De volta no tempo (APENAS DEG...

By _Caty_

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Prestes há completar dezoito anos, Harriet Albany recebe de sua avó um presente. Um relógio de ouro antigo e... More

De volta no tempo
Capítulo Um - Poemas & Sonetos nos uniram
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Prólogo

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By _Caty_


PRÓLOGO

Londres, 14 de junho de 1890

Alexandra bateu a porta do quarto com força, fazendo com que os quadros pendurados na parede balançassem ligeiramente. Ela sabia que esse ato de rebeldia não levaria a nada, que seus pais não cederiam tão facilmente e que o melhor era desistir e aceitar o futuro que a aguardava. Mas de maneira alguma conseguiria se calar e viver obedientemente, sabendo que toda a sua vida havia sido arruinada apenas alguns segundos atrás na sala de estar de sua residência.

Há seis meses, quando foi apresentada ao visconde Blankenheim, não podia imaginar que estaria condenada à forca. Bem, não à forca, mas a algo muito parecido. Em segredo, seu pai entregou sua mão ao visconde, prometendo que eles poderiam se casar assim que ela se tornasse maior de idade — a pedido de sua mãe, que não suportaria ver a filha casando-se tão cedo. O visconde aceitou prontamente e deixou sua tia encarregada dos preparativos do casamento com a mãe da futura noiva. Ainda assim, ninguém se preocupou em perguntar o que Alexandra queria. O que ela desejava e se estava pronta para se casar, ainda mais com um visconde... Não, ninguém consultou Alexandra, porque sabiam que ela negaria imediatamente.

Como nenhum segredo permanecia escondido por muito tempo, quando se tratava de sua família, este também foi descoberto. O pequeno deslize que Olga — a irmã de Alexandra — cometeu foi o suficiente para que toda a verdade viesse à tona. Sua única irmã tinha o terrível hábito de ouvir atrás das portas, e em uma das longas, mas esporádicas, visitas do visconde em sua residência, Olga soube do arranjo feito entre os homens. Quando mais tarde a família reuniu-se ao redor da mesa, Olga abriu a boca e indagou, com muita empolgação: "Quão feliz você está, Alexandra, por saber que em breve se tornará a viscondessa Blankenheim?"

Alexandra, que não era nem um pouco boba, não sossegou até que seus pais contassem toda a verdade e, quando tudo foi despejado sobre ela, desejou fortemente que nunca houvesse participado do baile de debutantes cerca de seis meses atrás, pois foi quando cruzou pela primeira vez o caminho de Blankenheim. Ficou estupefata ao descobrir que seus pais não só armaram pelas suas costas, como acabaram jogando-a diretamente no covil de um lobo. Ela não conseguia decidir-se sobre o que era mais repugnante: seus pais concordarem com o casamento sem que ela soubesse ou concordarem em entregar sua mão para o homem mais libertino de toda Londres. Talvez até, contemplava Alexandra, de toda a Inglaterra.

Por dias, até mesmo semanas, Alexandra bateu os pés e agiu como uma criança birrenta, alegando que jamais se casaria com o visconde. Seus pais ignoraram suas súplicas e se mantiveram fiéis ao acordo com Blankenheim. Sem alternativa, ela se dirigiu ao visconde, indo visitá-lo em sua imponente residência. Imaginou que, com sorte, quando confidenciasse ao visconde que não tinha a intenção de se casar, ele se livraria dela rapidamente. Todavia, ao se encontrar com ele na companhia de uma criada, perdeu o último resquício de esperança que podia existir.

O visconde não deu a mínima importância para o fato de que Alexandra não estava disposta a aceitá-lo. Ele parecia infinitamente decidido a tê-la como sua esposa em breve. O jeito como ele afirmou que nunca desistiria do acordo levou Alexandra a acreditar que o homem estava obcecado por ela. E isso apenas fez com que ela desprezasse mais a ideia e estivesse disposta a lutar para que nunca tivesse que subir ao altar e ser a mulher daquele homem. Embora fosse charmoso, ele era assustador de um jeito que lhe causava arrepios e era cerca de vinte anos mais velho do que ela. Não que se casar fosse o problema, ou que tudo tivesse sido feito sem o consentimento dela, ou que o homem que seus pais escolheram fosse Blankenheim. Não. O que estava deixando Alexandra completamente transtornada era o fato de que ela amava outro homem.

