"Eu quero te beijar na rua, onde todos possam ver."
- This Is What We Look Like, Mitski
🥀
O balcão estava fechado, havia trinta pessoas reunidas naquele exato momento, dessa vez, estávamos em um local de trabalho, não em um lugar abandonado que cheira a gozo e mijo. Ninguém estava tão ansiosa e aflito como eu, saber que o subchefe da antiga organização na qual você era vítima, estava vivo, era uma das sensações mais estranhas que se pode imaginar.
Me lembro perfeitamente de dar exatamente onze tiros contra seu corpo, antes que as chamas consumisse o local naquele dia
Saber que ele está vivo me deixa puta, significa que não fiz o trabalho inteiro, e ele pode vir atrás de mim. Não ligo, estou me
Fodendo para ele, dessa vez, venha com tudo que eu acabo por inteiro
Reuniões de emergências são tão agitadas que eram um saco
- Localizamos ele em uma cidade distante, fica a dois dias daqui - Comentou Rebeca, uma funcionária.
Estávamos todos em uma vasta mesa retangular, todos com blocos, canetas e computadores em mãos
- Qual o nome da cidade? - Perguntei olhando o bloco à minha frente vazio.
Eu não precisava anotar nada
- Santa Trindade! É praticamente um vilarejo pobre e pequeno
- Há lugar para pouso de jato?
- Não é possível, se tentar pousar desmatara tudo! A unica opção é ir de carro até a beira do riacho três e ir caminhando por dentro da mata
Isso tudo era um saco
- Certo, vamos resolver isso
- Chefe! - Chamou Leandro. - Heitor está ativo nos sites pornograficos, seus intervalos estão dentro de uma ou duas horas. É meio estranho estar localizado no meio do nada e estar tão ativo na internet
- Lá não deveria ter sinal...
- Isso - afirmou. - A não ser que seja subsolo
Isso estava começando a ficar interessante
- Abaixo da terra ele conseguiria sinal tendo alguns equipamentos! Mas é a única resposta por agora
- Quando podemos ir?
- Amanhã? - James, relutantemente sugeriu.
- Certo!
Quase dez horas da manhã e tudo estava agitado e eufórico
- Oh, droga - Joana, a ruiva saradona resmungou antes de levantar assustada enquanto olhava para a tela à sua frente. - Chefe... não é apenas Heitor... há cento e vinte e duas pessoas no mesmo local
- Como assim?
- O rastreador está jogando todos para um só lugar
Isso era diabólico
- Mas oque?
Tudo estava se encaixando, O maldito velho estava formando uma nova organização. E sabe lá Deus quantas crianças e inocentes estavam naquele maldito vilarejo.
Eu tremia e meu corpo estava mais gelado do que o normal, minha cabeça latejou e tudo começou a ficar enjoativo demais, eu odeio tudo isso
Odeio todo mundo
Meu peito doía e minha cabeça girava, fui perdendo aos poucos os movimentos do corpo, minha boca ardia e o gosto ruim de ácido era forte intenso
Ataque epilético.
E a sensação?
Quase morte
- Ande Vagabunda, acorde - A voz grossa ecoou no pequeno cômodo.
Minha cabeça latejava e meus lábios ardiam, meu corpo doía e eu sentia cada músculo meu pulsar. Estava frio e a frequência que meu corpo arrepiava, denunciou que estava nua.
Abri lentamente meus olhos, acostumando com a pouca claridade, pude enxergar o local onde estava, e saber e lembrar de onde eu estava me causava aflição e dor.
O homem estava parado a minha frente e tragava seu cigarro velho,
- São quatro da manhã, vá!
Eu não estava entendendo. Parecia tudo muito real, eu estava ali, eu sentia e ouvia tudo
- Mas que porra esta acontecendo?
Tentei me levantar mas fui impedida pelo corpo totalmente dolorido, olhei para baixo e no instante eu desejei sair daquele pesadelo o mais rápido possível.
Meu corpo estava preso a duas algemas, meu pequeno corpo, propício para uma garota de doze anos, estava preso em uma cama, todo ensanguentado, com veias saltadas p suficiente para saber que em meu sangue foi injetado drogas
Este é o pecado de deus
Permitir que inocentes sofram em mãos sujas
Mas naquela idade, eu já não era inocente
Minha inocência e pureza havia sido roubada de mim, minha vida foi tirada de mim, perdi o direito de viver.
Tudo se escureceu e se silenciou, um estrondo alto surgiu fazendo meu ouvido latejar, a luz clara queimava meus olhos e quando me acostumei, vi várias pessoas em volta de mim, eu estava deitada em uma superfície gelada e dura, alguns tinha pranchetas em mãos
- Primeira tentativa
Olhei para o lado e vi um homem mascarado e com toucas, em suas mãos havia uma seringa
Tentei gritar mas mordaças me impediam, meu corpo preso com faixas e braceletes de ferro
- nicotina com 03 de spice
- Oque? Isso é uma passagem para a morte! Ela vai morrer! - Um dos rapazes gritou
- Você quer ir no lugar dela?
