irmã.
- Será que podemos entrar?
- Já queres entrar? Mas acabamos de chegar, eu nunca tinha vindo ao jardim do palácio e é tão lindo aqui. - sorriu tocando as fileiras de flores com as pontas dos dedos.
- É que tantos aromas diferentes está começando a me deixar zonza, mais um minuto e serei incapaz de identificar qualquer odor. - Dulce reclamou franzindo o nariz.
- Não diga tolices. - Any sorriu andando de costas para poder encarar a irmã. - Vamos ficar mais um pouco, amei este jardim, me distrai e me acalma. - fechou os olhos e inspirou fundo.
- Acho que vou esperar do outro lado então. - Dulce resmungou dando as costas.
Any suspirou e quando virou de frente para a trilha encontrou um copo de leite. Sorrindo ela tocou a flor.
- Lindo!
Passos apressados chamaram sua atenção e ela encarou o caminho que Dulce tinha acabado de seguir. Sua irmã vinha em sua direção apressada e acompanhada de Elizabeth.
- O que aconteceu? - perguntou preocupada.
Dulce parou na frente dela ofegando. Tomando fôlego sussurrou.
- Ele está aqui. O Duque acaba de chegar ao palácio.
Anahí sentiu toda a paz dentro dela desaparecer e ser substituída pelo pânico. Elizabeth se aproximou.
- Ele não sabe de nada ainda, perguntou de você assim que desceu da carruagem. Está no salão do rei agora, Filipe me mandou busca-la. Alfonso está no quarto de vocês junto com Christopher que está tentando acalmá-lo e impedi-lo de descer antes da hora. - explicou. - O rei quer que o Duque a veja primeiro e depois Alfonso.
Anahí negou com a cabeça e deu um passo atrás, sua vista começando a ficar embaçada.
- Não quero vê-lo. Digam a ele que estou feliz, que casei-me com Alfonso, que ele nunca teve direito sobre mim. O façam partir ainda esta noite. - ela tremia enquanto falava.
- E acha que ele partiria assim? Ele precisa ver com seus próprios olhos Any. - Dulce a encarou.
- Vai dar tudo certo, os reis estarão presentes, além de Christopher e Alfonso. Nada de errado vai lhe acontecer querida. - Elizabeth acariciou seu rosto tentando tranquiliza-la.
- Lembre-se! Estas casada com Alfonso, pertences à ele agora! Sua casa é aqui e o Duque não poderá fazer nada para obrigá-la a voltar com ele. - Dulce sorriu confiante.
O Duque encarou o rei não gostando nada de ter sido mandado até aquela sala.
- E então onde está minha esposa? Minha única intenção para vir até aqui foi para busca-la, creio que já mataste a saudade de sua irmã. - respondeu com desprezo.
- Já mandei chama-la, senhor Duque. - o rei respondeu com calma.
Uma batida soo na enorme porta de madeira lateral e o Rei ordenou que a pessoa entrasse. A porta se abriu e Anahí entrou, retorcendo as mãos e cobrindo a aliança de casamento. Mantinha a cabeça baixa acreditando que se não olhasse para o Duque, não iria sucumbiria ao terror que estava sentindo. Como Elizabeth a instruiu ela fez uma reverência para os reis e parou de pé ao lado deles, longe do Duque.
- Vejo que estes dias lhe fizeram muito bem esposa.
Anahí engoliu seco controlando a vontade de fugir dali.
- Olhe pra mim quando falo com você.
- Você não pode dar-lhe ordens Duque. - a rainha interferiu.
- Ela é minha esposa, suba imediatamente Anahí, espero que suas malas estejam prontas, quero partir ainda hoje. - Willian respondeu cheio de arrogância.
- Lamento lhe informar, mas a convocação que lhe enviei foi com a intenção de fazê-lo vir até aqui para que saiba por nós que Anahí não pertence à você e ficará neste castelo.
- Que absurdo estão dizendo? Seja o que for que ela tenha inventado, são mentiras. Casei-me com Anahí, portanto ela pertence a mim e irá voltar para casa comigo. - esbravejou. - Vamos embora agora!
Anahí deu um passo atrás quando furioso, o Duque veio em sua direção. Imediatamente os reis se levantaram.
- Fique onde está Duque Willian! Se ousar desobedecer-me perderá seu título de nobreza e irei reduzi-lo a pó. - Filipe respondeu enérgico e voltou a se sentar, Isabel fez o mesmo.
O Duque parou onde estava e furioso encarou Anahí que agora o olhava assustada.
- Sabemos que o casamento não foi consumado, portanto ele foi automaticamente anulado por mim.
- Mas...
- Antes que diga mais alguma coisa permita-me esclarecer-lhe outro fato. - Filipe interrompeu a tentativa do Duque de falar e apontou para a porta.
Willian se virou e as portas atrás dele foram abertas. Seus olhos se arregalaram e como se estivesse vendo um fantasma ele encarou Alfonso entrar no salão seguido de Christopher.
Anahí sentiu seu coração disparar ao vê-lo e teve que se controlar para não correr até o marido.
- Quanto tempo senhor Duque! - Alfonso sorriu com ironia sem mostrar os dentes.
- Estás vivo, mas... Como?
- Fui salvo por um casal que cuidou de mim em segredo, ao contrário do que pretendia, sua emboscada não acabou com minha vida. Infelizmente perdemos o cocheiro, mas eu estou vivo e não é só isso. - Alfonso atravessou o salão indo em direção à Anahí. - Estou vivo e casado com Anahí! - entrelaçou seus dedos nos dela e sorriu para o Duque.
Os olhos de Willian se arregalaram quando ele viu as alianças nas mãos de ambos. Com uma fúria homicida ele encarou Alfonso e depois Anahí.
Dessa vez ela sustentou o olhar do Duque encarando-o com desprezo, agora que Alfonso estava ao lado dela finalmente ela se sentia segura para dizer à Willian tudo o que queria.