A pequena família tomou o desjejum no quarto sob a mesa posta pelas funcionárias. Naruto comeu um pouco de tudo, deixando Sasuke extremamente satisfeito por ver seu esposo tão radiante, e Kakashi, bem, não tinha tempo ruim, comia tudo o que seus braços pequenos alcançavam e o que suas bochechas aguentavam manter dentro da boca. E quando não alcançava o que queria, pedia a seu pai que pegasse para si, deixando Sasuke feliz em vê-lo comer tão bem, já que após a morte de Eloise ele havia diminuído bastante a quantidade de coisas que comia. O luto não dava trégua para que a fome fosse percebida, e só comia quando falavam para ele comer, porém, no fim, não digeria nem metade do que estava no prato. Tinha vezes que o ele comia, enjoava, e era obrigado a colocar para fora.
O loiro começou com um pequeno pedaço de queijo e uma panqueca. Dividiu a panqueca com Kakashi, com intenção de que ele comesse mais devagar, porém o bastante para que não sentisse fome e para que não passasse vontade, querendo principalmente que aquele tempo onde ele dizia não conseguir comer por sentir falar da sua mãe fosse superado.
Após dividir a panqueca e garantir que Kakashi continuaria comendo o quanto quisesse sem exagerar, pegou um pequeno sanduíche, algumas frutas, um pedaço de bolo e encheu novamente sua xícara com chá.
Sasuke os admirava, não contendo o sorriso, que mesmo discreto, chamaria a atenção de quem olhasse para seu rosto cansado.
Sasuke percebia que Kakashi estava melhor, mais conformado com a partida de Eloise, mas sabia que a saudade seria eterna. O pequeno alfa dividia seu tempo entre brincar, cuidar de Naruto, e o tempo obrigatório que tinha que dedicar aos estudos.
Sasuke sabia que seu filho estava empenhado em aprender sobre as coisas, para que, um dia, pudesse aprender sobre os negócios da família. O alfa observava, diariamente, durante uns minutos, seu filho na biblioteca aprendendo o inglês com um professor particular. Era quase fluente, mas ainda cometia erros na fala, o que era normal, sem contar que seu humor, quando errava, lembrava muito o de Eloise; xingava o quanto seu vocabulário permitia e o quanto pudesse até ser repreendido. E quando acertava, lembrava Naruto; sorria meigo e ficava sem jeito, determinado em aprender mais. Isso quando não acertava algo que considerava muito difícil e, novamente, lembrava comicamente Eloise; xingava e saia correndo de pés descalços.
Kakashi, por ser criança, acabava por adotar costumes dos adultos à sua volta como seus. Por isso acontecia dele, com seus atos, lembrar Naruto, o próprio Sasuke, de vez em quando, e, principalmente, Eloise.
Sabia que ele lutava contra a saudade quando percebia que fazia algo que sua mãe costumava fazer. E sabia que ele queria ser forte para tomar conta do que um dia seria seu por direito porque não queria perder mais ninguém coma havia perdido sua mãe.
Contudo, Sasuke via com felicidade as pequenas mudanças acontecendo. Eles estavam bem, estavam melhorando e estavam lidando juntos com as flores e perdas. Estavam seguindo adiante, de pouquinho em pouquinho.
Sasuke só começou a comer quando viu que seus tesouros haviam pegado tudo o que queriam.
Enquanto comia, pensava nos mais cuidados que teria que ter com Naruto nesses cinco meses restantes.Tsunade havia os alertado sobre a possibilidade de um parto complicado e com riscos caso não cuidassem tanto do corpo quanto da mente de Naruto.
Sasuke até mandou que fizessem uma espécie de sala hospitalar em um dos muitos quartos da mansão Uchiha, no mesmo corredor que o temporário quarto principal, que logo mais seria transformado no quarto do bebê, e consequentemente, ficaria ao lado dos aposentos de Kakashi. Havia tudo que Tsunade e Shizune precisavam e precisarão para a gestação. Tudo do bom e do melhor.
