Dama De Ferro (EM EDIÇÃO)

By Giovannisilvamatos

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Querer o bem não é o bastante pra sobreviver na guerra em que a mais ínfima esperança se torna em pó junto co... More

Prólogo (Victória)
Prólogo (Kadna)
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5 - Parte 1
Capítulo 5 - Parte 2
Capítulo 7
Capítulo Filler 1
Capítulo 9
FELIZ NATAL
PREMIO DE CONCURSO
AVISO

Capítulo 6

5 1 0
By Giovannisilvamatos

Colie
***

Minha barriga roncou de novo três vezes em dez segundos, novo recorde. Bem que podia ter um o campeonato no orfanato. Um disputas de quem tem a barriga mais feroz e monstruosa. As meninas finalmente chegaram. Kadna atrás de Fier, com um prato de mingau em mão. Comi o mais rápido possível sem pensar no sabor. Aghata também estava com elas, os cabelos castanhos e encharcados de suor faziam sombra nos olhos, protegendo do sol ardente. Entre a franja se estendiam antenas tão longas quanto o rosto e da sua cintura saía uma cauda ainda mais longa que a de Fier. E de cada ombro, um pouco acima das asas, um braço de louva-a-deus dragão. Os pedaços de exoesqueleto verde musgo, quase preto, brilhavam como metal.

- E aí? - Kadna perguntou enquanto seguíamos Fier e Aghata em direção ao bosque, as duas juntas carregando uma caixa de vidro de mais um de um metro.

- Minha pele ainda tá ardendo, mas pelo menos não tô mais com fome!!! – sorri.

O bosque foi como um banho de água fresca, interrompendo o calor. Meus pés descalços se refrescavam sobre as folhas úmidas e mortas no chão. O vento ali não era mais um instrumento de cozimento, mas sim refrescante e ainda forte o suficiente pra fazer meus cabelos esvoaçarem. Fechei os olhos pra sentir a brisa suave dançando entre as folhas, tão fresco quanto a terra úmida sob meus pés. Então de repente algo me fez tossir minhas tripas ao encostar na minha língua, quando abriu os olhos uma aranha caía da minha boca

-  ECA!!! Que nojo, cara - continuei tossindo pra garantir que não tinha nenhum resquício do bicho asqueroso. -  Credo! Eeehmm!!! Coisa horrorosa! Eu não acredito que isso encostou em mim!!!

Esfreguei a língua na manga da camisa...

- Sério? – resmungou Kadna se abaixando pra pegar a aranha e pondo-a no viveiro.

- É sempre assim? – perguntou Fier rindo da minha infelicidade.

- Toda hora – retrucou Kadna revirando os olhos.

- Acho que aqui tá bom... – falou Fier.

Então paramos esperando a escorpião que fechava os olhos e respirava lentamente. No chão, entre meus pés uma lagarta andava lentamente na direção de Fier, assim como dezenas de outros insetos ao nosso redor. Peguei o bicho verde entre os dedos e o levei até o viveiro, até então só com a aranha. Os cientistas nunca foram muito claros com relação a como esse troço de chamar insetos funcionava, apenas diziam que envolviam os feromônios que as mutações proporcionavam. Mas eles não me enganam. Eu sei que eles dão umas cebolas pra Fier, e quando ela soltava um peido, os bichos vinham. É a única explicação pro cheiro que ficava no ar. Caramba, é uma boa teoria. Vou patentear.

- Tá sorrindo por que, 106? – me perguntou Fier colhendo uma centopeia do tamanho da sua mão.

- Eu sou um gênio!!! – retruquei enquanto pegava um Besouro-Glorioso, verde brilhante.

- Olha, 106, que legal!!! – Kadna  falou sorrindo enquanto escondia alguma coisa na mão.

- O quê?

Abriu a palma pra revelar uma larva branca do tamanho de um dedo.

- Uma cria de besouro rola bosta igual você!!!

- Eu não sou uma besouro rola bosta – resmunguei cruzando os braços.

