A noite havia sido terrível, em todos os aspectos. Sasuke, junto a Kakashi, tentavam acalentar Naruto que mudava de humor a cada sete minutos, tentando garantir que ele não se estressasse ao ponto de ter outro surto.
Triste, raivoso, feliz, e depois raivoso de novo. Pelo menos ele podia dizer que tentou uma reconciliação com sua não tão amada mãe. O ômega buscava entender o que tinha acontecido, onde havia falhado, mas não obtinha resposta.
Ao desistir de tentar procurar um motivo lógico pelo ódio de sua mãe e de se sentir frustrado por não achar, deixou-se levar pelo cansaço. Trouxe Kakashi para perto, e se deitou encostado no corpo de Sasuke, e ficou ali, pensando em tudo e em nada, acariciando o cabelo de um Kakashi adormecido e sendo paparicado por um Sasuke preocupado.
Em algum momento daquela noite, Sakura e Temari trouxeram uma bandeja ao quarto, transportando chá de camomila, torradas, suco de maracujá e salada de frutas.
Estava mais estável quando tomou o chá, que o deixou mais sonolento do que já estava antes. Então, com uma mão protetora e instintivamente em sua barriga, e outra abraçando Kakashi, dormiu.
Com extremo cuidado, Sasuke se levantou, deixando seu colete ao alcance do olfato do ômega, para que ele não sentisse sua falta e tivesse um sono inquieto, ou até mesmo acordasse.
Caminhou em passos largos pelo corredor e desceu as escadas enquanto passava a mão pelo rosto e pelo cabelo para espantar o sono. Tinha coisas a fazer ainda.
Se Naruto descobrisse o quão pouco estava dormindo no último mês, com certeza o amarraria na cama.
Mas o que podia fazer? A casa permanecia acordada mesmo na madrugada, e ainda era o alfa mais perigoso da cidade; tinha muito em seu alcance e domínio, sem contará a expansão que estava fazendo para Paris. E pensando em seus negócios em Paris, lembrara de Eloise. Sentia falta da francesa bocuda. Era uma grande amiga. Uma daquelas que te julga até o último fio de cabelo, mas seria a primeira a se oferecer para ajudar a esconder um corpo se necessário.
Suspirou. Quando sentisse que as coisas tivessem se encaminhado para seus devidos lugares, procuraria levar as cinzas da amiga para um bom lugar. Falaria com Kakashi sobre isso. Nem sabia como seu filho estava lidando com isso. Também precisaria de alguém de confiança para cuidar das coisas na França. E também tinha que reportar o acontecido à irmã de Eloise, que talvez nem tenha pensado na possibilidade da irmã estar morta e o sobrinho órfão de mãe.
Tinha papéis o esperando no escritório; algazarras nos becos causados pelos pequenos grupos que queriam poder; mercadorias suas estavam sendo roubadas e contrabandeadas por outros, já que não teve muito tempo para organizar e dar ordens aos seu subordinados devido suas maiores preocupações, que são Kakashi e Naruto; Não falava com seus primos a um tempo, e tinha que lembrar de convidá-los para jantar qualquer dia desses, e agradecê-los por estarem tomando conta das coisas referente aos negócios, mesmo tendo que lidar com os próprios setores.
E tinha a questão dos russos. Não sabia se eles haviam desistido após saberem do fracasso de Konan, ou se Konan havia tido contato com mais alguém, de algum outro lugar.
Iria enlouquecer, mas não antes de garantir o bem estar de seu ômega e suas proles.
— Está tarde, precisam descansar. — disse ao se aproximar dos funcionários.
— Não se preocupe, Senhor Sharingan, nós revezamos. Shikamaru e Temari organizaram a escala de trabalho para que a casa jamais fique desprotegida. — disse Neji
Sasuke assentiu com a cabeça.
— Onde está Shikamaru?
— Ele fez parte da escolta dos Uzumakis, senhor, e depois foi descansar. Ele teve seu turno durante o dia.
— E agora no turno da noite, quem é o responsável? — Sasuke quis saber
— Sou eu mesmo, Senhor Uchiha. — o alfa de olhos perolados e longas madeixas castanhas respondeu novamente.
— Me avise sobre qualquer coisa que pareça anormal. — ordenou — Vou tentar descansar, e não sei se vou acordar tão cedo. Deixo tudo com vocês. Nas primeiras horas da manhã, peça a uma das funcionárias internas para levarem o café da manhã aos meus aposentos, e que seja um café da manhã completo para três pessoas.
Dito isso, Sasuke saiu sem esperar confirmação. Precisava descansar pelo menos por três horas, não conseguiria ler os papeis se tivesse com os olhos quase se fechando.
Tomou banho e vestiu uma calça de algodão e uma blusa de mangas compridas leve.
Embalou os seres na cama com os braços e deixou-se dormir de forma realmente profunda.
