ONCE AGAIN | vhope

By xmcecix

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Seguir regras morais nunca foi o forte de Taehyung, assim como também não está entre suas qualidades ter juíz... More

00. avisos
02. regret
03. winning back
04. is this the end?
05. in the end, it'll always be us two

01. misfortune

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By xmcecix

bem-vindos ao primeiro capítulo! eu e gabbi estamos ansiosas pra ver as reações de vocês! então não esqueçam de comentar muito e deixar o votinho no final do capítulo, isso nos incentiva a continuar!

MISFORTUNE

🎀🎀

Hoseok nem de longe era uma pessoa religiosa, mas naquele momento, sentado em uma das cadeiras do aeroporto enquanto aguardava pelo horário do voo, deve ter pedido a todos os santos e entidades que conhecia para que nada desse errado.

Ele tinha a perfeita ciência de que colocar sua pouca e miserável fé em uma disputa contra a capacidade de Taehyung em enlouquecê-lo, era pura ingenuidade, mas ainda assim, não pretendia deixar de curtir as próprias férias por conta de um ex-namorado psicopata.

Pelo menos era nisso que tentava se apegar.

Fazendo as contas, o término oficial entre eles havia acontecido há cerca de seis meses, mas ambos realmente pararam com os contatos há mais ou menos quatro meses. Isso porque Taehyung era uma pessoa insistente, e insistente ao ponto de fazer da vida de qualquer pessoa um inferno para conseguir o que queria.

Contudo, isso não significava que Hoseok tinha digerido absolutamente tudo que aconteceu e pronto e acabou. Muito pelo contrário. Remoer a mesmíssima história todos os dias já havia se tornado algo normal para ele, por este motivo - não somente este - desejava apenas sumir daquele país nem que fosse por uns dias, e se a sorte estivesse consigo, não veria nem a sombra de Taehyung.

Não apenas por sentir raiva ou ter ressentimentos, mas por não confiar em si mesmo, por saber que, goste deste fato ou não, era um tremendo idiota.

Tanto que, foi nessa idiotice que decidiu comprar duas passagens para as Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe, quando fizeram um ano de namoro.

Um namoro que acabou dois meses depois. Hilário e ao mesmo tempo patético.

Bom, de uma forma ou de outra, agora Hoseok estava ausente de opções. Precisava lidar com o desespero que o consumia a cada novo segundo e torcer para que Taehyung tivesse o mínimo de consciência e não aparecesse naquela viagem. E se a sorte não estivesse ao seu favor, que ao menos o destino estivesse, afinal, já tinha pago um preço caro o bastante durante o tempo em que chamou aquela praga de namorado.

Já era a terceira garrafa de água comprada para reidratar os lábios e garganta, que pelo nervosismo, ressecavam em uma facilidade ridícula. Seus olhos vagavam incansavelmente por todo o espaço, sempre esperando o pior. As pernas não paravam quietas e tudo que queria era que o setor de embarque fosse liberado de uma vez.

O tempo demorou tanto a passar, que quando viu o número de seu voo piscando no mostrador grande à frente, saiu disparado, se enrolando todo ao pegar a bagagem de mão e o restos dos pertences que levaria consigo.

Hoseok parecia um aspirante a terrorista conforme andava com pressa e olhando sempre de um lado para o outro, suando frio, com o coração praticamente atravessando o peito e o semblante de quem estava sendo perseguido.

Pensar na mínima possibilidade de Taehyung aparecer e estragar sua viagem lhe causava arrepios, uma agonia tão bizarra que chegava a ser difícil completar a tarefa simples de respirar, beirando a uma tortura lenta e dolorosa.

Só descansaria finalmente quando aquele avião fechasse todas as portas, garantindo que nem mesmo um rastro de poeira pudesse entrar e muito menos, de Taehyung.

Ainda precisou esperar mais alguns minutos na fila de embarque, mal ouvindo os comandos dos funcionários pedindo para que se organizassem uns atrás dos outros, pois quanto mais tempo ali, mais seu medo aumentava.

Hoseok caminhava ansioso pelo passadiço que daria já no interior da aeronave, e mesmo lá dentro, fez questão de suspender o corpo, ficando na ponta dos pés, para conferir tudo de uma ponta a outra. Nenhum sinal de nada espalhafatoso, nenhum ser humano com cabelos extremamente loiros e macios, ninguém falando alto, ninguém vestindo uma quantidade de cores exageradas e faltavam dez minutos para o embarque encerrar.

Naquele instante, Hoseok suspirou aliviado e se atreveu a dar um sorriso, chegando até a oferecer ajuda para uma senhorinha com dificuldades em empurrar sua mala para dentro do compartimento no alto do corredor.

Esse era o seu normal. Ser solícito, simpático e educado.

Sentou, procurando pelo próprio conforto na poltrona do meio, notando sobrar uma em cada lado seu. Dirigiu os olhos para a janela e em seguida, para o assento vazio que, se nada tivesse sido tão desastroso, agora estaria ocupada por Taehyung. Hoseok não teve muita certeza de qual sensação aquilo lhe causou, se foi novamente um lapso de alívio, ou se... incômodo.

Todavia, ele ignorou o que quer que estivesse quase pensando para colocar o celular no modo avião e repousá-lo sobre a coxa, tirando da mochila o livro que havia programado de ler naqueles breves três horas de voo.

Hoseok o abriu na página onde estava o marcador e afundou o peso na cadeira após transpassar o cinto, suspirando longo e arrastado mais uma vez quando começou a ler as palavrinhas interessantes que contavam a história de um adolescente descobrindo sua homossexualidade no Japão da Segunda Guerra.

Tudo parecia tão perfeito que ele nem mesmo podia acreditar.

Taehyung não costumava ser sensato para nada. Será que havia seguido em frente, então? Teria, sei lá, por algum milagre, criado juízo ao ponto de não perturbá-lo mais? Talvez ele até tenha encontrado uma outra pessoa.

Com aquela última suposição, Hoseok se remexeu, atormentado.

Mas a voz de um comissário de bordo soando pelo ambiente foi o bastante para tomar sua atenção. O homem começou fazendo perguntas de praste aos passageiros, referentes às necessidades fisiológicas ou auxílio em algum possível problema e logo, informou que restava apenas um minuto para o fim do embarque.

Um minuto.

Um minuto é tão curto, tão pouco.

Mas foi o suficiente para Taehyung conseguir chegar a tempo.

Hoseok não estava acreditando.

Não, não podia ser.

Não acreditou quando viu aquele troço entrando no avião, destruindo todos os seus sonhos de viver alguns dias tranquilos.

Ele ainda nem tinha aberto a boca e Hoseok já podia sentir o ódio de longe, com aquele jeito evasivo, as trocentas coisas penduradas no braço, batendo nas cabeças de todos enquanto procurava pelo próprio assento.

— Ah, desculpa. Foi mal. Desculpinha. — pelo caminho até a poltrona, ele dizia com um sorriso forçado no rosto, como se realmente sentisse culpa por algo. Hoseok era o único que sabia que não, ele não sentia nada, porque para Taehyung, nada importava além dele mesmo.

Hoseok desejou desaparecer. Porra, ele quis que o avião pudesse ejetá-lo pelos ares naquele mesmo segundo. Mergulhou ainda mais na cadeira, procurando inútilmente uma forma de sumir o mais rápido possível, embora soubesse que era inviável.

Caralho, por que aquilo tinha de estar acontecendo consigo? Era exigir demais do universo que obtivesse alguns dias de paz sem se lembrar da existência do ex-namorado?

Hoseok fechou os olhos com força, usando do último fio de esperança para acreditar que aquilo era apenas um pesadelo, e que quando acordasse, nada teria sido real. O problema era que, no fundo, ele sabia que a chance do outro aparecer, era uma possibilidade perfeitamente plausível, a julgar pelo o quê conhecia de Taehyung, portanto, não poderia fingir, não poderia chorar, não poderia fazer nada.

O que deveria fazer, na verdade, era tentar parecer forte. Taehyung tinha de achar que ele não estava tão afetado assim com sua presença, que era indiferente.

— Você também veio!! — quando parou ao lado de Hoseok, Taehyung não fez questão de esconder a altura desnecessária de sua voz.

E Hoseok usou todas as suas forças para passar uma imagem de desinteresse, mas o que saiu de sua boca não foi muito convincente.

— O que você 'tá fazendo aqui, cara? — sua atuação de dois segundos já tinha ido para o espaço. Não conseguia controlar o ódio que sentia, Hoseok apenas pôs seus olhos nele, enfim reparando no conjuntinho de moletom rosa claro, que compunha uma calça de cintura baixa e uma blusa curta de manga comprida, deixando à mostra aquele inferno de piercing no umbigo que Taehyung tinha. Odiava aquele piercing.

— Como assim, meu amor? Temos uma viagem marcada, o que te fez pensar que eu não viria? — foi cínico em seu tom, esticando o corpo para cima enquanto enfiava os itens maiores no mesmo compartimento de Hoseok.

E Hoseok preferiu não responder. Somente balançou a cabeça de um lado para o outro e se sentiu muito próximo de chorar de desespero.

Não era que Taehyung estava alheio a tudo, sabia perfeitamente o que causava em Hoseok, e sabia mais ainda que não deveria ter se dado ao luxo de pisar naquele avião. Eles tinham terminado, porra.

— Quase me atrasei, 'tava fazendo uma publi 'pra uma marca de roupas. Inclusive, eles que me deram esse moletom, gostou, meu bem? — disse como se realmente não tivessem há quatro meses sem trocar uma única palavra.

Hoseok não o olhou e nem disse nada outra vez, ao invés disso, permaneceu falsamente concentrado no livro, que agora estava de cabeça para baixo e ele nem havia percebido.

Taehyung deu uma risadinha contida sem que o outro pudesse ver e começou a se movimentar para ir até o próprio assento, virando de costas para passar no pequeno espaço entre os joelhos de Hoseok e a poltrona da frente, se empinando de propósito enquanto fazia.

Hoseok prendeu a respiração e fechou os olhos, tentando ao máximo não dar um grito.

— Que fofo, você guardou o meu lugar. 'Tava me esperando?!

— Óbvio que não, porra! — só então decidiu se defender.

— Hm... e por que não sentou aqui?

— Não ligo 'pra vista.

— Nós brigamos no dia que você comprou as passagens por conta disso, amor.

— Caralho, Taehyung, para de me chamar de amor, para de falar comigo como se nós ainda tivéssemos alguma coisa! — disse irritado e sem pensar, acabando por atrair a atenção de algumas pessoas em volta.

— Fala baixo, benzinho, não quer que os outros te achem meio maluco, 'né? — sua mão longa e de unhas bem feitas se arrastou até o antebraço de Hoseok, fazendo um carinho mais sarcástico do que qualquer outra coisa.

— Argh, vai se foder. — ele se desfez do contato e largou o livro nas coxas junto ao celular, desviando os olhos para o meio do corredor, quando viu uma aeromoça passando. — Ei, com licença, será que eu teria como trocar de lugar?

A mulher se curvou educadamente e abriu um pequeno sorriso.

— Perdão, senhor, nós estamos com o voo lotado, por isso, damos preferência para mudar o assento apenas dos passageiros que estão localizados nas saídas de emergência.

Hoseok bufou e baixou a cabeça, assentindo para ela em um gesto de derrota.

Taehyung sorriu mais largo, espalhando um monte de objetos sobre a mesinha que faziam um barulho insuportável.

— Quer ouvir música? Trouxe fones!

— Não fala comigo, por favor. E guarda essas merdas, o avião vai decolar. — pediu e essa foi a última coisa que disse antes de ambos e o resto dos presentes começarem a escutar as instruções de seguranças para que o voo finalmente iniciasse.

Não estava preparado para ficar três horas preso com Taehyung bem ao seu lado, muito menos, sete dias corridos.