Após o café da manhã, Sasuke se despediu carinhosamente do loiro e do alfinha, se retirando para o escritório, onde passaria as próximas horas, colocando em dia o que havia negligenciado e muitas outras pendências. Isso porque Obito e Tobi haviam cuidado de muitos assuntos para si.
Depois de analisar documentos e se reunir com Shikamaru, Neji e Gaara, finalizou, com sacrifício e preguiça, tudo o que havia de fazer.
— Senhor Sharingan, há algo com que deve se preocupar.
Os problemas não acabam mais?! - Pensou Sasuke.
— Com o que devo me preocupar, Zabuza Momochi? — perguntou ao alfa de acompanhado de Kisame e Nagato. Cada um sendo líder de uma das seis divisões da organização; Obito e Tobi e Pain sendo os das divisões restante. Obviamente, Tobi e Obito tinham maior poder dentro da corporação, perdendo somente para Sasuke
— Pain não está nada satisfeito com o que aconteceu.
— Não é como se eu me importasse com o que o satisfaz…
— Deveria. — ressaltou — Sabe mais que ninguém o que um alfa apaixonado é capaz de fazer. Mesmo que o amor que ele sinta seje unilateral.
Sasuke se levantou, e calmamente se aproximou de Zabuza, evidenciando a diferença de altura entre eles. Momochi engoliu seco ao se ver mirado por Sasuke.
— Acha que sou incapaz de resolver esse assunto?
O clima pesou. Os alfas sentiam-se sufocados pela presença de Sasuke.
— Não, senhor. — Kisame saiu em defesa do primo. — Estamos apenas o alertando sobre a possibilidade de Pain tentar ajudar Konan a escapar.
Sasuke reconheceu a preocupação e a possibilidade, então voltou a se sentar em sua cadeira e seus olhos escureceram de novo.
— Deixe-o vir. Nunca soube que ele tinha tendências suicidas… será divertido. — zombou
— Terminamos por aqui, chefe? — Nagato falou pela primeira vez
— Sim, terminamos. — Sasuke ainda sorria, deixando os subordinados trêmulos. — Avisem Pain de que mandarei os pedaços de Konan, caso ele deseje se despedir.
Os três alfas saíram do cômodo quase correndo. A atmosfera hostil dentro do escritório não os permitia respirar direito, puxar o ar era quase doloroso.
Assim que os alfas foram acompanhados até a saída, Shikamaru e Temari bateram na porta do escritório, pedindo permissão para entrarem. A presença do casal Nara fez Sasuke suspirar.
— Tenho certeza que a visita não é cortesia, então falem logo. — ordenou
— Há alguns boatos correndo pela região, Senhor Sharingan.
— Não tenho tempo e muito menos interesse em saber das fofocas que rondam a cidade, Temari.
— É melhor que o senhor saiba e tome providências, senhor. Esses boatos — o chefe da segurança destacou a palavra em sua frase — podem trazer problemas graves à saúde do senhor Naruto.
— Mas que diabos meu ômega tem haver com as fofocas da região?
— Os Uzumakis faliram de vez. — disse — Ao que parece, não conseguiram lagar as dívidas e não tinham mais da onde tirar dinheiro, então o banco tomou a casa, e essa irá a leilão, deram apenas alguns dias para que os ocupantes deixem a mansão.
— Era o que me faltava! — suspirou deixando o cansaço o empurrar para baixo, fazendo-o escorregar na cadeira.
— O que faremos?
— Chame o gerente do banco, farei uma proposta.
— Sabia que tentaria algo do tipo, então fui atrás, mas a documentação do leilão já foi emitida.
Sasuke parou para pensar. Shikamaru, sabendo de sua provável dúvida, disse:
— O Senhor Namikaze estava ciente disso nos dias que passou aqui.