Quatro meses atrás, quando Alexandra e sua dama de companhia saíam da igreja, elas esbarraram em um homem. Elas não. Na verdade, Alexandra foi a única a colidir diretamente no peito do soldado. Infinitas desculpas foram trocadas, tanto por parte dela quanto da parte dele. E quando finalmente seus olhos se encontraram, Alexandra sabia que estava presa pela eternidade naqueles impetuosos olhos azuis. Enquanto ele falava, ela notou o discreto sotaque. Mesmo que estivesse muito bem encoberto por seu fluente inglês, ela sabia que se tratava de um americano. Um soldado americano extremamente bonito e também o homem que visitou todos os seus sonhos noturnos dali em diante.

Eles voltaram a se encontrar outras vezes. Às vezes, quando Alexandra saía da missa aos domingos, ou mesmo quando acompanhava a criada até o mercado. Parecia que o destino estava disposto a fazer com que seus caminhos se cruzassem, porque aonde ela ia ele já estava a sua espera. No começo eles apenas se cumprimentavam, mesmo que aquela estranha eletricidade estivesse sempre crepitando entre eles. Ela se sentia atraída por ele, como um vagalume era atraído para a luz. E também sabia que ela não era a única a sentir aquela forte conexão, ele também estava tão ciente disso quanto ela.

Logo passaram a conversar, mesmo que em público, e sempre com sua dama de companhia por perto. Eles tinham tantos assuntos que, na maioria das vezes, Alexandra precisava ser arrastada de volta para casa, caso contrário, não deixaria a companhia do americano nunca mais. Quando ficava sozinha em seu quarto, durante a noite, relembrava todas as conversas que tiveram e corava sempre que repassava em sua mente as palavras que ele usava para cortejá-la.

Konrad Allen, o soldado, era inteligente, gentil, e sempre cortês. E ele também se tornou o dono do coração de Alexandra no segundo em que eles se encontraram. Não demorou muito tempo para que ela se desse conta disso, nem ele. Os encontros secretos começaram a ocorrer mais ou menos um mês depois de se conhecerem. Se sua mãe soubesse, a insultaria de todas as formas que pudesse, diria o quão burra Alexandra era por achar que poderia viver um romance com um soldado. Não que as moças não tivessem permissão para se casarem com soldados, mas ela certamente não tinha. Seu pai jamais aceitaria que ela formasse uma família com um homem sem um título nobre. Em sua família prevalecia a importância da riqueza. Os acordos financeiros eram o interesse de seu pai e de sua mãe. O amor, no ponto de vista deles, era apenas uma ilusão.

Ainda assim, nada fez com que ela desistisse de Konrad, nem mesmo o medo de enfrentar os seus rigorosos pais. Quando estavam juntos, ambos sentiam que poderiam ir contra tudo e todos. Não importava o que o futuro guardava para eles, contanto que suas mãos estivessem entrelaçadas, eles suportariam qualquer coisa. Alexandra estava mais do que decidida a se casar com o americano, mesmo que tivesse de abdicar de um título nobre e de riqueza. E Konrad a deixou livre para decidir o que ela queria. Em momento algum ele a pressionou ou fez falsas promessas. Na verdade, ele parecia mais receoso do que ela com a ideia de afastá-la da família. Mas Alexandra fez com que ele se lembrasse de que ela o amava e de que nada poderia ser mais importante para ela do que receber de volta todo esse amor.

Eles não resistiram à atração inegável por muito tempo e se deram por vencidos quando cederam à paixão que os unia cada dia mais. Alexandra entregou seu corpo para Konrad, e ele a adorou como uma princesa, reverenciou sua beleza como se ela fosse uma deusa. Jurou a ela, no calor da paixão, que, enquanto ele vivesse, ela seria a única que viveria em sua mente, a única a quem ele entregaria seu coração e, finalmente, a única que ele teria o prazer de amar irremediavelmente. Foi então que Alexandra entregou, além de seu corpo, sua alma e seu coração e o fez prometer que ele os protegeria e os guardaria para sempre, porque ela também só poderia amar um único homem. E, é claro, havia escolhido amá-lo.