Não chegaram a completar metade da viagem e Hoseok já podia apostar que seu cérebro estava derretendo conforme o tédio tomava conta daquele indivíduo loiro. Cada barulho que fazia, cada pacote de bala que abria e cada comentário sobre a vista - nada além de nuvens - que chegava até seus ouvidos, soava como aquelas torturas medievais onde a vítima perdia a própria sanidade aos poucos.

Hoseok se imaginou dando um tiro na própria cabeça. Se imaginou indo até o banheiro e permanecendo trancado até pousarem, o que não seria uma boa ideia, uma vez que Taehyung acabaria dando um jeito de lhe encurralar ali também e ainda faria um escândalo.

Imaginou-se abordando um dos passageiros, implorando para que algum deles concordasse em trocar de lugar consigo, incerto sobre se teria algum sucesso ou se acabaria tornando tudo um vexame ainda maior.

Hoseok imaginou aquele avião simplesmente caindo e matando todo mundo logo.

No fim, a única maneira viável para fugir de Taehyung, de suas conversinhas inadequadas, dos apelidos irritantemente carinhosos e dos toques desnecessários, seria dormindo. E foi o que Hoseok fez, ou melhor, tentou fazer, mas quando viu que não conseguiria, optou por fingir.

Assim, pode-se dizer que Hoseok passou pelo menos umas duas horas de olhos fechados, ignorando o caos que fervilhava primeiro na poltrona ao lado, e segundo, em sua cabecinha.

(...)

— Você não dormiu bem essa noite, amor? — Taehyung perguntou pouco tempo após o desembarque, seguindo-o até a esteira de bagagens despachadas.

Exausto, Hoseok ignorou, ainda sem saber como agir ou o que fazer agora que estava longe de casa, encarcerado com Taehyung pelos próximos sete dias.

— Você parece cansadinho. — o loiro acrescentou e apertou o passo na tentativa de o acompanhar, sofrendo com as bolsas que Hoseok se recusou a ajudá-lo a carregar. — Me responde, por favor, você sabe que não gosto quando me ignora. — aumentou o tom de voz, com aquela dualidade vocal que o outro detestava.

— Porra, Taehyung, vai tomar no cu, cara. — bufou, tão nervoso que nem sequer viu quando sua mala passou na maldita esteira. — Você é muito sem noção de ainda aparecer nessa merda de viagem, agindo como se não nos falássemos há quatro meses!

— Se não queria que eu viesse, era só não ter me convidado. — colocou todas as bolsas no chão, cruzando os braços.

— Quando eu te convidei a gente namorava, 'né, caralho? — esbravejou, pouco se importando com a atenção que estavam recebendo. — Você não pensa?

— Hoseok, não vou me estressar com o seu drama, tudo bem? — falou manso e Hoseok pôde jurar que sua cabeça ia explodir em milhões de pedaços. — Estamos de férias, você deveria estar feliz!

— Ah, mas eu 'tô! — riu alto. — 'Tô dando pulos de alegria, olha só! — pegou a mala antes que esta passasse por si outra vez, dando as costas e começando a se afastar.

— Me espera!

Hoseok ignorou e continuou andando até ouvir a voz alheia outra vez.

— Eu ainda não achei minha mala, Hoseok, me espera!! — a choradeira continuou, até o outro finalmente parar e dar meia volta, se aproximando com as bochechas vermelhas de ódio. — Ali. — Taehyung apontou com um sorriso. — Minha mala, amor, pega pra mim? — pediu, formando um bico nos lábios. Hoseok arqueou as sobrancelhas, olhou para aquele negócio gigante, cor de rosa, cheia de adesivos espalhados e não moveu um mísero músculo, deixando-a sumir novamente.

Taehyung soprou o ar em descrença. Agia como se Hoseok devesse, de fato, fazer absolutamente tudo o que lhe fosse pedido. E é necessário admitir que sim, Hoseok tinha boa parcela de culpa nisso, já que, durante todos os meses em que estiveram juntos, o que mais fez foi concordar e conceder todos os caprichos de Taehyung por livre e espontânea vontade.

— Por favor, Hobi, não quero me estressar com você.

Hoseok continuou mudo. Viram a mala entrar mais uma vez para o interior da esteira, demorando um tempo até retornar.

E de novo, Hoseok a ignorou, não deixando outra opção para Taehyung a não ser, lidar com as próprias coisas.

— Você é inacreditável! — resmungou alto, tentando equilibrar aquele amontoado de bolsas que tinha trazido, tendo que correr daquela forma desajeitada para acompanhar Hoseok pelo aeroporto. — Qual o seu problema?! — continuava. — Você vai perder a mão se me ajudar?

— Eu vou é perder a minha paciência com você, Taehyung. — disse seco e ríspido, abrindo a tela do celular para chamar um carro de aplicativo.

— Bom saber que você ainda tem paciência comigo, amor. —  Taehyung finalmente o alcançou quando já estavam do lado de fora, no desembarque.

Hoseok o escaneou de cima a baixo, sabendo o quanto Taehyung detestava isso, o quanto odiava quando pessoas o encaravam desta maneira, medindo-o por completo com uma expressão que beirava ao nojo.

Taehyung amava receber olhares, amava ser notado, ser visto, ser o assunto, mas assim não.

No entanto, assim como tinha seus artefatos para tirar Hoseok do sério, precisava conviver com a realidade de que o outro também possuía tal poder.

Contanto que permanecessem neste joguinho inofensivo, Taehyung estava em perfeitas condições de aguentar, porque desde o segundo em que pôs os pés para fora de casa, soube que lidaria com algo parecido.

Só havia uma coisa que poderia arrancá-lo completamente do eixo, que o faria cometer loucuras, perder a cabeça de vez. Uma só.

— Se você 'tá achando que vai entrar no mesmo táxi que eu, pode esquecer. Se vira 'pra ir 'pro hotel.

Taehyung piscou lentamente, sem acreditar. Hoseok era tão mesquinho e infantil quando queria. Não havia diferença alguma em dividirem o mesmo carro, considerando que estavam partindo para o mesmo local. Sério que isso era tão difícil para ele?

— Vai me largar sozinho aqui?

— Vou.

— Você está sendo irracional agora. — virou a cara, emburrado. Como se não tivesse sido ele a aparecer numa viagem bancada pelo ex. — Acho bom não estar falando sério, Hobi, não vou te perdoar se me deixar sozinho aqui. Não sei se você acompanha as notícias, mas existem milhares de pessoas mal-intencionadas querendo dar golpes em turistas nas saídas dos aeroportos! — bateu o pé no chão.

Hoseok riu em resposta, pela primeira vez naquele dia, externando o ato com sinceridade.

— É mais fácil você dar um golpe nelas. — retrucou, arrependendo-se em seguida.

— Você não consegue mesmo ser maduro por alguns minutos?! — o outro nada disse, olhando longe para constatar a chegada do veículo. — Tudo bem, se acontecer alguma coisa comigo, algum maluco me sequestrar, você vai se sentir culpado depois!!

O táxi chegou e como prometido, Hoseok saiu na frente, apressando-se ao organizar todas as suas coisas no porta malas. Encarou aquele projeto de humano na calçada, ainda de braços cruzados e emburrado, como se esperasse um pedido de desculpas.

— Precisa de ajuda aí? — o motorista perguntou para Taehyung ao notar sua demora em se mover, só então Hoseok cedeu, certo de que se arrependeria instantes depois.

A intenção era mesmo ser infantil, mesquinho e ignorante. Queria personificar a imagem do cara mais babaca existente e deixar Taehyung prestes a ter um surto psicótico, assim como estava quase certo de que teria um muito em breve.

O problema era que, infelizmente, não conseguia ser tão ruim, tão baixo. Podia dizer coisas e cogitar agir como Taehyung merecia, mas na hora de concretizar suas ameaças, a covardia o obrigava recuar. Às vezes não gostaria de ter o coração tão mole.

— Anda, cacete, vai ficar parado aí? — chamou, mantendo a marra como se não quisesse descer ao nível dele. — Taehyung... — chamou de novo e este só fez virar a cara, com o bico enorme nos lábios. — Mas não é possível... — se aproximou, pegando as coisas dele de qualquer jeito e assim, as enfiou no porta malas também.

— Cuidado com as minhas coisas! — esbravejou, sem mover um dedo para ajudar. — Seu ogro! Não precisa jogar minhas bolsas assim! Os produtos são caros e podem quebrar! — ele reclamava ao seu lado, batendo os pés, querendo morrer a cada pertence que via sendo atirado lá dentro como se fossem sacos de lixo. — Idiota!

— Cala a boca, pelo amor de Deus! — gritou também, o puxando pelo pulso e empurrando para dentro do carro.

— Não me manda calar a boca! — agora os dois gritavam. — Você tá maluco? — se debateu até estar livre das mãos alheias, entrando no táxi por vontade própria.

O motorista, um homem de meia-idade, revirou os olhos sem que nenhum deles visse.

Hoseok quis chorar. Quis gritar. Quis sair correndo. Mas tudo o que fez foi respirar fundo e entrar no carro, torcendo para Taehyung não emitir mais nenhum som, porque não pensaria duas vezes em abrir a porta, jogá-lo no meio da rua com aquelas malas e tudo, e no fim, ainda torceria para o motorista dar ré e passar por cima dele.

Para a sua sorte, durante o trajeto, o loiro pareceu mais interessado nas ruas do que em Hoseok. Olhava para a janela com atenção, deixando seus pensamentos serem levados pela paisagem, só parecendo lembrar da sua missão de destruir o psicológico do ex-namorado quando finalmente foram deixados em frente ao hotel.

— Se puder pegar minhas malas com mais cuidado, eu agradeceria muito. — resmungou, vendo Hoseok fazer todo o trabalho outra vez.

— Eu acho bom você, com as duas mãos que tem, pegar suas próprias malas se não quiser que o táxi vá embora com elas. — avisou, começando a se afastar com as poucas coisas que trouxe.

Era óbvio que Taehyung tentaria a birra mais uma vez. De braços cruzados e com um bico enorme, continuou naquela mesma posição enquanto lançava seu pior olhar para Hoseok, sendo forçado a ceder quando este entrou na recepção como se não o visse ali.

— Precisa de ajuda? — o taxista mais uma vez perguntou, olhando para o loiro que só fez forçar um sorriso e negar com a cabeça.

— Não, obrigado. — e começou a luta para carregar cada tralha sua para dentro.

Era como um furacão, barulhento e escandaloso. Saiu atropelando cada pessoa na fila do check-in até encontrar Hoseok.

Foram atendidos rapidamente, a recepcionista já segurava os documentos de ambos quando Hoseok abriu a boca para perguntar: 

— Será que tem como você nos colocar em quartos diferentes?

Tanto a moça quanto Taehyung o encararam desentendidos. Na realidade, o olhar de Taehyung destilou um quê a mais de ódio.

— Por que, Hoseok? — franziu a testa, usando de um tom ofendido que, para Hoseok, não havia motivos.

— Olha... — a recepcionista interrompeu a possível conversa entre os dois e abriu um sorriso sem graça, estranhando aquela reação, mas não era o primeiro casal estranho que atendia naquela semana. — Essa época do ano costuma ser um caos, estamos em alta temporada e noventa por cento dos quartos ficam ocupados, mas eu até posso dar uma olhada e...

— Por que você quer um quarto separado, Hoseok? — Taehyung ignorou toda aquela falação, se colocando na frente do ex-namorado.

— Não é meio óbvio, porra? — Hoseok sequer olhou para ele ao responder.

— Não! — aumentou o tom, pouco ligando para o semblante cheio de raiva dele, ou para o tom vermelho de sua pele, não estava nem aí se ele parecia prestes a grudar as mãos em seu pescoço.

— Moça, pelo amor de Deus... — empurrou Taehyung pelos ombros, como se nem mesmo o conhecesse, transferindo sua atenção para aquela coitada. — Eu preciso de outro quarto, nem que eu tenha que pagar uma multa por isso.

Certamente a mulher pôde enxergar o desespero em sua voz e olhar, no entanto, mais uma vez, Hoseok precisaria contar com uma sorte que não parecia muito amigável naquele dia.

