As Pontes Invisíveis

By castellox

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"Se as pessoas soubessem tudo sobre você, será que você ainda teria amigos?" Esse é o drama vivido por Charle... More

As Pontes Invisíveis
Regresso
Imersão
Transição
Negação
Raiva
Medo
Resistencia
Súbito
Inércia
Loucura
Malicia
Vulnerabilidade
Insanidade
Paciência
Susto
Nostalgia
Solidão
Sete
Solidão pt. II
Surpresa
Partida
Retorno
Adrenalina
Alivio
Se7e
Culpa
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AOS LEITORES

Silêncio

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By castellox

            Os dias foram passando lentamente, um após o outro. A verdadeira sensação que eu tinha lá dentro era que eu estava preso em ciclo sem fim, tendo que viver o mesmo dia para a eternidade. Por um tempo cheguei a suspeitar que aquele era o próprio inferno, vivendo um dia inteiro para no outro dia acordar e comer exatamente a mesma quantidade do dia anterior – somente o suficiente para não morrer de fome. – encarar a sala vazia, às vezes ir para a sala de socialização, voltar para a cela e dormir. Não havia nada interessante lá dentro, não havia jogos ou qualquer maneira de se passar o tempo. Mas de qualquer modo o tempo sempre passava, uma hora ou outra o tempo sempre acabava passando e um novo dia nascia. Quando finalmente pude sair para a área externa – que era, para resumir, uma enorme sala com paredes de quatro metros, sem teto e com chão de cimento. — Pelo menos pude respirar o ar puro, olhar diretamente para o sol, mesmo que eu não pudesse manter meus olhos abertos. Aquilo era maravilhoso, abri os braços e senti a brisa leve em meu rosto, eu não sabia como eu nunca havia dado valor ao vento antes.

Conforme os dias foram passando e as idas ao pátio se tornaram recorrentes, meu mundo voltou a monotonia de antes. Um dia no pátio bati a cabeça forte na parede só para eles me levarem para a enfermaria, queria estar em um lugar diferente, ver pessoas diferentes, a verdade é que eu já estava agindo feito louco. Cortei minha testa porém ninguém me levou para lugar novo nenhum, me levaram novamente a minha cela e me deixaram lá jogado as traças, a verdade era que eles não se importavam se você viveria ou morreria naquele lugar.

— O único jeito de sairmos daqui é morrendo – disse o homem que não gostava de nomes na sala de socialização. Apelidei-o de George, embora esse provavelmente não fosse seu nome real.

— Isso é de muita ajuda – Ironizei.

— Tenho fontes quentes que vão nos ajudar a sair daqui – disse George – Agora você faz parte do plano, eu vou começar essa noite, espere mais alguns dias para começar, assim ninguém suspeitará, certo?

— Certo – falei – Mas me conte logo.

— O cara chata me disse que quando ele desmaiou o levaram para a parte subterrânea do prédio – Cara chata era como George se referia a um paciente chamado Larry. – O que vamos fazer é fingir que estamos muito doentes, não vamos comer, se possível, nem nos mexer, eles vão nos levar lá para baixo, então o que vamos fazer é fingir que morremos – ele fala baixinho para que ninguém ouvisse. – Eu sei que eles não queimam os corpos aqui, existe uma linha de trem que passa bem atrás do prédio, o que vamos fazer é nos misturar com os mortos para sermos levados, não sei onde vamos parar, mas na primeira oportunidade saímos do trem e fugimos.

— Até parece simples – disse eu. – Tomara que dê certo.

— Essa é a ultima vez que nos falamos – ele estendeu a mão. – Foi bom tem alguém para conversar.

— Nos vemos do outro lado – Apertei a mão dele. – Não vai me dizer seu nome?

— Se nos vermos mais uma vez, e se Deus permitir nós vamos, ai então você saberá meu nome – disse ele.

Não executei o plano logo de cara, esperei quatro dias, primeiro deixei o prato de comida cheio, não comi uma colherada daquela gororoba – e Deus sabe como isso foi difícil — depois me deitei de bruços da cama e não me mexi por mais três dias, na verdade isso foi mais fácil do que pensei que seria. Eu já estava acostumado com a monotonia, é claro que primeiro ninguém se importou. Eu sentia a metamorfose dos meus músculos virando pedra, tinha vontade de me levantar para relaxar um pouco porém não o fiz. Não queria estragar todo o plano por causa de alguns segundos de alivio.

Quando vieram me buscar para o dia de ir a socialização eu não me mexi. O homem do qual não eu não vi o rosto me deu um tapa nas costas, porém continuei imóvel.

