Velas Negras • MonSam

By Heartflwrbr

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Após a morte de seu pai Edward Teach, um dos maiores e mais respeitados piratas da região do Caribe, Mon assu... More

Introdução
Personagens - Os Negros
Personagens - O Bordel
Personagens - Os Vermelhos
1. O Pior da Minha Vida
2. Decisão Tomada
3. O Acordo
4. Seguir curso!
5. Atitudes Inesperadas
6. O Resgate
7. A Garota da Família Rival
8. Defesa
9. Inconsequência
10. O Julgamento
11. Visitas Inesperadas
12. Vontade
13. Motivos
14. Lidando com os sentimentos?
15. Não é porque eu te odeio que eu não posso mais beijar sua boca
16. A Dançarina
17. Brincando com Fogo
18. Cartas na Mesa
19. Buscando Respostas
20. Traição...?
21. Decisões Difíceis
23. Afogando-me
24. Fatos e Conexões
25. Você é Bem Vinda.
26. A Última Noite
27. Traidores
28. Guerra

22. Aliança

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Kornkamon Teach

- Não tem como a gente continuar com missões, sem antes resolver a problemática do filho da puta que quer nos destruir. - Falo com indignação, enquanto estava sentada na cadeira do meu escritório.

Fazia uma semana desde o dia fatídico do "término" com a Sam e há dois dias que eu tinha recebido alta. Eu já me sentia muito melhor, mas ainda não conseguia lutar, de modo que não poderia participar de missões agora.

- Estamos em um beco sem saída, porque a qualquer momento podemos dar de cara com ele. - Tee concorda.

- Não tem para onde correr, precisamos convocar uma reunião com os Vermelhos. Eles têm algumas informações que nós não temos sobre quem é esse cara. - Lauren fala.

Ela tinha razão, a Samanun tinha informações importantes sobre o tal do Charles Walker. Unir forças naquele momento seria crucial para arrancar de vez esse verme de Nassau.

- Você tem razão... Temos que propôr uma aliança entre os Negros e os Vermelhos. - Falo e a Tee me observa.

Ela sabia muito bem que eu estava sofrendo com a falta que eu sentia da Sam, mas tentava suprimir aquele sentimento a todo custo. Por isso, desde que decidimos nos afastar, eu fingia que nada estava acontecendo, mas a todo momento eu sentia os olhos da Tee me observando.

- Está confortável para ter uma reunião com os Vermelhos? Com a Samanun?

- Ela já voltou a participar das reuniões? - Lauren pergunta

- Sim. A partir dessa semana ela já pode voltar às suas atividades piratas pelo bom comportamento. - Falo essa última parte de maneira irônica e a Lauren olha para mim e para a Tee como se não entendesse sobre o que eu falava.

- Seu tempo foi reduzido porque ela tem cumprido de forma correta a pena que foi imposta. Participei de uma reunião com o Sr. Francis ontem e ele perguntou se os Negros concordavam com isso. - Tee explica para a Lauren.

- E por que os Negros concordariam com isso, sendo que na verdade ela burlou tudo que podia e o que não podia? - Lauren pergunta indignada.

- Não sei se você lembra, mas ela burlou para me salvar. - Falo e a Lauren revira os olhos.

- Isso não está em discussão aqui, Lauren. - Tee fala, dando fim aquela assunto.

- Enfim... Vou preferir não comentar sobre isso porque também pouco me importa o que a Samanun faz ou deixa de fazer. - Lauren fala dando de ombros.

- Então vamos propor uma aliança com os Vermelhos, para trabalharmos juntos e dar um fim a esse "problema"? - Tee pergunta e a Lauren faz que sim com a cabeça e, então, as duas me olham.

- Eu concordo com a aliança, mas eu sei que os Vermelhos não concordarão.

- Como assim?

- Eu conheço a... - Coço a garganta. - A capitã dos Vermelhos. Ela não vai aceitar um acordo com a gente de graça. - Falo por fim, sentindo os olhos da Tee me observarem minuciosamente.

- Não seria de graça, esse assunto também diz respeito aos Vermelhos ou eles esqueceram que Samanun Every tentou assassinar Charles Walker? Eles têm total interesse em acabar com o general da mesma forma que a gente! - Lauren fala.

- Você tem um ponto. - Concordo.

- Lauren tem um ponto, mas também temos que pensar na possibilidade de que eles possam querer propor algum acordo que abranja mais ganhos pros Vermelhos. - Tee fala.

- O que quer dizer? - Lauren pergunta.

- Tee está sugerindo que eles podem querer pedir algo em troca nessa aliança. Por exemplo, a revisão do Acordo de Paz. - Explico e a Tee faz que sim com a cabeça, como que concordando que era sobre isso que ela estava falando.

- E se ela pedir isso, o que iremos responder? - Lauren questiona, colocando suas botas na minha mesa. Dou um tapa no seu pé e ela os retira, com a cara feia.

- Bem, fizemos um levantamento sobre a problemática que a Samanun trouxe até a gente, porque queríamos confirmar se o que ela apresentou era realidade. - Eu falo enquanto a Tee levanta para buscar alguns papéis na prateleira, abrindo-os na mesa à minha frente. - E realmente tudo que ela falou é verdade, de forma que eu não acharia injusto refazer alguns termos do Acordo de Paz.

- Está falando sério? - Lauren pergunta.

- Por que, você acha isso um problema?

- Claro que acho, capitã! Depois que passamos a última semana inteira trabalhando arduamente para resolver a crise interna que tínhamos, você quer se juntar aos Vermelhos?