- Achei que você fosse uma mistura de todos os besouros – falou Fier.

- Exato! – pelo menos alguém me entende.

- Então você tem DNA de rola bosta correndo nas suas veias – a escorpião sorriu.

Apenas ignorei as risadas dos seres de intelecto inferior

- O que vocês fariam se conseguissem sair do orfanato? – perguntou Kadna ocupando o silêncio, uma clara característica de alguém com intelecto inferior que não consegue ficar a sós com os próprios pensamentos.

- Isso não vai acontecer – resmungou Fier, agachada enquanto colhia um monte das plantas.

- Mas e se acontecesse?

- Ah sei lá... – Fier esfregou a cabeça com os dedos sujos de terra. – Se eu estivesse lá fora com a Tera e a minha mãe, a primeira coisa que eu faria seria entrar num trem pra ir o mais longe possível do diretor.

- Trem? – murmurei. – Não confio em rodinhas tão pequenas levando aquelas caixas de metal gigantes.

- Eu confiaria num jumento idoso se ele me levasse pro lugar mais longe do planeta. O último em que o diretor iria pensar em procurar. Tão longe que ele morreria de velhice antes de chagar lá.

- Tenta a próxima cidade.

- Provavelmente um vilarejo ou um lugar sem muita gente – continuou Fier rindo. -  Também ia querer me casar. De preferência com um ruivo. Filhinhos ruivos seria tão bonitinho…

- Quero ver pelo menos quinze mini Fier’s. Ouvi dizer que os ruivos vão ser extintos – falou Kadna.

- Eu teria um monte de filhos. Mas acho que a Tera ia acabar sendo uma péssima influência. Aquela vespa comedora de bosta de cavalo ia estragar meus filhos.

- Eles iam sumir num belo dia, e quando você os achasse, Tera ia tá ensinando-os sobre qual seria a melhor forma de abater uma alcateia sem usar os braços.

- E ia voltar todo mundo usando as peles de lobo como casaco – Fier soltou uma risada. – É a cara dela.

Depois de um tempo tínhamos quase cem insetos dentro do viveiro, depois que os mais fracos morressem, ainda teriam insetos suficiente pra criar um novo orfanato pequeno.

- Acho que é isso – Fier se esticou massageando a coluna com os nós do dedo – me ajuda a levar de volta, 015?

Aghata, estava parada olhando pra alguma coisa no bosque. 

- O que foi? – indaguei sem ouvir resposta.

- Eu não consigo mais... – a garota falou com voz extremamente rouca.

- Não consegue o quê?

Sua respiração estava acelerada, mas nenhuma resposta veio. Caminhei até ela, procurando o que ela havia visto. Parei ao seu lado e a puxei pelos ombros pra que virasse. Sangue escorria de boca e olhos, pintando o uniforme.

- Droga! – exclamei inconscientemente, enquanto recuava.

Aghata despencou de repente, e precisei me jogar no chão pra impedir que a mutante batesse a cabeça.

- Aghata, continua pensando!!! Se imagina voltando pra sua família. Tendo filhos como a Fier... – instiguei me ajoelhando pra que sua cabeça ficasse no meu colo enquanto os sangramentos aumentavam.

Olhei pra Fier e Kadna, com olhos que imploravam por ajuda, mesmo sem saber o que dizer.

- Eu vou chamar um cientista? – perguntou Kadna.

- É inútil. Cemtenas já morreram e eles não puderam fazer nada – exclamou Fier se ajoelhando ao lado de Aghata que começava a tremer.

- Aghata – falei tentando secar o sangue que não parava de vazar -, Aghata você tem que lutar. Não deixa a mutação sair do controle.

Ela apenas balançou a cabeça em negação. Uma leve fumaça começou a sair do seu corpo e junto, o cheiro de carne queimada.

- Eu não consigo. Eu não cons...

Eu não quero ver isso de novo... a fumaça de carne queimada ficava cada vez mais forte, praticamente preta.