— Isso tudo é muito ridículo, não tem porquê você dar mais trabalho pra ela! — continuou o escândalo, ignorando os resmungos das pessoas na fila atrás de si. — Você tá só atrasando a vida das pessoas!

— Taehyung! — chamou alto, fechando os punhos e os erguendo na frente dos olhos. — Você já foi sem noção o suficiente para vir até aqui, então não me obrigue a passar mais tempo com você do que o necessário! — proferiu cada palavra com ódio, à beira de um colapso nervoso.

O loiro respirou fundo, olhando ao redor e balançando os ombros.

— Hm... — pressionou os lábios. — Você não aguenta, né? — deduziu. — Deve ser muito difícil pra você ficar perto de mim sem sentir vontade de me comer.

Aquele foi o fim. A gota d'água. Dava para ver o choque nos olhos da pobre garota do outro lado do balcão, e Hoseok tinha certeza de que ela riria de nervoso a qualquer instante.

Agarrou Taehyung pelo braço, o arrastando até um canto mais afastado, segurando-o pelos ombros e abaixando o tom de voz.

— Já chega dessa merda. — grunhiu. — Eu tô cansado de você e pode ter certeza de que eu não vou mais cair nesses seus joguinhos psicológicos! — avisou, parecia um maluco aos olhos de Taehyung, como se ele próprio não o tivesse deixado assim. — Você quer tirar proveito da situação, não é? Mas eu não vou deixar! Agora cala a sua boca e me esquece, porque eu já te esqueci há muito tempo.

Taehyung relaxou os ombros, não expressou raiva nem nada que Hoseok pudesse identificar, ficou mudo, quieto até o outro voltar para o balcão.

— Então... — a moça sorriu sem jeito. — Nós realmente não temos quartos disponíveis, tentei a multa, mas isso também não foi possível, sinto muito... — ela uniu as duas mãos, pressionando os lábios e olhando para Taehyung de relance.

No fim, o destino era mesmo uma piada, não é? Há tempos Hoseok vinha planejando cada detalhe dessa viagem, há tempos que juntava as mãos em um aperto firme e pedia aos anjos que não deixassem Taehyung aparecer naquele voo ou algo assim, mas tudo parecia conspirar contra. E agora, como se não pudesse piorar, aquela garota também deixou claro não estar muito afim de ajudá-lo, parecia apenas querer se livrar dos dois.

Porém, talvez qualquer um no lugar dela faria a mesma coisa.

Hoseok não queria de forma alguma passar a noite com Taehyung. Preferia morrer a isso, mas o destino, o universo, Deus, ou seja lá para quem ele rezou, parecia não ligar.

— Puta que pariu... — Hoseok quis, mais uma vez, que uma bomba caísse em sua cabeça.

— Aqui estão as chaves do quarto de vocês. — ela continuou o check-in, entregando a eles os cartões. — O quarto é o oitocentos e dois, no oitavo andar. — sorriu simpática. — O seu pacote inclui café da manhã das sete até às dez, servimos almoço... — ela continuou falando, naquele tom de empolgação quase irritante e Hoseok ignorou tudo, simplesmente bloqueou cada som ao seu redor e só quando Taehyung o sacudiu pelos ombros foi que voltou para a realidade.

— Vem, benzinho. — chamou manso, pegando suas malas por vontade própria dessa vez, saindo quase em disparada até o elevador.

Obviamente que a animação de Hoseok ao entrar naquele quarto foi infinitas vezes menor que a de Taehyung, este que saiu ocupando cada espaço do cômodo com uma tralha sua.

Estava desolado, então não fez questão de nada, também não se deu ao trabalho de reclamar, pois quanto menos palavras trocasse com aquele demônio, melhor para a sua saúde. A única coisa que fez foi posicionar sua mala em um cantinho modesto enquanto Taehyung abria a sua gigantesca e começava a espalhar os itens de beleza na penteadeira.

Namorando ou não, ele sabia que a configuração da estadia deles seria essa, então não discutiria em nenhuma das ocasiões.

Tentando ser o mais discreto possível, Hoseok abriu a própria bagagem, retirando apenas uma bermuda, uma camisa e um chinelo, avançando passos até o banheiro antes de se trancar no cômodo.

Em um tempo razoavelmente curto, já estava de banho tomado, com as vestes trocadas, a roupa da viagem organizada e posta em uma parte destinada para ela e ele já se apressava em pegar o celular para sair daquele ambiente que parecia estar o sufocando.

Olhou rapidamente em volta, respirando fundo ao ver a única cama que teriam que compartilhar.

Hoseok odiava cenários clichês. Daria um jeito de dormir no chão.

— Pra onde nós vamos?! — Taehyung perguntou tão alegre que Hoseok teve vontade de fazê-lo engolir um dos produtinhos coloridos que ele segurava.

— Nós é o caralho. Eu vou, e não te interessa pra onde. — usou toda sua força interior para responder aquilo com naturalidade e antes que o outro pudesse questionar mais alguma coisa, Hoseok atravessou a porta e quase correu até o elevador, literalmente fugindo.

Taehyung ficou extremamente irritado com aquela atitude, mas sabia que toda a postura marrenta de Hoseok não seria sustentada por muito tempo, ou seja, bastava aguardar.

— Grosso! — resmungou sozinho, atirando todos os frascos que equilibrava nos braços, na cama, remoendo mentalmente todo seu dia desde o momento em que pisou naquele avião, até agora. — Onde já se viu? — continuou falando com as paredes, voltando a mexer em seus produtos com raiva. — Me tratar assim, gritar comigo na frente das pessoas... — riu seco. — Ele perdeu o juízo. Perdeu totalmente o juízo!

Taehyung bufava como um animalzinho desgovernado, passando a andar de um lado para o outro, sem saber exatamente o que fazia. Arrancava com ignorância suas roupas das malas, espalhando-as pelo chão do quarto.

— E ainda saiu sem mim! — gritou, sentindo as bochechas queimarem de raiva. — Babaca! — estava sentado sobre os tornozelos, olhando para aquela montanha de roupas que o cercava. — Isso não vai ficar assim... — cerrou os punhos. — Não. Você não vai fazer isso comigo, Hoseok, não vai me passar pra trás! Eu não vim aqui à toa. — levantou, se desfazendo das roupas que vestia, na intenção de ir para o banheiro tomar banho. Mas paralisou no caminho ao enxergar as coisas do ex-namorado do outro lado do quarto.

Abriu um sorriso e fez questão de escondê-lo quase que imediatamente, como se tivesse mais alguém ali para julgá-lo pelo o que estava prestes a fazer.

— Talvez... — caminhou até lá, olhando ao redor. — Uma olhadinha... — encolheu os ombros. — Se eu tomar cuidado, ele nunca vai perceber o que eu fiz. — tentou convencer a si mesmo, como sempre fazia antes de mexer nas coisas de Hoseok e em todas as vezes ele descobria algo fora do lugar.

Tirou a mala do chão e a colocou na cama, abrindo o zíper e olhando bem para as roupas dobradas com tanto cuidado.

Taehyung apoiou ambas as mãos na cintura, prendendo o lábio entre os dentes, tentando decidir onde mexer primeiro.

— Ai, amorzinho... — murmurou. — Me desculpa. — pediu, apertando os olhos antes de começar a revirar os compartimentos da mala.

Primeiro puxou uma das camisas, dobrada tão perfeitamente que tinha quase certeza de que não conseguiria deixá-la daquele jeito de novo.

Chegava a ser irritante o jeito sempre tão certinho e detalhista de Hoseok, mas não podia negar que mesmo assim, Taehyung gostava, porque ele era o oposto.

Taehyung era o próprio caos pronto para revirar a perfeição que era Jung Hoseok.

Aproximou o tecido do rosto, sorrindo enquanto inalava o perfume leve do amaciante.

— Eu que te dei essa... tão cheirosa. — disse baixo e nostálgico, rapidamente se desvencilhando quando seus olhos foram para a outra parte da mala.

Taehyung abriu cada bolso, tirou cada produto de higiene de dentro, desde cremes, escova de dentes, desodorante e um frasco de perfume, espalhou tudo aquilo na cama até enxergar algo verdadeiramente interessante: camisinhas.

Segurou aqueles pacotes, cinco no total, e os ergueu no alto como se nunca tivesse visto algo parecido na vida. Seus olhos tinham dobrado de tamanho, sua raiva agora fazia os músculos tremerem.

Por que caralhos Hoseok levaria aquilo? Será mesmo que ele pensou que ele fosse transar com outras pessoas durante uma viagem que haviam planejado juntos? Aquilo só podia ser brincadeira.

— Seu cachorro! — gritou, apertando tudo aquilo dentro da palma da mão, com tanta força que chegava a doer. — Desgraçado! — seu rosto queimava, suas mãos tremiam. — Eu vou te matar, Hoseok... — prometeu, socando tudo aquilo de volta na mala, agora pouco se fodendo se o outro perceberia ou não. — Primeiro você pede quartos separados e agora isso. — entalou com uma risada nervosa. — Eu vou te matar! — socou as mudas de roupas, várias e várias vezes antes de fechar a mala de qualquer jeito.

Então se virou para pegar a mochila, abrindo essa também e a virando de cabeça para baixo na cama, deixando tudo cair no colchão. Computador, carregadores, algumas barras de cereal e a carteira.

Taehyung gargalhou quando viu aquela peça tão importante deixada para trás. Sabia que quando o ex-namorado se desse conta de que estava sem ela, ficaria maluco.

— Mas ele é muito idiota mesmo, esqueceu a carteira! Bem feito pra você, Hoseok! — xingou, só para diluir mais o ódio em alguma coisa. Se esticou para pegá-la, e quando a abriu, encontrou de início algumas notas, cartões de crédito – ainda lembrava a senha de um deles –, alguns cupons fiscais antigos guardados sem nenhum motivo, mas o que o fez parar completamente, o que de fato o pegou surpresa – muito mais do que aquelas camisinhas idiotas – foi uma foto. Uma foto sua.

Taehyung arregalou os olhos com a surpresa, forçando-se a se sentar quando uma sensação esquisita invadiu-o no peito. A raiva que o dominava de repente havia se esvaído, e tudo que ele conseguia se perguntar era por que Hoseok ainda mantinha uma foto sua com ele.

Será que embora reforçasse tanto a repulsa que sentia, Hoseok ainda guardava algo minimamente bom sobre si? Taehyung não sabia bem o que pensar, mas aquilo diante de seus olhos havia lhe dado uma pequena esperança de que Hoseok não o odiasse tanto.

Por mais que Hoseok tenha deletado de suas redes sociais todos os vestígios do passado que viveram juntos, agindo como se não existisse, ver aquela foto era... algo. Principalmente por saber que havia um significado especial. Se lembrava direitinho daquele dia, e como não? Era o seu aniversário.

Olhou para a bagunça que tinha feito e sentiu uma pontada de culpa por tudo aquilo. Era sempre assim, sempre agia por impulso, acusava Hoseok das piores coisas do mundo, revirava suas coisas atrás de sabe-se lá o que e no fim, era surpreendido por algo como aquela bendita foto na carteira.

Dessa vez colocou tudo de volta na mochila sem nenhum sinal de agressividade, guardou tudo com cuidado e empilhou as coisas dele de volta no canto, como se nunca tivesse saído dali. Apesar de não ter conseguido deixar exatamente como encontrou.

Só então seguiu para tomar banho.

(...)

— Sim, mãe, cheguei há pouco tempo. — Hoseok tinha o telefone preso entre o ombro e a orelha enquanto passava as mãos em alguns artigos culturais do lugar. Estava em uma espécie de feirinha.

Ele e a mãe dividiam uma boa relação. Só não moravam mais juntos porque o pai não aceitou muito bem quando decidiu contar a eles sobre sua sexualidade. Aquela coisa de sempre. Para Hoseok, sinceramente, nem fazia tanta diferença.

