Na Calada da Noite - Degustaç...

By MerciaFerreira

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Na calada da noite é um romance onde a vingança, as mentiras, o ódio e o poder, orbitam sobre a busca de desv... More

Sinopse
Prólogo
Um corpo
O Bilhete
Platão
Sombra
Rua 12
De volta à Rua 12
Hospital na madrugada
Em Choque
Ela tem respostas
Batendo de frente com o passado
Atenciosamente
Culpado em partes
Ela acordou
Aviso e Regresso
Nenhum Passo em falso
Estaca zero
Livro dois de Alvorada
Marcus
Hospital
O primeiro diálogo de verdade
Uma célebre visita
papo com vocês
Cara a cara
Invasão
A solução é a morte
Dono...
Parabéns para você!!
Ele tentou me matar
Fuga e solução
Gostinho de Quero Mais
Recadinho

Até debaixo de pedras

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By MerciaFerreira


Omar segue acompanhado pela senhora Senna e seu segurança, em direção ao seu destino. Ele fez questão de leva-los em seu carro. Já dentro do carro, ainda estava espantado com a frieza da mulher diante da situação. Ela não derramou tantas lágrimas pelo marido. Era forte como um touro, ou não tinha grande motivo para isso. Sua única tristeza era a filha desaparecida.

Omar pegou seu celular no porta luvas e discou um número.

— Queiroz, mande seus homens revirarem o país, se preciso for, mas quero Platão e Sombra na minha frente.

— E se eles não forem encontrados?

— Diga a esses incompetentes para procurarem até debaixo de pedras se necessário for! Quero informações e as quero logo! — seu tom era impaciente.

— Tudo bem. — Queiroz disse rispidamente e desligou sem despedidas.

Omar acelerou em direção ao IML. Pelo espelho observou Régis abraçado à Tatiana, confortando-a de algo que só eles compreendiam. Mas lembrou-se que se não ligasse para a esposa o quanto antes e avisasse que iria atrasar, perderia uma noite de sono, sendo obrigado a refletir no sofá. Ela não era assim, mas a fase na qual se encontrava a deixou muito emotiva e cheia de marra.

O carro parou diante do instituto médico e a mulher parecia se recolher a cada minuto mais desde que saiu de casa. Por onde eles passaram, ela olhava para fora meio que admirando e ao mesmo tempo tentando não ver o mundo fora dos muros que a guardaram sabe lá por quantos anos.

Tatiana arregalou os olhos, diante do IML, com espanto e estacou. Omar não compreendia, mas ela observava o rapaz de cabelos compridos e escuros, um cigarro no canto esquerdo da boca.

— Mãe, a senhora não deveria ter saído de casa e sabe disso. Deveria se recolher em casa como sempre fez e não danificar a imagem da família no mercado. — o garoto era ríspido e agressivo. O dedo em riste direcionado à mulher. — Já basta o velho morto, não precisamos de mais a senhora dando chiliques em público!

Régis jamais permitiria aquilo diante dele. O dedo do rapaz foi torcido e ele gritou.

— William, recolha-se você à sua insignificância e respeite a sua mãe. Estou cansado de tudo isso e você só buscando deixa-la pior. Seu moleque desgraçado do inferno! Se ainda ousar ao menos pensar em falar com a senhora Tatiana assim, quebro os seus dedos, sorrindo!

Omar então entendeu que o garoto repulsivo diante dele era o filho da viúva. E viu mais ainda que fosse com razão, que ela vivia depressiva daquela forma.

— Seu empregado metido! Deveria se colocar em seu lugar, seu desprezível.

— William, se desculpe com Régis! Agora! — ela exigiu. Omar apenas assistia a cena.

— Não! — ele recusou-se.

Tatiana teve uma atitude inesperada diante da grosseria do filho, lhe desferindo uma tapa no rosto. Os dedos estalados na face dele com tamanha força, marcando a bochecha. Em seguida, ainda com ira, retirou a grossa aliança que carregou por tanto tempo no anelar esquerdo e jogou-a no filho.

— Tome! A venda, irá lhe servir por uns dias até conseguir um meio de vida. Na minha casa você não entra mais! Cansei. Para mim chega! — olhou para Omar. — Leve-me logo ao corpo. Quero enterrar e me livrar o quanto antes. Este homem só desgraçou minha vida.

O que era verdade. Tatiana retirou um peso enorme de si naquele momento ao lançar fora a aliança que lhe trouxe tanto tormento.

XXX

Queiroz bateu à porta da casa na Rua 12, e esperou. Quando o portão correu em seu eixo, para o lado e surgiu aquele rapaz com aparência excêntrica, o susto à primeira vista foi inevitável. Os olhos negros a fizeram temer por um instante. Mas sua determinação se restaurou e ela encheu os pulmões de ar.

— Olá, gostaria de falar com o senhor Roger Lamar. Ele se encontra? — o rapaz diante dela apenas sorriu nervoso, revelando um sorriso bonito.

— Sim, sou eu! O que a senhorita deseja? — ele a encarou cheio de desconfiança. As roupas casuais nada revelavam sobre ela.

— Capitã Queiroz! — lhe estendeu a mão. — Você ligou para a delegacia e denunciou o crime que ocorreu no cemitério nesta rua, ontem à noite. Confere?

Roger mudou a expressão. Enrugou a testa, apreensivo, examinando o beco. A sensação de medo voltou à flor da pele, quase palpável. Queiroz podia notar.

— Entre, por favor! E falemos baixo, no meu quarto. — ele arrastou Queiroz pela mão, para o quarto no fim do corredor.

A casa estava silenciosa. Queiroz estranhou o comportamento do homem, que parecia pisar em ovos, mas ele obviamente estava assustado. Ele viu um ato brutal de perto, foi perseguido e delatou o crime. Ele estava com medo dos riscos que a presença dela lhe trouxesse.