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Como ordenado, um café para três pessoas — ou mais — fora feito e seria levado ao quarto que agora respondia com principal, já que o original, onde Naruto havia surtado, ainda passava por reformas.
Karui e Hinata entraram em silêncio e prepararam a mesa no canto do cômodo, sendo acompanhadas por Temari. Elas estavam passando por uma semana de treinamento, onde seriam ensinadas a como fazer coisas em específico no novo local de trabalho.
Depois que elas organizaram a mesa do quarto, que estaria totalmente escuro se não fosse a luz opaca que irradiava através da cortina bege e grossa e pela luz da lâmpada do corredor, que passava pela mínima fresta da porta pouco aberta, seguiram Temari para fora do aposento, saindo tão silenciosamente quanto entraram.
Naruto, que estava acordado desde antes das funcionárias entrarem, sentiu o estômago doer ainda mais ao sentir o cheiro dos alimentos trazidos.
Sabia que não devia ficar muito tempo sem comer, mas após a performance de sua mãe, esquecera totalmente de terminar sua refeição, na qual tinha certeza que não havia dado mais do que cinco garfadas. Acabou que nem comeu na noite passada.
Se levantou devagar, tentando não acionar as armadilhas que eram as pernas e braços de Kakashi e Sasuke naquele momento.
Ao se livrar do campo minado que era sua cama, adentrou o banheiro e seguiu até a banheira cheia de água quente, posta por Temari no enquanto as outras arrumavam a mesa.
Agradeceu mentalmente as funcionárias sempre prestativas que quase sempre adivinhavam suas necessidades.
Se perguntava durante o banho se seria um bom pai para seu filho e um bom padrasto para Kakashi. Afinal, se ômegas machos eram considerados meretrizes, seus filhos seriam considerados como bastardos filhos de puta. A paternidade da criança que sairia de si sempre seria questionada por terceiros.
Naruto sentia-se sufocado, amedrontado e atordoado por sentimentos ruins que sua mãe o causou, havia milhões de perguntas sem respostas em seu interior, mas a principal pergunta era: Algum dia, seria tão frio quanto sua mãe?
— Lhe dou o que quiser em troca de seus pensamentos, ômega. - o loiro quase deu um gritinho de pavor, quando a voz de Sasuke reverberou dentro do banheiro, tão perto de si.
— Bom dia, alfa. — cumprimentou suspirando fundo.
— Bom dia, meu amor. — Sasuke cumprimentou de volta, depositando um selar na testa do loiro. — Desculpe, não desejei assutar-lhe.
— Não se preocupe, estou bem, apenas estava pensando em métodos para ser um bom pai e padrasto.
— Você já é um bom pai e um bom padrasto. — abraçou os ombros do ômega
— Sasuke, pode me prometer algo?
— O que seria esse algo?
— Poderia me prometer que não irá permitir que algo assim aconteça em nosso lar? — perguntou — Pode me prometer que não permitirá que eu seja o tipo de mãe que minha mãe é?
Sasuke sorriu meigo às preocupações de seu ômega. Poderia parecer besta, mas isso mostrava o quanto Naruto tem um coração generoso e benevolente. Ele se preocupa, e tem medo de, inconscientemente, agir como sua mãe.
— Prometo.
O ômega teve os lábios tomados em um beijo leve; apenas um selar.
— Seu modo de selar promessas é diferente — disse Naruto, e Sasuke riu.
O alfa apertou o corpo do ômega ao seu, quase distorcendo o que Isaac Newton disse sobre dois corpos não poderem ocupar o mesmo espaço.
— Lembre-se de que seu filho está no quarto do outro lado daquela porta. — apontou para a dita cuja — Ele não merece e nem deve escutar nenhum som profano vindo de seu pai e seu padrasto. — disse, mas seu corpo parecia discordar ao que enlaçava os braços ao redor do pescoço de Sasuke — Não queremos e nem iremos traumatizá-lo, não é, Sharingan?
Ouvir o apelido designado a si, ser pronunciado de maneira tão imprópria e leviana pelos lábios provocantes de Naruto, o fez querer destruir seu ômega da forma mais deliciosa, prazerosa e bruta possível.
Contudo, se controlou no que suas estribeiras o prenderam à razão. Seu filho estava no cômodo ao lado, então se contentaria com um beijo mais selvagem por enquanto.
Pego de surpresa em um beijo fervoroso, molhado e cheio de segundas intenções, Naruto perdeu o ar rapidamente. Sasuke desceu a mão pelo corpo bronzeado do ômega, acariciando-o, mas somente isso. Teriam que dar continuidade a isso mais tarde, quando estivessem só.
— Eu te amo alfa…
— Eu também te amo, ômega. Mas não pense que irei dormir sem tomar-lhe hoje. Continuaremos mais tarde.
— Não há dúvidas quanto a isso.