Primeiro porque todo o dinheiro de sua família vinha por parte da progenitora, então, por escolha do próprio Hoseok, ela comprou um apartamento para o filho, e pronto. Segundo porque aquele cara nem mesmo era seu pai de verdade, apenas o criou desde criança já que o legítimo resolveu fugir com uma qualquer e largar Cristina e Hoseok para trás.

Ou seja, a mulher era a única a quem Hoseok realmente se importava.

"Aquele garoto maluco não foi mesmo, né?". Ela se referiu a Taehyung.

Mesmo aceitando as decisões do próprio filho, Cristina não simpatizava muito com o ex-namorado dele. Ela viu de perto o que Hoseok passou por conta desse menino.

— Não. — mas aqui, neste exato segundo, Hoseok não soube o porquê de ter mentido.

"Ah, que bom, assim fico mais tranquila. Quero que aproveite bem suas férias, meu filho."

— Pode deixar, mãe. Já tô aproveitando super. — foi irônico, mas ela não percebeu a ironia.

"Ótimo, vou desligar agora, sua irmã e eu vamos jantar juntas hoje!"

— Que lindas, fala pra ela que mandei um beijo. — a mulher do outro lado garantiu que faria e encerrou a ligação com um cumprimento carinhoso.

Hoseok respirou fundo e continuou dando atenção às coisas que apareciam em sua frente. Caminhava por uma espécie de corredor cheio de barraquinhas, em cada uma delas tocava uma música diferente, a maresia fazia um vento gostoso que balançava seus cabelos e ali, ele até conseguiu encontrar alguma paz.

O chão era de areia, então a maioria das pessoas andava descalça, rindo para todos os cantos, algumas se juntando em grupos para dançar, outras se limitando apenas a assistir, mas ainda assim, o sorriso era coletivo, ninguém parecia ter razões para ficar triste em um paraíso daquele.

O sol estava prestes a se pôr quando Hoseok acabou sendo abordado por um nativo, recebendo um pequeno panfleto que indicava uma espécie de mirante onde as pessoas se reuniam para assistir o pôr do sol. Não pensou duas vezes antes de seguir caminho para onde todos estavam indo e não demorou para chegar, sorrindo largo com a vista assim que colocou o pé direito em um deck de madeira suspenso.

Ali, ele procurou por um canto mais reservado e se sentou no chão mesmo, assim como o resto. Perdeu um pouco a noção do tempo conforme observava a vista à sua frente, se dando conta apenas quando a noite começou a cair.

Por sorte, todos continuavam naquele lugar, agora um pouco mais interessados no bar que tinha ao lado.

E Hoseok, como sempre, seguiu a manada.

— Boa noite, uma cerveja, por favor? — falou tranquilo e o rapaz acabou o surpreendendo com sua animação exagerada.

— Cerveja, meu jovem?! Você já experimentou nosso Painkiller?!

— Ah, acho que não. — riu sem graça, sentando no banco alto.

— Me permite?!

— À vontade. — sorriu mais uma vez, observando o homem retribuir o gesto e se virar para preparar o tal drink.

Em minutos Hoseok provava o coquetel tropical feito com rum, suco de abacaxi, suco de laranja, creme de coco e noz-moscada, elogiando ao sentir como era refrescante.

E ali ficou por mais um tempinho, acabando por ingerir três negócios daquele.

Quando voltou, fazendo o mesmo caminho até o hotel, já estava sorrindo aos quatro ventos, tranquilo e calmo. Claro que não estava bêbado, mas àquela altura sua mente havia dado um descanso sobre o problema.

Aos poucos, conseguia ver a iluminação do hotel horizontal localizado em uma das partes daquela ilha, seus passos estavam lentos e os olhos passeando por toda aquela gente alegre e animada.

Até acabarem na única pessoa que desejou tanto não esbarrar novamente.

Taehyung estava tão alegre quanto os outros, rodeado por uns três homens que Hoseok nunca tinha visto em toda sua vida, escorando exageradamente em cada um deles enquanto tagarelava e se tornava o centro das atenções.

Claro que seria, como não? Aquele filhinho de uma puta não vestia nada além de uma blusa branca curta, uma calça larguinha de tecido fino e que por muito pouco não era transparente, sempre com seu piercing à mostra e o cabelo muito, muito loiro.

E também não demorou para ele avistar Hoseok de longe.

E muito menos tempo para levantar os bracinhos e chamar por si com um desespero e um sorriso largo.

Hoseok ficou segundos parados antes de ter os olhares cheios de expectativas de todos aqueles caras desconhecidos em sua direção, e como não gostava de se indispor com ninguém, passou a avançar passos até eles, se arrependendo a cada segundo que chegava mais perto.

— Hobi!! — Taehyung gritou, dando pulinhos e batendo palma. — Ainda bem que você tá aqui! Esses são meus amigos!

— Ah... oi. — falou baixo e sorriu mínimo para todos eles, esperando a primeira brecha para se mandar dali o mais rápido possível.

— Vai ter uma festa daqui há pouco aqui perto, vamos?! — Taehyung enrolou uma mechinha de cabelo no indicador, falando mansinho.

— Não, obrigado. Dispenso. — deu um passo para trás, como se o outro pudesse arrastá-lo por aquela ilha à força e ele precisasse estar pronto para se defender.

Taehyung suspirou fundo e voltou a sorrir, contendo sua própria raiva.

— Só um minuto, meninos. — falou aos outros e saiu para perto de Hoseok, o empurrando até estarem a uma distância o suficiente para não serem ouvidos. — Por que você não quer ir?

— Primeiramente, desencosta. — empurrou ele de volta, de levinho. — Eu não vou porque não quero. Não vim aqui pra passar férias com você.

— Você tá muito amargo, sabia? Qual é o problema? É uma festa, todo mundo vai estar lá. — Taehyung rebateu, mas viu que aquilo não surtiu efeito nenhum em Hoseok. — Cara, nós dois já estamos aqui, não tem como mudar esse fato, você vai mesmo deixar de curtir uma festa porque não aguenta ficar perto de mim?

— Eu vou curtir do meu jeito, Taehyung. — sorriu malicioso. — Não pense que você vai conseguir ficar me rastreando pelos lugares, porque não vai.

— Eu jamais pensei uma coisa dessas, se você quer saber.

— Ah, claro que não, isso não é do seu feitio mesmo. — continuou rindo, voltando a se afastar, decretando aqueles segundos de papo mais que suficientes.

— Então tá bom, querido. Fica aí sozinho e amargo enquanto eu vou me divertir.

— Isso, vai, vai sim, e se puder, não volta.

Taehyung bufou estressado e virou de costas, rebolando propositalmente na frente de Hoseok, que cruzou os braços, analisando aquela cena ridícula, até precisar engolir o próprio ódio quando um daqueles caras segurou Taehyung pela cintura, como se tivessem alguma intimidade.

Hoseok apertou os punhos com força e quando eles já estavam longe, arrastou as mãos no rosto, prometendo a si mesmo que não colocaria os pés naquela maldita festa do caralho.

(...)

— Filho da puta!!! — esbravejou descontrolado, batendo as duas mãos na cama assim que abriu sua mala e encontrou tudo revirado. — Qual é o seu problema, porra?!

Se pudesse ser sincero, Hoseok não estava nada surpreso com o fato de Taehyung ter mexido em suas coisas, mas ainda assim, não podia simplesmente engolir isso e deixar passar.

Hoseok pegou o telefone, discando o número que ainda lembrava perfeitamente, pressionando o indicador na tela como se pudesse afundá-la com sua raiva.

Chamou uma, duas, três, quatro vezes e Taehyung não atendeu.

Tentou mais uma vez. Nada.

De novo.

"Amor!!". Hoseok ouviu aquela voz irritante do outro lado da linha, com um excesso de barulho tão grande que o impossibilitava de entender alguma coisa.

— Eu quero saber porquê você mexeu nas minhas coisas!! — falou alto, tentando usar da mão livre para reorganizar tudo.

"O que?! Sim, meu bem, estamos aqui, vem pra cá!"

Taehyung obviamente compreendeu o que foi dito.

— Que vem pra cá o quê, porra! Por que você mexeu nas minhas coisas?! — voltou a gritar, se estressando cada vez mais com as vozes, músicas e um chiado invadindo a chamada.

"Amor, não tô te escutando direito, mas pode vir!"

Prestes a colapsar, Hoseok tirou o celular do ouvido e encerrou a chamada, jogando o aparelho com força sobre a cama antes de dar atenção às suas coisas.

— Não é possível, não é possível, não é possível... o que eu fiz, caralho? Por que tenho que passar por isso?! — falou consigo mesmo, sentindo cada sentido seu se embaralhar, percebendo que quanto mais tentasse se manter à deriva, mais Taehyung conseguia acessá-lo. — Cadê minha carteira? — continuou fuçando tudo, quando deu falta do objeto. — Ah, cara... ele não fez isso.

Hoseok jogou a cabeça para trás e abriu a expressão exata de alguém que começaria a chorar. Por mais estressado que tivesse, seus planos eram, pelo menos, encontrar algum lugar para jantar e ser feliz nem que fosse por umas horas. Mas sem a carteira, onde havia o passaporte, dinheiro em espécie e os cartões, não tinha como.

Nem todos os lugares naquela ilha aceitavam pagamento digital.

— Eu vou me matar, mas primeiro vou matar você, Taehyung. — olhou fixamente para a varanda quando fez a promessa.

Estava ficando louco e o primeiro dia de viagem nem havia chegado ao fim.

(...)

Não deu outra.

Hoseok poderia ter todas as características positivas do universo. Era resiliente, simpático, amoroso, educado, gentil... mas dentre seus poucos defeitos, um deles era falhar muito com o próprio orgulho.

Seu interior poderia estar fritando, poderia gritar e se contorcer, mas ele fingia não sentir nada, tudo porque caiu a primeira vez na lábia de Taehyung. E uma vez feito isso, não tinha volta.

Portanto, lá estava ele, caminhando a esmo e falsamente despretensioso pelas pessoas, com uma garrafa de cerveja em mãos e olhos atentos em qualquer coisa que se parecesse com o ex-namorado.

Seria muito mais eficiente ignorar a tentativa de provocação de Taehyung e escolher um local onde aceitassem o maldito pagamento digital, mas não, Hoseok sempre escolhia o caminho mais difícil e sempre se arrependia depois.

Porque poderia berrar aos quatro ventos sobre como o odiava, sobre o quanto tinha mágoa dele, sobre o quanto foi machucado durante todo o tempo em que estiveram juntos, mas estaria sendo o maior dos mentirosos se dissesse que o sentimento por aquela criatura havia ido embora.

Esse era o seu grande problema: ainda amar Taehyung.

E Taehyung era facilmente amável, bastava olhar para ele que qualquer um se apaixonaria.

Primeiro tinha aquele jeitinho meigo de tratar as pessoas, sempre sorrindo demais, sorriso este que deixaria qualquer um zonzo, hipnotizado. O olhar de Taehyung era outra coisa irresistível, ele se comunicava por ele.

Houve um tempo onde Hoseok pensou que as palavras que saíam da boca de Taehyung eram exatamente o que ele queria dizer. Mas não. Em todas as brigas, em todas as declarações, até mesmo no dia do término, Taehyung se expressou pelo olhar, e Hoseok aprendeu exatamente o que cada brilho diferente significava.

Além disso, também tinha todo aquele conjunto que Taehyung era. As roupinhas sempre combinando, suas unhas sempre feitas, as orelhas cobertas por brincos, o umbigo com um piercing discreto, o tornozelo sempre enfeitado com uma tornozeleira fina de ouro e os cabelos arrumados impecavelmente, seja lá qual fosse a ocasião.

Taehyung sempre estava deslumbrante e isso deixava Hoseok perturbado. Porque era coisas demais a admirar, toda hora.

Mas apesar desta sequência infinita de coisas que fez Hoseok se apaixonar, também tinham os motivos que o levaram a romper a relação. Porque sim, foi Hoseok quem terminou.

E um deles - apenas um deles - era essa mania de Taehyung em querer tirá-lo do sério a qualquer custo.