De repente suas garras de louva-a-deus avançaram contra Kadna que pôs o braço na frente pra se defende, tendo os músculos cortados. Puxei as garras pra que Kadna as prendesse no chão com a teia.

Crostas de exoesqueleto se formavam entre os músculos e a pele, crescendo de forma disforme pra fora rasgando a pele. Ela se contorcia no chão enquanto sua coluna se arqueava de forma que estava a ponto de se quebrar. A cauda batia no chão abrindo buracos que caberiam um corpo. Os gemidos, que pareciam os de um animal sendo comido vivo, doíam mais no peito do que nos ouvidos. Pedaços de exoesqueleto cresciam e se curvavam tentando perfurar o próprio corpo. Fier, Colie e eu nos esforçávamos pra quebrá-los, mas o exoesqueleto crescia mais rápido. Os olhos de Aghata haviam saltado de suas órbitas enquanto a pele de seu rosto tinha sido completamente rasgada pela pressão sanguínea.

- EU NÃO CONSIGO!!! – gritou subitamente.

Fier tapou a boca da menina o mais rápido que pode

- Kadna, seu braço! – falei ao ver as feridas se fechando.

- Eu tô bem – murmurou enquanto arrancava uma ponta que furava seu pescoço, mas outra já estava atravessando sua bochecha.

- Não! Você consegue controlar seu corpo com a mutação. Talvez seu sangue feche as feridas.

Kadna hesitou por alguns segundos, então de súbito terminou de arrancar os olhos de Aghata que estavam pendurados apenas pelos músculos. A mutante soltou mais um berro que fez os pássaros ao redor gritarem e alçarem voo.
 
Que raios ela tá fazendo?

- Vai logo! – falou Fier contendo outro grito. – Os guardas vão estar aqui em segundos.

Começou a criar duas garras, uma no dedão e outra no indicador. Os ossos começaram a crescer até romper as pontas dos dedos, então continuaram a crescer até dobrarem de tamanho. Os ossos ocos estavam tão imbuídos de sangue que estavam vermelhos. Ela aproximou as garras da cavidade dos olhos.

- Tá louca? – agarrei sua mão.

- Confia em mim!!! – Kadna me encarou.

- Vai matar ela!

- Confia em mim, Colie – insistiu.

Soltei sua mão apavorada com o que veria...

Kadna assentiu, então enfiou as garras nas cavidades até baterem no outro lado do crânio, logo, arrancou os próprios dedos, deixando os ossos dentro do cérebro. Esperei pra ver se alguma coisa mudava, mas a mutante simplesmente continuava se debatendo como se cada um de seus ossos fossem moídos dentro do próprio corpo.

- Onde vocês estão?! – guardas gritaram em algum lugar no bosque. Ao menos não eram Cavaleiros. Se fossem já estariam aqui.

Tentei arrancar outro pedaço de couraça, mas as convulsões ficaram tão fortes que recebi um tapa na cara. Os movimentos cada vez mais bruscos nos impedindo de ajudar.

- Aghata, aguenta, Aghata!!! – falei lembrando-a do próprio nome. – Droga, Kadna!!! Você a matou!

KADNA
***

Então, de repente algo estalou. Não um som. Algo dentro de mim. Na verdade, também não. Algo dentro da Aghata. Caí sentada, em choque. Eu tinha consciência da dor da mutante. Não doía em mim, mas eu sabia que estava lá e o quão grande era. Logo a mão de Aghata grudou o meu pescoço, mas sem apertar.

- O que você fez? – falou tossindo sangue em meio aos gemidos.

Não respondi, incrédula. Deu certo?

- Do que você tá falando? – perguntou Fier.

- Funcionou? – perguntou Colie com uma certa esperança.

- Seja... o que for... Não me deixa nas mãos do diretor – então notei que suas mãos estavam cobertas pelo exoesqueleto. A couraça avançava por todo pedaço de pele que ainda não estava coberto. Até mesmo o rosto já estava sendo todo coberto. – Adeus…

- Não!!! – exclamou Colie.

