O Refém (livro gay)

By LeandroReAmorim

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Minha vida virou de cabeça para baixo quando fui sequestrado. Meu pai é um empresário de renome, que ganha mu... More

Capítulo 01
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
LIVRO NOVO!
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26

Capítulo 02

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By LeandroReAmorim

Enquanto íamos para o novo lugar, pensava em como cheguei àquela situação. Era filho único e herdeiro de um grande império econômico. Meu pai era rico, se essa palavra fazia mesmo jus à sua fortuna não sei, talvez bilionário explicasse melhor. Toda a vida fui protegido, paparicado, mimado, controlado e infeliz.

Tudo que eu queria era ser normal; quando criança, queria poder brincar com os meninos na rua, meninos que só via pelo vidro blindado do carro; poder jogar bola naquele campinho de terra que via sempre que me levavam para a caríssima escola; frequentar uma escola normal, sem ver sempre dois seguranças na porta da sala e um atrás da minha cadeira; ter amigos que não tivessem sua vida e a de seus pais minuciosamente vasculhada, antes de serem permitidos frequentar nossa casa e, mesmo assim, sempre vigiados.

Nem o vestibular eu fiz como todo mundo, fiz as provas sozinho, em uma sala com dois seguranças na porta, e dois sentados ao meu lado. Na cara faculdade particular era assim, até quando ia ao banheiro, antes entravam os seguranças, esperavam que todos saíssem, e só então eu entrava.

Fazia dois cursos, um pela manhã e outro à tarde. Já estava quase formando, e sempre imaginei como seria urinar naquele mictório com outro carinha gostoso ao lado, dar uma espiada em seu pau, mas não, a tão terrível possibilidade de um sequestro sempre me afastou de tudo.

Se queria jogar bola, meia dúzia de guarda costas faziam um time e me deixavam ganhar. Se queria ir à praia, uma era fechada, e ficavam eu e mais outra meia dúzia de cachorros bravos, como eu os chamava. Ou me levavam para uma de nossas muitas casas e ficava lá com eles. Estava sempre sozinho, meu pai viajava pelo mundo todo, fechando negócios, e minha mãe estava sempre em alguma festa, ou organizando alguma coisa beneficente.

Quando queria um sanduíche, um cardápio do McDonald's me era oferecido, eu escolhia, e rapidamente o sanduíche chegava em minhas mãos, onde eu estivesse. Tinha tudo que pudesse sonhar em pedir. Para quem nunca viveu isso, parece mesmo fabuloso, mas depois de algum tempo, podem ter certeza, é um tédio sem fim.

Passei várias fases. Quando criança, achava divertido, gostava de ver como temiam meu pai, fecharam até um parque temático só para nós. Achei o máximo todos aqueles brinquedos só para mim, mas durou pouco, era tudo tão silencioso, tão impessoal. Nunca mais consegui voltar.

Vi pela televisão enorme do meu quarto uma peça infantil de teatro, e fiquei louco para ir. Pedi para minha mãe, e no dia seguinte foi feita uma seção especial. Nem acreditei quando vi aquele teatro vazio, e eu ali sozinho, acompanhando a peça. Acredito que o que eu queria mesmo era estar no meio daquela criançada, gritando, acompanhando a peça como vi na TV. Achei teatro uma merda.

Dos onze aos catorze ou quinze anos, virei rebelde, afrontando o mundo que me cercava. Arrumava alguma confusão só para ver os seguranças se enrolando para resolver. Quando resolvi que queria transar, acho que lá pelos dezesseis, cada sábado uma modelo linda era convidada a passar algumas horas comigo. Sempre protegido pela minha matilha pessoal.

Na faculdade, aquela proteção ostensiva me constrangia. Fui dispensando de todo trabalho em grupo; excepcionalmente, os meus eram individuais, quando isso era impossível, nós nos reuníamos na biblioteca, previamente esvaziada, e fazíamos o trabalho rodeado de seguranças.

Conseguem imaginar conversas animadas, paqueras, ou mesmo uma brincadeira mais caliente com uma matilha ao lado, rosnando, cada vez que alguém se aproximava? Podia imaginar trabalhos em grupo regados a sexo, e morria de inveja deles.

Meu pai fez uma doação considerável para a faculdade, e todos os professores se empenhavam em me ajudar quando, por ventura, faltava alguma aula ou tinha um trabalho para entregar se, por algum motivo, eu estivesse fora do país.

Sempre que achava que ia enlouquecer, fazia uma viagem ao redor do mundo. Paris é linda quando a vemos à noite, mas depois da quarta vez, eu a achei suja e mal cheirosa; na décima desci do avião, entrei em um carro, e nem olhei pela janela.

Não pensem que meus pais são super protetores à toa. Minha mãe era gêmea, e sua irmã foi sequestrada e morta aos catorze anos, depois de uma negociação mal sucedida. Meu pai foi sequestrado quando ainda solteiro e noivo da mãe, e ficou quarenta e sete dias em um cativeiro. Os dois sempre tiveram muito dinheiro, e quando se casaram, juntaram as fortunas e os medos.

Meu pai tem um irmão, e seu único sobrinho, meu primo, morreu de overdose quando tinha dezesseis anos, eu tinha doze na época. Minha mãe tem viva ainda uma irmã, e seus dois sobrinhos estão sempre envolvidos em algum escândalo, ou escondidos, ou internados em alguma clinica de desintoxicação.

Sempre fui criado longe deles, e desde novo entendi que droga é uma droga mesmo, e depois dos quinze anos entendi que afrontar o mundo não melhorava o meu mundo. As regras eram confortáveis e fáceis de lidar, e sempre tive um comportamento dócil. Meus primos, nas raras vezes em que nos víamos, diziam que eu era a mocinha da família, sempre tão comportado, tão ajuizado.