Pois como um bom cachorro adestrado, aos finais dos dias Hoseok sempre acabava indo atrás dele.

Exatamente como estava agora: escorado em uma viga de madeira que sustentava uma espécie de cabana, onde no centro, as pessoas dançavam umas com as outras, como se fosse uma pista de dança no meio da praia.

Hoseok dava goles e mais goles naquela cerveja conforme observava Taehyung de longe, quase sufocando com a própria raiva à medida que aqueles caras desconhecidos o cercavam como um bando de urubus.

Sua vontade mais primitiva era sair estraçalhando tudo que estivesse na linha reta do caminho que levava até Taehyung, e tirar cada um deles com um chute e só então, pedir sua carteira de volta.

Mas como antes dito, Hoseok foi bem educado demais para não gostar nem um pouco de confusões.

Por isso, continuou ali mesmo, querendo muito morder a garrafa de vidro quando uma das mãos podres daqueles vermes encostou na cintura de Taehyung.

E o pior disso tudo é que ele retribuía. Fosse com sorrisinhos ou dançando ainda mais empinado.

Era como se Taehyung soubesse que Hoseok estava ali o observando.

E sabia.

Assim como Hoseok aprendeu a ler cada olhar de Taehyung, Taehyung aprendeu a decorar cada gesto de Hoseok, o tornando previsível demais ao seu ver.

Foi nesse joguinho de pseudo-desinteresse que Taehyung se virou pela primeira vez, encontrando o ex-namorado com uma carranca de quem estava prestes a matar um. E tudo que fez foi sorrir.

Sorrir e caminhar até ele, claro, porque Taehyung não se aguentava. Era um problemático assumido e ficar no mesmo ambiente que Hoseok automaticamente significava que trocariam algumas palavras, ainda que tivesse de ser contra a vontade de um deles.

— Eu sabia que você viria, amor! — Veio saltitando e usando a voz mais cantarolada do mundo.

— Claro, você roubou a minha carteira. Eu preciso dela de volta. — usou a desculpa que quase ensaiou de frente ao espelho para que não soasse esfarrapada.

— Hmm... você esqueceu ela mais cedo e não precisou. Tá aqui porque quer, benzinho, seja sincero. — Taehyung avançou mais um passo, conseguindo apoiar a mão no ombro alheio.

— Sai de perto de mim, aberração! — empurrou o braço dele, que somente riu com a atitude. — Anda, me devolve minha carteira.

— Pra que? Você pode pagar suas coisas com o celular.

— A carteira é minha, Taehyung, não interessa o que vou fazer, eu só quero ela e você vai me devolver agora!

— Senão...?

— Senão eu vou arrancar ela de qualquer jeito e você vai passar vergonha na frente de todo mundo. — ameaçou.

— Então faz. Eu quero ver. — Taehyung prendeu o lábio inferior entre os dentes e o desafiou, sabendo que ele não seria capaz de encostar um dedo em si.

Hoseok suspirou o mais longo que pôde e terminou de virar a cerveja que ainda restava na garrafa.

— Taehyung, é sério, por que você tem que ser assim? Por que faz tanta questão de estragar as minhas férias?

Taehyung cruzou os braços rente ao peitoral, torcendo o pescoço para o lado.

— Pelo contrário. Eu só quero ficar perto de você e quero que a gente se divirta, mas você não entende isso.

Hoseok riu seco, adotando a expressão que Taehyung mais odiava ver em seu rosto.

— Não percebe que foi justamente por essas coisas que a gente terminou? Você não consegue ver que não adianta mais dar essas desculpinhas de merda? Nós não somos mais namorados, eu não tô nem aí pra você, põe isso na sua cabeça. — Hoseok esticou um dedo para pressioná-lo na testa alheia.

Taehyung descruzou os braços, sentindo o incômodo daquelas palavras o atingirem.

— Não fala assim comigo, machuca. — disse com raiva. — Isso é mentira.

— Por mais que você queira, não é. — Hoseok foi duro, tentando muito não demonstrar o quanto aquilo estava o afetando também. — Eu falei sério quando disse que já te esqueci, e tudo que eu queria, realmente, Taehyung... era só a minha carteira. Será que você pode me devolver?

Hoseok poderia estar delirando, mas teve quase certeza em ver os lábios do outro tremendo um pouquinho e os olhos grandes se inundando, mas decidiu não focar naquele semblante por muito tempo.

Até porque Taehyung sequer permitiu isso.

— Não, não posso!! — falou alto e com uma birra gigantesca antes de virar as costas e sair de perto dele.

Hoseok sentiu vontade de trazê-lo de volta pelos cabelos e de fato pegar sua carteira à força. Mas não fez, na verdade, continuou parado em posição de derrota, observando Taehyung voltar a dar atenção para aqueles homens, agora, intensificando ainda mais todos seus gestos, tocando ainda mais neles, deixando, inclusive, que um chegasse pertinho de seu pescoço para sussurrar alguma coisa.

Hoseok respirou fundo, mordeu o lábio inferior com força e fechou os olhos, decidindo que aquele era o momento de pensar em alguma coisa que fizesse sentido. Taehyung estava brincando com a sua cara e ele prometeu a si mesmo - e até ao próprio ex-namorado - que não permitiria que isso acontecesse novamente.

Suas pernas começaram a se mover sozinhas para longe dali, até encontrarem um dos bares.

Assim que encontrou um mínimo espaço no meio de toda aquela gente no balcão, conseguiu pedir ao bartender que lhe trouxesse algumas doses de tequila. E ao chegarem, Hoseok demorou menos de três minutos para colocar as cinco para dentro, intercalando entre o limão e o sal. No fim, balançou a cabeça de um lado para o outro, procurando se embebedar o mais rápido possível.

— Você quer passar mal? — uma voz não familiar o abordou e Hoseok dirigiu os olhos até o dono dela.

Encarou de cima a baixo o garoto de cabelos cacheados e sardas no rosto.

— Não exatamente. Quero ficar bêbado. — respondeu com um sorriso, pegando um guardanapo para enxugar o cantinho dos lábios.

— Hm... mas por que tão rápido? — ele voltou a puxar assunto e então Hoseok começou a perceber que poderia haver algum interesse. Por isso, o encarou de novo, constatando que, pelo menos, era bem bonitinho.

— Desestressar. — falou qualquer coisa só para desviar o foco de si mesmo. — E você? Como se chama?

— Charlie. — esticou uma mão na direção alheia. — E o seu?

— Hoseok. — devolveu o cumprimento, chegando mais perto dele. — Muito prazer.

Hoseok viu as bochechas do menino tomarem uma coloração mais avermelhada quando esticou a lateral dos lábios para cima em um sorriso sugestivo.

E mesmo com poucos minutos de conversa, Hoseok já estava de saco cheio em ouvir aquele garoto falar sobre alguma coisa que não lhe interessava. Sua sorte era que o álcool antes ingerido, somado ao que tomava agora, ajudou um pouco em sua distração.

— Depois disso eu decidi que realmente queria continuar cursando veterinária, mesmo minha famí-

— Charlie, desculpa te interromper... — Hoseok riu sem graça, tocando na mão do garoto. — Mas você não quer dar uma volta? Procurar um lugar mais calmo, quem sabe...

Hoseok correu muito o risco de levar um fora pela maneira direta na qual propôs aquilo, mas surpreendentemente o garoto apenas sorriu de volta, como se aquele tempo inteiro estivesse falando apenas por uma política de boa vizinhança.

— Que bom que sugeriu.

Hoseok não esperou mais nada antes de puxá-lo para longe de toda aquela muvuca, encontrando um espaço teoricamente vazio, mais afastado da festa.

Estava sem transar desde quando ele e Taehyung terminaram, ou seja, precisava muito descarregar. Mas como não era muito viável levar alguém para o próprio quarto, estava torcendo para que o garoto o convidasse para o dele em algum momento.

Não estavam mais sobre a vista de ninguém e tudo ao redor estava quase que totalmente escuro quando Hoseok prensou o garoto em uma parede de pedras, colando seus corpos e suas bocas de uma vez.

Mesmo que fosse Hoseok a pessoa na seca ali, o garoto era quem se mostrava afoito. Subia uma das próprias coxas para que Hoseok a agarrasse, envolvia o pescoço dele com seus braços, arfando pesado, descendo as mãos pelos ombros, peitoral e barriga de Hoseok, até chegar no volume ainda se formando no meio das pernas.

Foi por muito pouco, talvez alguns segundos e Taehyung pegaria o exato momento daquele bonitinho batendo uma punheta para seu ex-namorado em público.

— Seu desgraçado!! — Hoseok sequer conseguiu raciocinar, a única coisa que viu foi Taehyung puxando o garoto pelo braço com uma força terrível, jogando-o para longe como se fosse um objeto qualquer.

— O que é isso?! Tá maluco?! Quem é você?! — o menino gritou, olhando de um para o outro, sem entender absolutamente nada.

— Quem é você, meu filho?! Eu sou o namorado dele!!! — Taehyung gritou de volta, armando um verdadeiro circo.

— Isso é mentira!! — Hoseok interveio, ainda confuso.

— O que? Ele não me disse que namorava!! — o garoto arregalou os olhos e os levou até Hoseok. — Você não me disse que tinha namorado! — gritou, visivelmente ofendido por estar sendo jogado naquela confusão, não contendo o impulso de avançar na direção dele, o empurrando pelo peito. — Babaca!

Hoseok até tentou impedir o ataque, mas sua mente, e muito menos seu corpo, foram rápidos o bastante. Em um segundo estava tentando afastar aquele garoto de si, e no outro, tinha levado um tapa na cara.

— Você tá maluco? — foi Taehyung que gritou, puxando o até então desconhecido pelo braço. — Seu filho da puta do caralho, quem você pensa que é?!  — enfiou as mãos no cabelo alheio, enchendo a palma com os fios grossos e o puxando com força até demais.

— Mas que... — ele gemeu de dor, arranhando o pulso de Taehyung. — Me larga! — sua voz falhava em meio aos gritos. — Por que você tá fazendo isso? Ele quem traiu você!

— Foda-se! — grunhiu, finalmente tirando as mãos do garoto. — O namorado é meu! — bufou, tão vermelho que parecia prestes a explodir. — Agora some daqui! — apontou para a direção oposta. — Some antes que eu decida descontar todo meu ódio em você!!

Em segundos já não se via mais nem a sombra do menino naquele lugar e finalmente Taehyung se virou para Hoseok, que respirava fundo, com a mão na bochecha vermelha pelo tapa, dava pra ver que ainda estava assimilando o que tinha acabado de acontecer.

— Que merda foi essa, seu filho da puta?! Quem você acha que é?! —  Hoseok caiu em si, deixando a raiva falar.

— Escuta aqui, Hoseok. — Taehyung repetiu com ele o movimento de prensá-lo de costas na parede de pedras. — Você não pode fazer isso comigo. Você não vai fazer isso comigo.

— Fazer o quê, seu doente? A gente não é mais nada um do outro. — falou com ódio, vendo o mesmo sentimento escorrer pelo olhar do ex-namorado. — Você não tava se esfregando lá naquele bando de merdinha? Então volta, volta e me deixa em paz. Eu não te devo satisfação de nada.

Taehyung foi com a mão para o pescoço dele, perdendo o controle.

— Para. Para de fazer isso. Hoseok, eu vou te matar, eu vou fazer da sua vida um inferno se você-

— Você já faz. Toda essa merda já tá sendo um inferno desde o momento em que você entrou naquele avião, porra! — o afastou de si, começando a andar rápido para longe.

— Volta aqui! Não fala assim comigo!! — Taehyung conseguiu alcançá-lo, puxando seu braço.

— Me solta, caralho!! O que você quer de mim? Quer me deixar maluco?

— Para de gritar, agora. — mandou, deixando Hoseok ainda mais puto. — Vamos conversar no quarto, meu bem, vem.

