Uma Noite em Vegas

By annestengel

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Annabelle Gardens tinha uma vida bastante normal e simples em sua pequena cidade no Colorado. Ajudava seus pa... More

Primeiro Capítulo
Segundo Capítulo
Terceiro Capítulo
Quarto Capítulo
Quinto Capítulo
Sexto Capítulo
Oitavo Capítulo
Nono Capítulo
Décimo Capítulo
Décimo Primeiro Capítulo
Décimo Segundo Capítulo
Décimo Terceiro Capítulo
Décimo Quarto Capítulo
Décimo Quinto Capítulo
Décimo Sexto Capítulo
Décimo Sétimo Capítulo
Décimo Oitavo Capítulo
Décimo Nono Capítulo
Vigésimo Capítulo
Agradecimentos
conto: tulipas brancas
conto: cumulonimbus
conto: petrichor
[NOVA] Quem Eu Quero Encontrar
QUEM EU QUERO ENCONTRAR: TRAILER

Sétimo Capítulo

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By annestengel

Inesperadamente, o Sr. e a Sra. Gardens concordaram em deixá-los dormir no mesmo quarto. Annabelle não sabia o que tanto Howl e seu pai haviam conversado na sala enquanto fazia o chá com sua mãe, mas o resto do dia passou de forma agradável e bem menos turbulenta. Peter e Amelie sentiram-se no direito de fazer mil perguntas a Howl, que não pareceu incomodado em responder nenhuma delas. Dessa forma, Annabelle também acabou aprendendo muito sobre ele.

Ele havia nascido em Leeds, porém quando tinha treze anos mudou-se para Londres com a família. Seu pai era mecânico e trabalhava em uma oficina decadente antes de receber e aceitar a oferta de um antigo colega de escola para administrarem uma oficina em Londres, o que causou a mudança da família. Sua mãe era uma advogada, tinha começado a vida como secretária até que conseguiu, depois que Howl crescera, entrar numa faculdade simples e conseguir um diploma. Sempre trabalhara duro e também se esforçara para oferecer aos filhos a melhor educação. Sim, filhos. Além de Howl, o casal Cardins tinha outra filha, três anos mais velha que o rapaz, chamada Rowena. Aquilo surpreendeu Annabelle. Ela não imaginava que ele teria uma irmã. E também ficou um pouco surpresa com as origens simples dele. Talvez por isso fosse tão simpático.

Sobre a banda, começara quando Howl tinha dezoito anos, Chad tinha dezessete e Mitch, vinte. Como Annabelle adivinhara, Chad era o caçula, mas não tinha ideia que Mitch tinha idade diferente de Howl. Os três nunca estudaram juntos ou moravam próximos um do outro, mas Chad morava perto do primo de Mitch, Jackson, então acabaram se conhecendo em algumas situações e encontros aleatórios. Um dia, Mitch estourara o carro do pai perto da oficina do Sr. Cardins e acabou conhecendo Howl enquanto esse brincava com um violão usado que tinha ganhado de presente. Como Mitch e Chad já vinham "brincando" de banda há um tempo, decidiram chamar o garoto bonito e talentoso para se juntar a eles. O tio de Mitch, William Jones, conhecido mais como Bill, já tinha gerenciado alguns projetos, então arriscou no sobrinho e nos amigos, o que acabou sendo uma ótima escolha.

Compass~ acabou crescendo mais rápido do que se imaginaria para uma banda iniciada no underground londrino, e o sucesso também acabou subindo rápido à cabeça, principalmente para Mitch e Chad, mas sobre isso Howl não entrou em detalhes com os pais de Annabelle. Ela agradeceu. Eles pareciam estar gostando de Howl, pelo menos, um pouco mais de quando ele se anunciou como marido dela, e ela não gostaria que a imagem de Mitch e Chad atrapalhasse nisso de alguma forma, mesmo que ela ainda não soubesse o que eles tanto faziam.