Os quatro meses que se sucederam desde que Alexandra esbarrou no soldado foram os melhores de sua vida. Ela nunca se sentira tão viva, tão alegre e tão amada. Estava radiante e também sonhadora, pois passava as horas planejando o futuro com o amado. Só não contava com o abominável segredo que Olga revelou durante o jantar, um segredo que seus pais estavam tentando esconder dela porque sabiam que ela seria contra. Nunca poderia aceitar o compromisso com o visconde, quando tudo o que ela era já pertencia a outro homem. Então revelou que estava apaixonada, ali, sentada à mesa, com os seus pais ainda tentando fazê-la compreender que o arranjo feito com Blankenheim garantiria uma vida afortunada.

Seu pai foi o primeiro a se levantar, abruptamente, derrubando a cadeira no processo e assustando as criadas que os serviam. Em seguida, ele proferiu uma série de insultos e xingamentos como nunca havia feito antes. Perdeu completamente o controle e jorrou todos os desaforos. Sua mãe tentou acalmá-lo ao mesmo tempo em que concordava com ele e censurava Alexandra. Ela, por outro lado, permaneceu calma e esperou que todos voltassem ao perfeito juízo. Demorou muito, talvez algumas horas, até que seu pai fechasse a boca e se servisse com uma bebida forte.

Então Alexandra voltou a falar, desta vez, explicando que estava apaixonada por um soldado americano, que ela sentia como se o conhecesse a vida inteira simplesmente porque os dois eram as metades de um só e se completavam. Deixou de fora que já havia se entregado a ele, pois isso apenas faria com que seu pai resolvesse castigá-la. Aliás, castigo seria pouco, se ela fizesse tal admissão. Em vez disso, falou sobre as intermináveis conversas que os dois tinham. As coisas em comum que compartilhavam e como planejavam um futuro juntos. Quando seu pai voltou a dirigir a palavra a ela, sua voz estava mortalmente calma e baixa, seu rosto tinha uma aparência sombria que se destacou muito mais quando ele proferiu com todas as letras que jamais permitiria aquela união. Alexandra chorou durante a noite inteira e parte da manhã também, mas não estava pronta para desistir. Não sem lutar antes.

Ela tentou voltar a se encontrar com Konrad, queria que ele ficasse sabendo do ocorrido. Queria ser a primeira a lhe dizer que ela não estava noiva do visconde por opção, que nunca o trocaria por ninguém. Ela precisava dizer a ele que seus pais não aceitariam a união dos dois, mas que ela não se importava com nada disso. Se ele a quisesse, estaria disposta a fazer qualquer coisa, até mesmo se casar em segredo com ele. No entanto, desde que toda a sua família soube que ela andara encontrando o americano às escondidas, eles resolveram proibi-la de sair de casa. É claro que ela tentou desobedecer a essa ordem, porém isso apenas fez com que seu pai ficasse ainda mais furioso. E ela não só foi proibida de sair de casa, como também foi obrigada a passar todos os seus momentos na companhia de Olga. Seu pai foi muito inteligente ao usar sua irmã mais nova contra ela, porque Olga era uma fofoqueira e não se importava com os sentimentos da irmã. Se Alexandra tentasse escapar, Olga gritaria pelos quatro cantos da casa. Alexandra voltou a chorar, mas ainda não se daria por vencida.

Algumas semanas mais tarde, Konrad encontrou uma forma de se comunicar com Alexandra. Ele escrevia cartas e entregava para a dama de companhia, a jovem Lucia, que era fiel a Alexandra. Lucia tinha permissão para sair de casa e ninguém desconfiava dela, assim a garota se tornou a mensageira do casal. Através das cartas, Alexandra contou tudo o que havia acontecido na noite que descobriu sobre o noivado que o seu pai e o visconde arquitetaram sem que ninguém ficasse sabendo. Ela também contou sobre a reação de sua família ao saber que ela estava apaixonada por outro homem. E finalmente ela deixou claro que, qual fosse a decisão que Konrad tomasse, ela estaria sempre com ele. E Konrad enviou outras cartas dizendo que passaria os dias e as noites pensando em uma solução. Ele estava muito preocupado em agir precipitadamente e causar algum mal para Alexandra. Ou perdê-la para sempre.

