"Vai desejar que a gente nunca tivesse se conhecido no dia que eu partir."
Sugiro que ouçam a música acima👆🏼
POV's Alice Ferreira
- O que foi amor, esqueceu alguma coisa? - Richard pergunta assim que olha para trás.
Fico calada por alguns segundos enquanto acontecia uma batalha interna em minha própria mente.
- Desculpa, eu não posso fazer isso, eu não posso voltar com você, não do jeito que minha vó está, eu nunca irei me perdoar se algo acontecer com ela e eu estiver longe.
- Como assim, amor? - ele deixa as malas e se aproxima, vindo até mim.
- Desculpa mas você vai ter que ir sem mim. - seco rapidamente a lágrima que escorre por meu rosto e Richard nega com a cabeça várias vezes, como quem não acreditasse no que escutava.
- Não, eu não vou, eu não vou deixar você. - sinto um aperto em meu coração e uma sensação estranha no corpo, eu odiava magoar alguém que amo e ainda mais quando esse alguém se tratava dele.
- Escuta... - seguro seu rosto delicadamente e o olho nos olhos - Você tem sua vida no Brasil, tem sua carreira, tem seus amigos e tudo o que eu tenho está aqui em Portugal. - digo com a voz trêmula devido ao imenso nó na garganta que eu sentia.
- Não é verdade, você tem eu, tem seu pai, tem a Lara, tem sua carreira também...
- E eu amo muito vocês, não pense que está sendo uma decisão fácil, graças a você eu conheci o que é o amor e eu serei eternamente grata por isso, eu irei te amar para sempre, tenha certeza que a cada batida do meu coração eu vou me lembrar de você. - coloco a mão no meu rosto, me permitindo chorar por alguns segundos e olho para cima, na tentativa de tentar parar de chorar - Mas está na hora de eu ser a filha e a neta que eles merecem.
- Não, não! Tem que ter outro jeito. - ele diz negando com a cabeça, ainda inconformado.
- Talvez mais na frente a gente encontre o caminho de volta para o nosso amor. - agora eu já não me importava mais com as lágrimas que escorriam por meu rosto e me permitia chorar sem pudor algum.
- A gente pode continuar namorando, não tem problema, se você quiser ficar aqui por um tempo tudo bem, quando você puder você vai em São Paulo ou eu venho aqui e...
- Eu não posso fazer isso com você, você é novo, pode ter a mulher que quiser, você não merece isso, não seria justo.
- Eu não me importo, eu quero que se foda qualquer outra mulher, eu amo você e eu não quero te perder, por favor amor, não faz isso com a gente. - ele segura minhas duas mãos e as beija, seus olhos estavam marejados e haviam súplicas em seu olhar que me faziam ter a certeza de que essa imagem não iria sair tão facilmente de minha mente. Eu nunca vi ele assim, meu coração doía por saber que eu era a responsável por isso, logo ele que desde o começo sempre me deu tanto amor.
- Por favor não faz isso, já está sendo muito difícil para mim tudo isso, eu tenho certeza de que eu vou sofrer todos os dias com essa minha decisão e talvez eu possa até me arrepender. - digo mais como súplica.
- Tá tudo acabado entre nós? - ele pergunta e eu concordo com a cabeça e tiro a aliança do meu dedo, esticando a mão para entregar para ele.
- Me desculpa por isso, eu nunca deveria ter me envolvido com você, você é bom demais para mim e eu sou isso, minha vida sempre foi uma loucura e eu fui uma idiota por achar que poderia ser diferente agora. - ele olha para minha mão por alguns segundos antes de pegar a aliança e a olha por algum tempo, logo a colocando no bolso da sua calça.
- Se cuida, tá? - diz assim que beija minha testa e em seguida, seca as lágrimas que escorrem por seu rosto.
O carro para em frente minha casa e ele pega as malas, as colocando no porta-mala e entra no carro sem olhar para trás.
Coloco a mão no rosto, me permitindo chorar e imediatamente minha mãe sai de casa, vindo até mim, provavelmente ela percebeu a situação de cara, já que ela me abraça de lado enquanto eu observo o carro sair com o amor da minha vida.