- Eu entendo, mas uma das coisas que iremos começar a introduzir diante da nossa tripulação é que temos uma problemática séria e precisamos nos aliar a eles. Eu quero acabar de uma vez por todas com a cultura de rivalidade que existe, porque não faz o menor sentido ficarmos batendo cabeça, sendo que se a gente se juntar, teremos muito mais força. - Falo e a Lauren me observa em silêncio, raciocinando minhas palavras.

- Tá bom, você tem um ponto que eu concordo, mas precisa ser agora? - Ela pergunta.

- Não seria algo a curto prazo, Lauren. Podemos começar a introduzir isso aos poucos, porque temos que modificar a mentalidade deles. - Tee explica.

- E os Vermelhos, o que acham disso? Eles querem essa aliança? - Ela pergunta.

- É isso que iremos descobrir. Irei convocar a reunião com eles e conversaremos sobre.

- Você vai convocar? - Tee me pergunta.

- Sim, qual o problema? Não é difícil encontrar com a Samanun ou a Engfa no Bordel. - Explico.

- É mais racional se mandarmos um mensageiro como sempre fizemos. Não queremos dissociar sua imagem à da Samanun? - Tee questiona.

- Concordo, capitã. Melhor você não conversar com ela em ambiente público. - Lauren fala e eu reviro os olhos.

- Isso não significa que eu tenho que deixar de falar qualquer coisa com ela. São negócios, problemas a serem tratados e eu sou a capitã dos Negros, preciso estar à frente.

- O costume sempre foi enviar um mensageiro, capitã. - Tee fala.

- Costumes podem ser modificados. - Insisto teimosamente.

- Mon, desculpe-me pela teimosia, mas não acho uma boa ideia. Estamos aqui para te aconselhar.

- Conselhos, Lauren, podem ser acatados ou não. - Falo com um pouco de impaciência.

- Capitã, entendo que a decisão final é sua, mas devo insistir de que seria melhor enviarmos um mensageiro. Se quiser conversar sobre algo a mais com a capitã dos Vermelhos, podemos providenciar um encontro mais escondido, não no salão do Bordel. - Tee fala.

Olho para a janela, tentando dissipar a irritação que eu sentia por estar sendo tolhida de algo que eu queria fazer e que não via nenhum problema. Obviamente que eu concordava com os motivos que elas apresentaram, mas era frustrante não poder fazer algo só porque aos olhos dos outros, era algo errado.

- Tudo bem. - Levanto-me da cadeira em que estava, dando fim à reunião. Elas me acompanham.

- Eu posso ir até a casa da Samanun solicitar a reunião. - Lauren fala.

- Por mim está decidido. - Tee fala e eu concordo com a cabeça.

- Sugira que a reunião aconteça amanhã no mesmo local que foi nossa última. - Falo e Lauren acena, saindo do escritório para cumprir sua tarefa.

Eu respiro fundo e olho para a Tee, que mais uma vez me observava.

- Sinto que seus olhos estão por toda parte... Por que tem me observado tanto? - Pergunto curiosa.

Ela ajusta os óculos de leitura que havia usado para ler os documentos há pouco e os remove do rosto.

- Sei que está suprimindo muita coisa dentro de si. - Ela fala de maneira vaga.

- O que quer dizer com isto?

- Sente falta dela.

- Sim. - É só o que manejo responder. Minha resposta é monossilábica, mas carregava grande significado.

- No entanto, quase não demonstra. Temo que isso seja mais prejudicial a você do que benéfico.

- Eu não posso pensar sobre isso agora. A decisão dela foi tomada...

- Sei que tem convicção de que dava para ser de outra maneira, mas a gente precisava disso, Mon. Eu e a Lauren temos trabalhado muito para consertar essa crise interna, cada vez que se vissem, seria um passo para trás em relação a qualquer evolução que tivéssemos feito.

- Eu sei, Tee. Está decidido, não está? Não vejo porquê conversar sobre isso agora.

- Você não quer falar sobre isso em nenhum momento, não quer nem pensar sobre isso.

- Não, não quero. Dói e eu não vou sucumbir a esse sentimento.

- Não precisa sucumbir ao sentimento, mas sentir faz parte, Mon. São coisas diferentes.

Ando até a janela observando as cores chamativas que o céu exibia, com o cair da tarde e o início da noite.

- Vai ao Bordel hoje à noite? Seria minha primeira noite de volta. - Mudo de assunto.

- Sabe que não é muito da minha preferência, mas se quiser minha presença lá...

- Nada oficial, não tem obrigação de ir, mas acho que se diverte muito pouco e trabalha em demasia.

- Minha maneira de descansar a cabeça é treinando ou lendo, não consigo descansar naquele furdunço que é o Bordel. - Ela fala com sinceridade, e eu acho graça da maneira que ela encarava a barulheira e a bagunça organizada do Bordel.

- Eu entendo, sei que nunca gostou de ir.

- Mon... - Ela faz uma pequena pausa, talvez por não saber direito como abordar aquele assunto. - Sinceramente, por que vai para lá? Digo, considerando todo o contexto e tudo o mais, você sabe que pode se deparar com alguma cena que você não está preparada para ver, não sabe?

- Refere-se ao fato de que a Samanun pode--

- Precisamente. - Ela me interrompe para que eu não precise terminar a frase.

- Confesso que não havia pensado nisso, mas... Eu irei por estar com vontade de ir e não vou deixar que esse tipo de coisa me impeça.

- Não seria vergonhoso se optasse por não ir para se proteger, Mon.