Eles não saíram de casa para não atrair a atenção dos vizinhos, então comeram um almoço caseiro delicioso – Amelie era realmente ótima cozinheira, como a forma roliça de Peter podia confirmar. Annabelle imaginou se Howl não ficaria cansado, falando tanto de si mesmo e não ouvindo nada sobre ela (afinal, ele também não sabia muito dela, só que os pais dela não podiam saber disso), mas torceu para que ele estivesse acostumado com as entrevistas intrusivas que as revistas de fama requeriam.

Só foram ficar sozinhos à noite, depois do jantar. Como era domingo – eles nem sabiam direito que dia da semana era de tão perdidos que estavam – Peter não havia trabalhado, então ficara o tempo todo com eles. Amelie também não ia se separar de sua menininha, uma vez que ela no dia seguinte partiria para a Inglaterra. Então depois de pratos esvaziados e lavados, Howl e Annabelle subiram para o segundo andar da casa, onde ficavam os quartos, e conseguiram finalmente cinco minutos de descanso.

- Desculpe por tudo isso. – ela sentiu-se no dever de se desculpar, jogando-se na sua própria cama, que não via há um bom tempo. Howl sorriu de lado, parecendo cansado, e com as mãos no bolso deu uma volta em passos lentos no quarto de Annabelle.

Ele era cor de creme, com papel de parede simples, e uma janela com jardineira embaixo do lado de fora, algumas flores coloridas chamando a atenção. A cama dela era de casal, bem confortável, com um enxoval em tons de branco e verde claro. Havia uma porta em frente à cama que dava para o banheiro pessoal dela e uma escrivaninha no canto do quarto cercada por estantes de livros. Era tudo bem organizado e simples.

- Não há por que se desculpar. Temos que parar de forçar o conforto um no outro, lembra-se? Sou seu marido e tenho que aguentar essa parte. – ele foi sincero, apesar de ser o marido dela em "termos", porque na verdade não havia nada ali além de títulos. - Eu estou te arrastando para a Inglaterra, eles têm todo o direito de fazer todo o tipo de pergunta que quiserem. – finalmente parou de andar e sentou-se ao lado dela. Annabelle suspirou. – Mas estou bastante surpreso que tenham nos deixado dividir o quarto. Achei que no mínimo iam me fazer dormir com os cachorros. – ele disse com um sorriso de canto, arrancando uma risada de Annabelle.

- Não temos cachorros. – ela contou, ajeitando-se na cama. – Também estou um pouco surpresa, mas, bem, eles não são idiotas. Sabem que, se já nos casamos, não tem mais nada para preservar aqui. – apontou para si mesma, um pouco envergonhada. – Mesmo sendo súbito e causando desconfianças.

- Sua mãe não parece ter acreditado em nada.

- E não acreditou. Mas aceitou de mal grado minhas explicações particulares e vai manter a história para nós aqui. Isso tenho certeza que ela fará. – Annabelle disse, sorrindo fraco. Ainda bem que tinha uma mãe como aquela.

- Isso é ótimo. Fico muito feliz por isso. – dito isso, os dois ficaram em silêncio por um tempo. Annabelle estava um pouco curiosa sobre as coisas que ele contara. Sabia que poderia ter encontrado tudo aquilo que ele falara na internet ou em revistas para confirmar se era verdade ou não, por isso hesitou ao fazer a pergunta.

- Como assim, se o que eu disse é verdade? – ele pareceu confuso com a possibilidade quando ela decidiu perguntar, fazendo-a se arrepender na hora de ter aberto o bico. – É claro que é, por que eu mentiria?

- Não sei, só... não sei. – ela pareceu envergonhada. Howl a encarou por alguns instantes, fazendo-a ficar ainda mais encabulada.

- Se eu mentisse, eles poderiam descobrir toda a verdade na mídia. Seria ainda pior para a minha imagem, já que não devo estar num conceito muito bom pra eles. – ele deu ombros. – Também, não tenho nenhum motivo pra esconder minha identidade. A gente se acostuma com isso quando vira uma figura pública.