Tudo se silênciou e todos da sala se encararam
E de repente, meu corpo aqueceu e a droga entrou pelo meu corpo, fazendo o quento me atingir. Doía, doía muito e eu não entendia como eu poderia sentir a dor tão intensa em um sonho
Eu não queria passar por isso novamente
Mas era em vão o quanto eu desejava sair
Meus gritos arrastados machucava minha garganta, na tentiva falha de me soltar, meu pulso estalou e uma dor aguda me atingiu
Quebrou.
Meu suor era frio e agoniada eu gritava com todas as minhas forças
Tudo escureceu
- Dominique!
A voz ecoava e tudo se mantinha escuro, como se eu caísse de um precipício. Eu reconhecia aquela voz, apavorada e afeminada
Era James
- Ela ta acordando!
A luz estava fraca, pelo cheiro de baunilha, reconheci que era meu quarto, aliás, quem usa incenso e essência de baunilha sou eu
- Ta falando muito alto - Ergui meu tronco e apertei minha cabeça.
- Não se levante! Acabou de acordar!
- Quanto tempo?
- Uma hora, você não tomou seus remédios hoje. Você dormiu na casa de Luiza e acabou esquecendo pela manhã antes de ir para a empresa, tudo foi muito rápido
- Droga...
Tudo voltou em mente
Heitor
Heitor
Heitor
Maldito.
- Alguma notícia sobre Heitor?
- Catarina conseguiu confirmar que ele formou uma nova organização - Porra. - Pedimos um helicóptero e carros para a ida, é a maneira mais fácil, segura e rápida para nós
- Quem vai com a gente no Helicóptero?
- Eu, você, João e Ryan
- Certo! Confirmou os armamentos e quem vai com a gente?
- Sim, os mais classificados!
Suspirei baixo e apalpei o lençol que me cobria. Eu não havia trocado de roupa, muito menos tomado um banho, eu estava com a mesma roupa da noite passada
- Que horas são?
- Quase uma hora da tarde
- Onde está Lisabelle?
- Está na casa de Luiza, preparei as duas para o primeiro dia hoje na boate, aproveitei que vocês não estão de belem-belem
- Vagabundo hahaha
Até que eu aceitei tranquila o fato de Lisabelle trabalhar na boate, eu estaria de boa e poderia ver como ela se sairia. Mesmo que pela madrugada, eu iria viajar para Santa Trindade, comfiaria em meu melhor segurança para que cuidasse de Lisabelle e...
- Droga...
- Oque há?
- Não posso deixar nada para trás, Lisabelle ficará aqui, sendo assim ela correria risco...
- Mesmo se deixarmos algo, é impossível alguém chegar antes de nós - retrucou. Por um lado, ele tinha razão.
- Não subestime Heitor, ele foi treinado pelo diabo
James riu e balançou a cabeça
- Dominique, você é o diabo
O dia foi se passando e eu continuava em tratamento, ainda em observação por causa um possível ataque.
Isso tudo é uma porra. Eu não queria passar metade do dia em casa, enquanto todos se empenham para organizar tudo, é óbvio, não fiquei totalmente parada, passei horas buscando por mais informações
Não havia muita coisa, nada além de suas visitas frequentes em vários sites de pornografia infantil. Uma das piores coisas nisso, é que só gente grande consegue entrar, monstros nos quais criam esse tipo de site e conteúdo, andam trabalhando muito para que a policia ou quaisquer pessoa entre, impossibilitando a derrubagem da página. Oque eles não criaram, foi um sistema contra eu
Derrubei o site em dez minutos, sem denuncia ou qualquer reclamação, não preciso que a policia vá até lá e não faça nada. Eu vou lá e vou faze-los pagar por seus pecados, esse é meu objetivo de vida.
Lutar pelos fracos.
Estava um tempo estranho, estava calor mas as vezes batia uma onda de frio, então optei por ficar apenas com uma cueca vermelha escura e uma regata preta. Não havia motivo de usar top ou esses blábláblá
A casa estar vazia é estranha, é a primeira vez que tudo fica em silêncio e eu fico tão quieta, ha algum tempo eu estaria no meu limite de estresse e estaria ligando para alguma puta, ou estaria a caminho da boate. Eu fazia disso um refugio, sempre temporário mas eu usava como um escape
Agora eu tenho Lisabelle
Lisabelle
Peguei meu celular e caminhei até a cozinha
Ligar para lisabelle •
Meus dedos vacilaram e o joguei na bancada. Eu precisava beber, foi então que tirei uma cerveja da geladeira e me sentei no balcão
Um som ecoou na cozinha
James: onde você esta? Não me diga que está com alguém em casa :/
A tela desligou e abri a lata, sentindo o amargo descer por minha garganta
Prazeroso
Outro som apitou
James: não fique sozinha, sei que você comete loucuras e pode aparecer um corpo na sua casa :(
O som das unhas batendo no chão era como uma terapia, Kyra lambia os lábios esperando por algo, é óbvio, me levantei da cadeira e busquei uma de sua latas de carne, coloquei sobre seu pote de metal e abanando o rabo, Kyra devorou
Eu tinha o resto do dia pela frente para ficar
- Porra!