- Quem sabe se eu não quero dormir com outra mulher? - Pergunto e ela levanta uma sobrancelha.

- Mas você não quer.

- Quem disse? Não preciso transar com ninguém apenas por sentimentos, Tee. Se assim fosse, eu nunca iria para o Bordel.

Ela balança a cabeça me repreendendo.

- Sinceramente acho que se fizer isso, vai se machucar ainda mais. - Tee fala e eu reviro os olhos.

- Para de ser estraga prazeres, eu vou me divertir e se estiver com vontade, irei dormir com alguém.

- Já é adulta. Eu não vou me meter em seus atos quando eles não influenciam a tripulação. Porém, como amiga, eu já te disse minha opinião sobre isso.

Ela fala, pegando suas coisas e se dirigindo à saída do escritório. Mas quando ela abre a porta, dá de cara com minha mãe que ia passando pelo corredor.

- Já vai embora, querida? - Ela pergunta à Tee.

- Sim, já finalizamos a reunião e sua filha vai para a noitada, não é minha praia.

Vejo o exato momento em que a simpatia se esvai do rosto da minha mãe e ela me olha com fúria.

- Você vai ao Bordel, Kornkamon? Acabou de sair do hospital, onde quase morreu e, hoje, está indo beber e passar a noite em ambientes duvidosos? Está querendo facilitar o trabalho do general inglês e se matar logo?!

Tee suprime uma risada, porém eu não consigo evitar e acabo rindo, enquanto vou até minha mãe.

- Mãe... - Ponho ambas as mãos no seu rosto.

- Não venha querer jogar seus charminhos, não vai colar, Kornkamon Teach.

- Gente, é minha deixa. Eu realmente vou, boa noite. - Tee sai do local o mais rápido possível para não se envolver na discussão que se iniciava.

- Não estou jogando charminho, mãe. - Tento a abraçar, mas ela me impede.

- Eu estou falando sério, isso não é brincadeira para mim. Você deveria ficar em casa e descansar!

- Eu já descansei demais. Passei muitos dias naquela cama de hospital, eu já estou bem. Eu não aguento mais, preciso sair, ver gente...

- Não durma lá, Mon. Por favor. - Ela implora.

- Mãe, eu não posso garantir isso.

- Sabe de uma coisa? Faça como achar melhor. - Ela vira as costas para mim e sai batendo o pé com raiva.

Eu sabia que ela queria meu melhor, mas eu iria enlouquecer se passasse mais uma noite em casa, jogada na cama lendo. A ideia de descanso da Tee nunca iria ser a mesma que a minha.

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- Porra, como eu estava com saudades disso! - Falo alto por cima da música que vinha da banda que se apresentava naquela noite. Minha empolgação era evidente e a Lauren me olha rindo, pegando no meu ombro.

- Também senti saudades da sua presença aqui! Não é a mesma coisa quando não está. - Ela responde animada, passando o braço por cima do meu ombro, me abraçando de lado e me levando em direção ao nosso lugar de sempre, nos bancos à beira do balcão.

Meus olhos varrem o local de maneira inconsciente e param no instante em que eles avistam a mulher de cabelo liso, feições asiáticas e casaco bordô. Ela estava sentada em meio a várias pessoas. Como sempre, ao seu lado estava sua irmã e, do lado esquerdo, Kirk. Procuro pela sua ex, mas para minha felicidade, não a encontro.

Seus olhos cruzam com os meus e, mesmo à distância, posso ver um pequeno sorriso de canto de boca aparecer nos seus lábios.

Meu coração acelera no mesmo momento.

Inferno.

- Vem, Kornkamon. - Lauren me puxa, notando a direção para onde eu olhava.

Andamos lado a lado até o balcão.

- Duas doses de uísque! - Lauren pede ao Nop. Ele põe dois copos vazios em cima do balcão e começa a encher com o líquido dourado.

Assim que ele termina, Lauren pega seu copo e o ergue no ar, sugerindo um brinde.

- À sua volta. - Ela fala e eu levo o meu copo de encontro ao seu, bebendo todo o líquido em seguida. Ela faz o mesmo e nós batemos os copos na mesma hora em cima do balcão.

- Que bom vê-la novamente, Mon. - Jim fala, aparecendo por trás do balcão. Ela pega uma garrafa e os enche novamente. - Você parece saudável.

- Eu estou ótima, obrigada pela preocupação.

Percebo quando seus olhos erguem e olham em direção ao local em que eu sabia que estava a Samanun. Ela então volta sua atenção para mim.

- Eu soube de tudo que aconteceu. Sinto muito. - Ela fala de maneira vaga, mas eu sabia exatamente sobre o que ela se referia.

Viro para trás para ver a Samanun conversar alegremente com seus amigos e então retorno novamente para a Jim, sorrindo sem mostrar os dentes.

- Não deveria estar tão preocupada, já que sua protegida parece estar ótima. - Falo com amargor no tom de voz.

Ela volta a olhar por cima de onde eu estava sentada, claramente observando a mesma imagem que eu tinha visto segundos antes.

- Sorrir e conversar é o que se espera quando você está em uma festa, não acha Kornkamon? Creio que a conhece suficientemente bem para saber que ela se porta de caso pensado, porque é a maneira que se espera que ela aja estando aqui. Ou você quer que ela chore em frente a todo mundo? Não é essa a intenção que tiveram quando se separaram, a de fazer acreditarem que não têm e nunca tiveram uma relação?

- Finalmente ouviu o que queria ouvir? - Lauren me pergunta chateada.