- Entendo. – na verdade, Annabelle entendia só um pouco daquilo. Ela não conseguia imaginar o que era ter uma vida pública e as pessoas se importarem com seus pais e onde ela nascera e como ela crescera e todo tipo de coisas. É claro que agora ia ter que começar a pensar nisso, mas deixaria seus pais de fora o máximo possível. Ela ia adorar mentir sobre sua antecedência, se possível. Apesar de tudo, morava desde sempre em uma cidade em que um burro deitado ficaria com o rabo de fora, então estava um pouco acostumada com as pessoas xeretando e se intrometendo o tempo todo na vida dela.

- Seus pais são realmente incríveis. – ele comentou, sorrindo. – Quando você me disse isso, fiquei um pouco na dúvida. Mas eles são realmente bons pais.

- É mesmo? – ela ficou um pouco surpresa com o comentário dele. Deu ombros. – Eu sou filha única, então eles sempre me deram de tudo e do melhor. Claro que, numa cidade pequena como Westcliffe isso não significa muito, mas eu tive minhas liberdades e meus mimos. – ela sorriu, um pouco culpada. Depois, seu sorriso morreu aos poucos. – Me sinto um pouco mal por enganá-los assim. Eu disse para minha mãe... disse para ela que quando eu voltasse, eu contaria toda a verdade para ela. Você acha que está tudo bem? – perguntou. Howl meneou a cabeça.

- Acho que sim. Acho que seria o justo.

- Obrigada Howl. – Annabelle falou, percebendo que aquilo era algo que, havia já um tempo, gostaria de dizer a Howl. – Essa situação é um baita problema mas... acho que o fato de ser você... está realmente fazendo as coisas mais fáceis pra mim. – ela corou com a última frase e evitou o olhar dele. Mas não durou muito tempo, porque logo ele lhe respondeu:

- Eu também tenho que te agradecer. – ele falou, encarando o teto enquanto apoiava as palmas da mão na parte da cama atrás das costas, ficando recostado nelas. Annabelle o encarou interrogativamente, apesar de ele não estar olhando para seu rosto. – Você também está fazendo muito por mim, concordando com tudo isso para proteger a banda. A banda é algo muito especial para mim e até mesmo você está se sacrificando por ela... Tudo que estou pedindo a você, tudo que estou exigindo... droga, você está até saindo do seu emprego! – ele fez uma careta, parecendo bravo consigo mesmo. Annabelle lembrou-se da carta escrita que acabara enviando ao chefe aquela manhã, através de Maddy e Loren. Esperava que ele fosse compreensivo. – Você podia ser simplesmente egoísta e ter me mandado à merda e viver sua vida com um divórcio e só. Acabou. Final feliz. Mas não... – e então ele a olhou, os olhos castanhos gentis refletindo o rosto levemente pálido de Annabelle em pequenas miniaturas. – Você não fez isso.

- Bem... – ela ficou meio embaraçada com aquela declaração toda de agradecimento e não soube bem o que responder. Na verdade, por causa daquela maldita atitude que ele teve mais cedo, ela estava quase (só quase) esperando que ele a beijasse de novo. Mas ele não fez isso, apenas sorriu largamente.

- Obrigado, Belle. – falou, e ela deu ombros, virando o rosto avermelhado para que ele não a visse.

- Acho que estamos quites então. – murmurou, relativamente satisfeita com o jeito que a relação entre eles se encontrava.

- Na verdade, estamos quase. – ele disse e mais uma vez ela voltou seu rosto para encará-lo, surpresa ao encontrar um sorriso malicioso em seus lábios avermelhados. "Não olhe para os malditos lábios" ela tentava manter o autocontrole. Sobre o que diabos ele estaria falando? – Afinal, eu contei a história da minha vida hoje mas, além de conhecer seus pais e a sua minúscula cidade, não sei praticamente nada de você, Belle. – ele disse, aliviando a consciência de Annabelle, que em mais alguns segundos tomaria rumos bem perigosos e ainda não apropriados para o horário. Mas o que diabos que ela estava pensando. Ainda mais corada só com o pensamento que tivera, resmungou qualquer coisa sobre o voo até a Inglaterra ser longo no dia seguinte. Era verdade. Ela contaria qualquer coisa que ele quisesse saber, mas no momento não sentia vontade de falar sobre si mesma.