"Eu sei que você é errado para mim
I know that you're wrong for me
Vai desejar que a gente nunca tivesse se conhecido no dia que eu partir
Gonna wish we never met on the day I leave
Eu te deixei de joelhos
I brought you down to your knees
Porque dizem que a miséria adora companhia
'Cause they say that misery loves company
Não é sua culpa eu estragar tudo
It's not your fault I ruin everything
E não é sua culpa se eu não posso ser o que você precisa
And it's not your fault I can't be what you need
Amor, anjos como você não podem voar para o inferno comigo
Baby, angels like you can't fly down hell with me
Eu sou tudo o que eles disseram que eu seria
I'm everything they said I would be."
Minha mãe me abraça forte assim que o carro some de vista e depois de alguns minutos em silêncio, ela me ajuda voltar com as malas para o quarto e pergunta se eu quero conversar mas eu nego, alegando que eu precisava ficar sozinha por algum tempo até processar tudo o que havia acontecido.
Me deito na cama e sinto o cheiro forte de perfume dele em meu travesseiro e o pego, o abraçando e me permitindo chorar novamente.
Depois de horas eu acabo pegando no sono e acordo com minha mãe batendo na porta do quarto e entrando com um prato e um copo de suco.
- Oi meu amor, você ficou no quarto o dia todo, achei que estivesse com fome e trouxe sua comida favorita. - sorrio fraco para ela.
- Obrigada mãe mas eu não tô com fome.
- Mas tem que comer um pouco. - ela se senta na beira da cama e faz carinho em meus cabelos - O que aconteceu? Por que não quis voltar pro Brasil com seu namorado?
- Eu não iria conseguir ficar longe de vocês sabendo como minha vó está, se acontecesse algo com ela eu jamais iria me perdoar.
- Você tem certeza de que é isso que você quer? Nós estamos correndo atrás de bons médicos, talvez ela possa melhorar um pouco.
- Eu quero ficar ao lado de vocês durante esse processo, sem falar que você trabalha e não tem muito tempo para ficar com minha vó e meu vô também sempre tem algo para resolver sobre as vinícolas.
- Eu estava pensando em contratar uma enfermeira para ficar com ela quando fosse necessário.
- Não precisa mais, eu ficarei com ela.
- E o seu trabalho de modelo?
- Semana que vem eu vou entrar com contato com eles para resolver isso, no momento eu não tenho cabeça para nada.
- O Léo veio te ver faz alguns minutos, perguntou como você estava mas eu falei que você tava dormindo, então ele ficou de voltar quando você estiver melhor.
- Eu não quero ver e nem conversar com ninguém.
- Eu sei como está se sentindo, acredite em mim. - a olho e passo a prestar atenção no que ela fala.
- Passou isso com o Alessandro? - ela nega com a cabeça e sorri fraco.
- Com seu pai. - mantenho os olhos fixos nela, esperando ela continuar - Você deixar alguém que você ama é muito pior do que ser deixada.
- Quanto tempo demorou para você esquecer ele? - pergunto curiosa.
- Eu nunca o esqueci completamente, acho que quando realmente é amor, você nunca esquece da pessoa e toda vez que lembra sente a mesma dor.
Abro a boca algumas vezes na intenção de dizer algo mas permaneço calada por longos segundos.
- Mas não é porque foi assim comigo que vai ser assim com você. - ela quebra o silêncio, enquanto ainda acaricia meus cabelos e eu fecho os olhos, deixando as lágrimas rolarem novamente - Vocês se amam de verdade, talvez daqui um tempo vocês possam se reencontrar.
- E se ele me esquecer? Afinal de contas, foi eu que tomei essa decisão, ele tem todo direito de seguir com a vida dele.
- Se isso acontecer é porque não era amor de verdade e então você terá a certeza de que não era pra ser.
Concordo com a cabeça e ela beija minha testa.
- Tenta comer um pouco, tá bom? Daqui a pouco vou voltar aqui pra ver se você comeu.
- Mãe? - a chamo antes dela abrir a porta - Obrigada por conversar comigo, eu te amo, tá? - ela sorri largo, provavelmente estava surpresa já que era a primeira vez que ela ouvia isso de mim depois de anos.
- Eu também te amo minha filha e sei que tudo vai ficar bem.