— Quem diria… Minato Namikaze é mais honrado e orgulhoso do que eu imaginei.
— É provável que a Senhora Uzumaki não tenha ficado sabendo antes
— Isso explica a falta de comentários impróprios da parte dela. - Sasuke ressaltou
— O que vai acontecer, quando o senhor Naruto descobrir? - Temari indagou e seu tom era preocupado.
— Com ele? Nada. Ele é um Uchiha, os assuntos dos Uzumakis e Namikazes já não o diz respeito, mas acho que ele deve saber que seus pais estão passando por um momento difícil. Vou contar. Não quero que ele saiba por outra pessoa ou sofra um colapso nervoso. - Sasuke explicou com a voz enfurecida.
O alfa não suportava a ideia de ver seu ômega sofrendo por algo que não dependia dele. O moreno de tatuagens suspirou cansado enquanto o casal Nara o ajudava a ponderar a situação.
— Devemos chamar Tsunade? - Shikamaru indagou.
— Acho prudente. Peçam a Choji que prepare um chá calmante e café, por favor. - Sasuke pediu já imaginando a reação do ômega grávido.
— Sim senhor. - o casal falou em uníssono e juntos se retiraram do escritório.
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Naruto estava no jardim da frente quando presenciou a saída dos alfas subordinados de Sasuke. O ômega estava sentado em uma toalha disposta no gramado, com Kakashi ao seu lado. Tinha um livro em suas mãos enquanto alfinha brincava com um de seus brinquedos.
De uma distância amena, Naruto observou quando pararam e acenaram um para o outro. Apesar da distância, o ômega se concentrou em ouvir o que falavam, não foi difícil perceber o nervosismo presente nos alfas.
— A essa altura, Konan deve estar morta, mas Pain vai fazer qualquer coisa pra se vingar.
— Não há muito o que ele possa fazer, olhe essa casa! — o outro alfa apontava. — Tem seguranças por toda parte, é muito bem guardada. Konan só conseguiu pegar o ômega do Sharingan, porque teve ajuda de outra despeitada apaixonada por Sharingan. Duas rejeitadas se uniram pra tentar derrubar um ômega que agora está grávido e mais bem protegido que o próprio rei. - o alfa ruivo ressaltou com um tom de deboche.
— Infelizmente é verdade. — Kisame concordou derrotado. — Pain não tem chance de vencer aqui. Sem contar que Konan nunca o correspondeu. Não há motivos para buscar a morte atoa.
— Pain não vai atacar Sasuke diretamente.
— Não entendo a lógica de ter Sasuke como inimigo por causa de uma alfa que nunca deu indícios de amá-lo. - um dos alfas falou com desdém.
— Um alfa apaixonado fica cego. - outro falou com tom desacreditado.
— E suicida, pelo jeito. - um deles debochou.
— Isso eu não sei, mas Pain está se envolvendo com a família Uzumaki, então é provável que, mesmo que indiretamente, ele fará mal ao ômega do Sharingan. - aquelas palavras fizeram os olhos azuis se arregalarem
— Pain deixou claro que Minato Namikaze é o alvo. — as palavras do alfa de cabelos negros foram como um tapa na face do loiro.
Naruto sempre se chateou com a falta de atitude de seu pai, afinal, sua negligência fora fundamental para o sofrimento de Naruto. Mesmo assim, o ômega não consegue imaginar seu progenitor em perigo.
Nesse momento, o mundo de Naruto girou muito rápido. Mesmo sentado e apoiado, o ômega se viu prestes a desabar. Seus olhos estavam arregalados e de maneira inconsciente, o loiro se levantou e gritou para os seguranças, Kiba e Juugo, que estavam por perto:
— NÃO DEIXEM QUE ELES SAIAM DAQUI…
De maneira protetora, Naruto abraçou Kakashi e o pegou no colo, esquecendo-se de sua condição. O ômega agarrou o pequeno alfa e o segurou de encontro ao peito, rosnando de forma territorial. Enquanto isso, os seguranças impediam os subordinados de montarem seus cavalos, e saírem das terras Uchiha.