Aghata ficou em silêncio, tremendo.

- 105, levanta! – falei pra Colie, me afastando.

Me afastei e Fier também. Colie hesitou um pouco, mas se levantou. Pouco depois Aghata começou a convulsionar. A cauda e as garras agora soltas, avançavam pelo ar causando vibrações. Subitamente Aghata soltou outro berro, porém um diferente. Não mais gritos de dor, mas gritos de um animal faminto, então ela parou de convulsionar.

- Não deu certo... Ela morreu... – sussurrei.

- O quê? – indagou Colie.

- Outra oblíqua – um grupo de quatro guardas chegou correndo onde estávamos, com armas em mãos.

Eu sabia o que precisava fazer.

- Mate-os – falei.

No mesmo instante as asas de Aghata começaram a bater sob seu corpo até que ela se ergueu no ar e endireitou o corpo. Em instantes, a louva-a-deus avançou na direção dos guardas que reagiram com tiros inúteis. Antes da fumaça terminar de sair dos canos das espingardas, suas cabeças já estavam decapitadas.

- Aghata, fuja! – falou Colie quando surgiu o som de novos guardas chegando.

- Ela não vai te obedecer – falei.

- Uhm? – Colie, não perguntou. Mas conhecia o olhar de “me explica depois”.

- É nossa chance de lutar com um Cavaleiro da Morte.

Enquanto falávamos, Aghata ficava parada acima do corpo dos guardas, esperando.

- Contra a Aghata? – Colie pareceu horrorizada. Não era pra menos, era fácil imaginar o que aconteceria.

- A Aghata morreu, Colie – falei de forma paciente. – É um oblíquo.

- E como ela vai fazer isso?

Mais um grupo de guardas chegaram apontando as armas pra louva-a-deus.

Olhei pra Colie esperando e ela assentiu.

- Vai, Aghata!

A mutante avançou matando os guardas, então saiu voando pelo bosque na direção do orfanato.

- A gente precisa assistir! – fui logo atrás. É isso! Agora não tem mais volta.

Assim que comecei a correr, imaginei ter visto atrás de uma árvore, em meio a um vulto, o brilho de alguma coisa dourada. Deve ser o estresse… Momentos depois saímos do bosque e chegamos aos pátio à frente do orfanato.

- Só eu não acho estranho ela ter não morrido com duas estacas atravessando o cérebro? – comentou Fier, mas ninguém respondeu.

Aghata se livrou de um único guarda que estava ali, então avançou na direção de uma Cavaleira da Morte. A mulher seria bonita se não fosse pela cicatriz. A Cavaleira viu a mutante voando na sua direção, e tirou um chicote de aço de dentro do sobretudo. Quando Aghata estava a centímetros de atacar, a Cavaleira se jogou para trás deixando Aghata passar por cima dela, se levantou e com o chicote, prendeu a perna da mutante e a jogou contra uma árvore, mas esta conseguiu o equilíbrio no ar e atacou de novo.

Dessa vez, começou a voar ao redor da Cavaleira e atacando de forma persistente com as garras de louva-a-deus. A mulher se esquivava da maioria dos golpes, porém o sobretudo estava começando a ficar em frangalhos. Talvez ela consi... Antes de eu terminar o pensamento. A Cavaleira deu um salto e girando ao redor do próprio corpo, acertou um chute na mutante. Aghata saiu em disparada pelo ar até se chocar contra a parede do orfanato e cair tremendo. A Cavaleira ficou parada esperando, mas a mutante não se levantou.

Levanta!!! Aghata, levanta!!!

- Levanta!!! – sussurrei ansiosa e uma profusão de fumaça começou a sair da mutantes ao mesmo tempo que ela voltou a bater as asas até se erguer no ar.

- Oh, bicho chato – falou a Cavaleira balançando o chicote no ar. – Não vê a hora de morrer, né?

- Mate-a!!! – sussurrei de novo e Aghata saiu voando na direção da Cavaleira.