— Avise que temos um 12-20 aqui – disse o homem, eu encarava a parede, não pude ver o que ele fazia e nem o que mais falava, pude ouvir sussurros e murmúrios porém não consegui entender uma palavra. Vários passos foram dados dentro da minha cela – ou quarto. – Porém não consegui ter certeza de quantas pessoas estavam lá dentro.

— Podem levar – alguém disse por fim, uma voz masculina que eu nunca havia escutado antes. – Esse dai não vai durar não, já é o segundo essa semana.

Alguém muito forte – ou talvez eu só estivesse magro demais. – Me pegou nos braços, eu gostaria de ter visto onde estava indo porém colocaram um pano preto em minha cabeça antes que eu pudesse virar para o outro lado da cama. Ainda fingi estar imóvel, para falar a verdade nem sabia se eu poderia mexer meus músculos se quisesse, consegui sentir o balanço quando descemos vários lances de escadas em caracol. A pessoa que me carregava não disse uma palavra, o homem me largou em uma cama ou maca que parecia ser feita de pedra. Estava extremamente frio e eu usava apenas uma calça imunda, o cheiro daquele lugar lembrava comida podre e esgoto, eu queria ver onde estava porém, eu ainda tinha o pano em meu rosto, resolvi não me mexer até que eu tivesse certeza que estava sozinho.

— O que esse tem? – ouvi uma voz.

— Parece que desnutrição, provavelmente já vai morrer – disse outra voz.

— Que pena, mas vai ser útil, eles sempre são – o homem riu.

— Claro – disse ele.

— Aliás, já cuidei do último, está bem melhor agora – falou a primeira voz.

— Bom trabalho. – Disse a outra voz, o ambiente ficou em silêncio.

Os únicos sons que eu conseguia ouvir eram alguns sons metálicos que eu não sabia identificar de onde estavam vindo. Por cerca de uma hora aqueles sons que pareciam varetas de metal sendo esfregadas uma nas outras ficaram me assombrando, era intercalado por minutos de silêncio, eu não poderia tirar o pano do rosto enquanto alguém estivesse ali, senti alguém colocando algo em meu tornozelo, tive a vontade quase automática de tentar chutar, mas resisti a esse pensamento.

— Vejamos o que temos aqui – disse uma voz bem acima de mim, parecia ser de um velho. – Masculino, pele branca, 29 anos – ele fez uma pausa. – Muito bem, vou cuidar de você amanhã, felizmente já está na hora de eu ir embora, tenha uma ótima noite. – O homem falava sem saber que eu podia escutar. Talvez o louco fosse ele.

Ainda fiquei alguns minutos parado, imóvel, quem sabe até uma hora. Quando tudo estava mergulhado no silêncio finalmente mexi meus músculos, me movimentar depois de todo aquele tempo parado, eu senti uma sensação de dor e relaxamento, tirei o pano do rosto e o quarto mergulhava na penumbra. A única coisa que podia ver era um pequeno fio de luz vindo de onde provavelmente eram as escadas. Me levantei com dificuldade e fiquei de pé, ainda era desconfortável e eu estava visivelmente fraco, mas não desisti. O pequeno fio de luz iluminava uma mesa parecida com a de um escritório, havia uma espécie de nevoa naquele lugar e era extremamente gelado, nunca havia estado em um lugar tão frio, conforme dava os passos lentos e meus pés encostavam o chão, a sensação era de queimação, mas não de quente e sim de frio. Andei devagar em direção a mesa, talvez fosse a mesa do Doutor que ficava ali, quando finalmente alcancei comecei a abrir as gavetas, achei o resto de um sanduiche e engoli tudo de uma vez só. Notei bem acima dela uma corda que provavelmente servia para acender as lâmpadas do local, sem pensar duas vezes puxei. As lâmpadas daquele lugar foram acendendo uma a uma em fileiras e meus olhos não acreditavam no que estavam vendo.