O grito de Naruto, foi suficiente para trazer todos os empregados acompanhados de um alfa furioso que caminhou ao seu encontro de maneira quase cega. O alfa de tatuagens, se aproximou de seu ômega em passos rápidos e furiosos. Sasuke pegou Kakashi e Naruto ao mesmo tempo. Tirando ambos dali.
— Shikamaru, prendam eles até segunda ordem. - nada mais foi dito. Sasuke carregou sua pequena família para o quarto onde foi servido um chá calmante para o ômega grávido.
Kakashi depois de alguns minutos estava dormindo confortavelmente na enorme cama de casal enquanto os adultos conversavam.
Naruto tomou seu chá, respirou fundo e depois de ajudar Kakashi dormindo tranquilamente, fitou os olhos negros e curiosos de seu alfa. O loiro suspirou e proferiu o relato de tudo que havia escutado dos alfas.
O moreno de tatuagens buscava ligação entre os acontecimentos e imaginava que Pain estivesse envolvido no leilão da propriedade Uzumaki, em conchavo com o banco, isso explicava o motivo de Shikamaru não ter tido êxito em sua busca.
O loiro logo percebeu o estado do alfa, gentilmente segurou as mãos grandes do moreno e as levou ao seu rosto, onde Sasuke imediatamente começou uma carícia de maneira inconsciente.
Os olhos negros se abrandaram, conectando as safiras azuis que acalmaram a fúria contida nos ônix profundos. Sasuke suspirou quando recebeu um selar gentil em seus lábios.
— Não os machuque, apenas descubra o que está acontecendo com minha família. — Naruto pediu
Sasuke fechou os olhos, ponderando sobre o momento certo para fazer revelações ao ômega. Constatou que não adiantaria nada omitir a verdade. Os olhos negros se abriram e as palavras deixaram os lábios do alfa.
— Há algo que deveria saber. - Sasuke falou apreensivo.
— Conte-me. - o ômega falou com uma firmeza inabalável.
— A propriedade Uzumaki, será leiloada. Parece que as dívidas se acumularam e seu pai não conseguiu evitar a perda da propriedade para o banco. — o moreno relatou enquanto observava os olhos azuis perderem o brilho.
— Mas…
— Sinto muito, eu farei o que estiver ao meu alcance, mas o leilão é inevitável. - Sasuke ponderou, mas Naruto se afastou.
O ômega deixou suas mãos caírem em seu colo, enquanto seus olhos fitavam o horizonte. Naruto lembrou-se das palavras amargas de sua mãe, palavras que trouxeram lembranças de sua infância dolorosa e solitária.
— Não quero que faça algo. — disse encarando Sasuke
— Como?! — perguntou estarrecido.
— Não quero interferir a menos que as vidas deles estejam correndo perigo. Já fez muito por eles Sasuke, já fez muito por mim… chega. — afirmou Naruto com a voz firme enchendo o alfa de orgulho.
— Deve saber, e por certo sabe, que tudo que faço é por você. — o alfa ressaltou com o peito estufado.
— E eu agradeço muito, mas não quero que você pague nenhum centavo à minha mãe.
— Seu desejo é uma ordem, ômega. — respondeu com um tom brincalhão, mas Naruto sabia que o alfa respeitava sua decisão.
O moreno de cheiro alcoólico se aproximou, selando seus lábios na testa do loiro, que arfou e um sorriso sincero adornou seus lábios.
— Sasuke… — o loiro chamou com a voz baixa.
— Diga.
— Eu te amo. — declarou, se inclinando para frente, tomando os lábios do moreno entre os seus em um beijo apaixonado.
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Demorou, mas finalmente veio...
Capítulo betado por Lyana138