Tomadora de Dores × Presságio

By AllNoDead

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Ela era uma alma vagante, uma pessoa que nasceu para retirar a felicidade dos outros, alguém para tomar todas... More

One

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By AllNoDead

Caminhar sem rumo diante de uma multidão entristecida, era, sem dúvidas à tarefa mais difícil para alguém como eu executar.

O sinal estava amarelo indicando logo que os carros logo poderiam seguir o seu caminho, um garoto de aparência cansada passou ao meu lado e meu corpo logo se virou em dua direção, algo no cheiro dele chamou a atenção do meu tomador interno, seu celular caiu de deu bolso, apanhei-o no chão e corri em sua direção, toquei de leve em seu ombro e mantive minha mão ali. A aura dele passou de negra para cinza, indicando perda de tristeza, assim que ele virou seu rosto para mim abri um sorriso amigável que ele logo retribuiu, estendi a mão onde encontrasse o celular e devolvi ao seu dono.

"O que achas de tomar um café?" Perguntou com a sua aura voltando ao negro.

"Claro." Minha voz saiu rouca pelo fato de ter passado tempo demais sem falar.

"Me segue." Ele segurou minha mão e correu por entre a multidão.

Então ele me puxou correndo por entra a multidão de pessoas, começou uma fina e rápida chuva, as gostas d'água molhavam os meus cabelos e faziam os fios rebeldes do garoto a minha frente ficarem presos na sua testa.

Corremos na direção de um café e logo ao entrar meu corpo foi tomado por uma sensação estranha, era algo diferente, próprio e bom.

Ele sacudiu a cabeça, balançando os cabelos assim que nós estamos no local, seus dedos retiraram o excesso de água dos olhos. Fiquei o olhando perdida.

"Vou levar isso como um não." Ele gargalhou e sentou-se na mesa.

"Perdão. O que você perguntou?" Sentei-me na mesa.

"Eu perguntei o seu nome."

"Dewer... Ou Dean, como preferir." Sorri.

"Me chamo Colton. Ou Ton." Uma garçonete chegou junto de nós na mesa e a sensação tomou o meu corpo novamente, ela era a única pessoa daquele espaço que tinha a aura feliz, sua aura era completamente branca e o seu sorriso era verdadeiro.

"Sua amiga está bem Ton?" Não conseguia desviar o olhar dela.

"Eu... Eu... Vou ao banheiro." Saí apressadamente da mesa e corri para o banheiro.

Eu não posso tomar a felicidade dela, eu jurei nunca roubar a felicidade de alguém, coloquei minhas mãos embaixo da torneira e encarei os meus olhos, as iris tinham mudado do castanho para o branco, eu parecia cega, fechei os olhos com força e respirei fundo, joguei a água no rosto e voltei a abrir os olhos, agora estavam normais.

Sequei as mãos e voltei para a mesa.

"Espero que não se importe de eu ter pedido o café para você." Sorriu com cumplicidade.

"Não me importo, mas a título de curiosidade qual foi o café?"

"Preto com raspas de chocolate em um copo melado com calda de morango" Acho que ele notou minha cara de espanto. "É bom!" Assegurou

"Confio em ti." Dou de ombros.

"Sério?" Ele tinha um ar de chocado.

"É."

"Posso fazer algumas perguntas?" No geral era eu quem fazia as perguntas para as pessoas, para tentar saber mais sobre eles, saber as dores.

"Claro." Respondi por fim.

"Por que você ficou incomoda com a garçonete?" Seus olhos fitaram os meus.

"Eu quis pegar a felicidade dela." As palavras saíram com tal facilidade que me surpreenderam.

"Por que você estava parada no meio da rua com os carros prestes a avançar?"

"Eu não sei. Estava procurando algo." Olhei pela janela com as gotas de chuva a cair lá fora.

"Você achou?"

"Achei."

"Por que pegou o meu celular?" Sua boca se contraiu em um sorriso reprimido, sem emoção.

"Eu queria chamar a sua tenção..." Suspirei. "Sua aura era tão negra, eu queria saber o por quê."

"Você consegue ver auras?" Seu rosto tomou feições obscuras.

"Sim."

"O que você vê? Qual a tonalidade delas?"

"De negras a brancas, na verdade eu apenas vi três auras completamente brancas em toda a minha vida. E uma delas está aqui."

"A garçonete?"

"Ela mesma."

Ficamos um longo tempo em silencio, parecia algo sem fim, mas não era nem de longo perturbador ou constrangedor... Era apenas o silencio, nos prestigiando e nos tornando sãos.

"Que tipo de monstro eu sou?" Murmurei para mim mesma. " Por que eu quero tomar a felicidade dela?"

"O que aconteceu com as duas outras auras brancas que você viu?"

Naquele preciso segundo a garçonete chegou com os nosso cafés, meus olhos se fixaram novamente na chuva para tentar dissipar o desejo que eu tinha de sugar a felicidade existente nela, apertei minha coxa por baixo da mesa, era algo que estava me fazendo enlouquecer, quando sua mão passou em minha frente para depositar o café na mesa, tudo parecia ter ficado em câmera lenta, em um impulso desesperado segurei sua mão com força, seu olha se tornou espantado então eu consegui soltar. Algo eu havia absolvido dela, disso eu tinha certeza, assim que soltei sua mão ela correu para o balcão.

"Acho que você sabe." Olhei em seus olhos e eles estavam negros, mais eu jurava que ele tinha olhos verdes.

"Você matou as outras duas?"

"Os outros dois. Eu amei cada um, e ainda assim os fiz mal, que tipo de monstro eu sou?"

"O que aconteceu? Me explica." E aquela vontade dominadora de lhe contar tudo surgiu novamente.

"Eu morava com meus pais e meu irmão, e desde pequena eu sempre tive um hiper sensibilidade com a dor e a alegria das pessoas, as pessoas eram envoltas por camadas finas de cores do branco ao preto, passando por todo o tipo de variações cinzas, meu pai e meu irmão possuíam a cor branca ao seu redor. Um dia quando eu brincava de pega pega com o meu irmão eu o segurei por muito tempo, meus cabelos se levantaram e uma mecha branca surgiu em minha nuca, meu pai disse que meus olhos ficaram brancos, como os de um cego, então a camada em volto do meu irmão sumiu. Não havia mais a aura dele, eu a havia tomado, aquilo passou e ninguém mais da minha casa falava comigo, foi quando o meu pai veio conversar comigo, mais uma vez eu senti um desejo insano e incontrolável de tomar para mim a aura do meu pai, ela era branca e majestosa, me controlei ao máximo, porém foi mais forte do que eu. Ambos ficaram mortos, a alegria tinha sumido completamente de suas vidas, e eu estava completamente feliz, não havia qualquer resquício de tristeza em mim. Então eu percebi o que eu era. Percebi o que fazia e comecei a me odiar, comecei a me sentir um monstros, em uma quarta eu estava andando por está mesma rua, repleta de auras cinzas, me aproximei de uma garota e nós começamos a conversar, eu fazia questão de segurar suas mãos para tomar dela toda a dor, no começo não funcionava, mas depois de algumas tentativas funcionou, eu aprendi a retirar a dor das pessoas e toma-las para mim, desde então venho vagando sempre a procura de pessoas para tomar a dor, uma aura branca nunca havia cruzado o meu caminho, e tão difícil resistir a elas." Soltei tudo e me senti aliviada.

"Você..."

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