Tomo todo o líquido que o Nop havia colocado no meu copo novamente.

- Então estejamos felizes, não é? - Falo de maneira irônica, sorrindo falsamente.

- Amiga, vamos nos divertir, tente esquecer que ela está ali. - Lauren pede.

- Difícil, você já viu o quão gostosa ela está hoje? - Falo olhando de lado para a Lauren, que não consegue se conter de rir da minha fala.

- Não vá aprontar, Mon...

- Não vou fazer nada que ela não queira.





Samanun Every

A presença repentina da Kornkamon Teach naquele ambiente me pega de surpresa. Confesso que não imaginava que ela iria vir ao Bordel, já que tinha recém saído do hospital, fazia apenas dois dias.

Sinto meu corpo apresentar sinais de nervosismo, não apenas porque já era uma reação comum à sua presença, mas porque eu não sabia exatamente o que esperar, aquela era a primeira vez que nos encontrávamos depois do dia que decidimos nos afastar. Além disso, eu conhecia Kornkamon bem o suficiente para saber que ela era impulsiva e, algumas vezes, inconsequente e eu sabia que a decisão de nos separar tinha partido apenas de mim, já que ela queria tentar contornar o problema de outra maneira. Ou seja, não sabia se ela podia armar alguma hoje.

- Daí o cara achou que eu ia pagar vinte moedas de ouro naquela lâmina que não vale nem duas moedas! - Kirk termina de contar a história e todo mundo ri. Acompanho o grupo, apenas para não parecer que toda a minha atenção havia se esvaído junto com a chegada da capitã dos Negros.

- Eles estão sem noção nenhuma. Sempre fazem isso quando é para cobrar da gente. Eles acham que nadamos em dinheiro. Fui encomendar uma adaga pequena para andar com ela dentro da bota, algo simples e ele queria que eu pagasse quinze moedas! - Engfa complementa a história sob a atenção do grupo todo.

- Se quer me foder, me leva para jantar primeiro. - Kirk fala e todos voltam a rir e eu novamente os acompanho de forma robótica.

- Irmã, quer mais alguma bebida? - Engfa me pergunta e eu faço que sim, pegando meu copo vazio em cima da mesa. - Vou chamar alguma garçonete, hoje a Kade parece que está ignorando completamente nossa mesa.

- Desculpa. - Kirk fala. - Tivemos uma briga e ela não quer nem olhar na minha cara.

- Logo vi que tinha dedo seu nessa palhaçada. Agora eu só consigo uma bebida se for até o balcão eu mesma pedir! - Minha irmã reclama e o Kirk faz cara de culpado.

- Me dê esses copos aqui, eu vou lá pedir. O que você vai querer? - Pergunto.

- Rum puro. - Ela fala.

- Eu também. - Kirk acrescenta.

Então pego os três copos e me dirijo ao balcão, tentando manter distância do local onde a Kornkamon estava sentada.

Quando começo a andar pelo salão, pareço chamar sua atenção porque ela me acompanha com os olhos enquanto eu finjo que não a vejo pela minha visão periférica. Ela estava do lado da Lauren e da Camila, como de costume. Mas havia outra mulher com elas que eu não conseguia identif... Hailee.

Kornkamon passa a mão pela cintura da prostituta, que estava cada vez mais derretida pelos atos da capitã dos Negros. Não era segredo para ninguém que ela tinha sua preferência declarada pela Teach, embora eu soubesse que aquele sentimento era unilateral, eu estava com raiva de ver aquela cena. Ademais, eu sabia que elas costumavam passar as noites juntas, antes.

Sinto meu sangue ferver, minha respiração acelera. Aquela filha da puta estava fazendo de propósito.

Apoio os copos no balcão a alguns metros de distância de onde estava seu grupinho.

- Nesses dois copos você pode colocar a dose de rum pura. No meu, rum com água de côco por favor. - Peço ao Nop.

Ele me olha sério, olha para a Konrkamon e volta a me olhar.

- Noite difícil, capitã?

Como irmão do Kirk, ele sabia muita coisa que rolava nos bastidores da nossa tripulação e meu caso com a Mon, obviamente, não havia passado batido. Ele também sabia que tínhamos nos afastado e o motivo disso ter acontecido.

- Nada fora do esperado, na verdade. - Falo sem animação.

Olho sem querer para o lado da Kornkamon, apenas para dar de cara com a Hailee beijando seu pescoço. Minhas narinas inflam, mas eu engulo o bolo na minha garganta, respirando fundo e virando de volta para o Nop, que me olhava com a sobrancelha levantada enquanto servia os copos.

- Ela está disposta a fazer você se arrepender, não é? - Ele pergunta, colocando a rolha de volta no bocal da garrafa de rum.

Dou um sorriso sem mostrar os dentes e dou de ombros. Eu não podia cair naquelas provocações, eu não tinha o sangue quente e desenfreado que a Kornkamon tinha, eu precisava me manter firme.

- Faz parte. - Respondo monossilábica, porque o caroço na minha garganta me impedia de conseguir manter uma conversa tranquila.

Entorno de uma vez o conteúdo que tinha no meu copo e pego os outros dois para levar de volta à mesa, mas assim que me viro para andar, esbarro em uma pessoa que estava muito próxima a mim.

Fico meio desorientada por um momento, mas logo meus olhos focam: Kornkamon Teach.

Sem controle, meus olhos escaneiam seu corpo todo e quando volto a olhar seu rosto, ela tem um riso sem vergonha estampado nele.

Por que ela tinha que estar vestindo aquelas roupas? Parecia que tudo nela era apelativo demais.