- Bem, tudo bem então. Aguardarei. – ele espreguiçou-se e dessa forma sua blusa levantou-se levemente. Annabelle não queria olhar, mas acabou olhando, e mais uma vez deparou-se com a ponta da tatuagem que observara logo que conhecera Howl. Sua curiosidade pipocava e ela sabia que não ia aguentar mais.

- Você se importa se eu fizer mais uma pergunta sobre você? – ela perguntou, mordendo o lábio inferior. Howl a olhou e negou com a cabeça. – Queria saber... sobre sua tatuagem. Queria ver ela. – aquilo era basicamente um pedido de strip tease mas ela tentou não encarar daquele jeito. Os olhos de Howl apertaram-se levemente, como se estivesse confuso.

- Tatuagem? – seu tom realmente denunciava o que estava estampado em seus olhos.

- Sim. A das suas costas. – ela apontou. Ela não entendia a confusão que ele estava passando.

- Tatuagem?! – agora seu tom era urgente e espantado e ele apressou-se em ir até o armário de Annabelle (cuja porta estava aberta e se podia entrever um espelho ali), já arrancando a camisa. Annabelle ficou surpresa com a reação e o rápido strip que ele fizera, mas ainda mais surpresa com o grito indignado que ele soltou logo depois. – Não acredito nisso!

- O quê? O que está errado? – era perfeitamente normal para ela que músicos tivessem tatuagens, então não entendia o motivo do choque.

- Eu não tinha uma tatuagem! Eu... mas que bosta! – ele disse, encarando suas costas através do espelho. – Não acredito nisso... porra, Vegas! – reclamou em voz alta de novo. Annabelle preferiria que ele mantivesse os palavrões em tom mais baixo, mas também estava preocupada.

- Por favor, me diz que não é meu rosto estampado aí. – ela provavelmente desmaiaria se essa possibilidade fosse verdade. Howl finalmente virou-se de costas para ela e ela pôde observar o desenho em preto que tomava parte de seu ombro direito. Tentou ignorar com muita força de vontade as costas bem delineadas de Howl e analisou o contorno.

Graças a Deus, não era uma tatuagem de um rosto e muito menos o rosto de Annabelle. Era, na verdade, uma tatuagem até bonita.

- Oras, não é tão ruim assim. – disse, tentando animá-lo. Era verdade. Ela tinha gostado bastante.

Howl gemeu qualquer coisa, voltando a colocar a parte das costas com a tatuagem no espelho para que pudesse observar mais uma vez. Os traços negros e bem desenhados mostravam uma coisa até simples, o que poderia ter sido feito rapidamente numa noite (obviamente a noite em que eles ficaram muito loucos e meteram-se naquela confusão toda). A ponta de tatuagem que aparecera levemente e que Annabelle primeiro notara era um N. O N encontrava-se na ponta de uma seta bem detalhada, que seguia um risco longo e terminava em outra seta, esta apontando para um S. Essa linha era cruzada por outra, também com setas apontando para letras, W e E. Entre essas linhas havia outras típicas de detalhes de uma bússola. Era tudo bem simples e parecia um pouco torto em sua colocação total, de forma que o N chegava a aparecer onde Annabelle o havia notado, mas acabava sendo um conjunto bonito. Annabelle gostara bastante. Tentou animar Howl.

- Bom, pelo menos... compass, não é? – ela sorriu. – Eu gostei.

- Gostou? – ele a encarou através do espelho. – Pensei que como era do interior, fosse odiar esse tipo de coisa.