A Cavaleira atacou com o chicote, mas a mutante desviou passando direto pela mulher.

De súbito, rugidos simultâneos vieram do bosque. Me virei pra assistir mais três oblíquos saírem dentre as árvores e irem na direção da Cavaleira. De onde raios esses vieram?

Meus pés batiam frenéticos no chão. A vontade de entrar no meio era grande, mas qual era a chance de Aghata sobreviver. Seria estúpido me condenar assim, depois de tantos anos sobrevivendo. Os mutantes novos não eram como Aghata na qual claramente se podia ver a mutação de louva-a-deus dragão, mas eram bichos deformados de couraça escura e membros desproporcionais.

De esguelha, procurei por alguém entre as árvores atrás de nós. Nada. Estranho...

- Isso!!! – exclamou Colie de repente.

Me virei pra frente, e um dos mutantes havia preso o braço da Cavaleira com a boca.

Praticamente o orfanato inteiro havia se reunido ao redor da luta. Até mesmo guardas que não se atreviam a chegar perto de algo que estava muito além da humanidade.

Com a outra mão a Cavaleira deu um soco no peito de um dos recém chegados. Uma explosão de sangue se espalhou pelo terreno arenoso seguido pelo corpo inanimado do mutante. Enquanto um mutante com garras do tamanho do próprio corpo atacava tentando decepar a mulher, outro continuava mordendo usando até às próprias garras pra não soltar a mulher, ainda assim a mandíbula maior que a de um lobo, não parecia o suficiente para cortá-la.

Aghata se ergueu vários metros no céu, então desceu disparada em direção à Cavaleira, com ar ao seu redor rugindo. Aghata esticou as duas frentes na frente do corpo descendo cada vez mais rápido como se atacasse com duas lanças.

A Cavaleira pisou no próprio calcanhar então tirou uma das botas de couro, e pulando num pé só, tomou a bota na mão virando-a com o cano na direção de Aghata. Ela vai se defender com uma bota?

Aghata chegou, rápida como um raio partindo o céu. Quando estava alguns metros de distância porém, a mulher jogou a bota lentamente...

A bota rodou no ar, encaixando na cabeça de Aghata que não conseguiu ver quando a mulher desviou.

A mulher desviou de alguns golpes dos mutantes até dar de costas numa árvore...

- Nã... – antes deu gritar a mulher chutou o pé de abacate com seus minúsculos frutos, então acertou na cabeça do mutante de garras como se fosse um bastão o que jogou o mutante por metros no ar.

- Tá com tanta fome assim?! – exclamou a Cavaleira apertando o pescoço do mutante pra livrar o braço de sua mordida. – Então  come isso aqui!!!

O pé de abacate não...

A mulher jogou o mutante no chão, então jogou o tronco na boca do oblíquo, e pisou com o pé calçado até o bicho parar de se mexer. Pegou a árvore de novo, rodou algumas vezes e jogou contra Aghata que tentava se livrar da bota, com as garras grandes demais.

- Sai daí!!! – falei e Aghata desviou. A árvore passou reto acertando uma janela, onde uma galinha tava empoleirada.

De onde raios brotou essa galinha?!

O bicho saiu berrando, tentando bater as asas de forma desesperada fazendo penas voarem pra todo o lado.

Aghata continuou se debatendo e a cada minuto lutando parecia maior. Tinha crescido pelo menos meio metro.

De súbito uma menina do orfanato saiu correndo rumo à Cavaleira, na mão garras que pareciam presas miravam o pescoço da mulher.

Idiota!!! Por que fez isso?!!!

A menos de um metro da Cavaleira e com a garra mais perto ainda, a mulher se esquivou do ataque.

- Quem pensa que é, vermezinha?! – indagou a Cavaleira enquanto acertava uma joelhada na barriga da garota.

A mutante se encurvou, mas tentou mais um golpe que foi desviado com um inclinar de cabeça, então a Cavaleira deu uma cotovelada na testa da garota. Esta caiu com o pescoço torto convulsionando

- Não acredito... – sussurrou Colie.