- Poderia ser todo seu, Samanun. É só você querer. - Ela fala sem escrúpulos.

- Não faça assim... - Imploro. - Você sabe que a situação aqui não se trata do que eu quero. E, por sinal, você não deveria ser vista comigo.

Logo que termino de falar, seu corpo é puxado por uma Lauren com cara de poucos amigos.

- Você deveria estar ajudando! - Ela fala para mim com irritação.

- Eu não estou fazendo nada!

- Mon, porra. - Ela repreende Kornkamon.

A capitã dos Negros continuava mantendo o riso sarcástico no rosto. Ela não estava nem aí porque, na cabeça dela, não precisávamos estar separadas para ela resolver o problema com a tripulação e ela parecia estar mais do que pronta para me fazer mudar de ideia.

Ela vai embora junto da Lauren, até voltar novamente para o banco em que estava. Hailee e Camila não estavam mais ali.

Obrigo-me a não olhar em direção ao local em que ela estava de jeito nenhum e me encaminho novamente para onde Engfa e Kirk me esperavam. Para minha sorte, eles estavam tão entretidos na conversa que não haviam visto a cena que tinha acabado de acontecer.

- Cadê o seu? - Engfa pergunta, assim que eu entrego seu copo.

- Já bebi.

Ela franze o cenho, tirando sua atenção da conversa que acontecia, me encarando.

- Aconteceu alguma coisa? - Ela pergunta e então começa a olhar ao redor, captando a imagem da Mon sentada bebendo.

- Mais ou menos... Eu acho que devo ir para casa.

- O que ela fez?

- Nada muito problemático ainda. - Levanto-me e ela me acompanha com os olhos. - Mas ela veio até mim, a Lauren que a tirou de perto.

- Acho muito idiota isso tudo, se ela não quer ficar separada, por que então você que tem que fazer isso?

- Porque eu sei que dessa forma é muito mais seguro para ela. Eu já te expliquei isso. - Falo com impaciência por estar tendo aquela conversa de novo.

- Ela é adulta e não é nada idiota. Se ela acha que pode resolver de outra maneira, se jogue, volte para ela, deixe ela resolver como acha que funciona! - Engfa fala e eu bufo com frustração.

- Não é uma visão só minha, a própria Tee acha a mesma coisa que eu, Engfa. Eu gosto dela o suficiente para passar por cima do que eu quero, para que ela não se meta em encrenca.

Minha irmã vira os olhos.

- Que seja... Mas ir embora e não se divertir por causa dela já é demais.

- Se divertir? Engfa, a única coisa que eu queria era estar na minha casa. Só estou aqui porque preciso fingir normalidade e porque você encheu meu saco para vir.

- Ah que se foda então. Vai embora com o rabinho entre as pernas! Quero saber até quando você vai ficar nisso.

Resolvo ignorar sua fala porque eu não estava afim de discutir com minha irmã também. Então me mantenho em silêncio e começo a me despedir das pessoas.

Chego até a rua e começo a desatar o nó que prendia o animal à madeira de amarração. Àquela hora da madrugada, a rua estava deserta e o silêncio da parte externa fazia contraste com os sons altos que vibravam dentro do Bordel.

Antes de terminar de desatar o nó do cabresto da minha égua, ouço passos na minha direção. De forma automática, minha mão apoia na espada que estava no meu cinto e eu procuro ao redor, dando de cara com o corpo esguio e bem delineado da Kornkamon Teach se aproximando de mim. Ela carregava uma expressão despreocupada e um sorriso de lado.

Com um certo desespero, olho para a porta do Bordel procurando saber se a Lauren vinha atrás dela, mas parecia que seríamos só eu e ela naquela conversa.

Meu coração bate acelerado.

- Eu vim em paz, não precisa se preocupar. - Ela fala ao chegar próxima a mim.

- Não estou preocupada. - Minto.

- Não é o que parece. - Ela desce seu olhar para minhas mãos ao lado do meu corpo. Estavam tensas, mexendo no cós da minha calça de maneira ansiosa.

Paro o movimento.

- É só que não deveríamos ser vistas juntas, Kornkamon.

- Não tem uma alma viva aqui, Samanun. É madrugada, as pessoas estão dormindo.

Olho ao redor para constatar que a rua realmente não tinha ninguém, porém para evitar qualquer problema, puxo sua mão e adentro mais no beco em que eu havia amarrado a Tempestade.

- Tudo bem... Mas temos que ser cuidadosas, não podemos fi--

- Shh... - Ela põe um dedo na frente dos meus lábios, fazendo-me parar de falar. - Eu já sei de tudo isso, não precisa ficar repetindo o tempo inteiro, me irrita. Eu só queria saber se está bem.

- Não tanto quanto você parecia estar quando tinha a boca daquela prostituta enfiada no seu pescoço. - Relembro a cena e sinto toda a irritação novamente. Ela parece se divertir com minha fala.

- Eu só estava agindo como me pediram para agir: de forma natural.

Cínica.

- Está bem, Kornkamon. Continue fazendo o que quiser. - Começo a andar de volta até minha égua, mas ela segura meu braço.

- Por que está irritada?

- Por quê?! Você sabe porque. - Respondo olhando no fundo dos seus olhos.

- Não, não sei. Verbalize.

- Eu não vou dizer nada, você sabe muito bem o porquê, mas sempre tem a necessidade de ficar fazendo esses joguinhos. - Me aproximo dela. - Eu estou fazendo tudo isso por você, será que não entende?

