PARIS VERMELHA

Por sylviarpellegrino

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O romance aborda o relacionamento de Gerald Champoudry e Hosana Stein. Esses dois personagens vão se amar lou... Más

1º CAPÍTULO - GERALD CHAMPOUDRY
2º CAPÍTULO - ANNA ZANATA
3º CAPÍTULO - A FUGA
4. AJUDA DE CARLA ZATTEL
5. ENCONTRO COM ANNA ZANATA
6. REMINISCÊNCIAS
7º CAPÍTULO - A CAMPANHA
8. A DECEPÇÃO DE HOSANA
9. O PLANO DO SENADOR
11. A JOGADA DE HOSANA
12. A POSSE DO GOVERNADOR
13. O PODER DA IMPRENSA
14. HOSANA NO JORNAL
15. A EMPRESÁRIA HOSANA

10.Denis cancela a campanha

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Por sylviarpellegrino



O plano corre à perfeição. No dia seguinte, quando o senador retorna à sua casa, encontra a filha em prantos e arrumando as malas. Ela viajará para o exterior. Inclusive já comprou passagem para Paris. Ele a questiona, preocupado.

— O que aconteceu, meu amor?

— Vou para Paris! Nunca mais quero ver Gerald! Ele morreu para mim!

— Espere! Explique do que está falando.

— Falo do comportamento de Gerald. — A dor está impregnada na voz. — Ele foi para cama com a minha melhor amiga. E ela mal pôde esperar para me telefonar e dizer que ele foi um amante maravilhoso!

O senador fica estático, abalado.

— Ela não estará apenas inventando história para machucar você?

— Não, papai. Tirei a prova, ligando para Gerald. Me humilhei, mas perguntei a ele. Ele gaguejou, mas não negou. Tentou explicar o inexplicável. Decidi pôr fim nesse relacionamento. Não casarei com um homem que se deita com outras mulheres. Vou para Paris e ponto!

— Tem certeza de que esta é a melhor solução?

— Certeza absoluta.

Nicole parte. O senador chama Gerald para uma conversa.

— Estou desapontado com você, filho.

Gerald respira fundo.

— Lamento o acontecido, Roberto. Foi desses atos que acontecem após tomar alguns drinques. A mulher se joga para cima de você, sua cabeça para de pensar e o instinto fala mais alto.

— Eu compreendo sua situação — fala o senador, num tom solidário. — Afinal, você é homem, certo?

Gerald sorri, aliviado.

— Certo. E posso lhe assegurar que não acontecerá de novo.

— Mas é uma pena. Você seria excelente governador.

Gerald fica lívido.

— O que está dizendo, Roberto?

— Não continuarei a apoiá-lo agora, Gerald. Minha filha não me perdoaria. Não a magoarei mais.

— O que minha candidatura a governador tem a ver com Nicole?

— Minha preocupação, antes de ser homem público, está ligada aos sentimentos da minha filha. Não permitirei que ela se sinta mais humilhada, quando todos com quem comentei, sobre a grande possibilidade de que o próximo governador de Tapajós fosse meu genro, se apiedem dela. Reverei meus planos.

— Roberto, se você me compreendeu, por favor, faça também Nicole me compreender?

O sorriso do senador Denis desaparece.

— Não me diga como devo ou não proceder, Gerald. Posso fazer de você o governador, mas também posso destruir sua embrionária carreira política! — Ele torna a sorrir e diz macio: — Mas não me interprete mal. Peço que respeite a dor de um pai. Sem ressentimentos. Eu lhe desejo o melhor.

Gerald permanece em silêncio por longo tempo.

— Entendo. — Ele se levanta. — Eu lamento muito.

— Também lamento, Gerald. Com toda sinceridade.

Depois que Gerald se retira, o senador chama Pedro Roth.

— Vamos abandonar a campanha.

— Largar tudo? Por quê? Vamos ganhar. As últimas pesquisas são fantásticas. Gerald já está na frente de Adilson Guedes.

— Faça o que estou dizendo, Roth. Cancele todos os compromissos de Gerald. No que me diz respeito, quem magoa os sentimentos de minha filha está fora da minha vida e, por mim, ele está fora da disputa.

Duas semanas depois, as pesquisas começam a apresentar queda nos índices de Gerald Champoudry. Os cartazes começam a desaparecer, os anúncios no rádio e televisão são cancelados.

— O candidato Adilson volta a subir nas pesquisas — comenta Pedro Roth. — Precisamos nos apressar para encontrar novo candidato. O tempo é exíguo.

