Parada em minha frente, com a faca ainda cravada em sua perna, estava uma garota, não conseguia ver suas feições direito, mas sem esforço nenhum, ela tirou a faca de sua coxa e a colocou no bolso. Fiquei sem entender o que estava acontecendo, a única coisa que consegui pensar foi que ela tinha o argalte no sangue, (uma substância criada por Soren como parte do plano inicial de criar soldados extremamente fortes e resistentes) seria a única explicação de não sentir dor alguma. Peguei minha adaga e apontei para a garota.
-Quem é você? - Eu disse em um tom confuso.
-Não temos tempo para formalidades, precisamos ir agora - disse ela.
-Não vou com você á lugar nenhum, e devolva minha faca.
-Não seja imbecil, venha logo.
-Como você me garante que não é infectada pelo argalte, porque até onde eu sei, apenas os transformados não sentem dor.
-Eu te garanto uma coisa, se eu tivesse argalte no sangue, você já estaria morto garoto.
Fiquei confuso com a resposta, mal consegui raciocinar quando um rugido atrapalhou nossa discussão.
-Nerys - sussurrei
A garota me olhou, e com um sorriso malicioso nos lábios, falou :
-Como quiser - e desapareceu por entre os galhos.
Peguei minha mochila e as garrafas de água, e saí correndo o mais rápido que pude, em meio a galhos batendo em meu rosto, parei de correr por alguns segundos e tentei analisar rapidamente qual seria a árvore mais fácil e rápida de escalar, eu não tinha muitas opções já que a maioria eram lisas, e minha corda havia caído em algum momento da corrida.
Olhei para cima e vi a garota jogando uma corda para mim, não pensei duas vezes, agarrei a corda, e escalei a árvore, cheguei ao topo junto com ela, antes que eu pudesse agradecer, ela colocou a mão sobre minha boca e fez um sinal de silêncio,eu correspondi.
Naquele mesmo momento surgiu Nerys, de baixo de nossos narizes, rastreando o local. Nerys ficou mais um tempo naquela área, aquela criatura nos sentia, mas não fazia nada, até que resolveu ir embora.
Olhei para a garota e perguntei:
-Agora você pode me dizer quem é? E o que está fazendo aqui? E porque tentou me matar?
Ela simplesmente sorriu, e me respondeu:
-Meu nome é Maya, eu estou em uma missão, não posso te falar porque, nem para que, a não ser que queira morrer depois - ela via meu olhar espantado, e continuou - estou brincando, mas você não precisa de tais informações, e não , eu não queria te matar, você esqueceu dos discípulos de Nerys?
Como pude esquecer, criaturas bizarras de um olho só com tentáculos imensos, que vasculham a área juntamente com Nerys, também criados pelos Alphas.
-Então, você é bem desatento sabia? Estavam te seguindo, pelo menos seis deles, consegui matar dois, mas quando seguia um deles acabei percebendo que estavam atrás de você, apenas te puxei para que não fosse visto, Aah, e obrigada , a sensação de ter uma faca enfiada na sua perna é demais.
Fiquei constrangido na hora, porque ela tinha que me lembrar daquilo?
-Bem, quando você é agarrado do nada e puxado para o meio de um arbusto, ainda mais no mundo que estamos, acho que minha reação foi apropriada- eu disse envergonhado.
-É, acho que sim - ela sorriu disfarçadamente - começamos com o pé esquerdo, mas eaí? Não sei nada sobre você ainda.
Fiquei meio relutante, mas ela não parecia tão amedrontadora quanto à alguns minutos atrás.
-Meu nome é Seth, Na verdade nem eu sei coisas sobre mim direito, uma das poucas coisas que me recordo são gritos, provavelmente da minha família quando os Alphas atacaram,mas não tenho tanta certeza. Eu estava indo em direção à barreira, ouvi relatos que existe uma resistência do outro lado. Mas e você, por acaso tem alguma ligação com o Soren ? Afinal , você não sente dor alguma, é como se fosse.... - Fui interrompido na mesma hora
-É uma longa história - o sorriso desapareceu de seu rosto - Assim como você, também procuro a resistência, já que temos o mesmo plano, vamos dormir, saíremos pela manhã.
Ela escondia algo, mas resolvi não incomodá-la com o assunto, montei a primeira guarda da noite e fiquei observando as estrelas enquanto Maya dormia.