- Se estivesse fazendo alguma coisa por mim, Samanun, estaria me jogando na cama nesse momento e me comendo a noite inteira.

Meus pêlos se arrepiam e meu centro se contrai. Eu não esperava aquela resposta, mas como sempre, ela era objetiva como a ponta da sua espada.

- Acha que não quero?! - Pergunto irritada.

Ela se aproxima de mim, encostando seu corpo no meu. Volto a engolir em seco, segurando minhas mãos para não a tocarem. Eu sabia que seria um caminho sem volta se eu cedesse nem que fosse por um segundo.

- É o que parece.

Olho novamente seu corpo, suas roupas mostrando demais, deixando a imaginação fluir. Arranho minha garganta, retomando meus pensamentos.

Seu riso cafajeste e seu olhar analisador sobre minha expressão demonstram que ela sabia que eu tinha me perdido em pensamentos e travava uma guerra interna para não ceder ao que ela queria.

Ela passa sua mão pelo meu pescoço, seu polegar fazendo um carinho na minha bochecha... Fecho os olhos por um segundo enquanto ela aproxima sua boca da minha orelha.

- Eu sinto muito a sua falta. - Ela sussurra no meu ouvido e então morde o lóbulo da minha orelha.

Meu corpo todo se arrepia novamente e sinto minha pele em brasa pelo calor que ela me fazia sentir com um simples gesto.

Sua boca solta minha orelha e beija meu pescoço.

- Mon, por favor... - Minha voz sai rouca e quase fina demais. Era vergonhoso.

- Eu paro, é só pedir. - Ela responde. Seu timbre era mais grosso do que o normal.

Ela beija minha mandíbula, enquanto sua mão se emaranha pelos meus cabelos, puxando-os de leve.

Eu apertava minhas mãos no tecido das minhas roupas, me impedindo de tocá-la.

- Sua pele é tão cheirosa. - Ela sussurra e passa o nariz pelo meu pescoço.

Olho para o céu escuro e estrelado, como que pedindo uma intervenção divina. Aquilo era uma tortura, mas ao mesmo tempo as palavras que eu precisava dizer simplesmente não saíam da minha boca, porque obviamente eu não queria que ela parasse.

Suas coxas roçam na minha virilha e sua mão entra pela minha roupa, raspando suas unhas pela minha barriga.

- Me faz sua, Sam... - Ela pede, passando o polegar pela borda do meu sutiã.

Aquela é a gota d'água para mim.

Por que eu iria me segurar se ela própria não fazia o mínimo esforço?

Sem pensar mais, eu tiro suas mãos de mim. Por um momento ela achou que eu iria afastá-la, mas no outro segundo eu a jogo na parede e avanço sobre seu corpo com toda a vontade que eu tinha. A urgência incubada que eu havia segurado toda a noite fazia meus gestos parecerem animalescos.

Abro os botões da peça minúscula de roupa que ela usava, expondo seu sutiã escuro como a noite e passo minha língua quente pelo vão entre seus seios, lambuzando-me com sua pele, inebriando-me com seu cheiro tão familiar.

Minha boca sobe até seu pescoço, no qual eu dou um chupão forte, tentando tirar toda a vontade que eu estava dentro de mim.

- Achei que fosse precisar implorar para você... - Ela sussurra com os olhos fechados, sentindo cada toque meu no seu corpo.

Tiro um de seus seios de dentro do sutiã e cubro-o com minha boca, mordiscando seu mamilo e lambendo as terminações nervosas daquela zona erógena.

Ela tentava abafar os gemidos com o dorso da sua mão, a qual ela mordia com força para não fazer barulho.

Minha mão esquerda captura seu outro mamilo, enquanto minha boca ainda se deliciava com o seu seio endurecido pelo tesão. Minha mão direita desce pela sua barriga à mostra e adentra o cós da sua calça e sua calcinha, encontrando sua boceta completamente molhada.

- Seu tesão esborra pelas suas dobras, sente como você está molhada? Meu dedo desliza... - Faço movimentos lentos de vai e vem. - Olha como é fácil deslizar pelas suas carnes encharcadas.

Vem.

- Que boceta gostosa que você tem. Kornkamon. Que saudades que eu estava.

Vai.

Mordo seu mamilo e ela solta um grito fino, logo ela se repreendendo por ter deixado sair, tapando novamente a boca com a mão.

Círculos.

- Porra, você sabe me tocar como ninguém, Samanun. Ai! - Ela geme.

Toco seu centro com mais um dedo, passando os dedos indicador e médio entre aberto pelas suas dobras, ampliando o movimento até sua entrada e introduzo apenas uma parte do dedo médio, tremendo-o de encontro às paredes da sua vagina.

- Puta merda!

Cesso o movimento e ela me olha frustrada, mas logo entende minhas intenções quando desabotoo sua calça e puxo as peças de roupa até seu tornozelo, deixando todo o caminho liberado para minha boca.

Mordo sua coxa e ela espalma suas duas mãos nos meus ombros para não cair, passando a perna direita por cima do meu ombro.

Passo meus dois dedos de novo pelas suas dobras e, mantendo-os lá em formato de "V", eu lambo o clitóris completamente à mostra e, então, sugo-o com força.

Sua perna vacila.

- Queria que entendesse de uma vez que essa sua boca gostosa é minha... Quando vai se convencer que ela não encaixa assim tão bem em outras, como encaixa na minha boceta? - Ela fala com a voz grave e baixa.

Ela puxa meu cabelo, me fazendo olhar para ela. Nossos olhos se cruzam e ela me observa em silêncio por um tempo.