O senador fica pensativo.

— Não se preocupe, Roth. Esperemos pela reação de Gerald.

— Pensei que havia desistido dele...

O senador Denis sorri e Roth entende que ele tem alguma carta na manga.

***

Após aquela discussão, Gerald Champoudry vai à agência Bastos, Stein & Tomaz e pede que cuidem de sua campanha. Geraldo Bastos o apresenta à Hosana, e Gerald, apesar de todo o tempo em que se amaram no passado, nada comenta, mas volta a sentir aquela fascinação por ela.

Hosana continua linda, inteligência acima da média e muito bem-humorada. Além disso, acredita nele.

Gerald notara algumas vezes certo alheamento nas atitudes de Nicole, mas ignorava o fato. Com Hosana era diferente. Uma mulher efusiva e sensível. A paixão volta com toda a intensidade. De vez em quando, Gerald pensa no que perdera. "Isso é apenas o primeiro passo. Você serve por um ou dois mandatos como governador e prometo que depois o levaremos para o Planalto". As palavras de Roberto Denis ecoam na cabeça dele. Gerald trata de se persuadir: — Posso ser feliz sem isso. Mas às vezes ele pensa nas boas coisas que realizaria.

Com o casamento de Gerald se aproximando, o senador Denis chama Pedro Roth para uma conversa.

— Pedro, temos um problema. Não podemos deixar que Gerald desperdice sua carreira, casando-se com uma desconhecida. Ela não tem o perfil de mulher para se unir a um homem brilhante como ele.

Pedro Roth franze o rosto.

— O que poderemos fazer neste momento, senador? O casamento está marcado.

O senador Denis pensa um pouco.

— O páreo ainda não está perdido, não é mesmo?

Ele telefona para a filha em Paris.

— Nicole, tenho uma notícia dramática para você. Gerald vai casar.

Há um longo silêncio.

— Eu sei.

— O problema é que ele não ama essa mulher. Falou comigo que, ao ser abandonado por você, resolveu casar com ela. Ele ainda está apaixonado por você.

— Gerald disse isso?

— Claro que sim. Ele está fazendo uma coisa atemorizante para a vida dele. Estou lhe telefonando porque, de certa forma, foi você quem o levou a cometer esse ato absurdo. Quando o abandonou de repente, ele ficou prostrado e ela se aproveitou para tomar o seu lugar.

— Pai, não imagino que eu seja tão importante na vida de Gerald.

— Nunca vi um homem tão destruído. Até a eleição para governador ele vai perder pelo próprio desânimo.

— Nem sei o que dizer.

— Você ainda o ama?

— Eu sou louca por esse homem. Cometi um erro lastimável.

— Talvez não seja tarde demais — murmura o senador.

— Mas ele vai casar!

— Meu amor, por que não esperamos para ver se esse casamento acontece? Talvez ele volte a pensar com a própria cabeça.

Depois que o senador Denis desliga, Pedro Roth pergunta:

— O que fará, senador?

— Eu? — sorri o senador Denis, com ar inocente. — Absolutamente nada. Você joga xadrez, Roth?

— Não sou tão hábil, mas acho que o senador é mestre.

— Preciso dar um xeque-mate.

***

Gerald Champoudry vai ao escritório do senador Denis naquela tarde.

— É um prazer ver você, Gerald. Obrigado por atender ao meu convite. Está com boa aparência.

— Obrigado, Roberto. Você também parece muito bem.

— Já estou velho, mas faço o possível.

— Quer falar comigo, Roberto?

—Sim, Gerald. Sente-se.

Gerald se acomoda numa poltrona.

— Preciso de sua inteligência na solução de um problema legal que estou enfrentando em Paris. Uma das minhas companhias está em dificuldade. Haverá uma assembleia de acionistas muito em breve. Gostaria que você me representasse. Se quiser, aproveite para passar em Grasse e ver como andam as coisas na Champoudry.

— Terei o maior prazer. Preciso saber quando será a assembleia, para encaixar esse compromisso na minha agenda.

— Lamento, mas terá de partir esta tarde.

Gerald fica atônito.

— Entendi bem? Na tarde de hoje?

— Detesto mobilizá-lo com tão pouco prazo, mas acabo de receber o aviso. Meu avião o espera no aeroporto. Pode viajar? É muito importante para mim.

Gerald tem uma expressão pensativa.

— Darei um jeito.