Só que agora era simplesmente muito tarde. Eles precisavam agir imediatamente, ou não teria volta. Segundos atrás, seus pais haviam a deixado saber que a festa de seu noivado com o visconde Blankenheim iria ocorrer em duas semanas. Alexandra entrou em desespero, gritou com os pais, mesmo sabendo que eles não iriam ceder. Extravasou sua raiva, quebrando uma taça de vinho, expelindo palavrões que fizeram com que seu pai quase a punisse fisicamente. E finalmente ela deixou a mesa, pisando duro em direção ao corredor e batendo todas as portas no processo de chegar até seu quarto.

Deitada na cama, com a cabeça enterrada no travesseiro, Alexandra chorou mais um pouco. Era sua forma de deixar a dor fluir e ir embora, mesmo que nesse momento nada, além de Konrad ao seu lado, fizesse com que a dor diminuísse. Secando suas lágrimas, ela buscou por papel e caneta e escreveu um bilhete para o amado:

"Konrad, temo que não haja mais tempo. Meu noivado com o visconde será anunciado em uma festa na residência de Blankenheim em apenas duas semanas. Por favor, imploro que você tenha pensado em uma maneira de me livrar desta prisão. Espero que não tenha desistido de mim, porque eu estarei esperando por você até o último segundo.

Com amor, sua Alexandra."

Dois dias foi o tempo que levou para Lucia conseguir entregar o bilhete e mais três até que ela voltasse com uma resposta. A curta resposta dizia:

"Quando chegar a hora, você saberá do plano astuto que lhe aguarda. Não desistirei de você enquanto eu viver. E lutarei por você até o último segundo.

Seu eterno Konrad."

As palavras dele tornaram muito mais fácil e suportável passar pelos próximos dias que vieram. Alexandra estava esperançosa, confiava perdidamente em seu amor e sabia que ele estava lá fora lutando por ela. Mesmo quando faltava pouco mais de 24 horas para a festa de seu noivado, ela não deixou que a esperança fosse embora. Ela apenas esperou até que Konrad cumprisse com a sua promessa.

Pouco depois de sua mãe separar o vestido para que ela usasse em seu noivado e deixasse o quarto apressadamente, porque Alexandra estava de péssimo humor, Lucia bateu na porta. Alexandra sobressaltou-se, puxou a dama de companhia para dentro e se trancou no quarto. Lucia trazia com ela uma colcha embaixo do braço, mas isso era apenas para esconder o presente e a carta que Konrad havia enviado para ela. O presente era um relógio de bolso feito de ouro, que pertencia a Konrad. Contudo havia algo de diferente nele e logo Alexandra notou que era porque, antes, não havia nenhuma inscrição nele, mas desta vez sim. Em voz baixa, ela leu:

"Nem o maior de todos os tempos pode nos separar. K&A, Londres 1890."

Já com lágrimas correndo por suas bochechas, Alexandra deixou o relógio em seu colo e pegou da mão de Lucia sua carta. Ela leu em voz alta, porque Lucia era sua confidente e esteve ajudando-a desde sempre.

"Querida, tenho que confessar a você que seu pai veio ao meu encontro. Deixou-me saber o quanto é contra o nosso amor e, além disso, me ameaçou. Exigiu que eu deixasse Londres e, de alguma forma, conseguiu que meus superiores ordenassem minha volta para casa. Desconfio que o visconde tenha algo a ver com isso, apenas ele teria tanta influência. O fato é que vão me obrigar a partir amanhã à noite. Serei escoltado para que tenham a certeza de que eu embarque no navio. E quando eu embarcar tenho medo de que a perca para sempre.

O que eu estive planejando é muito arriscado, estive em desacordo comigo mesmo ao pensar em tal ideia. Mas acredito que seja o único jeito. Preciso que você seja forte e corajosa uma última vez. Amanhã, quando você estiver na residência de Blankenheim, todos estarão ocupados com a festa e os convidados e acreditarão que você aceitou a união com o visconde. Mas Lucia vai criar a oportunidade para afastá-la da festa. Vocês duas vão contar com a ajuda de um amigo meu, Arthur, que estará pronto para trazê-la até mim. Você tem que embarcar no navio antes de o relógio badalar à meia-noite ou será tarde demais, e teremos partido.