Eu havia esquecido completamente de Lisabelle
"prometo te recompensar mais tarde"
Eu havia esquecido completamente disso, e não sabia oque fazer, no entanto seria uma boa ideia perguntar a Luiza
"Oque faço para Luiza? -"
Abaixei o celular e Kyra me olhava serena. Essa cadela me ajudou muito, muito mesmo. Quando eu me sentia desamparada sem ninguém, ela estava de forma angelical e inocente, ali para mim
E agora eu tenho um círculo considerável, e eu me contento com isso. Eu me vejo totalmente diferente de antes, eu era violenta, agressiva e rude, totalmente ignorante. Ter James me ajudou muito, apesar dos sermões, eu tentava mudar porque eu me sentia igual a eles.
"Leve-a para jantar!"
"Uma ótima oportunidade porque eu fiz camarão e esqueci que ela é alérgica :("
Aonde eu levaria ela?
Como isso funciona?
Liguei para James.
"Dominique?"
- Oque eu faço em um jantar? - Fui direta.
"Oque?"
- Oque eu faço em um jantar?
"Comida?!"
- Filho da puta, eu sei disso. - suspirei alto. - Vou levar Lisabelle em um restaurante, mas oque eu faço?
"Voce vai levar ela em um restaurante?"
- Sim!
"Bom... você vai arrumada e comem juntas"
- Só isso?
"Bom, vocês conversam também!"
- Tá!
Desliguei a chamada e encaminhei para Lisabelle
"Dominique?"
Sua voz era doce e um tanto surpresa
- Sai comigo Hoje!
"oque?"
- Esteja pronta às sete!
Eu nunca estive tão nervosa, não entendo porque meu estômago doeu e se contorceu tanto. Eu encarava o celular com temor
Eu acabei de chamar uma garota para sair!
Para um encontro!
Ótimo, isso significa que eu tenho que me vestir adequadamente
- Oque você acha, Marta? - Perguntei receosa.
- Esta deslumbrante, minha filha
- Não é exagero usar social em um encontro?
- Jamais! Esta radiante
Sorri fraco ajeitando a camiseta social branca e caminhei até a mesma, depositando então, um selar sobre sua cabeça. Eu devia muito a ela
- Eu pedi Mc Donald's para a senhora, em breve chegara
- Não precisava minha filha
- Precisa sim, descance por hoje, já fez tudo! Se quiser dorme em casa, seu quarto esta te esperando
- Obrigada doce Dominique
- Não há por onde. Adeus
- Fique com o bondoso Deus!
A noite estava razoável, ainda se matinha o clima estranho, mas estava tranquilo, noite estrelada e confortável. A lua estava cheia e iluminava a estrada, enquanto dirigia até a casa de Luiza, a maldita casa assombrada de Lisabelle me intrigava, eu não entendia o porquê ela ainda não voltava para lá
Fui tirada de meus pensamentos quando estacionei em frente a sua casa, era simples, mas confortável, tive uma noite de sono pesada, dormi feito pedra. Entendo o porque de Lisabelle ficar aqui, acho que deve ser pelos incensos que ela usa
Bati na porta enquanto sons de pés descalços ecoavam, minha ansiedade foi a milhão quando sons de sapatos firmes porém lentos, espaços pequenos entre si, indicando nervosismo e ansiedade
Era Lisabelle.
A porta foi aberta e pela primeira vez em minha vida, consegui deslumbrar o negoso fato de que Lisa não poderia ficar mais linda. E la estava ela, usando um maldito tubinho preto com sapatos brancos, seus cabelos soltos com mechas sedutoras caindo nos olhos suave
Essa garota.
Porra de garota.
- Lisabelle - Minha voz mal saia. Mas meu sorriso denunciava.
- Dominique!
- Vamos...
Ela passou por mim caminhando até o carro
- Vá abrir a porta para ela! - Luiza disse baixo, gesticulando a mão para que eu fosse rápida.
Corri até a porta antes da mesma e a abri, tentando deixar um sorriso em meu rosto. Oque era falho, ainda mais ao vê-la assustada.
- Obrigada
Porra de voz
Porra de momento
Porra de vestido tubinho que dá um puta tesão