- Me prometa... - Ela pede, mas me desvencilho do seus dedos e volto a lamber com afinco seu clitóris e toda a extensão daquela região, mas quando inroduzo minha língua dentro do seu canal vaginal é que ela se desfaz na minha boca.

Meu polegar permanece no seu clitóris, estimulando-o enquanto ela gozava.

- Porra, que delícia! - É a única coisa que entendo em meio a pensamentos e falas desconexas, até que seu corpo se acalma aos poucos.

Fico em pé, enquanto ela puxa suas roupas e abotoa sua calça e seu cinto. Nossos olhos se encontram novamente e eu dou um beijo na sua boca, minha língua molhada com minha saliva misturada com seu cheiro mais íntimo, encosta na sua. Minha mão passa pela sua nuca e eu a puxo para mais próximo, se é que era possível.

Aquele beijo era carregado de sentimentos, ele era sexy e, ao mesmo tempo, amoroso. Eu não conseguiria definir apenas com uma palavra, eu nunca tinha dado um beijo tão gostoso na minha vida, era como matar uma sede, uma ânsia dentro do meu peito que ardia pela sua presença, pelo seu corpo e pela sua mente.

Finalmente nos separamos, ambas sem ar. Nos olhamos por um momento, sem nada dizer, porque tudo que precisava ser falado havia sido dito pelos nossos corpos. Ela sabia muito bem que eu não queria me separar dela, como também me conhecia o bastante para saber que eu não iria abandonar aquela ideia de me manter longe, porque eu fazia por ela, eu queria protegê-la e iria continuar tentando.

- Acho que não deveria voltar, para não dar bandeira. - Falo e ela olha para suas roupas todas amassadas, seus cabelos estavam assanhados e sua cara... Bem, digamos que era meio que óbvio o que ela havia acabado de fazer.

- Eu queria passar a noite me lambuzando nesse seu corpo gostoso, mas já entendi que é melhor eu não abusar da sorte. - Ela fala, com um ar cafajeste. - Bem, eu vou então, saia depois e.... cuidado. - Ela fala por fim, aproximando-se de mim e me dando mais um beijo.

Após o beijo, ela vai até meu ouvido, mordendo novamente o lóbulo da minha orelha.

- Seu beijo misturado com meus fluidos tem um gosto muito delicioso porque indica que você acabou de me dar prazer e isso é excitante para um caralho.

Sem esperar minha resposta, ela dá uma piscadinha e se dirige novamente à rua, já que estávamos na parte mais escura de um beco estreito, mas antes dela ir embora, puxo seu braço a fazendo olhar novamente para mim.

- Mantenha as garras daquela prostituta longe do seu corpo, tá ouvindo Kornkamon? Se não eu não respondo por mim.

Ela abre um sorriso amplo como se tivesse amado cada palavra que proferi.

- Não responde por si? Acho que pagarei para ver.





Kornkamon Teach

- Bom dia. - Falo entrando no recinto sob os olhares da Lauren, da Yuki e da Tee. - O que foi?

- Onde você se meteu ontem? - Lauren me pergunta.

- Acabei indo embora, não estava me sentindo bem. - Minto e ela estreita os olhos, sem acreditar em uma palavra que eu havia dito.

- Engraçado que você sumiu na mesma hora que a Samanun foi embora. - Lauren volta a falar, enquanto as duas outras acompanhavam a conversa como um jogo de tênis.

- Foi? Não percebi. Ela deve ter ficado cansada na mesma hora que eu, já estava tarde. - Dou de ombros.

- E você foi direto para sua casa? - Lauren tinha incredulidade no olhar e os braços cruzados.

Finjo normalidade, pegando os documentos que iríamos precisar para a reunião.

- Sim, Lauren. Acabou a inquisição? Podemos ir? - Ela levanta uma sobrancelha.

- Só vou deixar isso para lá porque os Vermelhos já devem estar nos esperando, mas saiba que eu não comprei essa sua história mal contada.

Ainda preferindo não se envolver, Yuki e Tee se mantêm caladas e me seguem, assim como a Lauren. Saímos do escritório do Concorde, onde estávamos, e nos dirigimos ao escritório oficial do Porto de Nassau.

Assim que abro a porta, dou de cara com Samanun, Engfa e Kirk, como era de se esperar.

- Bom dia. - Cumprimento-os e logo meu olhar para na Samanun, avaliando-a de forma explícita de cima abaixo. - Se você quer ficar longe de mim, tudo bem, mas tem que se vestir gostosa desse jeito?





- Ah pelo amor de Deus, se vão ficar nessa boiolagem eu vou nomear uma outra pessoa para vir no meu lugar. - Engfa fala, enquanto a Samanun segura o riso e olha para qualquer lugar do recinto, menos para mim.

- Digo o mesmo. - Lauren complementa e eu vejo Yuki também tentando segurar o riso, até que a Tee bate com seu cotovelo nela e ela se recompõe.

- Ué, eu só estou sendo sincera, a capitã dos Vermelhos é uma delícia. - Dessa vez a Yuki não prende o riso, fazendo um pequeno barulho e a Engfa revira os olhos.

- Saiba que seu elogio foi destinado a mim, já que a Sam ainda não está liberada para atividades como capitã de forma que, interinamente, eu ainda sou capitã dos Vermelhos.

- Você é gostosa também, Engfa, mas me referia à sua irmã. - Dessa vez ela ri enquanto a Sam levanta uma sobrancelha.

- Obrigada pelo elogio, Mon. - Engfa fala para irritar sua irmã.