— Muito grato, Gerald. Fico lhe devendo esse favor.— O senador aproveita o momento e fala: — Lamento o que está ocorrendo com sua campanha eleitoral. Viu as últimas pesquisas? — Ele suspira, antes de arrematar: — Elas mostram que você está caindo cada dia mais.

— Sei disso.

— Eu não devo me importar tanto, mas... — O senador Denis não conclui.

— Mas...?

— Você seria excelente governador. Seu futuro não poderia ser mais brilhante. Teria dinheiro, poder e seria um homem para ficar na história. Quero falar um pouco sobre dinheiro e poder, Gerald. O dinheiro não se importa com quem o possui. Um mendigo pode ganhar na mega-sena, um debiloide pode herdar uma fortuna, ou alguém pode conseguir dinheiro assaltando banco. Mas poder é algo mágico, diferente de tudo que um homem deseja até encontrá-lo. Portanto, só existe poder onde existe vontade. Ter poder é possuir o mundo. Se você fosse governador deste estado embrionário poderia afetar positivamente as vidas de todos os que estão ali. Obteria aprovação de projetos que ajudariam a população e teria poder para vetar projetos que pudessem prejudicá-las. Eu lhe prometi, em uma ocasião, que se tornaria no futuro presidente do Brasil. Pois saiba que falei sério. Você poderia mesmo. E pense sobre esse poder, Gerald, ser o homem mais importante do País. O Brasil está sendo olhado pelos grandes líderes mundiais como promessa de nova potência. Poderá se tornar um dos países mais poderosos do mundo. Não acha que valeria a pena sonhar com isso? Pense a respeito. — O senador faz silêncio, depois acrescenta, em voz pausada: — Um dos homens mais poderosos do mundo. Fazendo parte e opinando no G8. Essa é a grande perspectiva do Brasil.

Gerald especula sobre o rumo que a conversa tomará. Como em resposta à sua indagação silenciosa, o senador complementa:

— E você deixou escapar tudo isso, apenas por uma mulher. Pensei que fosse mais inteligente, filho.

Gerald espera. O senador Denis continua, em tom casual:

— Falei com Nicole esta manhã. Ela continua em Paris, agora no Ritz. Quando falei sobre seu casamento, ela desatou a chorar.

— Lamento muito, Roberto.

O senador suspira.

— É uma pena que vocês não possam reatar.

— Roberto, casarei dentro de poucos dias.

— Sei disso. E não interferiria em seu casamento por nada neste mundo. Suponho que não passo de um velho sentimental, mas para mim casamento é a coisa mais sagrada do mundo. Tem minha compreensão. Desejo sua felicidade, Gerald.

— Fico muito grato.

— Sei que fica.

O senador olha para seu relógio. — Você precisa ir para casa agora e arrumar a mala. Colocarei no avião as informações sobre a assembleia, para que você tome pé da situação.

Gerald se levanta.

— Está certo. E não se preocupe. Cuidarei de tudo por lá.

— Tenho certeza disso. Ah, antes que eu me esqueça, reservei um quarto para você no Ritz.

No luxuoso Challenger 300 do senador Denis, voando para Paris, Gerald pensa sobre a conversa com o senador.

Excelente governador, futuro brilhante, poder, ajuda ao povo, presidente da República....

Não preciso disso, assegura Gerald a si mesmo. De jeito nenhum. Vou casar com uma mulher maravilhosa. E faremos um ao outro muito feliz. Quando Gerald chega ao aeroporto Orly, em Paris, encontra um Citroën DS à espera.

— Para onde vamos, Sr. Champoudry? — pergunta o motorista. Gerald recorda-se das palavras de Roberto: "Ah, antes que eu me esqueça, reservei um quarto para você no Ritz." Nicole está no Ritz. Será mais sensato ir para outro hotel, reflete Gerald.

O motorista continua aguardando a instrução.

— Para o Ritz — responde Gerald. O mínimo que farei é me desculpar com Nicole.

Ele telefona para Nicole do saguão.

— Sou eu, Gerald. Estou em Paris.

— Eu sei — responde Nicole. — Papai me ligou.

— Estou no saguão. Gostaria de cumprimentar você. Se puder me encontrar...

— Suba.

Quando chega na porta da suíte de Nicole, Gerald ainda não sabe direito o que dizer. Nicole o espera na porta. Permanece parada ali por um momento, sorrindo, depois o abraça e o aperta com força.

— Papai me contou que você viria para cá. Não imagina como estou contente!

Gerald fica imóvel, desorientado. Terei de falar sobre Hosana, mas preciso encontrar as palavras certas. Sinto muito pelo que aconteceu conosco. Nunca tive a intenção de magoá-la. Eu me apaixonei por outra, mas sempre admirarei você. O pensamento vaga entre tantas formas de desculpa.