- Que tipo de opinião é essa sobre nós, caipiras? – ela fingiu-se de ofendida, tentando controlar a risada. – Eu sobrevivi aos braços do Mitch, não sobrevivi? – comentou, lembrando-se do baterista e de suas tatuagens coloridas.

- É mesmo. Menos mal. – ele recolocou a camisa, ajeitando-a para não deixá-la tão amarrotada. – Mas ainda assim... – meneou a cabeça, desconsolado.

- Por que ficou tão chocado em ter uma tatuagem? Aliás, você é músico e tem vinte e cinco anos. Não devia ter tatuagens e isso ser normal?

- Que tipo de opinião é essa sobre nós, músicos? – ele imitou-a, um sorriso brincalhão surgindo em seus lábios. Annabelle foi pega de surpresa por esse sorriso dele e encontrou-se sem palavras por um tempo. Howl soltou uma risada sem graça e depois ajeitou uma das pulseiras que trazia no pulso, parecendo sem jeito. – Eu tenho medo de agulhas. Só estando muito bêbado mesmo para fazer uma coisa dessas.

- É sério? – ela tentou segurar o riso. Howl fechou a cara, seu rosto ganhando manchas avermelhadas nas bochechas e ela sentiu-se feliz por ver que Howl era realmente humano e também tinha medos ou ficava com vergonha de certas coisas. – Bem, de qualquer jeito, não foi em vão. Pelo menos é uma tatuagem bonita.

- É, acho que acabou ficando legal. – ele disse, dando ombros. – Ainda bem que não foi um autorretrato. Eu preferiria arrancar meu ombro a ter algo assim em mim. – Howl estremeceu com o pensamento e Annabelle riu. – Será que você não tem nenhuma também?

- Nem fale isso! – ela arregalou os olhos, só agora pensando na possibilidade. Mais discreta que Howl, foi até o banheiro e fechou a porta, arrancando a roupa e examinando todo o seu corpo. Nenhuma tatuagem aparente. Talvez ainda não estivessem juntos quando Howl fez aquela tatuagem. Abriu uma fresta da porta, ainda vestindo apenas calcinha e sutiã. Ele ainda estava no quarto, examinando o quadro de fotos de Annabelle, e quando ouviu o barulho da porta olhou para ela.

- Tem? – perguntou, ansioso, e ela riu negando com a cabeça. Escondia todo seu corpo atrás da porta e deixava apenas a cabeça transparecer. – Ah, que droga. E eu aqui esperando que teríamos tatuagens combinando para convencer ainda mais as pessoas de nosso amor infinito. – ele disse, de forma irônica, fazendo-a rir.

- Não diga uma coisa dessas. Escuta, pode pegar meu pijama para mim, por favor? – pediu, um pouco envergonhada. Apontou para onde as roupas se encontravam na cama e Howl concordou, indo até lá e trazendo-as até a mão da garota. – Obrigada. A preguiça de colocar a roupa de novo para pegar a roupa e depois trocar a roupa foi muito grande. – ela riu sozinha. – Só um minuto.

Trocou a roupa e já fez a higiene necessária. Quando saiu do banheiro, ouviu uma batida na porta e Amelie enfiou a cabeça para dentro do quarto, com olhos curiosos ao ouvir toda a animação que havia ali.

- Oh, desculpem-me por interromper. Vim aqui dar-lhes boa noite mas ouvi um fato interessante. – ela entrou no quarto com as mãos atrás do corpo e Annabelle imaginou o que a mãe estaria aprontando. Howl pareceu sentir o perigo também, porque seu corpo ficou tenso. – Howl, me desculpe por ter escutado atrás das portas, mas... – ela se aproximou dele em um passo. Ele se controlou para não recuar, apesar da tensão aparente em seu rosto. -... por acaso eu ouvi direito... – mais um passo. –... que você... – mais um, e dessa vez Howl recuou, mas não acabou tão longe. -... tem medo disso?! – ela finalizou em um grito triunfante e tirou a agulha que segurava detrás das costas, exibindo-a na cara de Howl. Annabelle não pôde conter a gargalhada ao ver a cara atônita de Howl e a surpresa de sua mãe. – Ora? Não? – ela se perguntava ao ver que ele não reagira. Howl soltou uma risada e relaxou o corpo.