- Podemos começar a reunião? - Samanun pede de forma impaciente e eu dou uma risada.

- Bem, eu vou direito ao ponto--

- Não diga. - Lauren fala baixo ao meu lado, mas opto por ignorar.

- Tendo em vista que, acima de qualquer problema interno que tenhamos em Nassau, os piratas da ilha agora têm um inimigo em comum: Charles Walker.

- Ok... - Engfa fala, aguardando que eu continue.

- De forma que os Negros propõem uma aliança com o ojetivo de unirmos forças para acabar com esse problema.

- Você quer se juntar aos Vermelhos para que a gente lute junto? - Engfa pergunta.

- Não só para que a gente lute junto, mas que a gente compartilhe informações e trabalhemos juntos para conseguir resolver isso. - Explico.

- Interessante... - Ela põe a mão no queixo e olha para Samanun e para o Kirk.

- Como propõe que isso seja feito? - Samanun pergunta.

- Nada de muito diferente do que estamos fazendo agora. Reuniões, levantamento de informações, montar estratégias, esse tipo de coisa. - Respondo.

- Mas os navios ingleses são "território" dos Negros, como isso se daria então? - Ela volta a questionar.

- Se me permite explicar, capitã. - Tee pede e eu concedo sua fala. - Na prática, não seria nada diferente do que estamos fazendo aqui, como a própria capitã já explicou. No entanto, na teoria seria interessante formalizar essa aliança, tanto para o Conselho, quanto para nossa própria tripulação.

- Certo, mas e nesse meio termo, como ficariam nossas missões? - Kirk pergunta.

- As missões seguiriam do mesmo jeito que funcionam hoje, cada um na sua. - Lauren responde.

- Então para derrubar o general, nós podemos tocar nos navios ingleses, mas se não for para isso, continuamos com o deserto que já estamos, certo? - Engfa pergunta.

Olho para a Tee, porque já havíamos previsto isso.

- Lembrando que não é apenas do interesse dos Negros derrubar Charles Walker. A Sam tentou matá-lo, ele não deve estar muito feliz com o buraco na perna dele. - Relembro o fato e eles se entreolham.

- Não estamos pedindo um favor aos Vermelhos, estamos propondo nos ajudarmos mutuamente. - Lauren acrescenta.

Engfa olha para a Samanun. Era uma proposta muito grande para ela, como capitã interina, decidir sozinha. Engfa era uma espadachim quase perfeita e era muito boa em duelos, mas a parte política do cargo era e sempre seria da sua irmã.

Sam anda pela sala, pensando no que fazer.

- É um pouco difícil nos juntarmos com um grupo que tem interesses tão distintos. Por exemplo, Mon, se vocês descobrirem alguma informação que poderia prejudicar vocês, iriam dividir com a gente? - Ela pergunta.

- Eu não vejo como isso é possível, mas considerando que seja, é exatamente por isso que iríamos formalizar em um documento oficial. - Explico.

- Poderíamos deixar claro no documento, que informações não podem ser suprimidas, sob pena de traição. - Tee sugere.

- É uma proposta interessante, não podemos mentir. Mas precisamos pensar sobre. - Engfa informa.

- Podem pensar, mas não temos muito tempo. A cada segundo que passa, ele consegue mais vantagem sobre nós. - Informo.

- Nos dê alguns minutos apenas. - Samanun fala e sua irmã a olha surpresa.

- Minutos?

- Elas estão certas, Eng, não temos muito tempo. Ele é inteligente e experiente, não pense que ele não usa cada segundo que dispõe, para aprimorar seus planos. Ele perdeu sua chance uma vez, não vai perder novamente. - Sam fala.

- Pois bem, iremos sair da sala. Nos chamem quando estiverem prontos. - Eu informo e então me recolho dali junto com as três aliadas.

- Confesso que achei que essas reuniões fossem algo muito mais formal do que são. - Yuki fala, assim que fecho a porta atrás de mim.

- Elas costumavam ser, até que as capitãs começaram a se pegar. - Lauren explica e a Yuki ri.

- Agora é essa zona que você viu. - Tee acrescenta e eu solto uma risada. - Quando os capitães eram Edward Teach e Henry Every, eles tinham que manter até uma distância estabelecida e nunca um grupo poderia ter um número de pessoas a mais do que outro, por segurança.

- Quanta bobagem, foi só entregar o poder na mão de duas lésbicas, que a gente resolveu. - Falo e a Yuki volta a rir.

- Agora em vez de violência, a gente tem que lidar com elas trocando olhares o tempo inteiro, querendo se pegar. Confesso que ainda fico em dúvida se eu não preferiria ficar com minha espada à postos, do que ter que presenciar isso. - Lauren fala em tom indiferente, mas logo ela se junta à Yuki e à Tee rindo.

- Acho que a regra da distância vai ter que ser restabelecida, mas com o intuito da Mon não atacar a Sam. - Yuki fala e todas nós rimos.

Até que a porta se abre novamente, quebrando o clima que havia se instalado.

- Podem vir. - Kirk anuncia e nós entramos novamente.

- A proposta da aliança foi aceita, os Vermelhos e os Negros são, oficialmente aliados contra uma ameaça maior. - Engfa nos informa e eu sorrio de lado.

Quem diria que nossos pais iriam sequer sonhar em ver os Negros e os Vermelhos trabalhando de forma cooperativa? Confesso que estava curiosa para saber como seria trabalhar lado a lado da Samanun.

Estendo meu braço e aperto a mão da Engfa, selando a negociação.

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