— Sente-se! — ele apontou uma cadeira que logicamente utilizava para sentar diante do computador. — Eu não quero acordar meu irmão, hoje é o dia de folga dele. — falou baixo.

— Tudo bem! Mas eu vim por que o investigador solicitou sua presença. Ele quer ver você, pessoalmente.

— Ele esteve no cemitério? Já têm suspeitos? Eu... Eu estou com medo de sair até na esquina. E o Rian... Ele estava estranho ontem... E eu lembrei... — Roger estava andando de um lado para o outro, as mãos na cabeça. Sua impaciência diante das memórias era grande e suas palavras confundiram muito as coisas para Queiroz.

— Quem é Rian? E o que tem haver ele e o que você viu na noite passada?

— Rian é o meu irmão! É que ontem quando cheguei ele estava estranho. Vestia-se de forma diferente. Ele nunca se veste assim. E estava ferido. Só que havia uma mulher no quarto dele, foi algo tão louco... Agora tudo me lembra a cena no cemitério. Apenas isso. Mas depois do que eu vi, tudo parece suspeito. Até meu gato, Kalil, me parece suspeito. Eu não sei... Talvez eu precise de terapia.

— O.K, mas vamos com calma! Vim apenas comunicar que sua presença é requerida, e que deve vir comigo... E ao que vejo, você parece ter mais informações do que imaginei. Venha comigo, e como lhe foi prometido, estará em segurança...

Roger apenas concordou e descaradamente, sem a menor vergonha, baixou a bermuda que usava e colocou um jeans e uma camisa polo, diante da capitã, que se sentiu incomodada com a atitude do rapaz.

Se Ernestina soubesse da ousadia daquele rapaz, Iria querer cometer um novo crime. Ninguém deveria agir com tamanha estupidez diante de sua mulher.

Logo estavam atravessando a casa novamente. Do lado de fora, onde antes havia apenas Queiroz, agora tinha uma frota de escolta policial, ornamentada com dez carros e cerca de trinta homens uniformizados e armados.

— Lembra que lhe prometi segurança? — ela perguntou, divertindo-se com a cara embasbacada do rapaz. Ele apenas acenou em afirmativa. — Pois tudo isso faz parte de minha promessa. E até tudo se resolver, terá cinco por turno, vigiando a rua e a sua casa...

— E quanto ao meu irmão? Ele pode desconfiar... — Roger estava nervoso.

— Eles irão trabalhar disfarçados. Os que ficarão dentro da casa, serão seus amigos que vieram de longe e você ofereceu hospedagem. Os que ficarem na rua, não precisa se preocupar, pois estarão fazendo patrulha na rua inteira, e não lhe proferirão uma palavra. Para lhe ser sincera, eles nem olharão para você diretamente. — tudo era dito no tom mais baixo possível enquanto entravam em uma das viaturas.

Dentro do carro, o rapaz de olhos tatuados foi caracterizado para proteger sua imagem ao entrar no IML, onde Omar o esperava. O rosto fora coberto com máscara daquelas usadas pelos policiais que não podiam revelar identidade e as roupas casuais foram cobertas por um colete e calça estilo militar. Nem mesmo o próprio Roger poderia reconhecer-se.

Queiroz falou com Omar durante o percurso. E repassou as suas ordens aos homens pelo rádio. Queria poder atender a todas as exigências do agente Bittencourt, provando a eficácia de seus homens, e seu próprio potencial. Mostraria a Omar que não era mais aquela menina que o desafiou quando se conheceram, que o tempo fora suficiente para melhorá-la em tudo.

Quando a frota policial parou em frente ao ponto de encontro, o carro de Omar estava lá. Ele já estava à espera deles. E para sua sorte, levou aquele que importava para o investigador.

Ao entrar na recepção encontraram um grande fluxo de pessoas aguardando sua vez. Sempre havia alguém reconhecendo o corpo de um possível ente querido. Vanessa Queiroz ordenou — Senhora, devemos ir! A senhora precisa descansar. Eu entendo o seu sentimento, mas há muito que enfrentar agora e a senhora precisa estar forte e preparada para tudo o que vier. — o segurança era paciente em suas palavras.

— Sei disso, meu caro amigo, mas ao sair daqui, nem mesmo um muro alto será capaz de me barrar! Aquela mulher que veio encolhida dentro do carro, com medo do mundo ao seu redor morre aqui. Eu não quero mais passar o resto da vida sendo vista como uma coitadinha. Meus medos e minha velha imagem devem ser enterrados com este homem, o mais rápido possível.

— Senhora, temo admitir que não a reconheço! — ele estava espantado.

— Meu querido, não se preocupe... Com você serei a mesma de sempre. Agora me leve daqui! Afinal, já nem sei o que me dá mais repulsa: lembrar que tive que viver com este homem ou sentir o desagradável cheiro da morte.

Do outro lado da parede falsa, Omar e Queiroz estavam espantados com a atitude da mulher. A descrição que recebera sobre ela mentiu. Ela não era nada daquilo que dizia aquela ficha médica. Omar tinha a missão de entregar a mulher à sua casa como havia prometido e logo estava do outro lado, indo de encontro à mulher.

— Senhora Senna, gostaria de retornar à sua casa agora? — Bittencourt perguntou.

— Meu caro rapaz... Creio que tenha mais assuntos para resolver, em vez de ficar bancando o babá para uma senhora. Ora, não se preocupe! Régis já cuidou de ir ligar para um dos seguranças, para trazer o carro. E mesmo, devia cuidar de comer alguma coisa, afinal saco vazia não se põe de pé! — a mulher fez brotar um sorriso na face, deu as costas e saiu, sem despedidas nem nada mais.

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