- Sra. Gardens... não é assim que funciona... – ele tentou explicar, mas mal pôde ser ouvido entre os risos de Annabelle. Aquilo pareceu satisfazer Amelie de alguma forma, que finalmente deu boa noite e saiu do quarto com um sorriso alegre no rosto.

                                                                                               ♥

Os dois estavam deitados e o quarto estava escuro. Annabelle sempre dormia com o quarto escuro, mas agora que estava de costas para Howl do outro lado da cama e podia ouvir sua respiração calma, gostaria de ter uma luz mesmo que mínima, só para ter certeza que ele não estava virado na direção dela. Na sua cabeça, os dois estavam um de costas para o outro como um casal brigado – ou como um casal falso devia fazer – mas no escuro não tinha certeza disso e por algum motivo esse fato a impedia de dormir direito. Ou talvez fosse a ansiedade, já que na manhã seguinte teriam que se preparar para mais uma vez ir para o aeroporto. Madeline e Loren apareceram um pouco antes do casal se deitar para trazer a mala de Howl, que havia ficado na casa de Loren, e para se despedirem da amiga. Uma despedida chorosa, do tipo que Annabelle odiava. Contudo, ela estava um pouco mais confiante e segura. Sua relação com Howl parecia ter melhorado muito desde a manhã – será que o beijo realmente fora eficiente assim? – e ela se sentia mais capaz de viver aquela mentira para ajudar Howl, o que significava que em três meses estaria de volta para sua vida normal. Teria que se esforçar tendo aquilo como objetivo.

Não aguentava mais ficar naquela posição, então decidiu virar-se só um pouquinho para ficar mais confortável. Assim que virou, porém, constatou que não só Howl estava virado para ela como também estava bem mais próximo do que ela imaginara. Ela podia sentir sua respiração em seu rosto, parecendo profundamente adormecido. Sorriu para si mesma enquanto montava a imagem desse Howl adormecido em sua mente. Sabia que era bobo, mas aquilo fazia seu coração bater um pouquinho mais rápido.

Talvez, e não só por causa daquele maldito beijo bobo, estivesse mesmo se apaixonando por Howl Cardins. Só não sabia ainda se isso seria bom ou ruim.


- - - - -

Nota da Autora: Primeiro de tudo, me desculpem por não ter atualizado no sábado como eu havia prometido! Por causa das chuvas que deram aqui (o mundo acabou aí com vocês também?) acabei ficando sem internet e só consegui colocar hoje a atualização no ar.

De qualquer forma, espero que o capítulo tenha compensado! Conseguimos descobrir um monte de coisas sobre o Howl hein! O que mais surpreendeu vocês?

Pessoalmente, se vocês não amam a Amelie depois dessa cena final, eu não sei mais o que fazer para vocês adorarem ela HAHAHAHA Obrigada à minha irmã que me ajudou a escolher a tatuagem do Howl – w – apesar de ser tão óbvio, eu não conseguia pensar em nada hehe

Como sempre, vou pedir para que se vocês gostaram do capítulo, deem um voto nele para me ajudar, porque é muito importante para mim! Receber seus comentários também me deixa muito feliz!

E se quiser saber mais da história, atualizações, piripaques e até mesmo spoilers, vem pro meu grupo no Facebook <3 Logo logo vou soltar um teste lá sobre essa história e quanto mais gente participando, mais legal vai ser! O nome do grupo é Histórias da Anne~ e o link é: facebook.com/groups/247995218690574/

Aguardo todos por lá para conseguirmos interagir um pouco mais! Vem vem vem <3
Beijão!

Anne


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