O lugar era enorme, devia ter o tamanho de uma casa inteira ou talvez fosse ainda maior. As paredes eram de pedra e estavam molhadas. Uma nevoa branca e gelada tomava o recinto que era repleto de macas, mas não era as macas que assustavam, era o que estava delas. Dezenas de corpos pálidos e sem vida, comecei a andar devagar entre as macas, alguns rostos eu já havia visto na sala de socialização ou no pátio, outros eram completos estranhos. Olhei um corpo de um homem, parecia ter cerca de quarenta anos de idade, sua barriga estava aberta e seus órgãos internos eram todos visíveis, junto a seu coração parecia ter algo como um frasco de perfume rosa. Não tive certeza pois decidi não olhar muito, outro homem tinha o rosto divido em dois, pude observar seu cérebro dividido no meio e me perguntei quem seria capaz de fazer aquilo. Outro corpo então estava aberto e no lugar nos órgãos haviam pedras, de todos os tamanhos, o cheiro daquele lugar era horrível e senti uma náusea enorme porém segurei o vômito. Eu precisava ser forte e seguir o plano, olhei mais a fundo e depois das dezenas de macas havia uma pilha de corpos, todos jogados um por cima dos outros como se fossem um monte de lixo. Olhei para meu pé para ver o que o médico tinha colocado, havia uma etiqueta, puxei e vi meu nome "Black, Richard – 3493" percebi que todos os corpos na sala tinham uma etiqueta igual no pé, segui caminhando com dificuldade até a pilha, o plano era deitar lá e esperar alguém me levar pra longe. Duvidei que alguém fosse verificar quem ali estava vivo ou morto de qualquer jeito.

Conforme andava vi em uma das macas um rosto conhecido – era George. – Meu coração palpitou, eu achava que ele já tinha conseguido sair, me aproximei dele para tentar acorda-lo mas quando cheguei perto percebi que sua cabeça não estava grudada em seu corpo, alguém havia serrado sua cabeça, braços e pernas, no seu pé havia uma etiqueta que dizia "Michael Corsa", parece que ele estava certo, eu realmente fiquei sabendo o nome real dele.

A sensação de náusea tomou conta de mim novamente, senti meu corpo inteiro dentro de mim se revirando e dessa vez não consegui aguentar. Vomitei ali mesmo, eu não sabia o que tinha feito para merecer estar naquele lugar, mas o que quer que fosse, eu estava arrependido.

— Que merda é essa? – ouvi uma voz atrás de mim, olhei e vi Elizabeth de pé junto a mesa do doutor. – Eu não acredito – ela parecia tão surpresa quanto eu.

— Não diga que você não sabia que eles faziam isso com as pessoas – limpei a boca. – Vai, chame eles para que eles me matem e eu seja só mais um corpo sem vida nessa sala da morte.

— Eu não tinha ideia – disse ela. – Eu sou só enfermeira. Eu nem deveria estar aqui, eu não acredito que o ser humano seja capaz de fazer uma coisa dessas – ela olhava para os corpos mutilados. – Eu juro que eu não sabia.

— As pessoas aqui não são loucas – minha voz era fraca. – São prisioneiros, não sei quem nos quer presos aqui, mas com certeza a ideia não era sairmos vivos.

— Eu te ajudo a fugir – disse ela. – Ajudo a todos.

— Não se envolva, é possível que te matem também – tossi. – Vou me juntar aos mortos, um amigo me disse que eles tiram os corpos de trem daqui. Quando eu estiver fora eu volto com o máximo de pessoas que puder, enquanto isso fique aqui dentro e esqueça que esteve nesse lugar.

Elizabeth concordou com a cabeça e saiu correndo escada acima, eu me joguei no monte de corpos e tentei não respirar pelo nariz para não sentir o cheiro forte de morte que aquilo tinha. É claro que era impossível, mas valia a tentativa. Confesso que ainda vomitei mais uma vez antes de me acostumar com aquilo, é incrível a capacidade que temos de nos acostumarmos com as piores situações.

Fiquei um dia inteiro ali, jogado no meio dos corpos. Por um tempo até cheguei a acreditar que eu também havia morrido e estava ali esperando para ser cremado, eu daria qualquer coisa por uma refeição decente, fazia dias que eu não comia nada.

— Doutor Marion, não acha melhor se livrar daquela pilha de corpos? – Perguntou uma voz desconhecida, agradeci a Deus por essa pessoa existir, seja quem fosse.

— É, pode ser sim. Pode chamar os faxineiros para que coloquem no vagão da cremação, está ocupando o espaço dos experimentos — disse o Doutor Marion Lapreu.

Nenhuma palavra a mais foi proferida. Eu ouvia barulhos de metal e serra enquanto o Doutor trabalhava, é claro que eu não podia ver o que ele fazia pois estava com o rosto em uma axila de um homem morto. Alguns minutos depois ouvi vários passos ao meu redor, o barulho de um portão rangendo e ai sim, os corpos sendo arrastados.

Eu podia ouvir e até sentir os rostos dos homens sendo esfregados pelo chão de pedra até sabe se lá onde, demorou um pouco para chegar a minha vez, eu estava apreensivo. Não sabia se queria ser levado logo ou que eles nunca tocassem em mim, finalmente senti mãos quentes tocando em meus pés.