— Preciso lhe contar uma coisa — diz ele, contrafeito. — A verdade é que...

E, enquanto fita Nicole, Gerald pensa nas palavras do pai dela: "Eu lhe prometi em uma ocasião que poderia se tornar presidente do nosso Brasil. Pois saiba que falei sério, que você poderia mesmo ser o presidente. E pense sobre ter poder, Gerald, ser um dos homens mais importantes do mundo, dirigindo o País para o qual os olhos dos demais países estão voltados. Não acha que vale a pena sonhar com isso?"

— O que é, querido?

E as palavras se despejam como se tivessem vida própria.

— Cometi um erro terrível, Nicole. Fui um tolo. Eu a amo. E quero casar com você.

— Gerald!

— Quer casar comigo?

Não há hesitação.

— Claro que quero, meu amor!

Ele a pega no colo, carrega-a para a cama. Momentos depois estão nus e Nicole fala:

— Não imagina como senti saudade de você, querido.

— Perdi o juízo.

Nicole comprime-se contra ele e balbucia:

— Ah, como é maravilhoso estar em seus braços.

— Isso acontece porque pertencemos um ao outro. — Gerald senta-se na cama. — Vamos dar a notícia a seu pai.

— Agora?

— Isso mesmo. E eu terei de contar a Hosana.

Quinze minutos depois, Nicole fala com o pai.

— Gerald e eu vamos nos casar.

Notícia ótima, Nicole. Estou surpreso, mas muito satisfeito. Por falar nisso, o prefeito de Paris é velho amigo meu. Ele espera seu telefonema. Ele convencerá o vigário a fazer o casamento de vocês na bela capela gótica, Sainte-Chapelle, na Île de la Cité, em Paris, rodeada pelas águas do Rio Sena e onde se encontra a famosa Catedral de Notre Dame. Quero um casamento suntuoso. Colocarei à disposição dos convidados mais íntimos o transporte e hospedagem no Ritz, onde faremos a recepção. Agora ponha Gerald na linha.

— Só um instante, papai. — Nicole estende o fone para Gerald. — Ele quer falar com você.

Gerald atende.

— Roberto?

— Você me deixa muito feliz, meu rapaz. Fez a coisa certa.

— Obrigado. Sinto a mesma coisa.

— Providenciarei para que você e Nicole se casem aí mesmo, em Paris, na bela capela gótica, Sainte-Chapelle, na Île de la Cité. A recepção será no Ritz.

Gerald franze o cenho.

— Na Sainte-Chapelle? Não acho boa ideia, Roberto. Seria ali que Hosana e eu iríamos nos casar.

— Por que não? — A voz do senador Denis torna-se fria. — Você envergonhou minha filha, Gerald, e tenho certeza de que quer compensar essa situação. Estou certo?

Há uma longa pausa.

— Claro, Roberto.

— Obrigado, Gerald. Encontrarei com vocês em Paris, junto com os convidados que levarei para o Ritz. Depois da cerimônia, espero a volta de vocês aqui em poucos dias. Temos muito que conversar sobre a eleição para governador. — E desliga.

Nicole olha para Gerald e fala com alegria:

— Papai quer nos oferecer um casamento religioso na Sainte-Chapelle e em seguida uma recepção suntuosa no Ritz. Disse a ele que quero rosas vermelhas, muitas rosas vermelhas, tanto na Sainte-Chapelle, como no Ritz. Deixaremos todos os convidados com a lembrança de uma Paris vermelha.

Gerald hesita, pensando em Hosana e no que isso representará para ela. Mas foi longe demais para recuar agora.

— Como ele quiser.

Gerald não consegue tirar Hosana dos pensamentos. Ela não merece o que ele está lhe fazendo.

Vou telefonar para ela e explicar.

Mas cada tentativa em telefonar, se pegava pensando: "Como explicarei toda essa reviravolta? O que poderei dizer a ela?" E ele não encontra resposta. Finalmente toma coragem para ligar, mas a imprensa a alcançou primeiro e ele se sente ainda pior depois.

***

Hosana coloca sobre a mesa em seu apartamento o relatório que o detetive lhe trouxe. Agora conhece todos os fatos, inclusive como se deu a sabotagem do senador Denis a seu casamento com Gerald. Entende a ambição de Gerald e a extensão dela.

Ela não deixará barato aquela humilhação pública. Não sabe como, mas haverá revanche.


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