Quando passei no segundo vestibular, seis meses depois do primeiro, recebi flores de um deles. No cartão dizia: Adorei, já temos o orgulho da família, assim sobra tempo para eu viver.

Acho que com uns treze anos entendi que era gay. Quase morria de tesão vendo um dos seguranças, comentei com o pai, e o cara simplesmente sumiu. Entendi que algumas coisas era melhor não comentar.

Aprendi desde novo que algumas coisas você simplesmente tem que fazer. Faz parte da sua postura social, como dizia minha mãe. Se vamos receber um japonês imundo e importante em alguma negociação, comemos aquele comida horrível. Coma pouco, diga que está indisposto, mamãe me orientava. Se aquela perua pavorosa e histérica é importante para o fechamento de alguma transação importante do outro lado do mundo, sorria e seja educado. Casar, ter um herdeiro, é minha obrigação, assim como foi falar três idiomas antes dos dezoito anos, ou usar corretamente cada um daqueles talheres e copos.

Um dia, papai entrou em meu quarto, e me viu assistindo um filme pornô gay. Acho que tinha uns dezessete anos. Ele viu um pouquinho, minimizou a tela, e como se ensinasse a usar um novo talher, orientou:

- Se isso te agrada, divirta-se, mas lembre-se, ser hétero é uma obrigação social. Terá que se casar e ter um filho ao menos, mas se quiser, divirta-se com seus brinquedos. Agora venha, filho, o embaixador está nos esperando.

Naquela noite, pensei em suas palavras, quando mais uma vez, assistia aquele filme. Aquele homem delicioso na minha frente era só um brinquedo? Será que se eu pedisse, ele o alugaria para mim, como fazia com as modelos? Várias vezes pensei em lhe pedir, mas alguma coisa me dizia que não era assim. Aquelas meninas eram mesmo só um brinquedinho; na verdade, agradavam mais ao pai que a mim, ele gostava de me ver com alguma beldade qualquer. Eles não, de alguma forma, com eles era diferente.

Um dia meu pai me perguntou:

- Há várias semanas não vemos nenhuma garota aqui. Quer alguém especial? - eu sentia como se fosse um cardápio de um restaurante caro. Na verdade, havia mesmo um cardápio. Era como o oferecido em alguns hotéis, um álbum com várias fotos, características pessoais, grau de instrução.

- Tenho prova esses dias, pai - eu disse.

- Relaxar ajuda a memorização. Vou pedir ao Tomás para mandar alguém interessante para você amanhã - ele disse como se falasse de fazer uma saladinha especial para o almoço.

Mal podia esperar o dia seguinte. Aquilo tudo era um tédio.

Preciso dizer que não era de tudo ruim, só era sem sabor, sem nenhum gosto de conquista. Na verdade, até então, nunca soube o que era conquistar nada.

Quis uma moto, ganhei uma linda, e saía nela com escolta parecida com a do presidente da república. Se queria uma lancha, compravam três, assim era eu e dois seguranças em uma, e as outras duas de proteção.

Eu me divertia muito mais com minhas punhetas. Nelas, podia viajar, sonhar com um mundo inimaginável de possibilidades. Como seria caminhar pela praia cheia de gente, e simplesmente entrar no mar com um desconhecido qualquer? Encher sua boca de beijo, pegar em seu cacete delicioso e duro, comer sua bundinha e nem saber seu nome, ou das suas três ou quatro gerações anteriores. Imaginava eu sentado em um bar, conversando com alguém diferente e desconhecido, tirando um sarro no banheiro, pegando em seu pau por baixo da mesa. Comer algum colega de faculdade no banheiro sempre vazio quando eu entrava. Coisas absolutamente impossíveis para mim.

Mas eu viajava mesmo era em alguém peitando meus seguranças, passando por cima deles feito um trator, só para me ter em seus braços. Não fazem ideia das historinhas que inventava, e sempre gozava horrores, quando o meu herói finalmente me tirava de lá, de helicóptero, uma lancha veloz, uma moto possante, ou simplesmente lutando com todos eles.

Então, quando três dias atrás isso aconteceu, eu até o ajudei.

Adoro sorvete, amo de paixão. Naquela semana, vi uma faixa em frente à faculdade, e em vários trechos que o carro blindado passava, quando me levava para lá. Falava de uma nova sorveteria, anunciava sabores exóticos, e sempre ficava com a boca cheia d'água quando lia. Naquela quarta, voltando da aula, mandei o motorista ir lá.

- Senhor, a segurança nesse horário é menor, somos só dois. Posso vir pessoalmente enquanto almoça, e compro vários sabores para o senhor.

- Amintas, não estou lhe pedindo, vá nessa sorveteria agora - disse autoritário.

Eu mesmo me estranhei, nunca havia feito aquilo. Faço todo tipo de loucura por um sorvete. Poderia passar horas contando das várias vezes que meti meus seguranças em apuros só para me conseguirem um.

Ele comunicou pelo radio do carro que mudaríamos o percurso, e entramos na sorveteria.

Estranhei, pois parecia ainda inacabada, e menos de dez minutos depois, fomos surpreendidos por quatro homens encapuzados. Amintas ainda tentou me defender, e estava me protegendo com seu corpo, tentando atirar. Mas minha fantasia veio à minha mente. Aquele homem vestido de preto e de capuz era um amante que lutava por mim, e como um tolo infantil, coloquei meu corpo à frente, e Amintas não pôde atirar, sendo logo é rendido, assim como o outro segurança. Os dois foram presos em um banheiro com um bilhete nas mãos e eu fui levado dali.

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