Aghata finalmente se livrou da bota e aproveitou a distração pra atacar.

- Desde quando Aghata é tão forte? – indagou Fier assistindo a louva-a-deus acertar três golpes seguidos que desequilibraram a Cavaleira.

A mutante enrolou a cauda nas pernas da Cavaleira e a levantou no ar enquanto grudava no pescoço com as garras de louva-a-deus. Subiu até  se tornar um ponto, então disparou contra o chão expondo a cabeça da mulher. Isso!! A fumaça ficou ainda mais intensa e as duas se tornaram um borrão.

- Lina, não!!! – um guarda correu pro centro pátio erguendo as mãos pro ar, como se pudesse impedí-las de cair. – Você nem aceitou sair comigo ainda!!! – gritou.

Ate mesmo o guarda deve ter visto o sorriso da Cavaleira quando se soltou da mutante, e com um chute, a jogou pra cima do homem. Matando-o.

Aghata ficou algum tempo no chão, tanto se levantar, assim como a Cavaleira que ficou arfando.

O mutante de braços compridos avançou de novo. A mulher levantou a mão lentamente num soco que amassaria metade de sua cabeça. O socou porém quase não saiu. A mulher não estava preparando um golpe lento. Ela estava lenta.

- Aghata, agora!!!

O mutante desferiu vários socos que só foram defendidos pelos braços parados à frente do rosto. Quando as pernas tentavam sair da frente de um golpe, o mutante já tinha acertado outros três. A louva-a-deus chegou de novo, mirando o pescoço com a boca mas a Cavaleira pôs um braço na frente. Aghata agarrou o braço com as duas garras e com um rugido seguido pelo grito da Cavaleira, amputou metade do membro. SIIIIIIIM!!! Meu sorriso fez minhas bochechas arderem. Em seguida Aghata acertou um golpe esticando as garras no peito na Cavaleira. A estocada fez a mulher voar por metros até cair rolando. O outro oblíquo avançou, usando os braços pra correr mais rápido. Então fez cair uma chuva de socos sobre a Cavaleira que não reagia.

- Mate-a!!! – sussurrei.

Aghata avançou num rasante enquanto a Cavaleira era erguida no ar pelo pescoço. Todavia, de repente em meio aos socos, a Cavaleira levantou a mão de forma lenta, até segurar o pescoço do bicho também. NÃO!!! Você vai morrer idiota!!! É só esticar o braço!! Mas o bicho não tinha mais consciência. Só queria matar. Segundos depois a Cavaleira espremeu o pescoço do mutante e voltou a ter os pés no chão. A mulher balançou a cabeça enquanto esfregava os olhos, manchando o rosto de sangue. Então se esquivou como um fantasma intangível do ataque de Aghata. Quando esta passou, a Cavaleira segurou sua cauda com a única mão, rodou no ar, e chocou-a no chão, balançou de novo e bateu de novo. O solo tremia, quando o impacto fazia a couraça da mutante se estraçalhar. Então repetiu várias e várias vezes tirando rugidos de Aghata que apesar de não parar de bater a asas, não conseguia se soltar.

- Já era... – sussurrou Colie desanimada.

Em meio ao borrão da mutante balançando no ar, algo como uma lança começou a crescer em suas costas, tão rápido que em segundos já tinha pelo menos dois metros. Aghata atacou a coxa da Cavaleira, que pra desviar precisou soltá-la. Então se ergueu no ar. A garra de aranha recém adquirida batia no ar como se ajudasse o vôo.

A Cavaleira puxou uma pistola do sobretudo.

- Vai embora!!! – falei antes da mulher erguer a arma.

Instantaneamente Aghata disparou pelo ar em espiral, fugindo pra longe do orfanato. A Cavaleira abaixou a arma guardando-a de novo.

- Um espetáculo, maravilhoso!!!

Me virei pra porta da frente soltando um rosnado inconsciente.

O diretor estava parado, enquanto olhava a mutante voar para longe.

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