— O que? Não, Taehyung! Eu não vou voltar pro quarto com você!! Amanhã mesmo vou ver outro hotel pra eu ficar, e se não tiver coloco a porra de uma barraca no meio dessa praia! Qualquer coisa é melhor do que ficar perto de você.

Taehyung revirou os olhos, tratando aquele surto como nada mais que um drama momentâneo.

— Eu preciso te dizer uma coisa séria. Vem comigo, Hoseok.

— Não vou.

— Amor, vem, eu tô pedindo. — fez manha em sua voz.

— Para de me chamar assim, que merda!!!

Taehyung esticou a mão, tentando segurar a dele e ignorando todas aquelas breves explosões.

— Não encosta!!

Hoseok sabia que estava começando a perder aquela batalha quando seus argumentos se reduziam a pedir para que Taehyung parasse com isso e com aquilo, sem de fato demonstrar sinais de recuo.

E Taehyung soube que tinha ganhado quando finalmente conseguiu agarrar o pulso do ex-namorado e começar a arrastá-lo daquela praia até o hotel em que estavam hospedados.

— Onde você vai? — Taehyung perguntou assim que entraram no quarto, assistindo Hoseok sair batendo os pés até o banheiro, se trancando ali por um momento. Era típico dele, sempre fugindo. — Não me ignora! — berrou, socando a porta e bufando ao não obter nenhuma resposta.

Do lado de dentro, Hoseok encarava o próprio reflexo tentando se acalmar, sentia as mãos trêmulas, o coração batendo feito um louco.

Já havia perdido a conta de quantas vezes se viu nessa mesma situação, prestes a explodir.

— Abre a porta, você não vai fugir de mim! — Taehyung continuou batendo, continuou gritando. Sua voz era como uma sirene na cabeça de Hoseok, e da mesma forma que ele amava aquela voz, também a odiava. — Hoseok!

— Puta que pariu, porra! — gritou de volta, abrindo a maldita porta com uma força desnecessária, avançando na direção daquele demônio loiro conforme ele recuava para trás. — Qual é a merda do seu problema?

— Quem era ele? — perguntou, mesmo sabendo que não era ninguém que Hoseok conhecesse, mesmo sabendo que não chegaria a lugar nenhum com aquilo.

— Vai se foder!

— Quem era? — gritou ainda mais alto, não se intimidando com a forma nervosa que o outro deu a volta no quarto.

— Eu não sei, porra!! — voltou a se aproximar, o forçando a andar para trás. — E mesmo se soubesse, isso não te interessa, porque você e eu acabamos há muito tempo, Taehyung, acorda!

— Não, acabamos não! — cerrou os punhos, deixando as bochechas ficarem vermelhas de ódio. — Você não pode fazer isso comigo, Hoseok, porra! — avançou nele, estapeando seu peito e não parando enquanto não fosse empurrado de volta.

— Você é doente... — grunhiu, o segurando pelos pulsos e o prensando na maldita porta atrás dele. — Se não queria me ver pegando outras pessoas era melhor ter ficado em casa. — viu a forma como aquelas palavras chegaram até Taehyung e pode jurar que aqueles olhos escureceram ainda mais depois delas.

— Eu vou te matar. — prometeu baixinho, se enfurecendo duas vezes mais ao ver Hoseok revirar os olhos e rir, soltando seus punhos e se afastando minimamente.

— Me esquece. — mandou, se preparando para dar as costas. — A gente acabou há meses, segue em frente de uma vez e me deixa em paz!

Você é meu! — gritou, o agarrando pelo rosto, segurando-o entre ambas as mãos e o puxando para perto até ter suas testas quase coladas. — Você é meu, Hoseok. Então não me provoca...

— Para com essa porra. — pediu, de repente perdendo a coragem de afasta-lo de si, ainda que seu corpo inteirinho tremesse de ódio. — Para com isso...

— Você é meu. — repetiu, como se só isso fosse o suficiente para fazê-lo abaixar a guarda. — E você sabe que é verdade...

— Não. — negou. — Você é maluco, é doente...

— Eu tô cansado de brigar com você. — Taehyung estava começando a mostrar as verdadeiras garras, pressionando os lábios enquanto seguia os olhos do ex. — Já chega, amor... — seu tom de voz era outro agora, era manso.

— Não. — Hoseok apertou os olhos, virando o rosto como se isso fosse fazer a tentação desaparecer. — Não. Para com isso.

— Vamos fazer as pazes? — sugeriu, tirando as mãos do rosto alheio, subindo para o cabelo castanho e o prendendo entre os fios. — Hm? Promete que não vai mais fazer isso comigo.

— Vai pro inferno... — segurou os pulsos de Taehyung, respirando fundo agora com muito menos coragem ainda de afastá-lo. O que podia fazer? Era fraco, sempre foi.

— Não fala assim. — acariciou a nuca dele, se aproximando para poder deixar um beijo no cantinho de sua boca. — Olha pra mim. — Hoseok fez muito a contragosto. — Eu sei que não fui o namorado mais compreensivo do mundo e que você tem todos os motivos pra ter raiva, mas vai negar que o que nós sentimos um pelo outro ainda é mais forte que tudo isso?

— Não quero conversar sobre isso, Taehyung, você-

— Vai negar, Hobi? — beijou-o mais uma vez na altura da mandíbula, indo sorrateiramente com sua mão até o pulso alheio, tocando tão devagar e sutil que Hoseok demorou a perceber.

— O que eu sinto por você é ódio, Taehyung. — respondeu com tão pouca firmeza em sua voz, que o outro apenas assentiu com um sorrisinho no rosto, cada vez mais aproximando seus corpos.

— Claro, amor, eu entendo. Por isso acho que se você tem tanta raiva de mim, é em mim que deve descontar.

Aquela mão esperta que Taehyung usou para alcançar o pulso do ex-namorado, foi em direção a própria cintura, colocando os dígitos dele sobre sua pele, o fazendo sentir o calor que ela emanava.

Taehyung era um bom jogador quando se tratava de conseguir o que queria. E Hoseok, diante disso tudo, tornava-se um mero iniciante.

— Você é insuportável. Eu te odeio. — falou de novo, como se essas palavras pudessem servir para sua defesa posteriormente.

Taehyung esboçou um sorriso, colando suas bocas em um beijo estranho, ao mesmo tempo em que o ex afundava os dedos em sua cintura. De início, Hoseok se recusava a retribuir o beijo, mesmo que seus membros tremessem pela vontade absurda de acabar com tudo logo.

Se odiava muito por ter sentido tanta falta daquele toque, daquele cheiro, daquele garoto inteirinho. Taehyung conseguia destruir sua capacidade de pensar, de agir com o mínimo de dignidade.

Aos poucos, sua boca começava a se mover sozinha, buscando pela outra, enquanto as mãos de Taehyung subiam lentamente por seu abdômen, peitoral, até cruzarem em seu pescoço.

— Eu tava com tanta saudade, amor, tanta saudade... — ele sussurrou em meio ao beijo, esfregando a ponta do nariz pelo rosto de Hoseok todo, sabendo o quanto isso o desestabilizava.

Taehyung sendo carinhoso, mansinho, era o que fazia Hoseok sempre recuar em sua postura.  

— Não fala essas coisas, Taehyung, não fala. — pediu, praticamente implorando.

— Por que, meu bem? — murmurou bem pertinho do ouvido alheio, colocando uma parte da orelha de Hoseok entre seus lábios. — Mesmo que você não acredite, eu tô falando a verdade. Ficar longe de você me deixa louco. Não passei um dia sequer sem pensar em nós dois, no quanto somos perfeitos juntos. — voltou a descer com as mãos pelo corpo do ex-namorado, parando quando encontrou o elástico da bermuda.

— A gente só se machuca, Taehyung. — alguma coisa na voz de Hoseok, ainda que houvesse o claro desejo, também tinha uma pontada de frustração.

— Isso não é verdade, amor. — puxou um dos cadarços brancos, desatando o laço do short alheio. — Você tá preso nas nossas últimas brigas... mas e antes disso? Não lembra o quanto era bom? — com o tecido mais frouxo, Taehyung conseguiu colocar a mão para dentro dele, arrastando de leve a palma pela ereção formada de Hoseok. — Eu continuo te deixando assim...

Hoseok apertou as pálpebras com força, sentindo o calor subir junto ao seu sangue e não resistiu em arfar baixo, colocando ainda mais pressão em seus dedos repousados na cintura alheia.

— Vamos esquecer as coisas ruins, só um pouco. — continuou usando de sua persuasão, esperando pelo momento em que Hoseok fosse ceder.

Taehyung não era como aquelas pessoas que não entendiam suas próprias falhas. Ele entendia, ele conseguia enxergar tudo claramente, tinha perfeita noção que o fim de seu relacionamento com Hoseok havia sido, em maior parte, culpa sua. Mas isso também não significava que Taehyung tinha apego a estes detalhes, porque dentre todos os erros cometidos, poderia usar como justificativa: o amor.

Porra, Taehyung amava Hoseok além do que seria capaz de explicar. E era mesmo um amor doentio, ele também sabia dessa parte.

"Me desculpa, fiz isso porque te amo."

Foi a frase mais dita por ele e mais ouvida pelo outro.

— Você não tem direito de me pedir uma coisa dessas. — Hoseok finalmente voltou a falar, mas diferente de minutos antes, era como se ele estivesse apenas estabelecendo um acordo com o ex-namorado.

— Tudo bem, então... posso tentar conseguir isso sozinho? — Taehyung não esperou por uma resposta quando, lentamente, se pôs de joelhos na frente de Hoseok, ainda o encarando de baixo.

E Hoseok também não tinha coragem de responder, contudo.

Sendo assim, dentro daquilo que se parecia muito com uma permissão silenciosa, Taehyung segurou a bermuda alheia pelas laterais, baixando o suficiente para que o pau duro escapasse dos tecidos, ficando próximo de seu rosto.

Ele lambeu os lábios e respirou fundo, encostando os dedos na extensão pouco modesta.

— Porra, nenhum outro é como o seu. — disse sem pensar, colocando logo a cabecinha úmida para dentro, mamando aquela área do jeito que Hoseok mais gostava.

Hoseok gemeu arrastado ao sentir a língua quente rodeando seu pau, a sucção gostosa estimulando bem na fenda, e em seguida, ao abrir os olhos para lidar com a realidade, teve a visão perfeita de Taehyung engolindo cada centímetro seu, até a base.

— Caralho... — xingou, sem mais conter a vontade que estava de entrelaçar os dedos nos fios loiros do ex-namorado. E quando fez, colocou tanta força, que Taehyung precisou reclamar de dor. — Essa sua boca...

Hoseok puxou o ar de forma tensa, com os olhos presos em como aqueles lábios o envolviam perfeitamente, indo e voltando lento, deixando acumular bastante saliva.

Taehyung gemia sem pudor enquanto chupava Hoseok inteiro, soltando o pau grosso para lamber o espacinho entre as bolas sensíveis, ciente de que aquilo o deixava completamente doido.

— Fode a minha boca, amor... você gosta tanto. — ele sorriu, com um pouco do rosto umedecido pela saliva e os lábios vermelhinhos, recebendo um semblante quase maníaco do ex-namorado.

Muito bom deixar claro que se Hoseok passou esse tempo inteiro - após o término - sem transar, foi porque quis. Porque ainda se frustrava pensando que ninguém faria o mesmo que Taehyung, ninguém era como ele.

— Porra... — grunhiu já com a outra mão segurando o próprio pau pela base, e a que estava nos cabelos de Taehyung, desceram rapidamente para o rosto dele, esfregando o polegar naqueles lábios apenas para sentir a textura e em seguida, voltaram para o lugar. — Chega mais perto.

Taehyung fez, sempre com os olhos nele, sempre agindo como se Hoseok fosse quem estivesse no comando de tudo, ainda que ambos soubessem que era o contrário que acontecia.

Os sons do pau de Hoseok se afundando rápida e repetidas vezes na garganta alheia preenchiam aquele quarto inteiro, assim como os sons dos gemidos graves de Hoseok, que saíam quase desafinados pelos impulsos que tomava naquele movimento.