— Esse tá sem etiqueta – disse uma voz masculina.

— Quem se importa, leva logo – outra voz respondeu.

O homem puxou meus pés com apenas uma mão, eu provavelmente não estava pesando mais que cinquenta quilos. Virei o rosto de lado para que meus olhos e boca não fossem raspados contra o chão, em troca, minha orelha ardia com o atrito contra a pedra. A dor foi inevitável quando o homem me arrastou dois degraus a cima. Meu rosto bateu com força na pedra e quase dei um grito, a sorte era foi nem para isso eu tinha forças. Depois dos degraus o chão era de areia, não pude evitar que ela entrasse até na minha boca, as pequenas pedras provavelmente faziam cortes na minha face e eu aguentava firme. Finalmente o homem me segurou pelo braço e pela perna e me arremessou longe. Eu abri os olhos em um reflexo involuntário e vi o rosto do homem que me carregava, era gordo e tinha sobrancelhas grossas, não havia expressão em seu rosto. Como se estivesse acostumado a fazer aquilo todo dia.

Aterrissei em cima de outros corpos. Ouvi os passos do homem indo embora para buscar mais um morto, abri os olhos e pude ver que estava em um vagão, era grande e de madeira, uma única porta aberta. Talvez eu devesse correr dali, porém era melhor correr na próxima parada. Eu já estava acostumado com o cheiro e uma hora a mais não faria diferença. Um corpo aterrissou por cima de mim e precisei conter a dor da cabeça do homem batendo em minha barriga, novos corpos ainda foram arremessados lá dentro por cerca de dez minutos, depois tudo ficou em silêncio.

Um tempo depois o trem começou a andar, olhei em volta e vi que a porta ainda estava aberta – sorri sozinho. – Provavelmente eles não haviam pensado que os mortos pudessem escapar. Vi o trem saindo da propriedade do sanatório pelos enormes muros avermelhados, eu não sabia para onde aquele trem iria, mas não ia ficar ali para descobrir, esperei mais alguns minutos para que nos afastássemos o suficiente do sanatório e pulei do trem. A queda foi feia, dei várias cambalhotas no chão de terra e senti o osso do meu braço direito se quebrando, a dor foi agoniante, gritei, pela primeira vez em dias eu podia gritar, eu estava feliz e grato por estar vivo, mesmo com o braço quebrado e doendo eu me levantei e me pus a correr. Corri o mais rápido que pude em direção a cidade, não fui ao hospital, não queria ver médico algum pelo resto de minha vida, fui para minha casa, precisei arrombar minha própria porta e comi todos os enlatados que haviam no armário.

Matei minha fome e então tomei um longo banho, como era bom tomar banho, depois vesti algumas roupas limpas, meu braço doía e improvisei uma tipoia com uma camisa, depois disso fui a casa de todo mundo que eu conhecia.

— Richard! Pensei que tivesse morrido – disse o velho Clay.

— Meu caro Black, da ultima vez que tive noticias suas me disseram que estava louco! – Disse Ronald.

Recrutei todos que eu conhecia e eles recrutaram todos que eles conheciam, organizamos um ataque ao sanatório, iriamos colocar aquele lugar no chão. Antes que eu pudesse perceber já tínhamos um grupo de mais de cem pessoas prontas para atacar aquele lugar, saímos no dia seguinte quando ainda era noite. Derrubamos o portão de ferro, é claro que eu estava fraco e minha ajuda era mais simbólica do que física, quebramos a porta principal e o pessoal começou a bater em todo mundo vestido de branco naquele lugar, ajudei a abrir as portas dos pacientes e liberta-los, infelizmente só haviam quinze pacientes ainda vivos naquele lugar. Depois comecei a procurar por Elizabeth, onde estava ela?

Procurei em todas as salas, alguém havia começado um incêndio e as labaredas estavam tomando conta do lugar, eu precisava acha-la antes que o fogo tomasse conta do prédio.

— Elizabeth – eu gritava. – Onde está você?

Quando finalmente a encontrei, ela estava jogada no chão, os olhos sem vida e a cabeça sangrando. Alguém havia acertado ela com uma pedra ou qualquer coisa do tipo, ela já não estava mais viva, não pude dizer adeus nem agradecer por ela ter deixado eu escapar. Não sei exatamente quantas pessoas daqueles vinte e dois funcionários mortos sabiam do que acontecia lá dentro, mas nunca consegui não me sentir culpado por isso.

Meu relato acaba aqui, ainda é muito difícil para mim lembrar desses momentos, a única coisa que eu espero é que o responsável por tamanhas maldades seja pego e sofra a punição que merece.


Richard Black.

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