Sei que o plano é completamente insano e aceitarei se não estiver disposta a se arriscar. Temo que esteja pedindo muito, mas essa é a única forma que eu vejo de conseguirmos ficar juntos. E quando estivermos nos Estados Unidos, nada poderá impedi-la, nem a mim. Teremos uma vida longe de tudo e todos. Uma vida simples, mas prometo te dar tudo o que estiver ao meu alcance. Prometo até mesmo tentar dar-lhe o que não estiver. E, se for o suficiente para você, juro que vou amá-la até meu último suspiro.

Com amor, seu eterno K."

Alexandra suspirou completamente encantada. Afinal, Konrad não desistiu dela. Nem mesmo depois de seu pai procurá-lo para afrontá-lo e ameaçá-lo. Nem mesmo depois de ser ordenado a deixar Londres e, provavelmente, nem mesmo estando sob a vigília dos soldados que iriam escoltá-lo para o navio contra sua vontade. Ele ainda se preocupava que ela pudesse voltar atrás em sua decisão, até mesmo em seu amor por ele. Quando Alexandra voltasse para os braços de Konrad, ela faria com que ele jamais duvidasse do seu amor, e isso era uma promessa.

Quando Alexandra sorriu para Lucia e apertou a carta e o relógio em seu peito, ambas sabiam que a decisão já estava tomada. Alexandra fugiria na noite de seu noivado com a ajuda da dama de companhia e de um amigo de Konrad. Ela embarcaria no mesmo navio que ele, e os dois se encontrariam e fariam a viagem juntos. Uma viagem para uma terra que Alexandra não conhecia e para uma vida que ela também desconhecia. Mas nada disso importava, porque Konrad estaria com ela e isso era tudo de que ela precisava. Parecia que tudo estava finalmente dando certo, porém mal sabiam Alexandra e Lucia que, por trás de uma porta, alguém escutava cada uma de suas palavras. Alguém que, naquele momento, já sabia que destruiria o romance de dois jovens apaixonados para sempre.

Quando a noite do noivado chegou, nada aconteceu como planejado. Seus pais e o visconde já esperavam pela tentativa de fuga de Alexandra, porque Olga confidenciou a eles cada palavra que ouviu por trás da porta do quarto da irmã na noite anterior. Lucia foi colocada na rua, nem teve chance de ajudá-la. E o pai de Alexandra recuperou a carta de Konrad e a rasgou em milhares de pedaços enquanto repreendia a filha por estar sendo tão tola e estúpida. O relógio de ouro foi tomado das mãos de Alexandra, e, antes que ela pudesse recuperá-lo, seu pai o lançou do outro lado do cômodo. Alexandra não participou do resto de seu noivado porque ficou presa no quarto, chorando incontrolavelmente por tudo em sua vida ir contra o que ela desejava.

Sentada em um canto escuro do quarto, ela soluçava e não conseguia impedir as lágrimas que vinham cada vez mais fortes enquanto pensava em Konrad. Ele estaria esperando por ela até o último segundo, mas quando o relógio badalasse à meia-noite ele seria enviado para longe dela para sempre. Talvez ele passasse a vida se perguntando por que Alexandra nunca chegara até ele. Ela esperava que ele não pensasse que ela havia sido fraca ou medrosa nem que tivesse desistido dele. Porque isso jamais aconteceria, ela nunca poderia esquecê-lo. A própria vida havia se encarregado de provar a Alexandra que ela nunca poderia se esquecer de Konrad. Não quando ela estava esperando um bebê que provavelmente lembraria cada aspecto de seu amado. Ela lamentava não ter lhe contado antes, pois era muito tarde.

Alexandra segurou nas mãos o relógio de ouro de Konrad, que havia parado de funcionar, deixando os ponteiros eternamente presos em um minuto para a meia-noite. Olhando para a inscrição nele, isso apenas fez com que ela ficasse ainda mais triste e novas lágrimas viessem. Lágrimas que escorreram de sua face e pingaram sobre o relógio, causando o impossível naquela noite. Não houve nenhuma mudança no ar, nenhuma mudança no ambiente, mas houve uma mudança no tempo que Alexandra nunca teria descoberto naquele momento.

O que houve foi um feitiço. Um feitiço que surgiu de suas lágrimas de dor, tristeza, saudade e amor. Quando em algum lugar de Londres um relógio badalou bem forte, marcando a meia-noite, o destino de Alexandra e Konrad estava traçado por um relógio.

O tempo era a resposta, afinal, nem mesmo o maior deles poderia separá-los. 


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