Taehyung se sentia engasgar, sentia a pouca ardência no local excessivamente estimulado, sentia o oxigênio faltando, mas sobretudo, sentia prazer demais, seu pau estava tão duro que tudo que desejava agora era poder tocá-lo, mas não faria ainda.

Aquilo durou apenas o bastante para Hoseok perceber que poderia gozar muito fácil naquela posição, por isso, afastou o outro com um puxão agressivo em seus cabelos, ambos se encarando ofegantes e decidindo em uma batalha muda qual seria a próxima regra que descumpririam juntos.

Quer dizer, Hoseok descumpriria.

Porque esse sempre foi o objetivo de Taehyung.

Ele percebeu o olhar de Hoseok vacilar em sua direção, usando disso para se erguer lentamente e voltar a beijá-lo com a mesma intensidade de antes. Arrastava as unhas pelo pescoço e braços dele, suspirando, gemendo, colando muito seus corpos um no outro para que Hoseok também o sentisse, empurrando-o sutilmente para trás, até o beijo ser interrompido pela queda de Hoseok na cama.

— Diz 'pra mim que sentiu falta do meu corpo... por favor. — Taehyung continuou em pé, exibindo aquilo tudo que era.

As pernas nuas e miseravelmente cobertas pelo short curto, boa parte da barriguinha também exposta, exibindo o piercing e um body chain que adorava usar, pois marcava ainda mais sua cintura.

Ao invés de responder, Hoseok encarava-o por inteiro, se sentindo zonzo pelo volume nada discreto do ex-namorado, e naquele maldito negocinho em sua barriga.

Taehyung notou que ele não diria nada, mas mesmo assim, começou a se desfazer de cada uma das peças que o cobriam, bem devagar, observando todas as suas reações.

Começou pelo cropped, passando-o por seus braços antes de jogá-lo longe e achando fofo como Hoseok prendeu uma pontinha do lábio inferior entre os dentes ao se deparar com o novo piercing que tinha colocado em seu mamilo esquerdo. Bem pequeno, em bastão, como um pontinho de luz.

Em seguida, abriu a correntinha que circulava sua cintura, também jogando-a para um canto qualquer.

E por último, deslizou a calça para baixo, tão lento que Hoseok estava prestes a fazer aquilo com as próprias mãos, porque sabia bem o que Taehyung usava por baixo.

E mesmo sabendo, um xingamento quase inaudível escapou de seus lábios quando pôs os olhos naquela calcinha branquinha, com alguns detalhes de renda nas laterais e que mal comportava o comprimento generoso de Taehyung.

— Seu filho da puta... porra, Taehyung. — Se tivesse ficado calado, Hoseok certamente estaria babando.

Taehyung ainda virou de costas, olhando por cima do ombro enquanto Hoseok se perdia naquele tecido pequeno afundado entre as nádegas gostosas do outro.

— Por que você saiu com esse troço? — perguntou, começando a se render à própria fraqueza.

— Porque eu sabia que íamos acabar nisso, de uma forma ou de outra. — respondeu confiante, mas também correndo um risco, pois Hoseok poderia acordar da hipnose com sua presunção.

E só não aconteceu porque seu corpo o distraiu o suficiente.

Taehyung voltou a caminhar em sua direção, avançando até que Hoseok se deitasse e ele pudesse subir por cima, com uma perna de cada lado de seu corpo.

Ambos os olhares se conectaram com certa fúria presente. Apesar de todas as palavras duras e odiosas vazarem da boca de Hoseok, isso não significava que Taehyung não tinha seus motivos para sentir raiva.

Ele não havia perdoado Hoseok por ter terminado consigo.

A verdade é que se sentia quase traído por ele, por ter sido deixado, por ter sido abandonado sozinho com o barco afundando. Taehyung nunca lidou muito bem com a rejeição, seja lá de qual tipo fosse, não importava, ele nunca engoliria ser trocado, substituído, e pensar nisso o fazia estremecer da cabeça aos pés com uma fúria assustadora sacudindo seus ossos.

E deixou sua mente trazer à tona aquela cena ridícula que flagrou na praia, Hoseok beijando um cara desconhecido, se deixando ser tocado por ele com uma intimidade que não deveria existir. Aquilo o enfurecia de uma maneira que não conseguia controlar, tão pouco esconder.

Taehyung deslizou por cima dele, escorregando os braços pelo colchão, se deitando por cima de Hoseok até ter seus peitos colados e seus rostos a praticamente um palmo de distância. Taehyung encaixou o quadril no colo alheio, respirando fundo ao sentir aquela ereção roçando em sua bunda.

Hoseok não tinha mais para onde fugir, não com tudo aquilo em cima de si, ao seu dispor e mandou tudo para a casa do caralho quando Taehyung rebolou devagarzinho, forçando o quadril para baixo, se esfregando daquele jeito.

— Foda-se... — preferiu rangendo os dentes, enchendo as mãos com as nádegas fartas que conhecia tão bem. — Filho da puta... — murmurou, hipnotizado por aqueles olhos fixos nos seus, os olhos do diabo.

Taehyung empinou ainda mais contra as mãos do ex-namorado, prendendo o lábio inferior entre os dentes ao sentir a pressão dos dedos alheios, das unhas afundando em sua pele e finalmente, a sensação de um tapa, forte o suficiente para fazê-lo gemer manhoso.

— De novo. — pediu, roçando os lábios nos de Hoseok, gemendo contra sua boca ao receber um segundo tapa, acompanhado por um aperto. — Meu Deus... como eu senti falta disso...

— Não fala essa merda. — Hoseok mandou, o segurando pela cintura antes de girar com ele na cama, o largando com tudo no colchão embaixo de si, sentindo aquelas pernas se enroscarem em seu quadril com tanta força que nem se quisesse conseguiria sair do meio delas. — Seu filho da puta do caralho, não fala assim...

— Senti sua falta. — repetiu mesmo assim, subindo as mãos pelas suas costas, arranhando o meio delas enquanto o puxava para baixo, quase podendo ver naqueles olhos o quanto estava prestes a perder a cabeça. — Eu 'tô falando a verdade. — arqueou a coluna, impulsionando o quadril para cima e acompanhando os olhos de Hoseok, descendo pelo seu corpo e parando em sua virilha, na calcinha branca cada vez mais apertada.

— Quer saber do que eu senti falta? — segurou aquela cintura, enfiando os dedos por debaixo dos elásticos das laterais e os puxando devagar.

— Do que?

— De meter meu pau bem fundo em você, porque só assim você fica quietinho e não enche a porra da minha cabeça com as suas merdas. — Hoseok balbuciou aquilo, usando todo o ódio que sentia para disfarçar o quanto o desejo estava equiparado a ele.

Taehyung sorriu, finalmente encontrando o que queria.

— Então faz isso.

Hoseok já não tinha mais como colocar a culpa daquilo tudo somente em Taehyung, uma vez que era ele quem descia com o olhar obcecado por suas pernas, até encontrar a ereção muito marcada, com uma manchinha úmida na ponta.

Preferiu não dizer nada que piorasse sua situação antes de puxar de uma vez aquele tecido para fora do corpo alheio, precisando respirar fundo ao ter aquelas coxas levemente bronzeadas e abertas em volta de seu quadril, mostrando tudo, tudo que Hoseok estava com tanta saudade de ver.

Ainda sentia raiva, óbvio que sim, mas não sabia exatamente para onde mais ela estava direcionada quando notou-o inteiramente depilado, como se planejasse tudo, tudinho, para que Hoseok caísse no fim.

E caía. Caía como um idiota.

Hoseok não conseguia escolher seu ponto de partida, perdendo um pouco de tempo ao apalpar aquelas pernas macias, subindo até que os polegares se arrastassem na virilha do outro.

Queria fazer tanta coisa, queria poder esquecer absolutamente tudo que viveram e focar apenas no sexo com Taehyung, que era incomparável, não tinha como negar.

Taehyung fodia muito gostoso.

— 'Tá esperando o que, amor? — Quando mais aquele garoto proferia tal apelido, mais Hoseok sentia vontade de morrer, não só porque irritava, mas porque doía, doía lembrar que estava prestes a fazer algo que, no dia seguinte, ou até mesmo cinco minutos depois, não mudaria nada sobre sua mágoa.

Entretanto, preferiu deixar o álcool assumir a responsabilidade naquela noite.

Ele se curvou bem perto do pau de Taehyung, envolvendo-o todo com uma de suas mãos para conseguir chupá-lo primeiro nas laterais. Hoseok era habilidoso, não fazia rodeios, tinha agressividade em seus toques, mas nunca conseguia deixar de ser romântico. Sua personalidade chamava por isso e ele não podia evitar.

Abrigou aquele pau inteiro em sua cavidade, deixando-o encostar no limite enquanto ambas as mãos, agora livres, acariciavam as coxas que tanto amava tocar. Os gemidos de Taehyung poderiam ser ouvidos lá de fora, certamente, mas ninguém estava ligando.

Hoseok ia e voltava certeiro, chupando sempre com um pouco de pressão, movendo a língua por dentro, vez ou outra permitindo que a saliva traçasse um caminho até o períneo de Taehyung, para também molhar ali.

Mas a pressa os movia naquele instante, ou melhor, movia Hoseok, que queria a todo custo sanar um pouco do seu desespero, sua raiva e o que mais estivesse entalado, se afundando em Taehyung.

— Hoseok... ah, porra... — Taehyung gemeu ainda mais alto, ainda mais manhoso, puxando um dos mamilos entre os dedos, enquanto os da outra mão, puxavam os lençóis abaixo dele.

Aquela voz, aquele cheiro, aquele tremor de seu corpo inteiro sob os toques... tudo deixava Hoseok confuso. Confuso ao ponto de esquecer um pouquinho do ódio que sentia, para dar lugar a saudade que estava de sentir Taehyung daquele jeito.

— Caralho... — se afastou do pau alheio, erguendo o tronco após deixar um tapa forte em uma das coxas. — Deita de bruços.

Taehyung fez sem pestanejar, colocando-se não somente na posição em que o outro pediu, como empinando o quadril para cima, se deixando apoiar nos joelhos, mas com o peitoral ainda sobre a cama.

— Puta que pariu. — Hoseok xingou baixo, o vendo se mover à frente enquanto sua mão deslizava lentamente no próprio pau, espalhando o líquido que vazava da fenda.

Em segundos suas mãos se enchiam com as nádegas volumosas do ex-namorado, colocando força ao separá-las para deixar à mostra a entrada pequena e gostosa. Hoseok enfiou o rosto no meio, chupando como um animal, deixando a língua escorregar por cada pedaço daquela pele, como se estivesse necessitado.

Taehyung sentia o corpo inteiro formigar e entrar em estado de dormência, o prazer aumentando a cada novo milésimo de tempo, sua voz cada vez mais descontrolada e rasgando a garganta, porque porra, Hoseok era bom, era o melhor de todos. Sempre foi.

Em um dado momento, Taehyung estava ele mesmo empurrando-se contra o rosto do outro, rebolando para sentir mais, se deixando babar sobre os cobertores agora completamente bagunçados, desejando muito que nada estragasse aquele momento.

Ainda que estivesse certo de que precisava se vingar.

Taehyung revirou os olhos quando um dos dedos de Hoseok se pôs dentro de si, sentindo-o curvar enquanto ele tentava alcançar sua próstata.

— Hoseok!! — gritou, respirando mais sem nenhum ritmo. — Amor, assim eu vou gozar, você sabe que eu... sabe que eu sou sensível...

— Merda, Taehyung, eu preciso comer você. — admitiu, como se isso já não estivesse óbvio, ainda mantendo os lábios e a língua na entrada alheia.

E foi aqui que Taehyung enxergou um rastro de vantagem. Talvez algo que poderia acabar com tudo, mas ele estava disposto a tentar, porque enquanto Hoseok falhava com seu orgulho, Taehyung não dava descanso para o próprio.

— Pega... pega a camisinha e o lubrificante.

Hoseok aos poucos foi absorvendo aquilo que lhe foi dito, franzindo o cenho, mas ainda tentando ignorar algo que passava em sua mente.

— Não tem camisinha. — disse rápido, acabando por esquecer que Taehyung futricou suas coisas mais cedo.

— Tem amor... você trouxe.

Hoseok finalmente levantou o rosto por completo, pensando ter ouvido algo errado.

— Pega, Hoseok... você não pensou em usar elas com mais ninguém, 'né? — Taehyung disse quase ameaçador, fazendo Hoseok entrar em um dilema doentio em sua própria cabeça. Dilema que consistia entre ceder de uma vez e continuar aquilo ou contestar e acabar descobrindo algo que não estava preparado para ouvir.

Entretanto, optou por se levantar lentamente, quase sorrindo desacreditado enquanto sua língua empurrava o interno das bochechas.

Hoseok deveria ter imaginado.

Passou por Taehyung ao lado da cama para chegar na própria mochila, fazendo todos os movimentos com os olhos presos nele, que se escondia atrás do próprio braço, já que um sorrisinho pintava seus lábios.

Hoseok puxou a cartela com as camisinhas, arrancando uma de lá antes de se virar para buscar um frasco de lubrificante ainda na mala. Fez tudo tão rápido mas ainda conseguiu perder o momento em que Taehyung virou de barriga para cima, o esperando daquele jeito.

— Taehyung, não brinca comigo... 'pra que você quer usar camisinha? — decidiu perguntar, no fim das contas, já se desfazendo da bermuda e do que mais estivesse o cobrindo para rasgar o pacote e deslizar aquela merda incômoda em seu pau.

— Vem, amor... — Taehyung sentiu o peso do outro subindo na cama, deixando a voz ainda mais manhosa conforme notava a posição em que se colocavam, inconscientemente.

Hoseok deitou ao lado do ex-namorado e rapidamente estava atrás dele, com sua ereção roçando na bunda do outro.

— Fala, fala logo. Você fodeu com alguém?

Taehyung mordeu o lábio inferior sem ser visto, esticando a mão para alcançar o lubrificante que Hoseok havia deixado perto. Abriu o tubinho com umas palavras em azul claro, colocando-o na visão de Hoseok.

— Não vai me responder? — insistiu.

— Amor, não pensa nisso agora... por favor, só me come de uma vez.

Toda vez que Taehyung murmurava daquele jeito, Hoseok sentia sua lucidez indo embora aos poucos, como se ele a entregasse para o universo e deixasse a loucura de Taehyung dominá-lo por livre e espontânea vontade.

Mesmo sentindo aquilo entalar em sua garganta como um emaranhado de cabelos secos, Hoseok apenas recebeu o tubinho de lubrificante em mãos, despejando uma quantidade generosa nos dedos primeiro, antes de ir com eles para a entrada de Taehyung.

O gemido veio junto com seus dígitos se esfregando no local, espalhando todo aquele líquido escorregadio, até que dois de seus dedos começassem a entrar com facilidade. Ele notava como era esmagado com desespero por Taehyung, que ainda gemia gostoso, se empinando conforme era atingido no lugar certo.

— Seu pau... quero seu pau. — manhou ao pedir, forçando a bunda diretamente no pau duro e descoberto do ex-namorado.

Hoseok se perdeu naquele pedido, tirando os dedos de dentro dele para tocar em sua cintura, não resistindo em mergulhar o rosto na nuca sempre cheirosa.

E obviamente não relutou em conceder.

Segurou o próprio pau pela base, mirando a cabecinha naquela área apertada. Esperou entrar um pouquinho para soltar e levar a mão para a cintura de Taehyung.

Os gemidos de ambos tornaram-se altos, o de Taehyung revelando mais da dor e ardência que o prazer, por enquanto. Com isso, Hoseok não se conteve em esticar o pescoço para beijar a lateral de sua cabeça, onde fios estavam grudados pelo suor, agindo exatamente da mesma forma a qual Taehyung se lembrava... e sentia falta.

— Amor... — daquela vez, a palavra saiu não como um chamado ou apelido, mas como uma descrição do que havia ali no meio. E Hoseok não gostou.

Não gostou de seu coração ter acelerado e suas mãos tremido por saber que era a mais pura verdade.

Queria muito poder enganar a si mesmo e dizer que não, não amava aquela criatura demoníaca mais linda que já viu em toda sua vida.

Uma pena.

Mas agora não havia muito tempo para lamentações ou arrependimento, essa roupa suja deveria ser lavada no dia seguinte.

— Ainda 'tá doendo? — perguntou baixinho, se controlando para não fazer qualquer movimento que pudesse machucá-lo, ainda que aquele aperto excessivo lhe desse vontade de se enterrar por completo e de uma vez dentro do outro.

— Pode... pode colocar mais, devagarzinho. — Taehyung arqueou as costas, respirando fundo conforme sentia aquele comprimento todo entrando em si.

Os toques de Hoseok, os beijos que ele deixava não somente em sua têmpora, mas em sua bochecha e pescoço, acabavam sobressaindo a ardência, que começava a dar lugar a um formigamento gostoso, que subia pela cervical, arrepiando-o na nuca.

— Merda... como é apertado, Taehyung, porra. — Xingou com as unhas se cravando em uma das coxas do ex-namorado, erguendo-a em seguida.

Taehyung sorriu quase tímido, gemendo daquele jeito acentuado e sempre no mesmo ritmo dos quadris de Hoseok, como se estivesse atuando.

Certamente não estava, mas é que era tudo tão bonito, tão intenso, que parecia uma cena montada. Como se fossem feitos um para o outro.

Taehyung adorava essa frase.

Hoseok odiava. Assim como odiava todas as coisas que vinham do ex-namorado, ou seja, falsamente.

Se movia devagar, empurrando fundo dentro de Taehyung, o suficiente para fazê-lo gemer um tanto mais alto, o suficiente para que enchesse seus ouvidos com os sons manhosos que escapavam daqueles lábios rosados. Hoseok pressionava seus dedos ainda mais forte naquela cintura, quase delirando com as paredes de Taehyung praticamente o esmagando.

Estava começando a sentir a própria garganta arranhar depois de cada gemido que fugia sem controle, seu peito queimava e o coração agora batia mais forte do que deveria ser normal.

Afundou mais uma vez o nariz naqueles fios loiros e úmidos, segurando uma das pernas de Taehyung enquanto tentava desesperadamente manter o ritmo de seus quadris. Então desceu o rosto pelas costas nuas dele, beijou primeiro o ombro, arfando contra a pele quente e macia, beijou um pouquinho abaixo da nuca, o fazendo se arrepiar em seus braços.

Não conseguia escapar disso, desses gestos atenciosos, da necessidade de cuidar de Taehyung como se ele fosse frágil e corresse o risco de se partir no meio.

Era algo que vinha muito antes da raiva que sentia dele, algo que ao seu ver, era incontrolável.

Quando subiu mais uma vez, Taehyung virou a cabeça, trocaram olhares breves e como se tentasse fugir disso, Hoseok afundou o rosto na curva do pescoço alheio. Tentou se encaixar ali, passando a ponta do nariz pela mandíbula, sentindo o cheiro doce daquela pele quente.

Odiava aquele cheiro.

Subiu até estar mais uma vez com o rosto igualado ao de Taehyung. Conseguia sentir tudo ao mesmo tempo, mas não sabia dizer o que o deixava tão maluco, se eram os gemidos dele sempre no tom manhoso perfeito, se era seu corpo que parecia ter sido feito sob medida para suas mãos, ou se eram aqueles olhos, aqueles malditos olhos que diziam tanto.

Taehyung tentou desajeitadamente levar uma das mãos até o rosto de Hoseok, subindo os dedos desesperados até sua nuca, o puxando para um beijo bagunçado e complicado para aquela posição.

Eu amo você — sussurrou, a voz frágil e ofegante, as palavras que atingiam Hoseok como um maldito feitiço.

Sua língua enrolou querendo dizer o mesmo, sua mente mais uma vez teve um curto-circuito como se tivesse sido dividida e a única resposta que conseguiu dar foi através de gestos.

Hoseok beijou Taehyung de novo, com mais vontade, pressionou seus dedos em seu quadril com mais força, enfiou seu pau ainda mais fundo e não parou, não parou enquanto Taehyung não fosse forçado a parar o beijo pra deixar um gemido alto escapar, gozando no maldito colchão.

— Porra... — choramingou, sentindo o pau dele atingir seu ponto sensível repetidas vezes, prolongando seu orgasmo por mais alguns segundos.

Quando Hoseok gozou, puxando Taehyung para mais perto, o prendendo num tipo de abraço e se contendo para não afundar os dentes em seu ombro durante o processo, se permitiu aproveitar um pouco mais a sensação.

Aos poucos foi caindo em si, enquanto seu coração se acalmava e a temperatura de seu corpo diminuía.

Custou um pouco para se desprender do loiro, o largando no colchão com toda aquela manha que sempre fazia depois do sexo. Hoseok o conhecia, sabia perfeitamente das necessidades de Taehyung quando ficava assim, carente e manso, como um bichinho que provavelmente morreria se não recebesse atenção.

Se conteve enquanto o escutava resmungar, tentou ignorar o jeito como ele virou a cabeça para lhe encarar, com a bochecha amassada no travesseiro e os fios descoloridos grudados na testa suada.

Taehyung queria tocá-lo, e de fato tentou, só para se frustrar em seguida, quando Hoseok empurrou sua mão para longe.

Pequenas atitudes como essa o irritavam mais do que as palavras duras que o ex-namorado lhe direcionava.

Pouco tempo depois, Taehyung saiu da cama e andou até o banheiro. Deixou a porta fechada, mas não trancada, apoiou as mãos na pia e encarou o próprio reflexo por um momento.

Tinha conseguido o que queria, não é? Então porque ainda não se sentia satisfeito?

Respirando fundo, ele entrou embaixo do chuveiro e tentou se livrar de qualquer pensamento como esse.

Taehyung saiu do banho minutos depois e a primeira coisa que sua visão o obrigou a olhar, foi para Hoseok estirado na cama, com um dos antebraços cobrindo a face e o outro apoiado na barriga, provavelmente já adormecido. A típica imagem do arrependimento.

Claro.

Foi naquele momento de privacidade que Taehyung torceu um pouco seu rosto, incomodado, antes de sentar-se em frente à penteadeira.

Apenas um abajur de luz amarela iluminava o quarto, mas ele conseguia enxergar o próprio semblante abatido após retirar toda a maquiagem e assumir o que realmente sentia.

Abriu um dos frascos de hidratante facial, aplicando devagar por toda a pele enquanto ainda encarava a si mesmo, sem mais qualquer resquício daquilo que passou o dia inteiro sustentando.

Taehyung usou uma força além do necessário para espalhar aquele produto em suas bochechas, sendo invadido pela raiva, por uma mágoa que se dividia entre culpados - Hoseok e ele mesmo - por uma sensação de vazio terrível.

Tudo parecia fácil demais enquanto estava montado no personagem, mas ali, naquela disputa patética de seu coração partido e acabado, contra o amor que ainda sentia ferver em seu sangue, Taehyung apenas sorriu, sorriu entristecido ao balançar a cabeça de um lado para o outro.

Pois ele não era capaz de aceitar os sinais confusos de um "não". Não era capaz de ser rejeitado.

Uma vez que o "sim" sempre seria inconfundível.

Teria Hoseok de volta, e foi com esta certeza que se colocou discretamente ao lado dele na cama, não sem antes encostar seu nariz nos fios alheios, que escorriam longos pelo travesseiro.


🎀🎀

e aí, o que acharam do primeiro capítulo? pra quem ainda tá por fora, nós estamos postando sempre nas redes sociais os avisos de atualizações e conteúdos sobre nossas outras histórias, então sigam a gente e NÃO ESQUEÇAM DE MARCAR NÓS DUAS QUANDO FOREM COMENTAR DA FIC POR AÍ! 

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